Nova Sondagem

A uma semana do referendo, voltamos a colocar aqui ao lado uma nova sondagem, voltando à pergunta inicial, "Como tenciona votar no referendo?".

Comentários:
Não acredito nada em sondagens e só dia 12 se poderá cantar vitória (o "sim" ou o "não"), mas é interessante a evolução da intenção de voto segundo as sondagens feitos pelo CM. De uma diferença de mais de 40% (70,1% Sim e 29,9% Não nos votos expressos) no início de Dezembro, passamos para uma diferença de apenas 8% (54% Sim e 46% Não nos votos expressos).

Só por curiosidade, seria interessante saber quais foram os números apurados pelo CM uma semana antes do referendo de '98. Alguém tem essa informação?
 
A Noite de Cristal

Nunca um boneco de plástico serviu tantos colos: por outras palavras, cansei-me. Acabou o tempo de jogo limpo e vamos ao resto das armas. Como diz o Poeta do Sorrobeco, é chegada a hora de dizer "Não".

Os meus piores pensamentos vêm-me pela noite, quando todos regressam a casa, e o fundo de cada rua, como dizia o meu ilustre antepassado, se "assemelha a uma veneza de tédios".

Hoje, pensei que estava na Europa, onde os referendos são convocados, quando se verificou uma tal clivagem na sociedade, e os jogos de bastidores partidários tão inoperantes que é necessário chamar a Democracia Directa, ou seja, o cidadão, em desespero de causa do equilíbrio de forças, sobrepõe-se aos seus representantes eleitos, e é obrigado a tomar uma posição individual, sobre um tema pantanoso e indeciso.

Em Portugal, onde as coisas funcionam todas ao contrário, o ser vil e cobarde que nos governa resolveu lançar a público um referendo que, pelo contrário, veio clivar, fracturar e tornar ainda mais não-dialogante toda a traumatizada sociedade portuguesa. Já há muito que não lhe desculpo uma, tenho sido coerente na minha linhagem discursiva sobre a criatura, todos sabem que lutei contra o Cavaco, por já saber que ele ia ser um dócil "pequinnois" deste abjecto estado de coisas, todos sabem que tudo farei para que Sócrates caia, como o Muro de Berlim, como o Thomaz, naquele dia de festa, como a estátua de Saddam, em Bagdad, como em tantos outros momentos da euforia dos povos contra a vileza dos seus governantes. Hoje, defronte de muitos fundos de ruas de venezas de tédios, escrevi-lhe uma carta mental, uma coisa simples, que lhe dizia que necessitávamos, neste momento, em Portugal, de uma bateria de referendos, o referendo sobre a idade da reforma, o referendo sobre o Portugal das regiões, o refrendo sobre termos acesso a 20 anos de canais de desvio de fundos comunitários, o referendo de sabermos os nomes de quem nos lançou para a Cauda da Europa, o referendo sobre o salários dos presidentes dos conselhos de adminstração das empresas públicas, o referendo sobre a incompatibilidade de transição entre cargos políticos e conselhos de administração privados, e vice-versa, o referendo sobre a Ota, o referendo sobre a impunidade judicial de certas figuras, o referendo (retroactivo) sobre a aplicabilidade de fundos em coisas como estádios de euros-2004, o referendo sobre ter sido Carlos Cruz a decidir dissipar dinheiros públicos para trazer para Portugal monstros, ele próprio, monstro, incluído, o referendo sobre os poderes do cidadão para impedir a prescrição de certos processos, o referendo sobre o Segredo de Justiça, o referendo sobre o dia a dia que ele, constantemente, nos corrói.

Do lado de lá, só o silêncio, e cada rua era uma veneza de tédios, a dizer-me, mas ele vai-te dar um primeiro referendo, e que vem já aí, no dia 11 de Fevereiro, e eu, dialogando com cada fundo de rua uma veneza de tédios, disse, pois eu quero os outros primeiro, e, quando me devolverem o meu dever democrático de pronunciamento directo, também falarei sobre o Aborto, mas só depois.
Não vai haver nenhum referendo sobre nada, e a minha posição final -- com exclusão de alguma imprevisível hecatombe -- passou a ser a seguinte: posto que um governo dotado de Ignomínia Absoluta, em nada, nem em nenhum dos seus actos, consultou os cidadãos portugueses sobre dezenas de matérias sensibilíssimas para o seu bem-estar, o seu viver presente, e o seu futuro, e agora decide usar, sem apelo nem agravo, o ventre feminino como campo de batalha, compete-me, como cidadão europeu, e, por azar, português, pronunciar-me contra a realização de um tal referendo, o que farei, por todos os meus cívicos postos ao meu dispor. É chegada a hora de dizer "Não", de dizer "Não", a todos os discursos do fantoche; é chegada a hora de dizer "Não" a cada uma das suas aparições públicas, de apagar a televisão, de cada vez que surge, é chegada a hora de congregar do mesmo lado desta trincheira, todas as forças políticas, todos os movimentos, todas as iniciativas populares que se oponham à sobrevivência política da criatura. No dia 11 de Fevereiro, em abstracto, vamos ter uma intervenção cívica, de democracia directa, onde, independentemente do tema -- e é lastimável, ó, como eu lastimo que o tema seja aquele, e que a canalhice e a falta de vergonha do verme o tenham escolhido!... -- é tempo de dizermos ao Boneco de Plasticina, "Não!...", Sr. Sócrates, "Não!...", Sr. "Eng.", "não", à sua cobardia política, "Não", à sua impiedade, "Não", a este permanente coarctar dos nossos direitos cívicos e humanos; "Não", a qualquer iniciativa política que saia do seu antro, "Não" puro e simples, ao seu Referendo do Aborto. Quero que esse "Não" seja sentido, por si, como uma expressão de nojo de uma população inteira sobre tudo o que você representa e defende.
Votar "NÃO" é também votar contra esta Abjecção que nos governa.
E agora comam-me vivo: estou às vossas ordens.
Muito boa noite.
 
Tenciono votar em pé dentro daqueles cacifos... como é normal.
Como é óbvio a minha tendência de voto é não.

Mas tenho uma dúvida em relação ao sim; Quem faz campanha nesse sentido insiste em que as mulheres só fazem aborto, mesmo livre, em último caso e nunca de ânimo leve e dão como exemplo os países onde este legal dizendo que "os abortos diminuiram" sem no entanto apresentar dados. Obviamente que assim que os dados aparecem constata-se que a única coisa que diminiu foi o QI ou a massa encefálica de quem usa esses argumentos.
Por tudo isto, eu pergunto aos defensores do sim:

Quem é que estão a tentar convencer?

A nós ou a vós próprios?

E os que fizeram ou tiveram participação activa em aborto, não estarão somente a dizer isso à espera de um perdão social para o crime que cometeram?

Vale a pena pensar nisto...
 
Voto Não e espero que ganhe. No dia 12 conto abrir uma clinica de abortos clandestinos.
 
Cusco, por acaso os abortos legais vão ser feitos de borla?
A concorrência espanhola já existe sobre o clandestino, os legais provavelmente ainda serão mais caros (e a sairem do bolso de todos).

Podes abrir uma clinica legal se o sim ganhar, além de mais lucro ainda nem sequer tens a PJ à perna.
 
mas eu não sou médico, sou mecânico de automóveis...
 
Contratas um para lá estar.
Enquanto isso acabei de meter uma proposta no meu blog pelo sim, para a malta ser paga por cada gaja que emprenhar. Espero que te lembres do pessoal e nos pagues uma comissaozita por cada serviço bem feito.
 
Boa malha! Se calhar podemos fazer negócio a mielas. Tu emprenhas e eu desemprenho... Se o Sim ganhar estamos lixados.
 
Ganhe o sim ou o não temos sempre negócio. Só é mais lixado se ganhar o sim porque tenho que passar recibo e ainda me vão comer impostos da comissão.
 
Arrebenta,
Só os tontos não subscrevem o que você escreveu...
Nuno
 
Ao governo só interessa o "sim". Já viram o que vai arrecadar de IVA?
 
Tens razão! Pagar IVA, contratar médicos... naaaaa!Isso é tudo mariquices da malta do SIM. Alguns até querem enfermeiras e psicólogos. São malucos!
O Não tem de ganhar! Já combinei como Tony (colega da oficina) e a Dona Ester (amante do padre) que vamos abrir uma oficina, perdão, uma clinica clandestina para fazer abortos.
VIVA O NÂO!
 
POIS, MUITOS MEDICOS QUE VOTAM NAO, DEPOIS TEM CLINICAS PRIVADAS PARA FAZER OS ABORTOS, ASSIM DÁ MAIS DINHEIRO...
 
Cara nana:

Atrevo-me a colocar a hipótese de a nana ter estado - nos últimos tempos - emigrada num qualquer país como a Serra Leoa, ou a Venezuela, ou quem sabe viajando - através do seu imaginário - pelos tempos da democracia directa ateniense.
É que nós por cá - em terras lusas - temos uma coisa a que chamamos voto secreto. Mas talvez a nana tenha relações próximas com médicos que lhe declaram votar não mas serem uns grandes abortadeiros. Talvez...

Se isso é um jogo de especulações ( fraquinho, fraquinho) avanço também com um...
Não fora saber que não estou na consciente do senhor, diria que Correia de Campos, na intimidade da sua secção de voto, porá uma grande cruz no quadradinho do NÃO. É porque o senhor bem sabe o desastre - e não consegui ser discreto - que isto sria se o Sim ganhasse. E já dizia o outro: por um voto se ganha, por um voto se perde.
 
Chegaram os radicais do aborto.

Nana, no blog gajospelosim é mesmo isso que procuro ilustrar, aqueles que andam com o desculpabilismo que é pelo aborto clandestino mas na realidade o que querem é fazê-los à vontade e à conta dos outros.

Não percebeste? Eu explico então numa linguage que te seja mais acessível:

-O que queres é levar com ele à vontade e se correr mal podes ir ao hospital à pála dos patos que pagam impostos.

Explícito? Mais não consigo ser.
Doí? Mete vaselina! Já não suporto tanta hipocrisia dos do sim.
 
"constata-se que a única coisa que diminiu foi o QI ou a massa encefálica de quem usa esses argumentos"

Isto está bonito, está!
 





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