Helena
"Helena" é nome de Santa e de Imperadora de Constantinopla, e é o título de um dos livros de Evelyn Waugh, esse católico excêntrico e irascível que devia ser tão contrário ao aborto quanto, valha a verdade, à presença da sua própria prole no perímetro mais próximo. Em termos mais prosaicos, "Helena" é também o nome de uma das melhores bloggers portuguesas - a Helena Ayala Botto, dona de um irrepreensível bom gosto cultural e do magnífico Tristes Tópicos, onde espraia a sua escrita elegante, inteligente e irónica.
Como se vê pelo último post, a Helena gosta tanto de consensos e falinhas mansas como o velho Evelyn gostava da companhia da descendência:
Como se vê pelo último post, a Helena gosta tanto de consensos e falinhas mansas como o velho Evelyn gostava da companhia da descendência:
(...)
«O problema de se usar expressões "neutras" não é o barroco das expressões em si, mas o facto de essa neutralidade ser sinónima de uma necessidade absurda de não ofender ninguém, isto é, de se ser políticamente correcto em todas as frentes. Ora, quando se emite uma opinião - sobretudo em questões determinantes - é bom sinal que alguém se ofenda, pois essa é a maior evidência de que a nossa opinião, além de claramente expressa, foi entendida como uma posição clara, uma manifestação de valores e ideologias que nos definem. E é isso, afinal, que fazem os opositores quando se deparam com alguém que não soube defender o seu lado da barricada com lucidez e determinação: arrasam vorazmente os delicados adverbiozinhos e as boas intenções do adversário.
Assim, a abolição do politicamente correcto como analgésico contra futuras controvérsias é absolutamente vital. Ao dizer de forma honesta e vincada que "sou contra", "acho bem" ou "está errado", espero reacções, contraditórios, discussões pertinentes e inflamações epidérmicas. Sem relativismos, sem escudos, sem anestesias.»
A partir de hoje, na pessoa da Helena, há mais alguém que resiste, há mais alguém que diz não. Bem-vinda.
Comentários:
blogue do não
Com este, não posso estar mais de acordo e ainda bem que o Rui Castro concorda.
No entanto, é necessário que as pessoas entendam que este é um direito de ambos os lados e, não se susceptibilizem quando é o contrário a usá-lo.
No entanto, é necessário que as pessoas entendam que este é um direito de ambos os lados e, não se susceptibilizem quando é o contrário a usá-lo.
blogue do não