As saudades que eu já tinha...

... de Odete Santos e Francisco Louçã. Que, este fim-de-semana, entraram a matar, se me permitem a expressão equívoca.
Louçã garantiu, num encontro nacional do Bloco de Esquerda, que "a humanidade e a convergência" estão do lado do sim. Presumo que do outro lado estejam a desumanidade e a inconvergência. Ou a inumanidade e a desconvergência, não sei. Tanto faz, porque Louçã sabe sempre onde está: do lado dos bons. Não falha. Divide o mundo em bons e maus e converge para o lado dos bons. Ou talvez seja melhor dizer que os bons convergem para o seu lado. Louçã converge os bons como Santo António convergia os peixes, se me permitem a comparação equívoca. É um convergente de peixes que, neste caso, são a humanidade.
Odete Santos, com um artigo sulfuroso no Público de Sábado, também não faz a coisa por menos. Depois de acusar a RTP de marginalizar o seu partido no já célebre Prós e Contras da semana passada (acusação muito interessante...), afirma que "o debate demonstrou que o não vai continuar a usar a mentira, o terror e a hipocrisia" (sic). A camarada Odete deve saber do que fala. Afinal, o PCP continua a ser aquele grémio benemérito que tem dúvidas sobre se a Coreia do Norte é ou não uma democracia, que convida as FARC para a festa do Avante, que chora o fim da União Soviética como uma "tragédia civilizacional" e que mantém relações próximas com as ditaduras de Cuba e da China em nome da fraternidade operária. Quanto a mentira, terror e hipocrisia, acho que estamos conversados.
Mas a camarada Odete não se fica por aqui. Para ela, a representante do não no debate, Alexandra Teté, é uma "militante antifeminina". Confesso que não percebi logo. Então agora as mulheres do não, as tais que são tão poucas, também são "antifemininas"? Isto não será uma contradição nos termos, mais ou menos como ciclista não pedalante ou quadrado redondo? Depois lembrei-me da democracia na Coreia do Norte e fez-se-me luz.
Enfim, já tinha saudades.

Comentários:
Bem visto.
 





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