Prós & Contras IV

João Paulo Malta põe o dedo na ferida e naquilo que constitui a essência deste debate. Afirma sem dúvida que ninguém hoje em dia pode pôr em causa que existe efectivamente um ser humano antes das 10 semanas. Miguel Oliveira e Silva, esquecendo, porventura, a sua condição de médico (ou por que não terá argumentos científicos a favor do seu ponto de vista) recorre à argumentação jurídica, diga-se que mal.

Comentários:
É por isso que V., depois deste debate, passou a defender a revogação da lei actual, não é ?
 
Caro anónimo, na Lei actual não há que mexer. Políticamente, os motivos estão de acordo com razões lógicas e de maior. O Estado tem de permitir que se opte por ter um filho em estado vegetativo ou não, ou de ter um filho fruto de uma violação ou não. A partir daí, fica disponível à moral de cada um.

Com este referendo, não são motivos de força maior que estão em jogo, é uma legalização completa, a tal "liberalização". E porquê? Porque na pergunta a ir a referendo não inclui qualquer tipo de condicionante para o aborto até essas 10 semanas.

Ir buscar a Lei de 84 e uma suposta incoerência do NÃO face a este referendo é falácia e a tal hipocrisia que tanto querem ver no lado do NÃO, e você sabe-o.

Mas vale tudo, não é?
 
Ó Jardim do Arraial (bonito nome para esconder a anonimidade), será que V. não percebeu que a citação do Dr. Malta foi escolhida pelo autor do post para encontrar um fundamento moral para a penalização do aborto ? E que esse fundamento moral é o de que existe vida desde a concepção ?

Eu só peguei nesse argumento e levei-o até à sua consequência lógica, isto é, a revogação da lei actual, nomeadamente no caso de violação.

Porque é que V. acha - achando que a vida já começou antes das 10 semanas - que o Estado pode permitir matar essa vida, que nada teve com a violação, por causa da agressão sexual de que foi vitima a mulher ?

Ou será que V. percebeu que, sem o argumento moral invocado pelo Dr. Malta e, log, sem se ser corajoso ao ponto de pleitear pela revogaçaõ da lei actual, a defesa do NÂO não tem nenhuma outra fundamentação ?
 





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