LIXO, ESGOTO OU VÓMITO?

"(...) porém, parece que toda a gente anda a pensar e a escrever sobre isto, talvez porque já andam aí na rua os outdoors do não (tanto dinheirinho que tendes, senhorias, para gastar em cartazes e sondagens em vez de em papas cerelac, fraldas e casinhas para as crianças desvalidas, hã? olhem que há uns bons milhares delas, completamente formadas, nos orfanatos) e nos jornais as proclamações eclesiásticas sortidas (...)" - o sublinhado é meu (Fernanda Câncio, no glória fácil)
Compreendo que para pessoas como a Fernanda Câncio seja evidente que a miséria humana que aflige algumas crianças no nosso país se deve à hipocrisia das pessoas que vão votar NÃO. Quanto mais não seja porque para alguns que votam SIM (refiro-me apenas aos mal intencionados militantes) até dá jeito que haja crianças nestas condições. Sempre é mais um argumento a favor do SIM, demonstrativo, aliás, da generosidade dos que, no fundo, só pretendem que as crianças sejam poupadas a esse sofrimento. Claro que é revelador, também, da honestidade intelectual que a autora do texto citado tem utilizado neste debate. A jornalista, que se diz repetidamente de causas, deslumbra pela mesquinhez própria dos que se acham, por mérito próprio, acima de tudo e de todos. São argumentos que deixam descobrir, por detrás da arrogância de quem acha que tudo sabe, a opção deliberada de tudo preferir ignorar.

Comentários:
Esta sujeita é uma vergonha!!! Como é possível tanta estupidez e demagogia!!! E sobretudo esta arrogância de passar julgamentos morais e de intenções aos outros era algo que julgava exclusivo de alguns apoioantes do não. Mea culpa (mesmo assim votarei sim)
Devo dizer que alguma da "caridadezinha dondoqueira" me irrita, mas provavelmente o problema é meu que faço pouco pelos outros. Mas quem só eu para julgar as intenções de quem faz alguma coisa pelos outros?
Oh caro Rui isto também não é justo! Eu sei que vc defende o não mas escusa se só ir buscar a m... como exemplo de quem defende o sim.
Tenha dó!
 
Seria de perguntar à fernanda câncio quanto dinheiro gastou ela em papas cerelac, fraldas e casinhas para as crianças desvalidas.
E, de caminho, perguntar-lhe se tem a mesma opinião relativamente ao dinheiro gasto a favor do "sim".
 
O problema desta sociedade é que nos obriga a desdobrar-nos em tantos necessitados que acabamos por não dar conta do recado para todos! Mas por que só seremos nós (os defensores do não) a ter que acarretar com tal fardo? Não seria melhor se nos uníssemos em causas consensuais em vez de em temas fracturantes?
Quanto à questão dos orfanatos, é interessante... li que muitos orfãos não são adoptados por serem demasiado velhos! Os embriões que doutra forma seriam abortados, se levados a termo, gerariam recém-nascidos prontos a adoptar (com 9 meses de avanço para tratar das burocracias)! Perfeito! Ainda não foi criado um tal protocolo de adopção, pois não? Ou é ignorância minha?
 
Pronto. Li aqui neste blog, mais uma vez, as opinoes dos pro-criminalizacao do aborto. Eu, que sou pro-vida, nao me revejo em nenhum destes comentarios. Voces falam e escrevem como se a criminalização do abordo resolvesse alguma coisa: acabasse com os abortos, por exemplo.

Nao li nem uma palavra contra a miseria, o machismo, a ignorancia, a falta de educacao sexual nas escolas, o direito dos jovens a uma vida sexual saudavel e sem culpas medievais e supersticiosas, o uso do preservativos e contraceptivos, a destruicao da vida familiar pelos horarios de trabalho brutais e os tempos de transportes publicos que o capitalismo selvagem gera, a violencia e a sexualidade distorcida e gratuita na comunicacao social e no negocio dos jogos de computador, etc.

Começo a achar que vocês não querem resolver o problema: querem é punir as desgracadas que não têm dinheiro para ir a Espanha fazer um aborto legal.

Filipe Castro
 
"o direito dos jovens a uma vida sexual saudavel e sem culpas medievais e supersticiosas"
É piada ou pretende que alguém o leve a sério?
 
Para mim a questão principal é a seguinte: pelos argumentos dos que defendem o SIM, essas "crianças desvalidas" também seriam "abortadas", ou melhor, exterminadas. Aliás vê-se: os que defendem o SIM estão representados no poder, no entanto nada fazem para ajudar ninguém carenciado – temos mais de dois milhões de portugueses pobres.
Defendem que os bebés deverão ser abortados se forem indesejados, se não existirem condições para os criar (antigamente asseguradas pelo Estado), etc. Os mesmos argumentos serviriam para eliminar todos os indesejáveis da sociedade socialista: os idosos, deficientes, drogados, dissidentes do regime político, etc.

Outro que gritava esses mesmos argumentos era Hitler. Mas nunca teve coragem de legislar, colocar no papel – ele apenas punha as suas ordens em prática. Se ele estivesse vivo, ficaria bastante surpreendido – estes políticos não só conseguiram legislar quem tem direito a viver, como conseguiram que fosse a própria população a votar isso.
 
Filipe Castro,

Para resolver os problemas que refere, alguns de nós têem/desenvolvem actividades profissionais e/ou pessoais, remuneradas ou não remuneradas, nas áreas da informação, educação, apoio a jovens, grávidas em situação pessoal/financeira/profissional complicada, crianças abandonadas, ...
Mas essas actividades não têem rigorosamente nada a ver com a despenalização do aborto a pedido. Têem a ver com atenuar/resolver uma série de problemas, sendo que alguns desses problemas contribuem para levar muitas mulheres ao aborto, em Portugal ou Espanha.

O que leu neste blogue é o nosso contributo para a luta contra algo que, pretendendo ser a solução para um determinado problema relativamente vago, não apenas não resolve nada como cria ainda mais problemas. Conscientes deste último aspecto, são poucos ou nenhuns os promotores do "sim" que identificam claramente que problema será resolvido com a despenalização do aborto a pedido.
 
OK, agora já todos sabemos que o Rui Castro é contra o sexo antes do casamento, coisa que por ele seria proibida.
 
Filipe, deixe-me que lhe diga que está a ser muito injusto! Até parece que tudo o que refere(e bem)a que acrescentaria o facto de as grávidas não terem acesso ao emprego, como sabe, só pode ser defendido pelos que insistem em tutelar a vida intra-uterina. Esses horrores de que fala são responsabilidade de todos nós enquanto comunidade. E Melhor seria o Estado (nós todos), encará-los de frente em vez de nos refugiarmos na solução imediata do aborto. Todos esses problemas serão insolúveis? Não? Então vamos a isso! Vamos defender o direito à vida e à maternidade responsável. O resto é ruído.
 
Pedro Sá,
Não sei de onde pode retirar essa conclusão do que escrevi... é falta de horizontes ou algo mais grave. Em todo o caso não podemos resolver o seu problema aqui.
 
Filipe Castro,
A penalização do aborto não é defendida por quem vai votar não no referendo (como eu) e tem bom senso, para punir "as desgraçadas" - como diz o Filipe. A necessidade de penalizar surge, pela positiva, do imperativo de defender a vida humana, o qual é princípio essencial do nosso sistema legal - todos percebemos a importância deste princípio, acho.
Mas estou plenamente de acordo consigo quanto ao que diz depois. É que, de facto, estamos todos obrigados pelo referendo a concentrar tempo e energia no debate errado. Numa atitude "pro vida" - como diz - devíamos preocupar-nos em procurar soluções para todas as questões que o Filipe levanta.
Deixo só um reparo: neste blogue, ao contrário do que afirma, já houve posts e comentários abordando as questões que referiu. Visite, por exemplo, o histórico de Novembro.
Cumprimentos.
 
Rui, eu bem tinha dito que não se pode dar demasiada importância ao Pedro Sá...
 
Pedro Picoito, mas quem é o personagem? Reparo agora que anda de blogue em blogue a acusar este e aquele de ser fascista ou reaccionário, mas sempre sem qualquer tipo de correspondência com o texto. Da primeira vez que li um comentário do sujeito pareceu-me engano; agora já mais parece má fé ou iliteracia.
É deixá-lo falar, pois já percebi que ele gosta de se "ouvir".
Abraço
 
Exacto, Rui.
O senhor anda de blogue em blogue insultando os defensores do não sem apresentar argumentos.
Deve ser por isso, por não os ter, que o seu próprio blogue - o tal blogue do sim - parece ter morrido.
 
Ele era do blogue do sim?
Então, resta-me lamentar que tenha acabado!
 
O blogue do sim não acabou. Nunca chegou a começar.

12 pessoas que tinham em comum serem a favor da despenalização do aborto a pedido (agora já são 16) decidiram juntar-se e participar na campanha. Só que, além de serem a favor do "sim", têem mais uma coisa em comum: nenhum deles sabe bem porquê. Assim, quando chegou a altura de escreverem algo a defender o voto no "sim", o resultado é de uma pobreza que envergonharia um franciscano.
Em uma semana (o último post é de 6 de Dezembro) os 16 contribuidores publicaram um total de 9 posts, dos quais apenas dois ou 3 incluem qualquer espécie de conteúdo.
Os comentários ainda animaram um pouco mas o blogue simplesmente não existe.
 
Não percebo a intervenção do Filipe... refere-se ao meu comment, que é anterior a ele, e todavia, eu acho que expus as minhas preocupações quanto a possíveis soluções construtivas, nomeadamente a adopção...
 





blogue do não