Argumentos a favor do Não

«Para uma mulher que não deseja um filho não há maior inferno que se ver a braços, sem ajudas ou amor, com um feto de nove meses.».

Portanto, para o «sim» o problema é o inferno de estar à espera de bebé, mesmo quando o bebé tem nove meses. Vamos liberalizar o aborto para acabar com este inferno. Porque, voilá, um filho, igual a inferno. E o inferno aplica-se a fetos de qualquer idade, incluindo como nove meses. Entre um filho, e evitar o inferno que é estar à espera de bebé, o «sim» já escolheu. Eis o «sim» não manifesto mas que está dentro da cabeça de muitos dos respectivos defensores.

Mas continuemos: entendem os partidários do «sim» que nós, defensores do «não», nada faremos «pelas meninas violadas nos centros de acolhida» (?!).
Errado. A lei actual já permite o aborto em caso de violação; se votarmos «não» nada muda, e as mulheres violadas continuarão a poder optar por abortar. Tamanho disparate significa apenas que o «sim» está genuinamente confuso e desconhece a lei que temos...

Desculpa Rititi, mas, não raras as vezes, o «sim» dá-nos excelentes razões para votarmos «não». E as razões porque dizes «sim», são precisamente as razões porque temos que te dizer assim «não».

Comentários:
«A desumana insensibilidade com que os adversários da despenalização convertem o direito à maternidade e à paternidade numa obrigação absoluta - incluindo em caso de gravidez indesejada ou, mesmo, insustentável, em termos afectivos, psicológicos, familiares, económicos, sociais, etc. - revela uma dose de intolerância e de incompreensão que só o dogmatismo e o fundamentalismo religioso ou moral podem justificar.»
 
boa enigma... eu sou tão intolerante porque querer que as mães respeitem os filhos...
 
«Adversários da despenalização", quem são eles? 2% dos eleitores? Eu não sou, e voto Não. Vá lá, não nos ponham todos no mesmo saco, também não chamo mentirosos a todos os votantes Sim.
 
Ó Pedro, se não é adversario da despenalização porque vai votar não?

E JACINTO: "Portanto, para o «sim» o problema é o inferno de estar à espera de bebé, mesmo quando o bebé tem nove meses. Vamos liberalizar o aborto para acabar com este inferno. Porque, voilá, um filho, igual a inferno. E o inferno aplica-se a fetos de qualquer idade, incluindo como nove meses. Entre um filho, e evitar o inferno que é estar à espera de bebé, o «sim» já escolheu. Eis o «sim» não manifesto mas que está dentro da cabeça de muitos dos respectivos defensores."

Eu acho perfeitamente que percebeu aquilo que quiseram dizer (não sei de quem é a frase nem me interessa).
Estar grávida pode ser infernal se a grávida em questão for destítuida de instinto maternal e vontade de ser mãe. Se se está numa má situação económica e não se sabe depois com que dinheiro e condições se vai educar uma criança. Pode ser infernal mesmo porque mais do que preocupar-se com asaúde do feto as mulher preocupam-se com a saude da pessoa que vai nascer.
Não preciso lhe explicar isto porque sei que percebeu
É um jogo vergonhoso de retórica que faz.

O SIM, pelo menos o meu sim, não está confuso. Está forte e seguro. E de consciência tranquila. Porque quando estou a falar com alguém sob o tema em questão não pego em frases ditas por outros e torço-as retóricamente.
Falar claramente sobre a DESPENALIZAÇAO e apresentar novas proposta de despenalizar as mulheres (porque é isso que me move)ao invés de jogos de palavras falaciosos é o que ALGUMAS pessoas deste blog deveriam fazer.

marta
 
Apoio, tal qual Frei Bento Domingues, a vontade plena pelo uso da consciência liberta.

E a consciência não é colectiva...

E essa mesma consciência é o bem maior, supremo, que realmente concretiza a pessoa, para lá do ser humano, da forma de vida e de outros imaginários entes sobrenaturais.

Quando alguma tipificação sócio-ideológica tenta restringir o pleno usofruto da consciência individual sobre a própria pessoa (e numa grávida, como constata o teólogo e filósofo Anselmo Borges, só existe uma pessoa: a mãe...) a interface do indefínivel totalitarismo kafkiano emerge até à concreticidade.

E a concreticidade aqui emergente é óbvia: aqueles que pretendem impôr a TODOS (e não somente a eles próprios!) um «modo de usar» da consciência.

A isso, NUNCA.

Ao referendo do dia 11 SIM.
 
Temos pena mas um Estado de Direito é isso mesmo: há um conjunto de regras ditadas pela sociedade que são necessárias cumprir. Uma sociedade em que cada um decide consoante a sua consciência chama-se anarquia.
 
Cara Marta,

repare que não é um jogo de palavras. Simplesmente quis deixar claro que: para aqueles motivos, respondo não. Mesmo nos casos particulares em que os argumentos em causa possam fazer sentido, não se justifica uma demissão ética. Se é um inferno, suporta-se, pelo menos a partir do momento em que não se admite, éticamente, que não se suporte. Isso, não! Nem no dia 12, caso o «sim» vença, a solução é distinta: afinal, às 11 semanas, aquele "inferno" está condenado a existir e a nascer.

Cara Marta, claro que existem muito outros motivos que podem justificar outros «nãos» e outros «sins». Mas não era sobre isso que me referia. Nem a Rititi aliás, no seu estilo muito engraçado e peculiar (e que aqui nos dá muito jeito).
Cumprimentos,

JB
 
Jacinto, é um jogo de palavras. Tirou algum curso superior em ética? Sabe o que é a ética? Como é que sabe, e quem lhe institui o poder de decidir aquilo que é eticamente aceitavel? Como é que sabe o que éticamente não se suporta?

" Se é um inferno, suporta-se, pelo menos a partir do momento em que não se admite, éticamente, que não se suporte. Isso, não! Nem no dia 12, caso o «sim» vença, a solução é distinta: afinal, às 11 semanas, aquele "inferno" está condenado a existir e a nascer." Repare como esta frase é cruel. Se é um inferno suporte-se... pois, biologicamente o jacinto está livre disso não é? Preocupa-se mais com uma vida em formação do que com uma vida já instituída, inteligente e completamente formada???
A ideia de que toda a mulher ambiciona ser mãe é mentirosa. Nem toda a mulher quer ser mãe, nem toda a mulher está preparada mentalmente para o que isso representa. O Jacinto certamente não saberá o que é debater-se com algumas questões.

Marta
 
anónimo das 8:54, sejamos sérios: o domínio da consciência é sobre a própria pessoa e não sobre outrem.

Anarquia individual só é condenada por códigos morais (o que é irrelevante), já que o estado democrático só deve actuar sobre a tentativa de anarquia social, colectiva.

E Anselmo Borges, teólogo e filósofo, é claro: «Na mulher grávida só existe uma pessoa: a mãe».

Donde a tentativa de mitigar o pleno uso da consciência da mulher é grosseiro.
 
A Russia é um pais muito avançado onde esta discussão foi poupada e foi instituido um SIM desde os anos 20, não é assim? Stalin, o filantropo humanista, deve ser para todos nós um exemplo de democracia, liberdade, pluralismo, pleno uso da consciência, liberdade religiosa e politica "para lá do ser humano, da forma de vida e de outros imaginários entes sobrenaturais".
 
ahahah,

Enigma... o Anselmo Borges até podia ser arquitecto, jurista, professor de yoga ou nadador salvador, desde que consiga provar (e bastava um) com versículos bíblicos onde é que um (chamemos-lhe assim) feto, não é uma vida humana ou mesmo "pessoa" (num conceito mais lato)...

(fundamentalismo religioso é um bonito conceito para quem não entende nada de religião... aqui não há meios termos, e nesse caso quem defende o que acredita, será sempre um fundamentalista aos olhos dos outros)...
 
A todos que enfiem o barrete!!! Realmente a hipocrisia impera no seio desta conversa... Começo pelo pela questão da violação. Porque é que desde 1998 nao houve nenhuma manif (que eu saiba) contestando a excepçao ,no que diz á penalização do aborto, dada ás mulheres vítimas de violação? Porque é que nunca ouvi nenhum defensor do não lutar pelo aumento da pena para as mulheres que abortam? Porque nunca vi ninguém defender a alteração á LEI que me diz que um feto anormal não tem direito de existir? Eu para ser contra o aborto (considerando-o um atentado á vida humana,) teria de defender pena máxima para essas mulheres!! 25 ANOS NA PILDRA por matar um ser humano a sangue frio, de forma calculada e consciente!! Vamos lá ser coerentes, porra! Quantos afectos ao não , defensores da VIDA!, estiveram em lutas para acabar com touradas de morte, espectáculo deprimente da crueldade humana (de certeza q os há!)? Ou não estou a falar de Vida?! é menos vida que as 30 células que constituem o feto ao fim de 5 dias ou os milhares ao fim de 5 semanas?!? Já agora, devíamos também proibir a pílula do dia seguinte!! Qtos de vocês lutaram pela proibição? Qtos ,desde que foi acordada a lei vigente, lutaram para fosse revogada? Eu penso votar não apenas porque as coisas não estão bem como estão. Qtos acham agora que a lei vigente "já prevê situações em que o aborto pode ser razoável", como tanto se gosta de dizer? Parece que nos estão a "atirar um osso": Eh pá , já te deixamos fazer um aborto se o teu filho for deficiente!! Mais, qtos dizem abertamente "filho de violador não é vida"?!Como se a criança tivesse alguma culpa... Ninguém é verdadeiro defensor do não, se não se afirmar contra qualquer aborto q nao ponha em causa a Vida (ou Morte) da mulher grávida! Gostava de saber qtas pessoas votariam sim se houvesse um Referendo em que se perguntasse: "Concorda com a criminalizaçao do aborto , qualquer que seja a situaçao ,desde que nao esteja em causa a vida de uma mulher?"
 
SIMs, gostava de discutir este assunto num blog do SIM aberto e participativo como este. Podem dar-me endereços, SFF? Obrigado.
 
P.S. : A minha opinião não implica um voto no sim. Tenho tb ainda dúvidas acerca da pergunta, por questões ainda mais complexas relacionadas com preocupações acerca de fantasmas de eugenia, os novos poderes das biotecnologias, o completo livre arbítrio e o conceito de dignidade humana. Os hipócritas, esses, nunca estão de um só lado de uma qualquer barreira. Espero que também alguns defensores do sim tenham enfiado algum barrete...
 
Essa é a posição do Pde. Anselmo. Muitos outros são de opinião contrária, pe Daniel Serrão, para citar um português.
 
Justice4all:

Já tentou ir ao blogue so sim.
Ponha no google blogue do sim e é o segundo.

Nunca tive problemas a comentar lá.
 
Acho que os defensores do não, agindo realmente de consciência, e acreditando piamente que um feto de qualquer tempo de gestação é uma vida humana, se deviam revoltar contra a actual lei. A menos que julguem que um feto concebido em resultado de uma violação ou com deficiência já não o é, ou seja podemos então matar os deficientes porque os mesmos são menos que os outros? Um ser humano é menos humano e não tem direito à vida só porque o pai não é uma boa pessoa? Francamente.
 
Esse argumento já foi rebatido vezes sem conta, se não leia o artigo do Pedro Mexia. Não pega.
 
Toda esta gente parece estar parva ou então, estrategicamente, desvia-se do fulcro da questão. Pois é!
Matar o ser o humano que se gera no ventre materno é um crime. Simples e claro.
Abortar é matar, tout court.
A partir daqui qual é a possível conversa? Só no tribunal a ver se há ou não atenuantes ou agravantes para pôr as mãezinhas e os seus acólitos durante uma temporada na prisão.
Mas que chatice!

Nuno
 





blogue do não