Big is beautiful
Lídia Jorge apoia o "sim". Nada que não se suspeitasse. E apoia o "sim", disse à TSF, "por uma questão de civilização". Estou inteiramente de acordo: também eu apoio o "não" por uma questão de civilização. Porque não quero que a minha civilização elimine os fracos e os indefesos. Só discordamos, pelos vistos, sobre quem são os fracos e os indefesos. E digo pelos vistos porque, na civilização de Lídia Jorge, os fracos e os indefesos têm que se ver. Critica o império americano e o rolo compressor da cultura americana, mas não vê que a América tem das leis do aborto mais permissivas do mundo. Ataca o "neoliberalismo" por gerar injustiças, ou desigualdades, ou o que lhe vier à cabeça, mas não vê que os "neoliberais" estão quase todos do seu lado.
Lídia Jorge é como aqueles ecologistas que se preocupam apenas com a extinção de bichos grandes e longínquos: a baleia azul, o elefante indiano, o urso panda, o tigre das montanhas. Mas se lhe pedirmos uma campanha para salvar a formiga da Malveira, nicles. Cá para mim, nunca mais ouvimos falar do lince da Malcata porque não tinha tamanho suficiente.
Lídia Jorge também não vê a espécie humana até às dez semanas. Vê os deserdados do mundo, mas não vê os não nascidos do mundo. E, porque não os vê, não tem lugar para eles na sua civilização. Big is beautiful.
Lídia Jorge é como aqueles ecologistas que se preocupam apenas com a extinção de bichos grandes e longínquos: a baleia azul, o elefante indiano, o urso panda, o tigre das montanhas. Mas se lhe pedirmos uma campanha para salvar a formiga da Malveira, nicles. Cá para mim, nunca mais ouvimos falar do lince da Malcata porque não tinha tamanho suficiente.
Lídia Jorge também não vê a espécie humana até às dez semanas. Vê os deserdados do mundo, mas não vê os não nascidos do mundo. E, porque não os vê, não tem lugar para eles na sua civilização. Big is beautiful.