As Coisas São o Que São, e Não o Que Esther Mucznick Gostaria Que Fossem

Se há coisa que ainda me surpreende no debate sobre o aborto é a facilidade com que se repetem chavões que dão jeito, mas já desmentidos pela experiência. Por exemplo, o de que a liberalização do aborto não leva a um aumento do número total de abortos. Todos os números de que dispomos, em qualquer país onde se tenha dado essa liberalização, mostram o contrário.
Para não cansar ninguém, sobretudo quem não gosta dos célebres factos que estragam as mais belas teorias, cito apenas dois casos próximos. Em Espanha, o número de abortos aumentou 20% entre 2001 e 2005, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde no início de 2006 e amplamente comentadas na imprensa. Em França, também segundo dados oficiais, a taxa de abortos por mil mulheres passou de 12,3 em 1995 para 14,6 em 2004 (ver aqui). Os exemplos poderiam multiplicar-se.
Contudo, Esther Mucznik ainda diz hoje nas páginas do Público, em defesa do "sim", que a liberalização "não fará aumentar nem diminuir os abortos, que sempre existiram e continuarão a existir".
Apetece perguntar-lhe, seguindo tão circular raciocínio, qual é então a utilidade do referendo. Mas nem vale a pena - as premissas esquecem por completo um pequeno pormenor: a realidade. Por muito que nos custe a todos.

Comentários:
Desiludam-se os que pensam que, com a despenalização do aborto, o número dos mesmos decresce. Aumentará, naturalmente, porque as pessoas agirão sem receio, apenas o negócio terá outros números, porque acaba a "lei seca".

É a "informação" que desgasta todas as ditaduras -a democracia, inclusive, o regime das ditaduras rotativas, como lhe chamo-.

Quem diria que a Humanidade, na ânsia de saber e de domínio, teria, nos ORGÃOS DE COMUNICAÇÃO, a "sopa de letras" como dos mais actuantes dos seus venenos, porque deformam, manipulam; porque a sobrevivência é um negócio, e a verdade e a decência são o conhecimento que não dá lucro! A verdade é uma aventura. A hipocrisia, a mentira, o porto que é seguro.

Que seria de nós, se, em grande parte, a paz se estabelecesse, se, na maioria, as pessoas se tornassem menos imperfeitas e muita da saúde não precisasse de cura?... Que desgraça não havia de ser, a Vida recuperar alguma da sua doçura, e os pais, em regra, querem os filhos como reflexo do seu amor!... Só de pensar, arrepia. Pensar na barafunda; no pânico de tanta malandrada que já apostou tudo em stocks de metadona para ajudarem a desintoxicar o mundo. Quantas seriam as medalhas sem aplicação pelo 10 de Junho -se é que Jorge Sampaio não as gastou já todas!-!...
 
Pensa-se que a educação sexual poderá resolver, em parte, muitos dos problemas. Eu digo que para pouco mais serve do que para aprender o domínio de cuidados de higiene.

Há muitas ilusões vendidas, as quais, se a educação prevê, não impede, porque a existência é um percurso com atritos e com arrependimentos; com promessas desfeitas depois do ventre cheio --a Vida faz contas que a nossa matemática não compreende ou compreende tarde e quando Ela faz noutras…
 
Ainda estou a tentar entender o raciocínio de Ester Mucznick. Leio sempre com interesse as coisas lúcidas que escreve e, esta posição, deixou-me surpreendido. É um argumento paradoxal, atendendo a tudo o que escreveu antes. Afinal, neste artigo, a vida aparece como um valor relativo da conjuntura política, ou do pragmatismo: o mesmo motivo que legitimou o Holocausto.
Não percebo!
 
O que é um facto é que o aborto em Israel já ultrapassou largamente os números do holocausto!...
 





blogue do não