TODOS CONTRA O ABORTO? NAH...

Ao contrário do que se ouviu inúmeras vezes ontem à noite na RTP, ficou para mim bem claro que nem todos somos contra o aborto. Quem dá voz aos votantes do Sim afirma não querer que as mulheres abortem em precárias condições, mas reconhece-lhes o direito a abortar. Ora, ninguém reconhece um direito à prática de um acto desta natureza se dele discordar. Pelo que concluo que são apenas contra o aborto clandestino, não se opondo a que o aborto seja permitido (desde que cedo e higiénico).
Já a vontade dos votantes do Não é que o aborto, clandestino ou não, diminua. E não aceitam que isso venha a acontecer com a despenalização, como os votantes do Sim teimam em apregoar. O que fará certamente diminuir o aborto é um combate sério às suas causas, e a penalização é uma consequência do aborto, não uma causa. Nenhuma mulher aborta porque é crime, ao estilo “o fruto proibido é o mais apetecido”!
O voto no Sim, quanto muito e para não ser pessimista, deixará tudo na mesma no que ao número total de abortos diz respeito. Fará certamente diminuir o aborto clandestino, mas não actuará no aborto total. O voto no Não deixará o Estado e o Governo sem margem: os portugueses não querem o aborto, pelo que o Estado tem que actuar nas suas causas. Como a sociedade civil tem feito desde 1998, quase sem apoios do Estado e com muita dedicação de pessoas e instituições privadas.
(também publicado nos Incontinentes Verbais)

Comentários:
O Professor José Manuel Moreira, como cidadão livre, decidiu expressar publicamente o seu apoio ao "Não" neste referendo. Explicou-o detalhadamente no artigo que publicou hoje no Diário Económico, com razões que têm fundamentalmente a ver com as alternativas que se colocam ao aborto e com as condições que entende necessárias para que não aumente enormemente o número de abortos em Portugal.
Tem razão o professor José Manuel Moreira: menos abortos, nas actuais circunstâncias, é, deve ser, um factor essencial na escolha que as pessoas serão chamadas a fazer em 11 de Fevereiro. De forma a garantir que haja menos mulheres a abortar, e de forma a garantir que haja menos mulheres a achar que precisam de abortar. A vitória, que o "Não" está em condições de alcançar neste referendo, torna-se, nesse ponto, um elemento verdadeiramente importante.
Todos os portugueses deviam reflectir bem sobre as palavras que, a esse respeito, o professor José Manuel Moreira escreveu.
Sobre o apoio que ele entendeu manifestar há que dizer que é algo que muito nos honra. É, claramente, um apoio de exigência. Que responsabiliza o "Não", que nos responsabiliza a todos.
Deixa igualmente claro que, neste momento, o "Não" é um factor de esperança de muitos cidadãos que vêm nele as condições para garantir um necessário rumo para Portugal, para as mulheres, e para o bem da vida humana.
 
chamam assasinos aos que dizem SIM, agora pergunto, nao serão assassinos os que votam NAO, uma vez que uma mulher que opte por abortar, pode morrer... quem somos nos para julgar os motivos que levam uma mulher a abortar... Eu voto SIM
 
É isso mesmo, é uma questão económica! Fica mais barato pagar abortos do que ter uma Política de Familia para que o aborto não seja necessário senão como terapia.
Os votantes no SIM estão a desresponsabilizar o Governo de tomar a seu cargo as políticas sociais, que garantam condições de trabalho dignas que evitem a pressão laboral sobre as grávidas para que abortem de modo a não prejuducarem a carreira. Veja-se o que a actual Ministra da Educação fez com as faltas das professoras no Estatuto da Carreira Docente.
Saudações bloguistas
 
Quero colocar as seguintes questões a quem defende o NÃO:
Concordam com a actual lei?
Por outro lado quem infrinja a lei em vigor deve ser penalizado com pena de prisão?
Gostava que me respondessem.
 
"Fará certamente diminuir o aborto clandestino"
# Joana Lopes Moreira : 1/30/2007 04:26:00 PM

aleluia! aleluia!
finalmente chegou lá...
 
Ao pensar no debate de ontem na RTP, também me ocorreu esta ideia, a de nem todos somos contra o aborto.

Parece-me haver uma contradição (para não dizer hipocrisia) naquelas pessoas que põem um ar muito compungido ao dizer que são contra o aborto, mas que ao mesmo tempo se esforçam tanto por nos convencer que o feto ou o embrião não são uma pessoa humana.

Ou então aqueles que juram que são contra o aborto, mas que acrescentam que, como a contracepção não é infalível... Quem realmente pensa (embora diga que não pensa) que o aborto pode funcionar como uma extensão da contracepção não é verdadeiramente contra o aborto.
 
Eles são todos contra o aborto e a favor da vida e por isso querem legalizar o primeiro e desproteger a segunda, com toda a lógica... com a lógica dos vendedores de banha da cobra, de quem quer enganar o pagode. Tenho encontrado muita gente que diz de chofre ''sou a favor'' e quando pergunto de quê dizem sem pestanejar ''do aborto''. De facto para muita gentinha, que nem precisa de ser tão feia como as lídias, agustinas e outras megeras saídas das telas escabrosas da bruxa de londres, abortar é sacramento feminista. É ver, por exemplo, os sítios dos 'so called' ''Catholics'' for free choice, da Naral ou da IPPF que têm cá os seus súcubos nos beatos grémios aborteiros dos purezas e quejandos.
 
eu respondo: a favor da despenalizaçao do aborto, estou contra a humilhaçao que as mulheres passam perante um tribunal.
Se o NAO ganhar, os abortos vao continuar a existir, continuarao clandestinos a mandar mulheres para o hospital ou para o cemiterio.
Um feto com 10 semanas nao sobrevive fora do corpo da mulher, logo ainda nao é um ser humano.
E continuo a perguntar: porque nao passam certidoes de obito ou fazem funerais quando uma mulher perde o feto antes das 10 semanas... nao é ja uma vida...
 
Gostava que respondessem ás questões do post das 4.54..
Não andem para aí os do "NÃO", com um ar seráfico, a afirmar "coitadinhas das mulheres, é claro que as não queremos na prisão". Ora se isso não é despenalizar, é o quê?
Desde já digo que vou votar "SIM", mas sou contra o aborto.
 
Anônimo (4:47PM)
Sem dúvida que cada morte não é esquecida, e tudo se deve fazer para que tal não aconteça. Então pergunto, e as Mulheres que cometeram suicídio após terem realizado um aborto?

Anônimo (4:54PM)
Mais do que concordar ou não com a actual lei, penso que o grande consenso do "Não" centra-se na oposição à liberalização total e incondicional do aborto.
A lei actual nunca prendeu ninguém nessa matéria. Se pelo "Sim" há os que defendem a despenalização, com esse voto não o estarão a fazer. O "Sim" permite o aborto livre. O voto no "Não" permite ponderação e também uma despenalização, nunca liberalização.

Amigodaonça
Diminui com o aborto clandestino é certo, contudo não acaba totalmente. Agora pergunto, combate-se o aborto clandestino, liberalizando a sua prática, ou acabando com as clínicas ilegais que o fazem, oferecendo à Mulher condições económicas, estruturais e apoio psicológico?

Toda a informação é pouca, mais um site elucidativo: http://www.assimnao.org/ .
 
Ao anónimo das 4.54, ppela falta de paciência para repetir o que já dissemos até à exaustão, pedia que lesse os textos por mim publicados nestes vários meses de manutenção do blogue. Encontrará lá a resposta. Obrigada
 
Cara nana:

Um feto com 20 semanas (perto de 5 meses) também (ainda) não sobrevive fora do corpo da mãe. Também não é vida humana? Então concordaria com a despenalização até quando?
 
nana 7:20 PM - ..."logo ainda nao é um ser humano".
Isto sim.
Eis uma mente esclarecida.
 
caro jose
Por mim seria ate as 24 semanas como na Inglaterra. Nao faz sentido nascerem crianças nao desejadas, qualquer que sejam os motivos da mulher, porque eu tenho confiança nas mulheres. Uma mulher quando decide fazer um aborto fa-lo com consciencia, com a sua consciencia, nao ha ninguem que possa condenar os seus motivos...
 
Cara Nana,
 
Cara Nana,
Não é de todo prudente acreditar que não há gente capaz daquilo de que nós não somos capazes. Da mesma maneira que há homens pedófilos porque gostam de "carne fresca", também há mulheres a quem não incomoda nada fazer repetidamente um aborto devidamente assistido porque gostam de "sexo louco". Uma lei decorrente da aprovação da pergunta do referendo, não tem como repreender a conduta duma mulher assim, porque ela está no seu direito.
Os exemplos que dou existem mesmo, não são ficção, e por isso admiti-los não é uma ofensa às mulheres ou aos homens.
Outra coisa: não lhe parece que o valor da criança ultrapassa muito o ser ou não desejado? Aquele ser humano não vale por si mesmo, como eu e a Nana??? Que caminho arriscado é esse!...
 
nana disse...

caro jose
Por mim seria ate as 24 semanas como na Inglaterra. Nao faz sentido nascerem crianças nao desejadas, qualquer que sejam os motivos da mulher, porque eu tenho confiança nas mulheres. Uma mulher quando decide fazer um aborto fa-lo com consciencia, com a sua consciencia, nao ha ninguem que possa condenar os seus motivos...

11:23 PM


A Inglaterra pretende diminuir o prazo. Começam os primeiros sinais de uma escolha tão errada.

http://aborto.aaldeia.net/abortoclandestino.htm
 
Eu tenho pena a mulher seja tao insultada durante estes debates, nenhuma mulher faz um aborto por prazer. Eu confio nas mulheres. Acho que deviam descer a terra, conhecer as realidades sociais do nosso pais.
Quem somos nós para condenar uma munlher, qualquer que seja o motivo.
Os metodos contraceptivos nao sao infaliveis...
 
Nana,
Aceita que o aborto seja utilizado como método de controlo da natalidade!? Hoje em dia, cara Nana, na esmagadora maioria dos casos não é o método contraceptivo que falha, é a pessoa que o usa negligentemente (ou muitas vezes não usa). Acha legítimo que no tempo em que vivemos, em que os métodos contraceptivos atingiram uma eficácia impressionante, seja dado a alguém o direito de matar um ser humano? Repare, a questão é mesmo esta, nos termos da pergunta em referendo: admitir o direito de aniquilar a vida de outro ser humano - o que está no corpo da mulher grávida não é um apêndice, é outro ser humano, e não é pelo facto de alguém convenientemente dizer que não é, que deixa de o ser. O que é feito da responsabilidade? Andamos a educar para a mediocridade e cada vez mais os homens e mulheres se tornam light, como a comida e a bebida. Não vamos longe, assim...
A Inglaterra de que tanto gosta, assim como outros países ditos modernos, legislaram há algum tempo atrás e entretanto houve evolução da ciência, não apenas ao nível da eficácia contraceptiva, mas também da compreensão do fenómeno da gestação. Nós, em Portugal, estamos a querer agora fazer o mesmo que os outros países (que até já revelam sinais de querer retroceder) ignorando que estamos noutro tempo. Esta é a realidade: se o sim vencer no referendo, damos um largo passo atrás.
 
Cara nana:
"Eu tenho pena a mulher seja tao insultada durante estes debates, nenhuma mulher faz um aborto por prazer"

Sabia que há atletas femininas que engravidam antes de uma competição e depois abortam para terem o dopping das hormonas?

Sabia que há mulheres na Rússia que engravidam de propósito e depois vendem os fetos abortados a fábricas de sabão?

Sabia que há mulheres que abortam sem qualquer motivo, a não ser de conveniência?

Cumprimentos
 
Para Kephas
Eu nao disse que concordava que as mulheres fizessem da gravidez um negocio, nao ha sequer comparaçao possivel...
Estou a falar do aborto, nao como meio contraceptivo, mas como saida em caso de ser uma gravidez nao planeada. Volto a dizer que os meios contraceptivos nao sao infaliveis
 
Cara nana:
"Eu nao disse que concordava que as mulheres fizessem da gravidez um negocio, nao ha sequer comparaçao possivel..." - porquê? Afinal, com o Sim é que estas mulheres poderão fazê-lo sem consequências. De qualquer forma se, como disse num comment de um post acima, o feto de 10 semanas não é uma "criança com vida" nem "vida humana", por que não fazer negócio com esse "montículo de células"? Por que não é legítimo?

Cumprimentos
 





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