A POSIÇÃO


Por uma vez a Fernanda Câncio tem razão. D. José Policarpo e a Igreja portuguesa entraram mal no debate sobre o aborto. Titubearam. O Cardeal Patricarca de Lisboa, muito antes da aprovação da pergunta a referendar, deu a entender que a Igreja não iria envolver-se de forma activa no assunto, conhecida que é por demais a sua posição, em particular a dos últimos dois papas. Quando muito, a Igreja, os seus membros e os "leigos", como cidadãos com os mesmíssimos direitos e deveres de quaisquer outros, deveriam participar no debate e ajudar a esclarecer. Entretanto, a Igreja "evoluiu" da posição inicial de D. José Policarpo para o envolvimento total dos seus membros na campanha, a começar pelo próprio, por exemplo, na mensagem de Natal e numa outra escrita. Apesar de católico - um mezzo credenti como Vattimo -, não faço do tema do aborto uma questão religiosa. Se o fizesse, não poderia ser favorável aos dispositivos legais em vigor como sou desde 1984. Salvo o devido respeito, a Igreja portuguesa parece estar já a preparar-se de facto para o dia seguinte.

Comentários:
Realmente o José devia ter mais cuidado, senão vergonha.
 
So gostava de saber se nao faz do aborto uma questão religiosa porque é que em em tantas missas celebradas por este pa'is fora o sermão vem sendo de ha tempo para ca todos os dias o mesmo!!!!
Nao sera altura do vosso Deus querer maior igualdadade social, saúde e seguranca para todos em vez de querer a custa do que voces chamam de moral a vida e o sofrimento de muita gente por este mundo fora.
 
Eu já nem comento. Vou ficar sentado a ver. Uma coisa já se ganhou com isto tudo: o afastamento de cada vez mais gente da quermesse domingueira. especialmente dos jovens. Continuem pá!
 
Há aqui um pormenor que deverá ser realçado: D. José Policarpo é apenas bispo de Lisboa.

A Conferência Episcopal, entidade com legitimidade para se pronunciar em nome da Igreja em Portugal foi muito clarinha na sua posição: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=38286

D. José Policarpo, tenha hesitado uo não, conformou-se, e bem, com a posição colectiva.
 
Caro Nando,

Há uns tempos que não falto à Missa e ainda não ouvi nenhuma em que se falasse do aborto...
Como se refere ao "vosso Deus", que presumo portanto não ser o seu, posso presumir também que não foi a nenhuma dessas Missas de que fala, não posso?
Engraçado como só o "sim" fala da Igreja... deve ser falta de mais alguma coisa para dizer.
I.
 
Ora finalmente um post com honestidade intelectual, para variar. Obrigada, JG.

E tem razão, a ICAR não devia ser o tema neste debate, mas quer se goste quer não, dada a forte participação oficial e oficiosa que tem tido, acaba por fazer parte dele, tal como os partidos (ou alguns deles).

E se calhar é natural e saudável que assim seja: se são instituições vivas, envolvidas na vida da sociedade, acabam por ter parte (activa e passiva) nos debates importantes que nela se passam. Fazem comentários e sujeitam-se a comentários. Não é assim?
 





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