ABORTO E CONTRACEPÇÃO

Em 2004 foi realizado, pela ONU, um estudo intitulado “The new demographic regime - Population Challenges and Policy Responses”, que contém um capítulo sobre “Reproductive health in transition countries of Europe”. Estes países são os que vulgarmente conhecemos como Europa de Leste, países satélites da ex-URSS até início da década de 90.

A lei sobre o aborto era diferente na maioria destes países mas registou uma evolução muito similar: da total liberalização no pós 2ª Guerra Mundial evoluíram, no início dos anos 90, para situações de aborto sem restrições até às 12-14 semanas e, depois deste período, por razões de saúde e em certas condições económico-sociais.
A taxa de abortos legais reduziu-se drasticamente, entre 40% na Hungria e 80% na Croácia e na Roménia (fonte: eurostat, 1991-2004). Naturalmente, não se pode fazer uma análise directa destes números sem considerar também o mais que provável aumento dos abortos ilegais, por um lado, e, por outro, o acesso a métodos modernos/mais eficazes de contracepção.

Mas o estudo aborda também a relação entre a contracepção e o aborto, concluindo que a mudança para a contracepção moderna por parte das mulheres que usam contracepção tradicional (15% em média) e que não usam qualquer contracepção (9% em média) reduziria o aborto, em média, em 57%.
Mesmo abstraindo-nos da grandeza dos números, torna-se evidente que a aposta na informação e disponibilização de contracepção tem um impacto directo na redução do aborto.
A experiência destes países mostra que este caminho tem sucesso na diminuição do aborto. É isto que todos queremos, não é? Ou há quem queira apenas transferir os abortos para as clínicas privadas legalmente estabelecidas...?

Comentários:
Parabéns pelo blog, que é muito interessante e que sensibiliza as pessoas. Concordo com tudo o que defendem.

Beijinhos
 
Os Olhos Azuis da minha Irmã


Jaime Bilbao
In Destak - 03/11/2006



No último Prós e Contras, a eurodeputada Edite Estrela considerou que o aborto poderia ser legítimo, caso a mãe descobrisse que a criança era portadora de trissomia 21.



Eu tenho uma irmã com olhos azuis. Chama-se Mónica, tem 22 anos e tirou o curso profissional de Serviços Básicos de Hospitalidade.



Trabalha hoje numa pastelaria de Lisboa. Os olhos dela são lindos e ela é educada, feminina, anda sempre perfumada...



A Mónica é a minha irmã e irmã de mais três. Gostamos muito dela e ela é muito feliz. Dá unidade à família, está atenta sempre a todos e a cada um.



A sra. eurodeputada não tem os olhos azuis mas tem uns olhos tão bonitos como os da Mónica. Tem os talentos e as virtudes de avó e de mãe. E tem dificuldades; certamente também chora e se alegra, é mais uma das pessoas deste nosso planeta que acorda todas as manhãs e lava os dentes.



De certeza que já viu um pobre na rua e lhe estendeu a mão direita (a esquerda) ou as duas, ou olhou para uma prostituta e sentiu pena. De certeza que já ajudou alguém em apuros.



Gostávamos que viesse a nossa casa, provasse os muffins que a Mónica faz e visse o gosto com que ela põe a mesa. E descobrisse que esta menina de olhos azuis tem... trissomia 21.



E ficaria bem contente por ela ter nascido. Tal como nós. Tal como qualquer pessoa.
 
Se houvesse 'aposta na informação e disponibilização de contracepção' continuaríamos a discutir o mesmo. Sim, porque nenhuma contracepção é infalível. Obviamente que reduziria os abortos. De qualquer forma, esta aposta deveria ser feita, sim, mas não invalida a despenalização do aborto. Na minha opinião, a despenalização do aborto e a disponibilização de contracepção deveriam ser conjuntas. De qualquer forma, compreendo quem não pensa o mesmo e respeito opiniões divergentes.
Cumprimentos
 
Cara aisling,
A moderação com que expôs o seu ponto de vista (discordante do nosso) é de louvar, o que felizmente tem acontecido frequentemente com muitos "visitantes" aqui do blogue que vão votar SIM.
Apareça e comente mais vezes.
 
Um ponto em que concordamos em absoluto - há que investir na Prevenção através da contracepção eficaz e da Educação SExual.
Muito bem.
 
Parabens.
 





blogue do não