O TRIUNFO DA VONTADE

Eu gosto da Fernanda, palavra de honra. Dá luta, apesar de ser muito mais do "passado" do que ela imagina. Desta vez deu-lhe para embirrar com uma frase anódina que é bem mais explícita do que a aprovada pelo regime. No fundo, o "sim" que a pergunta reclama tem o sentido da frase que a Fernanda critica: "o que está em causa e o SIM autorizará, é que a grávida possa decidir, sem qualquer justificação ou outra motivação, abortar". Qual é a diferença entre isto e a famosa "vontade da mulher" em perpetrar a IVG até às dez semanas sem nenhuma outra razão senão essa mesma sua vontade? Até pode ser "vontade obrigada", como aquela que o putativo progenitor impõe. Nunca deixa de ser uma vontade, o mero triunfo da vontade. Repare-se que tive o cuidado de usar o termo politicamente correcto: "interrupção voluntária da gravidez". Por mais voltas que se dê, é, de facto, a uma gravidez que o aborto coloca um terrível, melancólico e dramático fim. Não entendo, por isso, o "escândalo" da Fernanda quando, na frase citada, aparece o termo "grávida". Tudo o resto que a F. escreve sobre grávidas e "gravidezes", deixo a quem tem o instinto ou a prática da maternidade/paternidade o direito/dever de comentar. Não sou tão arrogante ao ponto de me meter onde não sou chamado ou, sequer, de comentar o incomentável.

Comentários:
Peço desculpa pela (auto)-publicidade, mas como tudo isto tem a ver com um cometário de Walter Osswald no Conta Natura, gostava de vos informar que, embora vote como ela, respondi assim à f.
 
a frase é em si imbecil...se a mulher decide terá de ter uma motivação para o fazer. Não há decisões sem motivações.A imbecilidade continua no "sem justificação". Exactamente perante quem é que a mulher se tem de justificar? Deus? O parceiro? O Sr. Gonçalves? O feto? Manuel Luís Goucha? O Dalai Lama?
É óbvio que a decisão em si de abortar implica motivação e uma justificação perante quem é relevante: a própria mulher. Tudo o resto são "brigadas da moral" e dos "bons costumes" a quererem impôr as suas crenças e opiniões.
 
Tadinha.
 





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