REVISTA DE IMPRENSA - gente fina é outra coisa

«Aborto na blogosfera
A campanha vem longe, mas na blogosfera o debate sobre o aborto é prometedor. "A senhora doutora Fernanda Câncio, conhecida mundialmente como jornalista de causas (é tão dedicada às suas causas que às vezes até se esquece que é jornalista!), decidiu meter-se com os fundamentalistas do não aqui do burgo", ironizou Rui Castro, do Blogue do Não. No Glória Fácil, Fernanda, "pró-sim", diz que "não valerá a pena explicar à Mafalda [do Blogue do Não] que dar uma queca de livre e espontânea vontade não é a mesma coisa que gerar um filho de livre e espontânea vontade." Uma animação.» (revista Sábado, de 23 de Novembro)

Comentários:
E tem razão!... é que parece que alguns fundamentalistas do não ainda não perceberam a diferença...entre uma relação sexual consentida e uma gravidez consentida ou desejada.

E só mesmo quem vive numa torre de marfim desligada da realidade é que pode postular a coincidência destes conceitos para fundamentar a prisão de mulheres.

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Não percebo essa confusão de conceitos. Aliás, não percebo porque razão a Fernanda Câncio utiliza isso para justificar o aborto. O problema é certamente meu.
 
Pois, parece que está um pouco confuso..
Penso que ela não utiliza a diferença de conceitos para justificar o aborto mas para explicar que a não punibilidade do aborto até ás 10 semanas pode ser defensável... percebe?
 
O engraçado é ser só até às 10 semanas. Estou mesmo confuso. Auxilie-me, por favor, com o seu conhecimento acerca daquilo que pensa a Fernanda Câncio.
 
Engraçado porquÊ ? Acha que o aborto é divertido?
 
Caro Bluesmile,
e se o fruto dessa relação sexual "consentida" for antes uma doença sexualmente transmissível?
O que liberalizaria para solucionar esse problema?
Eu sou a favor da informação e do direito à escolha... da relação sexual protegida.
E não da irresponsabilidade.
 
A afirmação de Fernanda Câncio, além de brejeira, é equivalente a esta: "atirar-se de uma ponte de livre e espontânea vontade não é a mesma coisa que morrer de livre e espontânea vontade".
Será que quando era pequenina ninguém lhe explicou a velha história "the birds and the bees"...?
 
Caro(a)bluesmile:
E não tem razão!...é que parece que alguns fundamentalistas do SIM ainda não perceberam que de uma relação sexual consentida pode resultar uma gravidez.
 
Cara bluesmile,
Tanto não acho divertido que vou votar NÃO.
Registo mais uma vez a ausência de respostas às perguntas que coloquei.
Cumprimentos
 
Cara bluesmile:

O seu comentário mostra claramente até que ponto vai a desinformação sobre sexualidade.
Um gravidez é uma consequência possível - não é necessária, mas é possível - de uma relação sexual.

Se a relação sexual é consentida, naturalmente as suas consequências são consentidas. Podem não ser desejadas, mas são consentidas.

Nós devemos pensar nas consequências do que fazemos antes de o fazermos e não depois.

Desligar actos de consequências tem um nome: é desresponsabilizar. É isso por exemplo que fazem alguns países industrializados quando dizem não estar provado que as emissões de CO2 provoquem o aquecimento global. Também aí não concordo com a desresponsabilização. Provavelmente aí até concordamos.

O que é curioso é que não é por nós desligarmos actos de consequências na nossa cabeça que eles se desligam na vida real.

Da mesma forma o aborto também tem consequências. Consequências para o filho e consequências para a mãe. Essas consequências decorrem do próprio acto: um é morto o outro fica marcado pela sua história. Física e psicologicamente.

Quando olho para as pinturas da Paula Rego sobre este tema são essas consequências que vejo.

O aborto é um crime quer seja penalizado ou não. Um sistema de Direito responsável (que não desliga os actos das consequências) não pode deixar de reconhecê-lo.

As mulheres merece melhor do que o aborto. Por isso é que são elas, mais do que os homens, quem vota contra a despenalização.
 
Só quem não quer entender (toda a gente é suficientemente inteligente para poder perceber) o que é a sexualidade humana é que pensa como a Dra. Fernanda Câncio. Ninguém é um simples animal.
 
Querido NCD:

Ri-me bastante do teu post e sobretudo da tua presunção de que "não estou informdada sobre sexualidade"!!!


1) "Se a relação sexual é consentida, naturalmente as suas consequências são consentidas. Podem não ser desejadas, mas são consentidas."

É uma radical Mentira, esta afirmação. Uma mulher pode ter uma relação sexual consentida sem que esta a consentir uma inseminação.

A sua concepção implica uma visão bastante dramática e distorcida da sexualidade humana - a ideia de que a sexualidade só tem ( ou tem inevitávelmente) uma dimensão reprodutora que não pode ser afastada por um opção humana. Uma visão bastante animal, de facto.
 
Caro afonsso:

"é que parece que alguns fundamentalistas do Não ainda não perceberam que de uma relação sexual consentida pode resultar uma gravidez não consentida".

É assim tão difícil de perceber???
 
Cara bluesmile,
Os casos que refere e tenta "normalizar" constituem hoje em dia a excepção e não a regra, pelo que o abuso dos mesmos como argumento não passa de falácia.
 
Cara Bluesmile,
Propus ao médico Graciano Fernandes (não por acaso meu pai) comentar um comentário seu ao post da Dra Mafalda Barbosa com o título "Não, não sofremos de incoerência". Por ser um post já antigo, venho deixar-lhe aqui o convite a revisitar os comentários àquele post e, se entender interessante, replicar.
Cumprimentos.
 
Cara bluesmile,
está enganada.

Facto: Para que haja uma gravidez nem tão pouco é necessária inseminação.

Facto: Por vezes até a penetração é dispensável - como já terá ouvido os espermatozóides têm movimento próprio e não são emitidos apenas no momento da ejaculação.

Facto: qualquer relação sexual entre um homem e uma mulher pelo qual os espermatozóides humanos entrem em contacto com a vulva tem uma possibilidade reprodutora.

Obviamente reduzir a esta previsão a sexualidade humana é distorcido - mas é você que o faz. Tudo o mais são factos, não são "concepções" "visões" nem "morais".

São factos. Querer ignorá-los é tapar o sol com a peneira.
 
Caro NCD :Vejo que tens uma mente alternativa e te dedicas práticas um pouco incomuns entre adultos.

Já agora - em termos clínicos, inseminação pode não significar coito.Pelo que a expressão que utilizei está absolutamente correcta.
De qualquer forma, só vens dar razão ao meu ponto de vista - pode haver contactos sexuais consentidos ( com ou sem coito)
sem que isso implique o consentimento expresso ou tácito de uma gravidez .
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Em termos clínicos, não saberia o que chamar ou como designar o comportamento verborreico da Sra. Sorriso Azul (será falta de oxigenação?); em termos sociais ou até de interacção com os outros, aí a conversa muda: o contágio (talvez pela proximidade, por osmose, parasitismo, simbiose, ou qualquer outra forma de vida similar) parece evidente. O comportamento da Sra. Sorriso Azul é tão igual ao da Sr. Câncio que assusta, pela arrogância intelectual, pela prepotência com que alardeia a exclusividade do conhecimento, pela intolerância com que trata as posições e opiniões dos que, como elas, têm total e absoluto direito a tê-las e a exprimi-las.
Mais e talvez mais importante: há já muito tempo que não presenciava uma manifestação de cultura de esquerda tão purista; obrigado, Sra. Sorriso Azul por nos fazer relembrar como a verdadeira intolerância da esquerda se revela quando é contrariada com argumentos sólidos e devidamente fundamentados.
Já agora, deixe-se lá de coisas e loisas: neste Mundo de Deus (bem sei que não deve acreditar) a Mulher nunca esteve sózinha e sózinha nunca estará.
Não tente inverter artificialmente e por decreto algo que a natureza demorou milhares de anos a aperfeiçoar e ainda continua em melhoria contínua.
Tente olhar para tudo isto como uma necessária fonte de equilíbrio e não da sua perspectiva de que na sua barriga manda a Sra.; e mesmo assim continua com o seu sorriso, não importa se azul ou amarelo.
Cumprimentos.
 
Cara bluesmile,

efectivamente não concordo com a redução da sexualidade ao coito. Qualquer extrapolação desta afirmação tão simples fica com quem a pratica.

Naturalmente pode haver vivência da sexualidade sem gravidez. O que não parece razoável é viver é criar a possibilidade de uma gravidez - ou seja ter praticas das quais pode resultar uma gravidez - para depois a recusar, caso ela aconteça.
 
Cara Bluesmile,

Finalmente fez-se luz na minha cabecita!
A Bluesmile diz:
"é que parece que alguns fundamentalistas do Não ainda não perceberam que de uma relação sexual consentida pode resultar uma gravidez não consentida"
Daqui deduzo - e só agora entendo a lógica da sua afirmação - que a perspectiva da Bluesmile é que o aborto vai resolver uma gravidez não consentida. Portanto, aceita o aborto como método "contraceptivo" (está entre aspas porque nessa fase já a concepção aconteceu...).
Percebi.
Nota: há maneiras mais "elegantes" de fazer verdadeiramente contracepção. Até ouvi o bastonário da ordem dos médicos sugerir que o estado passe a comparticipar a 100% os contraceptivos - mas ninguém mais o ouviu...
 





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