Questões Práticas - III

Não existindo certezas sobre se determinada substância é tóxica, deve a sua comercialização ser permitida?

E no impasse relativo à qualificação do feto como vida humana, qual a solução a dar?

Alguém que pensa votar Sim concebe a hipótese de se enganar na aposta?

Comentários:
"Não existindo certezas sobre se determinada substância é tóxica, deve a sua comercialização ser permitida?
E no impasse relativo à qualificação do feto como vida humana, qual a solução a dar?"


Repare que a pergunta que também está a fazer é: "se não há certeza se o feto é vida humana, deve pôr-se na prisão as pessoas que abortam?"


"(...)Alguém que pensa votar Sim concebe a hipótese de se enganar na aposta?"

Devovolvo-lhe a pergunta, na perspectiva inversa que enunciei. Então, concebe?

Perspectivas...
 
Um conjunto de questões que farão reflectir e pensar muito quem tem dúvidas.
 
maiquelnaite,

1- "pôr-se na prisão"? - presumo que seja um visitante recente deste blogue e por isso não tenha lido nenhum dos posts em que a Sra. Dra. Mafalda Miranda Barbosa se refere a este assunto. Convido-o a fazê-lo.

2- Eu pegunto-lhe (desculpe a ousadia): está disposto a tomar a responsabilidade de assumir o risco de considerar como não sendo vida humana aquilo que, em verdade, pode sê-lo?
Em minha opinião, a posição sensata e prudente é considerar que, enquanto não seja provado o contrário, está ali uma vida humana. É que me custa entender a (i)lógica de quem admite que alguma coisa pode começar sem ser pelo princípio - mas respeito.

3- Estranho o facto de só ter dito alguma coisa à oitava pergunta...
 
rui fernandes,

1 - Sim sim, prisão. Até 3 anos. É esta a lei que você defende que não seja mudada. P-R-I-S-Ã-O. Até 3 anos.

2 - Como não me respondeu se concebe a hipotese de se "enganar na aposta", devolvo-lhe a pergunta (novamente):
"Em minha opinião, a posição sensata e prudente, etc, etc... prisão até 3 anos".
Quanto à minha resposta à sua pergunta (que, pela minha concepção particular, não tem para a questão tanta relevância), em príncipio até concordo com a sua inclinação de resposta: não me custa ver que um feto é "vida humana".

3 - Estranhe o que quiser. Respondi à última pergunta das oito que fez com uma outra pergunta, porque queria saber se você põe a si próprio os problemas que endereça aos outros, coisa que não ficou clara mesmo depois da sua réplica. Mas se faz tanta questão, aí vão as respostas, por tanto que sei:
Questões Práticas - II - Acho que não, você sabe alguma coisa que não quer partilhar?
Questões Práticas - I - Pergunte às companhias de seguros.
Questões Jurídicas - III - Será mesmo que cumpre os dois anos de prisão? Tenho dúvidas. Se sim, não deveria cumprir: não há atentado ao bem jurídico visado pela norma.
Questões Jurídicas - II - A meu ver, não. 2ª questão - respondido na primeira resposta (não).
Questões Jurídicas - I - Pelo momento mais aproximado que se possa calcular a concepção (não estou absolutamente certo do método). 2ª questão - Se a mulher mentir a ciência saberá apanhá-la. Nos casos em que não seja possível não há como provar que mentiu. É como perguntar "e se um homicida mentir e não houver provas em contrário?"
Pela saúde, contra o aborto - II - Com que motivo? Especifique por favor.
Pela saúde, contra o aborto - I - A recusa de tratamento e aconselhamento médico é um direito. Por outro lado um médico pode recusar fazer uma intervenção cirurgica que considere causar risco desnecessário para a vida do paciente.
 
Jacinta, a resposta é óbvia: na dúvida sobre se o feto é ou não vida humana, não se pode julgar nninguém como se se presumisse que o feto é vida humana.

Bem vinda ao campo do SIM.
 
Não existindo certezas sobre se determinada substância é tóxica, deve a sua comercialização ser permitida?

Sim. E "pior", sabendo-se que é tóxica (seja a substância tabaco, álcool, drogas "leves" e "duras" incluindo alimentos açucarados para crianças), também não deve ser proibida. As substâncias podem ser consensualmente tóxicas, mas desde que as pessoas só se prejudiquem a si mesmas, devem poder fazer com essas substâncias o que quiserem. O que não deve ser permitido é comercialização fraudulenta. Qual é a associação?
 
Anonymous de 4/12/06 19:47:

Jacinta (quem é essa?), a resposta não é óbvia, porque há outra perspectiva muitíssimo válida: vendo o problema com a seriedade que reclama, é de avisada prudência considerar que é vida humana, porque nada prova o contrário. É que, repito, nada se conhece que não comece pelo princípio.
 
O comentário das 10:50 é meu.
 
Anonymous em socorro da Jacinta (perdão, Jacinto, erro meu),

Bela lógica a sua: quer V. demonstrar porque é que a sua presunçaõ é melhor do que a minha ?

Isto é, porque é que, no desconhecimento, se deve presumir que a vida é humana, em vez de se SABER que há efectivamente uma distinção entre vida e vida humana e, na dúvida sobre quando esta começa, não fazer da lei penal um instrumento do proselitismo dos que presumem como V. ?
 
Caro Anonymous de 6/12/06 23:12 (que chatice, ter que copiar/colar a data e a hora):
1- Não vejo por que razão pensou que quero demonstrar que a minha perspectiva é melhor do que a sua. O que quis demonstrar - e penso que consegui - é que não é "óbvio", como você mesmo(a) disse.
2- Por outro lado, fundamento a minha perspectiva no facto de não haver nada à face da Terra que não comece pelo princípio - ou haverá? O que na minha opinião faz sentido é considerar que, não se provando o contrário, se trata duma vida humana. Isto faz sentido, porque qualquer ser sofre, desde a concepção, um processo de transformação (ou evolução, ou crescimento, ou...) contínua até ao dia em que morre. Qualquer um de nós, se se olhar ao espelho hoje e comparar com uma fotografia de há 5, 10, 15 anos atrás, pode constatar a evidência de que continua em transformação. Além disso, também contribui para esta minha perspectiva o facto de nunca ter saído da barriga duma parturiente um jacaré, um macaco, um camaleão, ou qualquer outra coisa que não um ser humano - num determinado estádio do seu processo de transformação, iniciado com a concepção.
Se não for assim, então será preciso definir-se que critérios orientam a decisão sobre quando começa a vida humana.
3- "Na dúvida de quando esta começa" (palavras suas) parece-me (respeito quem não concorde) que o mais sensato é ser humildemente (para reconhecer tudo o que a dúvida implica é precisa humildade) prudente e não agir como se houvesse certeza de que não é vida humana.
 
Rui, encaro o seu silêncio ao meu comentário como fuga à resposta que lhe pedi: se concebe enganar-se na sua concepção e mesmo assim defender prisão até 3 anos para as mulheres que abortam.


Quanto a esta sua indagação (que não me era dirigida, mas vou tomar a liberdade de comentá-la):
"fundamento a minha perspectiva no facto de não haver nada à face da Terra que não comece pelo princípio - ou haverá?"

Uma fita de Moebius! Um círculo! A própria face da Terra!
 
Maiquelnaite,

Não lhe respondi, por duas razões:
1- a resposta a essa pergunta está multiplicada neste blogue, em posts e comentários. Está acessível a todos, por isso também ao maiquelnaite.
2- exprimiu-se como se eu me chamasse Jacinto Bettencourt, mas chamo-me Rui Fernandes.
Daqui deduzi que o maiquelnaite não presta muita atenção ao que os outros escrevem.

Cumprimentos.
 
Maiquelnaite,
Para que não me diga novamente que fujo à resposta, digo-lhe que, quanto ao facto de ser ou não vida humana, eu tomo uma posição que considero ter já fundamentado em comentários anteriores: sim, é vida humana. E a minha decisão é em função disto.
O Maiquelnaite, honestamente, não tem como fundamentar que: não, não é vida humana. E a sua decisão tem que ser de acordo com a dúvida.
Deixo-lhe uma citação (porque eu não diria melhor) dum outro nosso "colega" comentador que assina como "escaffandro": perante a dúvida, "Não me parece bem mandar um tiro a uma porta sem saber se está alguém do outro lado.".
 
Miquelnite,
Ruminando ideias ainda quero acrescentar: humildemente, digo que estou convicto de que não estou enganado. Humildemente porque me sinto microscopicamente pequeno perante aquela vida cujo desenvolvimento me desperta maravilha e espanto, e que não pode ser outra coisa senão vida de Homem.
Há alternativa ao aborto. E perante a impossibilidade de se dizer que não é vida humana, são as alternativas que se devem buscar. Ninguém está sozinho no mundo; é obrigação da sociedade e dever de quem está próximo, não ser indiferente a estas situações e estar presente para que a vida possa percorrer o seu caminho natural.
Bem, não lhe garanto que não venha aí mais outra ideia... :))
 
Rui,
Peço desculpa quanto à confusão de identidades. Isso não muda o facto de o Rui (aparentemente) subscrever o que o Jacinto ecsreveu e por isso lhe endereço as mesmas perguntas:

.Quanto à qestão da prudência: prudência é, não tendo a certeza se há vida humana ou não (já sei que você tem a humilde certeza que há) condenar a prisão até 3 anos as mulheres que abortam?
Ah, e devo dizer-lhe novamente que ao contrário do que sugere, eu concordo que sim, um feto é vida humana. Antes de me acusar de não prestar atenção ao que os outros escrevem devia ter especial cuidado para não fazer exactamente a mesma coisa, não é? (pista: é.)

.Quanto às coisas sem principio que listei, em que ficamos, afinal existem ou não?

.Quanto à citação do escaffandro - que raio de frase, desculpe lá que lhe diga mas essa citação é totalmente idiota (e olhe que nem estou a dizer isto porque estou do outro lado da barricada, reconheço perfeitamente que há belas frases que podem ser usadas para a campanha do "não"): por que raio é que alguém andaria aos tiros às portas?! É um passatempo comum agora?! Mas a porta fez algum mal a alguém? E a pessoa tem um motivo bom para dar o tiro na porta ou é só por desporto? Ou estará fechado lá dentro? Desculpe lá mas a frase é demasiado inadvertidamente engraçada para ser boa como metafora ou imagem ou lá o que seja.
Um abraço, espero que mate muitas portas hoje ;)
 
Maiquelnaite,
Respeitosamente tenho que lhe dizer que ao contrário de si, eu não quero brincar com coisas sérias. Toda a sua resposta não passa de um mero jogo de palavras, que nem sequer tem piada.
Passe muito bem.
 
rui fernandes,
Respeitosamente tenho que lhe que lhe dizer que não precisa mesmo de responder, se isso o faz dormir melhor à noite. Toda a sua resposta não passa de uma evasão, e quando confrontado com perguntas incómodas você evita levar o seu pensamento às últimas consequências.
Abraço.
 





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