Gato escondido com rabo de fora

Não tem sido muito comentado, e percebo porquê, um dos números mais curiosos do estudo sobre o aborto que a APF tão oportunamente fez aterrar na campanha:

"46, 1% das mulheres que recorreram ao aborto admitem que engravidaram quando não estavam a usar qualquer tipo de contraceptivo" (via Arrastão).

Ou seja, quase metade das inquiridas usaram o aborto como um método anticonceptivo.
Estranhamente, a APF, que classificou este estudo como um contributo para a despenalização do aborto em Portugal (Público, 15/12/06), considera o facto um bom argumento para liberalizar o aborto. Ou não o teria publicado.

Segue-se, naturalmente, uma pergunta: a APF vê o aborto como um método anticonceptivo?

E é por isso que o quer liberalizar?

Comentários:
Bem me parecia que não conseguiriam debater o meu post de outra forma. Bem me parecia. Já agora, sabe que um terço das mulheres que fazem aborto são adolescentes e graças aos movimentos pela vida e seus primos não têm educação sexual nas escolas?
 
Oh Daniel é mesmo por isso que engravidam ...é por não terem Educação Sexual na escola....tenha paciência. Sabe perfeitamente que o nível de informação de uma jovem média de 15 ou 16 anos sobre contracepção e sexualidade é a que ela se der ao trabalho de ter ( e não precisa de se esforçar muito). Sabe também que há consultas de planeamento com o sigilo necessário para as adolescentes. E que a pípula é gratuita nos CS. Por isso o problema não é esse. É muito mais profundo e não tem a solução simplista da Educação Sexual nas escolas (não discordo que a sexualidade tenha de ser abordada na escola). Agora se me falar de um sociedade que anda sempre com a "boca cheia" dos jovens e não faz nada (ou pouco) para lhes incutir um conjunto de valores entre os quais diria um cuja ausência me parece bem mais importante que a Educação Sexual: "há consequências para o que se faz e para o que se omite". E já que tocou no assunto a esquerda hipócrita e pimba dos Srs. Louçãs e afins são os melhores amigos que esta desresposabilização individual tem. Há sempre um padre, um professor, um pai, um americano ou um policia responsável seja pelo que fôr. As pessoas nunca são responsáveis por nada. Tenha juízo.
 
Julgava que todos os números eram importantes e não só os que dão jeito. Já agora, gostaria que o APF, ou o Daniel, respondessem às duas perguntas que faço.
Quanto à questão da educação sexual, julgo que posso dizer por todos que aqui ninguém se opõe à educação sexual nas escolas, mas apenas a que ela fique nas mãos dos primos e irmãos do Daniel.
Queriam, não queriam?
 
se metade não usava contraceptivo, outra metade usava!
Gostaria de saber a opinião dos autores pelo uso da pílula do dia seguinte.
 
A pílula do dia seguinte, como o próprio nome indica, actua no dia seguinte (ou até três dias depois). Nessa fase ainda não temos um embrião. Temos o ovo, na fase inicial da multiplicação. Nem sequer temos ainda um futuro ser humano porque o ovo ainda se pode dividir para dar origem a gémeos. E pode nem chegar a dividir-se gerando aquilo que se designa por "ovo cego" e conduzindo a uma gravidez não evolutivo. Nesta altura tudo está em aberto. A pílula do dia seguinte limita-se a impedir a nidificação por isso impede a gravidez, não a interrompe.
 
Ricardo,

A metade que não usava contraceptivo não tentou não engravidar. Assim, a gravidez resultou de omissão consciente ou (em casos absolutamente excepcionais) derivada de ignorância. Sendo consensual que um aborto (quase?) nunca é inócuo, acha mesmo que a solução é a despenalização do aborto a pedido?

A outra metade ou usava mal o contraceptivo ou não o usava sempre. A mesma pergunta que para a primeira metade.

Quanto à pílula do dia seguinte, quer-me parecer que nenhuma das metades a usou. E, por uma razão ou outra, vai ser difícil encontrar aqui quem se manifeste contra o uso da pílula do dia seguinte. Contra a sua venda livre é outra discussão.
 
daniel espero que um dia o Estado português me permita (considero-me uma pessoa responsável e consciente dos meus actos, dentro da minha liberdade de escolha e partindo do principio que a questão do aborto é também uma questão da consciência de cada um)dar-lhe um tiro nos cornos e aos seus "primos" e camaradas e antes disso espancá-lo.
 
É favor que o anónimo que acaba de verter aqui o seu mais imbecil dialecto se mude para outra freguesia. Enganou-se no blogue: aqui não se trata ninguém nesse tom. Aliás, tenho a certeza que não passa de tom. Alguém que não tem coragem de assinar com o próprio nome, dificilmente terá coragem para "espancar" seja quem for.
 





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