BdN à escuta

Recebemos este comentário hoje. Pela sua singularidade, publico-o em texto.
J.
É pena que não se identifique melhor, isto é, é pena que não diga se é homem ou mulher. Sabe porque faço este comentário? porque noto que nem tem a mais pequena ideia do que fala quando vem para aqui fazer comentários.Eu sou mulher e já passei por uma situação de ter um ser humano, uma pessoa, dentro de mim, com uma deficiencia muito rara, trissomia 9, e que é totalmente incompativel com a vida. Fui totalmente informada pelo meu médico e também, juntamente com o meu marido procurei mais informação. Após confirmar o que me tinham dito, resolvemos seguir a indicação médica que seria interromper a gravidez.Foi o pior dia da minha vida!Eu nunca fui recriminada pelo que fiz, tinha a lei do meu lado, no entanto posso dizer-lhe que vivo diáriamente com o remorso da arrogância que tive em terminar com uma vida que não era minha!Não venha para aqui acusar as pessoas de falsos moralismos.Quem defende a não liberalização do aborto fá-lo por acreditar que existe uma vida, única e irrepetível, que tem o mesmo direito que nós: o Direito á vida!
PS - Quanto ao resto do seu comentário, nem merece resposta tal é a ignorância do que escreve...

Comentários:
Não há ninguém, quer-me parecer, que não se condoa, lastime e compreenda o seu sofrimento.
Apenas haverá muita gente, espero que a grande maioria, que dirá que não interropeu a sua gravidez e, sim, que teve razões fortes, acolhidas pela lei existente, para abortar...
 
É verdade o que diz, mas tembém é verdade que tive a tal arrogância de escolher o momento em que uma vida, que não era a minha embora eu a tenha gerado, deveria terminar, quando poderia ter deixado que fosse a mãe natureza a fazê-lo.

Não me encarem como uma vítima pois não o sou. Apenas dei o meu exemplo pois é o que muitas mulheres sentem. Há muita gente a falar do que não sabe e achei que era importante que percebessem que por mais que se tenha a lei do nosso lado, por mais que se faça uma escolha consciente, não é por isso que essa decisão deixa de pesar.
Sou uma mulher feliz, com um filho de 14 meses. Mas o meu outro filho, acompanhar-me-á sempre!
 
Pois, Mafalda, é pena que algumas mulheres não parem para pensar o que querem fazer. Se a autora do comentário o tivesse feito, não tinha abortado, porque ninguém a obrigou. Trata-se de alguém que abdicou do direito de decidir, ou que se arrependeu da decisão que tomou. E arrependimentos, nesta vida, temos todos, se não formos demasiados estúpidos ou demasiados novos.

Mas este caso é dos que já é permitido por lei, portanto não tem qualquer relevância aqui. Aqui interessa saber se damos às mulheres o prazo de 10 semanas para tomar a sua decisão. Da qual, naturalmente, e seja ela qual for, podem vir a arrepender-se.
 
sim. "singular" é o mínimo que se pode chamar a este texto.
já agora, mafalda, se só agora é que o comentário está em texto, antes de a amiga o publicar como é que estava? em desenhos animados?
é uma dúvida...
 
caro fuckitall,

Só me dou ao trabalho de responder porque acho relevante para a discussão em causa.

As suas palavras relevem uma vez mais uma frieza e arrogência nas conclusões que tira.

Dei o meu expl para perceberem que são vocês, a maior parte das pessoas que anda para aqui a dar sentença que não sabem do que falam, nunca passaram por isso.

NEm lhe admito considerações pessoais, já que não tem a inteligência de ver que apenas dei o expl para se perceber que mesmo estando apoiado numa lei restricta, é muito complicado pois trata-se de uma vida humana.

As pressões a que muitas mulheres estarão sujeitas para abortarem serão enormes se a despenalização passar e o resultado desta bela decisão será verem como ÚNICA solução o aborto!

Se não percebeu a ideia é melhor nem continuar um debate para o qual não se encontra preparado.
 
Cara ka,

Mais uma vez, sou "a" FuckItAll, não "o"; e, se não se importa, debato aquilo que entender sem precisar da sua aprovação.

Mas quais pressões para abortar é que passarão a existir se a lei for aprovada? Não é a primeira vez que leio aqui acerca dessas tais "pressões", gostava muito de perceber do que falam.

Por fim: não fiz uma única consideração pessoal. Disse que, onde há liberdade para decidir há, naturalmente, espaço para possíveis arrependimentos, seja qual for a decisão. Chama-se livre arbítrio.
 
Cara Fuckitall,

Anda há vários dias em vários blogs e ainda não percebeu quais são as pressões? Ou será que não interessa perceber para poder mais tarde ter a liberdde de fazer um aborto sem ter de dar justificações a ninguém?

Dou dois simples expls: Uma rapariga nova de uma família carênciada, que ficou grávida por descuido mas que quer assumir o filho. No entanto vive com os pais e este não querem mais uma boca para alimentar. Neste momento a lei protege esta rapariga para que ela possa ter o filho. No entanto se a despenalização passar ela será pressionada pelos pais pois "o aborto até é legal"!!!

Um marido ou companheiro que não quer assumir uma criança irá pressionar muito mais a mulher para ela "resolver o assunto" pois o aborto até é legal não havendo desculpa nenhuma para levar a gravidez por diante.

Acho que estes exemplos chegam.
Conheço várias pessoas que se arrependeram de ter abortado mas que apareça aqui uma mulher a dizer que se arrepende de ter tido um filho, por mais dificeis que tenham sido as condições. Até hoje não conheci nenhuma.
 
cara ka,

Apenas para lhe esclarecer o seguinte (não me detenho muito nos seus exemplos porque... não consigo): nos países onde o aborto não é crime, caso da Holanda, as taxas de interrupção de gravidez são bastante baixas, mais baixas do que nos países onde o aborto é punível por lei.
Sabe que isto das pessoas é complexo, geralmente elas não funcionam assim, como se fossem atrasadas mentais (reportando-me aos seus exemplos).

Cumprimentos
Maria João
 
Cara Maria João:
Essa comparação não é justa, uma vez que o aborto é legal nos países desenvolvidos com boas condições sócio-económicas e educionais com países não desenvolvidos onde este é ilegal e a miséria prospera. No entanto, se ainda está convicta que é a liberalização do aborto que provoca essa redução, por favor compare as nossas taxas de abortos (incluindo clandestinos), com as da Índia (onde o aborto é legal)
Cumprimentos
 
Maria João,

Nesses países onde o aborto não é crime e as taxas de interrupção de gravidez são bastante baixas, acha mesmo que é a segunda por causa da primeira e não a segunda apesar da primeira?

taxas de interrupção de gravidez mais baixas do que nos países onde o aborto é punível por lei
Pode indicar mais países além da Holanda que confirmem essa regra, com números e/ou links?
 
CAra Maria João,

TEm piada como os defensores da liberalização do aborto, partem logo para a crítica sem pés nem cabeça.
Sabe, que estes exemplos "para atrasados mentais" como quer fazer ver são dados pela comissões de bioética?

Pois é, mas eu prefiro ser atrasada mental e defender a vida, defender que uma geravidez é um caminho e não um problema, do que assinar por baixo só porque há quem não dê o mínimo valor a uma vida que já existe, que é única e irrepetível!

Abençoados os atrasados mentais que defendem a vida e mulheres que querem proteger a vida!

Quanto ás ditas taxas de aborto da Holanda, sei que não são como diz mas nada mais adianto pois estou só á espera de confirmação da fonte!

Tenha um bom dia :)
 
kephas,

A comparação que fiz não é senão justa. Eu comparo Portugal à Holanda, mais do que à Índia, desculpe. É um facto que a baixa taxa de abortos está ligada sobretudo a políticas de educação e prevenção. Mais do que ao facto de o aborto não ser punível por lei. Mas eu acredito que Portugal tem condições para implantar essa política. E ter o melhor de dois mundos. Prevenção (acesso a contraceptivos, coisa que muita boa gente não defende) e possibilidade de fazer um aborto em condições.

Joaquim Amado Lopes,

Parece-me óbvio que taxas reduzidas de aborto em países onde o mesmo não é crime não constituem uma consequência directa desse facto. Raciocínios lineares em matérias que envolvem escolhas e vidas aren't my cup of tea. Mas é verdade. Caso da Holanda e da Alemanha, países onde existe uma coisa uma coisa chamada política concertada (prevenção + intervenção). Mais uma vez: eu acredito que Portugal pode chegar lá, a esse ponto onde a Vida é verdadeiramente respeitada. Todas as vidas.
E não, eu não acredito no Pai Natal.

Maria João
 
ka,

Não se considere superior porque acha que defende a vida. Eu também defendo a vida. E os seus exemplos são deploráveis, desculpe que lhe diga. Acha mesmo que hoje em dia a tal miúda carenciada não vai fazer um aborto porque é crime? Que o pai lhe vai dizer "ai, filha, não faças o aborto porque ainda podes ir presa?" Acha mesmo?
Quanto às taxas de aborto na Holanda, não se esforce tanto em distorcer a realidade. Olhe, pegue antes nas taxas de aborto da Roménia, onde o dito é legal e elevadíssimo, e esgrima toda a sua argumentação "pró-vida". Aí está à vontade. Compare a Roménia a Portugal, se quiser. Eu prefiro compará-lo à Holanda. Acredito mesmo que temos mais coisas em comum.
Ouça, eu também acho que o aborto é uma coisa brutal. Mas não posso aceitar que uma mulher se sente num banco de réus porque tomou a decisão de fazer um.
Já agora, parece-me muito incongruente dizer que não há direito de acabar com uma vida, fazendo um aborto, mas se essa vida for produto de uma violação, bem, então aí já não há problema.

Maria João
 
Maria João,

Claro que não acho isso, acho sim que não lhe quero fechar mais uma porta para que ela passe a ver o aborto como uma solução. O os pais com o aborto legalizado dirão mais facilmente para ela abortar, não é o contrário.

Também não tenho a arrogância de apontar o dedo a ninguém mas se o problema é a despenalçização, então vamos despenalizar mulheres e investir o $ gasto nestas campanhas para dar soluções a quem está em dificuldades.
Errado é ir pala solução mais fácil: "está em dificuldades? Então aborte!"


Por último não me considero mesmo superior, sou apenas uma pessoa que acredita que deve defender a vida. Nem sequer percebo onde dei a entender que me sinto superior. Mas deixe lá.. isso é acessório pois o importante mesmo é falar sobre as causa do referendo.
 
CAros Todos,

Para quem tem dúvidas sobre o aumento de abortos nos países em que o aborto foi legalizado aqui fica uma notícia transcrita do públicoem que é mencionada uma fonte oficial EUROSTAT.

César das Neves: despenalização tornará aborto "tão banal como um telemóvel"


O economista João César das Neves afirmou hoje que, se o aborto for despenalizado, passará a ser algo "tão normal como um telemóvel".
João César das Neves falava durante uma conferência de imprensa com o tema "a liberalização do aborto e aumento do número de abortos", a menos de um mês da realização do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas.

No encontro com a comunicação social, o economista apresentou dados europeus (Eurostat) sobre o crescimento do número de abortos após a sua liberalização em países europeus, Estados Unidos e Canadá. De acordo com estes dados, citados pelo economista, a liberalização conduziu a "um aumento generalizado do número de abortos".

As taxas de crescimento do aborto nos primeiros anos após a liberalização quase triplicaram, disse João César das Neves, acrescentando que "esse crescimento manteve-se até à actualidade, embora a um ritmo mais brando".

Para o economista, este fenómeno "tem um paralelo económico": a chegada de um produto novo ao mercado.

Tal como aconteceu com os telemóveis, João César das Neves prevê que exista um aumento exponencial do número de abortos, como com os telemóveis adquiridos pelos portugueses.

A liberalização do aborto é seguida de "uma cultura abortista, em que este passa a ser uma coisa normal, como um telemóvel".

O economista denunciou ainda que, caso o aborto venha a ser despenaliza até às dez semanas, "muitos médicos que aleguem objecção da consciência para não realizar a intervenção serão prejudicados".

Quando questionado sobre a origem destas informações, João César das Neves disse que chegou a esta conclusão "pensando" e disse recear que "os hospitais — actualmente locais de vida —, passem a ser espaços de morte".

A propósito do financiamento da campanha do "não" à despenalização do aborto, a jurista Isilda Pegada disse que estão previstos 400 mil euros, provenientes de donativos dos apoiantes do "não".

O novo cartaz da Plataforma Não Obrigada, hoje apresentado, é novamente uma pergunta: "Contribuir com o meu voto para aumentar o número de abortos?"

Notícia Copiada do PUBLICO On-line hoje
 
Obrigada, Ka.
Já consultei o público on line e coloquei a notícia num post.
 
E a nossa taxa de aborto, aumentou quanto? Ou pensam que não tem aumentado? Como é crime, não aumenta, querem ver?
A taxa de aborto nesses países aumentou mais ou menos do que no nosso e nos outros países onde o aborto é crime? Imaginemos, por hipótese louca, claro, que aumentou ao mesmo ritmo, a nossa taxa de abortos em geral é mais alta ou mais baixa do que nesses países?

Maria João

P.S: pus aqui um outro comentário há pouco. alguma razão para não o publicarem?
 
Cara Maria João: "É ter o melhor de dois mundos"? Lamento, mas acho que o direito a escolher sobre a vida de outro ser humano não é o melhor que o mundo ocidental tem para oferecer...
Cumprimentos
 





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