O Mandarim


«No fundo da China existe um mandarim mais rico que todos os reis de que a fábula ou a história contam. Dele nada conheces, nem o nome, nem o semblante, nem a seda de que se veste. Para que tu herdes os seus cabedais infindáveis, basta que toques essa campainha, posta a teu lado, sobre um livro. Ele soltará apenas um suspiro, nesses confins da Mongólia. Será então um cadáver: e tu verás a teus pés mais ouro do que pode sonhar a ambição de um avaro. Tu, que me lês e és um homem mortal, tocarás tu a campainha?»

Eça já se interrogava sobre o acto de tirar a vida a alguém cujo semblante não se conhece nem nunca se conhecerá, com um simples toque de campainha. Mas o que tem isto a ver com o tema deste blogue?

Comentários:
Isso nós fazemos todos os dias.
Toca o telemóvel, e morre gente no Congo.
 
E essa gente que morre no Congo, morre em consequência do toque do telemóvel?
 
Morre para que os telemóveis continuem a tocar...
A contagem ia em 4 milhões e tal, da ultima vez que vi.
 
Caro Jorge Lima:

No dia 27 de Outubro escrevi no blog www.janelar.blogspot.com um texto intitulado «Tocarás tu a campainha?» em que estabeleço um paralelo entre O Mandarim e o aborto. A relação que estabeleci é bastante simples e apropriada ao tema deste blog, uma vez que o feto é como o Mandarim: desprotegido e inocente, morreu na consequência dos actos de outrem, isto é, de alguém que dele nada conhecia, «nem o semblante, nem a seda de que se veste.» Se ainda não leu esse meu texto, basta que entre no blog e aceda ao link que está no lado direito da página principal onde diz «Destaques:». Penso que depois de o ler concordará com o paralelo que expus. Encontra-se juntamente com outros dois textos, um deles também da minha autoria intitulado «O Meu irmão Martim», igualmente sobre o aborto. Se o seu post não se refere ao meu texto, gostaria de saber a que se refere para que eu fique mais informado sobre opiniões e paralelismos idênticos ou parecidos aos do meu post de 27 de Outubro. Tenho gostado muito das opiniões bem formuladas aqui expostas e sou frequentador assíduo. Parabéns ao blog e aos seus autores. Muito obrigado.
 
Caro Afonso:

«Se o seu post não se refere ao meu texto, gostaria de saber a que se refere para que eu fique mais informado sobre opiniões e paralelismos idênticos ou parecidos aos do meu post de 27 de Outubro. »

Não estou certo de ter entendido este parágrafo. É irónico? Está a sugerir que o plagiei? Pergunto-lhe isto com toda a candura, porque não quero crer que seja isso, mas sinto a dúvida. Efectivemente, o paralelismo com o Mandarim surgiu-me sem ter lido o seu post. Julgo que isso só dá força à adequação perfeita da metáfora de Eça ao tema do aborto.
Quanto ao seu texto, onde desenvolve o tema muito mais do que eu, subscrevo cada letra. O do seu irmão Martim, além do mais, é profundamente tocante, e muito actual, pois muitos não imaginarão que o Síndrome de Down também cabe na definição de malformação na actualç lei. Se me autorizar, publicarei links para ambos neste blogue.
 
Caro Jorge Lima:

Peço desculpa se me fiz entender mal, nunca me passou pela cabeça que me estivesse a plagiar, nem queria que o meu comentário parecesse irónico. Apenas pensei que como o blog onde escrevo está na vossa lista de «Blogues alinhados» tivesse lido o texto «Tocarás tu a campainha?» e a isso se referisse, não concordando com o que eu havia escrito. Não tinha percebido que, ao lançar a pergunta final, estava a concordar e ironizar, estabelecendo assim o paralelo entre o aborto e O Mandarim. Restava, no entanto, a dúvida e por isso escrevi o parágrafo que cita na sua resposta apenas motivado pelo real interesse de poder haver mais textos semelhantes ao meu e para poder com eles aprender mais.
Fico muito contente por ter gostado de ler os dois textos e dou-lhe total liberdade para publicar os links ou então, como desejar, publicar os textos directamente no vosso blog. Agradeço desde já a disponibilidade e prontidão de resposta.
 
Caro Afonso:

Uf! Vou publicar os seus textos, se a atnto me ajudar o engenho e a arte, e a minha falta de experiência bloguista não mo impedir. Um abraço.
 





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