CARTA ABERTA AO JOÃO VACAS

Caro João, estou aqui com uma dúvida. No seguimento do prémio que instituímos ontem com o nome de um jornalista do Público - Ricardo Felner (que nos tem mostrado o que não deve ser o jornalismo) -, a propósito da campanha do referendo sobre a liberalização do aborto, tive a oportunidade de tomar conhecimento de um suposto barómetro feito pela Marktest para o DN e para a TSF. O referido barómetro foi, aliás, motivo para diversas notícias nos órgãos de comunicação social que indiquei, com as parangonas "66% defendem aborto no SNS". Ora, a verdade é que também eu defendo que os abortos actualmente permitidos por lei sejam efectuados no SNS. Presumo, aliás, que esta seja a opinião maioritária dos defensores do Não.
Lida a notícia, no entanto, deparo-me com a seguinte conclusão:
"Se o aborto até às dez semanas for legalizado em Portugal, na sequência do referendo do próximo dia 11, as interrupções voluntárias da gravidez devem ser realizadas nos hospitais públicos ou em outros equipamentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Esta a resposta dada por 66 por cento dos inquiridos no Barómetro da Marktest para o DN e TSF."
Ora, tendo a pergunta sido Concorda ou não com a realização das interrupções voluntárias da gravidez nos hospitais públicos ou outros equipamentos do Serviço Nacional de Saúde?, é para mim claro que a conclusão do jornal é errada. E é aqui que reside a minha dúvida. Trata-se de incompetência do jornalista que conclui daquela forma ou andamos a ser gozados à grande nesta campanha? Seja qual for a resposta, parece-me óbvio que os habituais arautos da justiça e da liberdade andam distraídos. Onde é que anda o Dr. Pacheco Pereira, sempre tão cioso do rigor jornalístico e dos métodos transparentes?
Por mim, está encontrado o vencedor de hoje do prémio Ricardo Felner.

Comentários:
Acredito que a Academia não terá qualquer dificuldade em encontrar o vencedor de hoje.

JV
 
Por mim o prémio até deve ter um louvor especial pois até me mostrarem todas as perguntas que fizeram parte do estudo de mercado, eu pensarei que as perguntas foram condicionadas ao facto de darem como garantida a liberalização do aborto.

Já agora lanço aqui a ideia de fazerem o exercício contrário, isto é, fazerem um estudo em que partam do princípio que o NÃO ganhou. Poderiam incluir perguntas como:
"concorda que sejam criadas instituições de apoio a quem se encontrae numa situação difícil, perante uma gravidez inesperada"
"concorda que o Dinheiro disponibilizado pelo governo para a realização de abortos seja aplicado no apoio a estas pessoas"

caros... eles bem tentam!!!
Mas não vão conseguir.
 





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