Depois das ameaças aos médicos, agora chegou a vez das clínicas privadas

Na Minha Clínica Manda o Estado. Por Bruno Alves.

No Expresso de hoje, atribui-se grande destaque à recusa de "cinco grandes clínicas" privadas com serviços de obstetrícia recusarem a possibilidade de oferecerem a realização de abortos às suas clientes, no caso do "Sim" vencer o referendo de Fevereiro próximo. O Ministro da Saúde, Correia de Campos, já veio afirmar que a "lei terá de ser respeitada por todos". Das duas uma, ou o senhor Ministro decidiu abrir a boca para afirmar algo que não necessita de ser afirmado, o que não seria de estranhar num governo tão dado à irrelevância (e a abertura das bocas dos seus membros), ou a sua intenção não era meramente a de constatar o óbvio, mas sim a de avisar as ditas clínicas de que, quer queiram quer não, terão de prestar esse serviço a quem o vier procurar.

Comentários:
Mais uma vez se constata que ninguém será obrigado a abortar refere-se apenas às mulheres e, mesmo assim, apenas áquelas que não sejam forçadas a abortar pelos respectivos companheiros, familiares e/ou empregadores.
Os médicos são ninguém, pois pelo menos o Ministro da Saúde quer obrigá-los a fazer algo que é inconstitucional, entra em conflito com o Código Deontológico dos Médicos e vai contra a consciência de muitos médicos.

E mais uma vez se constata que a resposta a concorda com a despenalização do aborto por opção da mulher vai muito além de não mandar para a prisão as mulheres que abortam. O aborto livre passa a ser um direito absoluto, cirurgia prioritária, paga pelo Estado (apesar de não ter justificação médica) e mais importante do que a objecção de consciência de quem não tem nenhuma palavra a dizer na tomada da decisão.
 
O médico especialista, que, aliás, admite ser defensor do aborto até às 12 semanas, diz que “não se deve confundir a despenalização com a obrigação do Serviço Nacional de Saúde. “Os hospitais públicos servem para tratar os doentes, e uma interrupção de gravidez não é doença.”
(Correio da Manhã)

Mensagens contraditórias. Uns dizem que se despenaliza o aborto a pedido para as mulheres poderem recorrer ao SNS e outros dizem que não se tem nada que recorrer ao SNS para abortar uma gravidez apenas porque sim porque gravidez não é doença. Mas, se gravidez não é doença, qual o sentido de o SNS finaciar o aborto a pedido em clínicas privadas?
 





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