Opção de Adopção
É habitual utilizar-se o argumento que muitas mães não têm alternativas ao aborto, porque não têm condições financeiras ou outras que lhes permitam ficar com a criança.
Então porque não entregar a criança para adopção? Se todos, adeptos do não e do sim, concordamos que o aborto é sempre uma experiência difícil, que razões podem haver para abortar em vez de entregar a criança a uma família que está ansiosa por recebê-la?
A mãe evita ficar com a criança uma vez que considera não ter condições para a criar, a criança ganha o direito à vida num lar adequado, os pais adoptivos veêm o seu desejo satisfeito e o país também beneficia. Devia ser uma decisão fácil.
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Podia até usar-se a fraca desculpa que o processo de adopção é complicado em Portugal e que as crianças ficam anos à espera para serem adoptadas. Acontece que nem isso é verdade. Desde que a nova legislação entrou em vigor, em 2003, que o processo de adopção é muito mais expedito. Conheço pessoalmente vários casos de pessoas que adoptaram crianças nos últimos anos e cujo processo foi bastante eficaz. Aliás, já desde 2004 que as listas de espera para avaliar candidatos foram praticamente eliminadas, como confirmado pelo Relatório da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção.. As crianças que esperam muito tempo nas instituições são as portadoras de deficiências (caso em que já hoje, concorde-se ou não, poderá ser permitido o aborto) e as crianças cujos pais ainda não autorizaram a adopção. De resto existe uma enorme desproporção entre a procura (muitos candidatos) e o número de crianças em condições de ser adoptadas, como confirmado pela responsável pela área social do Instituto de Segurança Social, Maria Joaquina Madeira. Isto é especialmente verdade para crianças recém-nascidas.
Então porque não entregar a criança para adopção? Se todos, adeptos do não e do sim, concordamos que o aborto é sempre uma experiência difícil, que razões podem haver para abortar em vez de entregar a criança a uma família que está ansiosa por recebê-la?
A mãe evita ficar com a criança uma vez que considera não ter condições para a criar, a criança ganha o direito à vida num lar adequado, os pais adoptivos veêm o seu desejo satisfeito e o país também beneficia. Devia ser uma decisão fácil.
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Podia até usar-se a fraca desculpa que o processo de adopção é complicado em Portugal e que as crianças ficam anos à espera para serem adoptadas. Acontece que nem isso é verdade. Desde que a nova legislação entrou em vigor, em 2003, que o processo de adopção é muito mais expedito. Conheço pessoalmente vários casos de pessoas que adoptaram crianças nos últimos anos e cujo processo foi bastante eficaz. Aliás, já desde 2004 que as listas de espera para avaliar candidatos foram praticamente eliminadas, como confirmado pelo Relatório da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção.. As crianças que esperam muito tempo nas instituições são as portadoras de deficiências (caso em que já hoje, concorde-se ou não, poderá ser permitido o aborto) e as crianças cujos pais ainda não autorizaram a adopção. De resto existe uma enorme desproporção entre a procura (muitos candidatos) e o número de crianças em condições de ser adoptadas, como confirmado pela responsável pela área social do Instituto de Segurança Social, Maria Joaquina Madeira. Isto é especialmente verdade para crianças recém-nascidas.
Comentários:
blogue do não
Esta lógica argumentativa (a minha) pode parecer estranha ou incorrecta do ponto de vista puramente racional, mas não o será do ponto de vista emocional.
Decidir abortar pode ser difícil. Acredito que o será na maioria dos casos.
Decidir levar a gravidez até ao fim para depois dar a criança para adopção é ainda mais difícil.
Uma coisa será decidir abortar o feto (até às 10 semanas), outra será deixá-lo nascer e saber que existe por aí (viva) uma criança que é nossa e que não está conosco.
Eu faria um aborto, nunca teria a criança para depois a dar para adopção. Não é uma decisão fácil. É, quase, uma decisão impossível.
É que, quer se queira quer não, um feto de 10 semanas é diferente de uma criança nascida (nem que seja apenas um segundo depois de ter nascido).
Decidir abortar pode ser difícil. Acredito que o será na maioria dos casos.
Decidir levar a gravidez até ao fim para depois dar a criança para adopção é ainda mais difícil.
Uma coisa será decidir abortar o feto (até às 10 semanas), outra será deixá-lo nascer e saber que existe por aí (viva) uma criança que é nossa e que não está conosco.
Eu faria um aborto, nunca teria a criança para depois a dar para adopção. Não é uma decisão fácil. É, quase, uma decisão impossível.
É que, quer se queira quer não, um feto de 10 semanas é diferente de uma criança nascida (nem que seja apenas um segundo depois de ter nascido).
r.,
Um feto de 10 semanas é sem dúvida diferente de uma criança nascida. Mas é diferente em todos os aspectos?
Tem todos os órgãos formados, pelo que não é diferente na forma. Foi gerado por um homem e uma mulher, pelo que é um ser humano. O coração bate e todos os órgãos funcionam, pelo que está vivo. Se fôr deixado evoluir sem interferência, vai desenvolver-se, tornar-se numa criança e nascer.
Assim, qual é o aspecto essencial em que um feto de 10 semanas é completamente diferente de uma criança nascida que faz com que se possa matar para proteger a criança nascida e, ao mesmo tempo, se possa matar o feto de 10 semanas apenas porque sim?
E, já agora, a partir de que momento é que essa diferença deixa de existir ou de implicar o não direito à vida?
Um feto de 10 semanas é sem dúvida diferente de uma criança nascida. Mas é diferente em todos os aspectos?
Tem todos os órgãos formados, pelo que não é diferente na forma. Foi gerado por um homem e uma mulher, pelo que é um ser humano. O coração bate e todos os órgãos funcionam, pelo que está vivo. Se fôr deixado evoluir sem interferência, vai desenvolver-se, tornar-se numa criança e nascer.
Assim, qual é o aspecto essencial em que um feto de 10 semanas é completamente diferente de uma criança nascida que faz com que se possa matar para proteger a criança nascida e, ao mesmo tempo, se possa matar o feto de 10 semanas apenas porque sim?
E, já agora, a partir de que momento é que essa diferença deixa de existir ou de implicar o não direito à vida?
caro Pedro, a sua ideia parece-me muito "romântica", já para não dizer utópica... tem noção é o nosso país em matéria jurídica e social sobre a adopção ou, até mesmo, protecção de menores? Se uma coisa destas fosse para frente iríamos ter "milhares" de crianças confinadas a casas de acolhimento e/ou outras instituições sociais, em estado familiar latente, aguardando pelas morosas decisões judiciais, seria inconcebível e se me permite, monstruoso!
R.
R.
R.
Eu até percebo o seu raciocínio, percebo que "uma coisa será decidir abortar o feto (até às 10 semanas), outra será deixá-lo nascer e saber que existe por aí (viva) uma criança que é nossa e que não está conosco". É tentador, neste caso, optar pelo aborto, acabar ali com o problema, não pensar mais nisso. Mas repare na perversidade de tal comportamento: como não posso tê-lo para mim, mato-o. Não é para mim nem para ninguém. É o supremo egoísmo.
Eu até percebo o seu raciocínio, percebo que "uma coisa será decidir abortar o feto (até às 10 semanas), outra será deixá-lo nascer e saber que existe por aí (viva) uma criança que é nossa e que não está conosco". É tentador, neste caso, optar pelo aborto, acabar ali com o problema, não pensar mais nisso. Mas repare na perversidade de tal comportamento: como não posso tê-lo para mim, mato-o. Não é para mim nem para ninguém. É o supremo egoísmo.
Caro R.
Devo concordar com o campos elísios 202... como vexa admite, o seu argumento não faz sentido do ponto de vista racional. É preferível abortar a criança do que dá-la para adopção? São ambas as decisões igualmente penosas para a mãe? Sim e não! Sim, porque ambas merecem reflexão! Não, porque no aborto a mãe pesa os seus próprios interesses e na adopção pesa os da criança! Se a mãe REALMENTE amar o filho que pelo menos, dá-lhe o direito de ter uma existência feliz.
Quanto a ser uma ideia "romântica", a agilização da adopção já está na agenda política e tudo depende da criação de protocolos com entidades competentes nessa área! Diga-me, já existe tal protocolo? Fiz essa pergunta há tempos e ninguém me respondeu! Se não existe, por que passar logo para o extremo de despenalizar o aborto antes de esgotarmos as alternativas? Devo recordar que a maioria das crianças que não são adoptadas, não o são devida à idade?
Caro Luís V.
Já estou a ficar farto de refutar esse argumento. Você faz-nos crer que há reciprocidade... ou seja, você não me obriga a abortar mas eu obrigo-o a não abortar! Mas esquece-se do componente ÉTICA! O abortar é, do meu ponto de vista, errado e, logo, tenho o direito e o dever de lutar contra a sua banalização! Não se dá o direito a escolher algo errado e que é limitativo das liberdades do outro! É para isso que serve a lei!
Cumprimentos
Devo concordar com o campos elísios 202... como vexa admite, o seu argumento não faz sentido do ponto de vista racional. É preferível abortar a criança do que dá-la para adopção? São ambas as decisões igualmente penosas para a mãe? Sim e não! Sim, porque ambas merecem reflexão! Não, porque no aborto a mãe pesa os seus próprios interesses e na adopção pesa os da criança! Se a mãe REALMENTE amar o filho que pelo menos, dá-lhe o direito de ter uma existência feliz.
Quanto a ser uma ideia "romântica", a agilização da adopção já está na agenda política e tudo depende da criação de protocolos com entidades competentes nessa área! Diga-me, já existe tal protocolo? Fiz essa pergunta há tempos e ninguém me respondeu! Se não existe, por que passar logo para o extremo de despenalizar o aborto antes de esgotarmos as alternativas? Devo recordar que a maioria das crianças que não são adoptadas, não o são devida à idade?
Caro Luís V.
Já estou a ficar farto de refutar esse argumento. Você faz-nos crer que há reciprocidade... ou seja, você não me obriga a abortar mas eu obrigo-o a não abortar! Mas esquece-se do componente ÉTICA! O abortar é, do meu ponto de vista, errado e, logo, tenho o direito e o dever de lutar contra a sua banalização! Não se dá o direito a escolher algo errado e que é limitativo das liberdades do outro! É para isso que serve a lei!
Cumprimentos
blogue do não