Prefere Ser Morto, ou Adoptado por Homossexuais?


Puxo à primeira página, por me permitir lançar-me a mais uma questão fracturante, o seguinte comentário do/a blogger Jasmim a um post meu:

Uma sugestão: que tal um esquema experimental em que se convença toda a mãe que queira abortar a levar a sua gravidez até ao seu termo e a entregar a criança para adopção - por casais homossexuais. Os membros do Blogue do Não teria algum problema com esta solução?É que o slogan com que o senhor ali de cima tenta tão levemente caricaturizar os defensores do SIM, ("mais vale um feto morto do que um filho vivo") parece-me encontrar um eco em certos defensores do NÃO: "mais vale um feto morto do que uma criança adoptada por larilas".Garanto que já ouvi a intenção, ainda que maquilhada em outros termos, a mais que um católico "defensor da Vida".

Em primeiro lugar, caro/a Jasmim, permita-me a soberba (V. dirá, o paternalismo) de fazer alguma pedagogia democrática: nós, aqui no BdN, não somos colectivistas, nem seguimos a cartilha do centralismo democrático. Por isso, ninguém nunca lhe responderá o que pensam «os do Blogue do Não». Respondo-lhe apenas em meu nome, portanto. Outra coisa será adivinhar que o que lhe vou dizer colha algum consenso por aqui. Mas se reparar em posts meus anteriores, verificará que sou frequentemente ultrapassado «pela direita». Bom, e agora, diante, e directo ao assunto.

Este membro do BdN, vulgo, eu, prefere claramente - obviamente -, que uma criança seja adoptada por um casal de homossexuais do que morta na barriga da mãe. O que esperava que lhe dissesse? «Ai, sou suuuper a favor da vida, mas para uma criança ser adoptada por mariconços, antes morresse...? Hein? Non, mais franchement!

Bom, e agora que já sabe o que eu acho sobre esse «terrível» dilema que me coloca, passe-me a picareta, que agora quero eu fracturar um bocado. A adopção por homossexuais, e repare que digo homossexuais, você é que disse «larilas», é algo que qualquer pessoa de bom senso percebe que não pode ser bom para um desenvolvimento harmónico da personalidade de uma criança. Há vários estudos que para aí apontam, mas o próprio senso comum, e a experiência de vida que todos temos, deveriam bastar. Se o adn de cada novo ser é feito de dois adn's diferentes, dos progenitores, e isso nos diferenciou e deu uma vantagem competitiva em relação às amibas do início da vida na Terra, que se reproduziam por mitose, dando duas amibazinhas iguaizinhas, e portanto abrindo a porta a desastres para a espécie quando alguma coisa corria mal; também se compreende que uma criança deve ir buscar a sus personalidade às personalidades complementares de homem e mulher, que Vocês, fracturantes, ao fim de 40 anos a queimar soutiens, ainda não conseguiram provar serem iguais.

A adopção por homossexuais é só mais um dos direitos que reivindicam, sempre piedosamente maquilhados (é curioso como mimetizam tanta coisa que criticam no discurso das religiões...): o direito à eutanásia, para se «morrer com dignidade», o direito à clonagem, «para investigar doenças que podem ter cura por essa via», o direito à adopção de crianças por homossexuais «porque os que têm uma opção sexual alternativa têm os mesmos direitos». E, claro, o direito a dispor da vida de uma criança, porque ela faz parte do corpo da mãe, e a mãe tem direito ao seu corpo.

Caro/a Jasmim: acabo como comecei. Prefiro que uma criança seja criada por homossexuais do que morta. Mas a ambos prefiro que tenha uma educação harmoniosa que lhe permita ser um adulto feliz.

Comentários:
E as mães solteiras? Aí as crianças nem são educadas por duas personalidades iguais (como acontece com os homo), só por uma e logo de mulher!


às vezes acho que mais vale mesmo abortar, pobres crianças..
 
Seria interessante que indicasse alguns desses estudos. É que dizer "há estudos" é sempre fácil, mas quando vemos o que dizem as principais academias científicas do mundo (opiniões certificadas não só por muitos, mas pelos melhores estudos) vemos que vão contra aquilo que diz em relação à adopção por casais homossexuais.
 
Caro Anónimo 1758: os homens que dão à sola, obviamente dando cabo da vida da mãe e do filho, não são apesar de tudo um movimento organizado, como o do lobby homossexual, estando por isso fora do âmbito do meu post.

Caro Anónimo 1808: não tendo apresentado as minhas fontes, sabia que me estava a pôr a jeito do seu remoque, que não posso contestar. Referia-me a notícias que li nos últimos anos em jornais de referência, mas que não registei. Apesar de tudo, estava a responder a uma provocação do/a Jasmim, e não a escrever um artigo académico. Fica a minha restante argumentação. Posso ter o prazer de o/a ouvir comentá-la?
Um abraço aos dois.
 
Ups, já me esquecia que você também tem estudos:

« (...) mas quando vemos o que dizem as principais academias científicas do mundo (opiniões certificadas não só por muitos, mas pelos melhores estudos) vemos que vão contra aquilo que diz (...)»

E então as suas fontes, quais são? Quais são e o que dizem as principais academias científicas do mundo? A ver se me responde com a mesma franqueza...
 
Não seja por isso, ora veja lá (e também não tinha registado as minhas informações, que não são de jornais, mas das academias propriamente ditas, simplesmente sei googlar):

http://www.aap.org/advocacy/archives/febsamesex.htm

http://www.apa.org/releases/gaymarriage.html

Se quiser mais diga, é só googlar por "anthropological", "sociological" etc e obterá resultados similares. Sempre ao dispor.
 
Caro Anónimo 1808:

Touché. Vou googlar também. Continua é sem responder aos meus argumentos não dependentes dos estudos que não citei. Está no seu direito, é claro.
 
é em post como estes que se descortina o espirito perfeitamente reaccionario e retrogrado dos apoiantes do não. Enfim....
 
Caro Jorge Lima ,

Deixo-lhe as conclusões de um Estudo da Associação Americana de Psicologia, como V. Exa bem saberá,uma das mais reputadas a nível mundial, que conclui exactamente no sentido contrário do seu.

http://www.apa.org/pi/lgbc/policy/parentschildren.pdf

este dado foi fornecido por o leitor "João" do Devaneios...
 
"A adopção por homossexuais, e repare que digo homossexuais, você é que disse «larilas», é algo que qualquer pessoa de bom senso percebe que não pode ser bom para um desenvolvimento harmónico da personalidade de uma criança."

Vou confiar em si e abreviamos assim a (não) discussão. Se à partida qualquer pessoa de bom senso percebe que não pode ser bom para o desenvolvimento harmonioso da personalidade de uma criança a adopção por homosexuais, eu, poupo-vos à minha insensatez. E creio que está a dizer só por homens, e não tanto por homosexuais. E se assim for, pelo menos comungamos de um ponto de vista em comum: eu também acho que os homens de batina, à partida, não são os mais favoráveis para o desenvolvimento harmonioso de uma criança. Mas atente, que na minha insensatez ainda disse, "à partida", e "não são os mais favoráveis". Há casos em que homens, e apenas homens, como mulheres, e apenas mulheres, independentemente das suas religiões, prestaram relevantes serviços ao desenvolvimento harmonioso de muitas crianças.

É mais fácil um camelo entrar por um buraco de uma agulha do que um preconceito sair de uma cabeça que, inadvertidamente ou não, o alojou.
 
Não, caro JPN, não falo apenas de «homens», mas de pessoas do mesmo sexo, homens ou mulheres. Esta discussão é mais ampla, e colateral ao tema do aborto, mas está-lhe na raiz. Apesar do rótulo de intolerante que me pretende colar, não tenho dúvidas de que é melhor para uma criança ser criada por dois/duas homossexuais que a amem do que por um casal de heteros que a espanquem. Tomo a devida nota dos estudos de instituições credíveis que contrariam o meu ponto de vista. E tenho a perfeita noção de que para alguns, a homossexualidade é algo com que se nasce ou que se adquire sem ser por opção. Sou igualmente a favor de que um homossexual não seja discriminado por o ser. O que não aceito (para além do casamento, mas isso é outra questão), é que uma criança seja exposta a uma vivência afectiva que, e vou dizer a palavra maldita, é desviante, não apenas em termos culturais, mas estruturais.
 





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