Com o SIM nas entrelinhas?

Na Antena 1 cerca da das 18.20 o Pedro Rolo Duarte, apresenta diariamente “Janela Indiscreta” uma simpática e sempre interessante rubrica sobre o que passa na blogosfera. No apontamento de 4ª feira, uma vez mais abordou-se o tema dos blogues face à questão do referendo à despenalização do aborto. O Blog do Não foi de novo justamente mencionado, desta feita através da leitura de um excerto do brilhante post do Pedro Picoito já aqui em baixo. O jornalista constata nesta sua nota, que contrariamente aos partidários do NÃO, os do SIM não se revelam nem apostaram na blogosfera. E conclui com ironia que se esse empenho se reflectisse no resultado do referendo, o NÃO ganharia claramente. Termina a rubrica com a declaração de que “nesse caso Portugal continuará a penalizar o aborto e a prender as mulheres que o praticam”.
Deve ser por causa destas entrelinhas e de frases “inocentes” como esta, que os partidários SIM não sentem necessidade do meio tão restrito da blogosfera. O SIM, com mais ou menos pudor é proclamado como “razão única” em quase toda a comunicação social.
E assim sendo aproveito daqui, deste "pequeno" blogue com acesso a cerca de 400 leitores diários, para esclarecer o jornalista Pedro Rolo Duarte que a lei portuguesa não "manda" automaticamente a mulher que aborta para a prisão. São sempre consideradas as circunstâncias e atenuantes. Aliás não tenho conhecimento da prisão de alguma mulher por essa causa nos últimos anos.

Comentários:
(mensagem enviada ao Pedro Rolo Duarte através do site da Antena 1)

Cumprimentos.

“nesse caso (se o Não ganhar) Portugal continuará a penalizar o aborto e a prender as mulheres que o praticam”.

Saberá o Pedro Rolo Duarte que, caso o Não ganhe, Portugal não "continuará a (...) prender as mulheres que o praticam" mas sim a prender algumas mulheres que o pratiquem? É que a Lei portuguesa permite o aborto em várias situações, o que (ainda?) não permite é o aborto a pedido.

Saberá o Pedro que, caso o Sim ganhe, Portugal continuará a prender mulheres que o praticam? É que a alteração porposta apenas considera a despenalização do aborto a pedido até às 10 semanas e em estabelecimento de saúde autorizado e o Primeiro-Ministro já afirmou textualmente que a Lei é para cumprir.
Ou o Pedro acha que o Sim à "despenalização da interrupção voluntária da gravidez se realizada, por opção da mulher, até às 10 semanas em estabelecimento de saúde autorizado" implica a despenalização total do aborto a pedido?

Para terminar, acho interessante que tenha usado a expressão "mulheres que o praticam" (o aborto) em vez de "mulheres que o pratiquem".
É que, ao contrário dos que afirmam que o aborto é sempre a última opção e é uma decisão muito difícil para qualquer mulher, o Pedro parece reconhecer que há mulheres que recorrem ao aborto de forma repetida e, consequentemente, deliberada. É assim?

Um abraço,
Joaquim Amado Lopes

 





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