Ciência sim, Moral e Ética Não




O porta-voz do PS, Vitalino Canas promete, entre outras coisas, uma «campanha baseada em argumentos de ciência e racionais e não em argumentos de moral e de ética». E eu que achava imprescindível uma combinação salutar dos três, ainda que, no caso da moral, não tivesse de todo de ser a moral cristã... Enfim, ao menos a ética... Mas não. Só ciência. Em que outras ocasiões históricas ouvimos este discurso? E com que resultados?




Comentários:
Continua a discutir-se tudo menos o essencial...

Continuamos a perguntar-nos se somos contra ou a favor do aborto, e não é isso que está em causa.

Em causa está que o aborto existe!!!
Sempre existiu!! Sempre há-se existir!!

A questão é: Em que condições é que queremos que aconteça?

Não nos vamos por com fantasias a pensar que vamos mudar mentalidades, cada um vai ficar com a sua e quem quiser continuará a abortar, mas em que condições?? É só aí que podemos mudar alguma coisa...

Para quem se preocupa muito com o dinheiro dos impostos, pense numa coisa: A maioria das mulheres que aborta clandestinamente, tem complicações pós-aborto, e dá entrada nos hospitais públicos para ser internada ás vezes por vários dias ou semanas... e são os nossos impostos que pagam!!!
Se o aborto for feito em condições e de uma vez só, poupamos esse dinheiro!

Medite um pouco sobre isto...

O que está em causa não é ciência, nem moral é Ética! Só que a maioria das pessoas não sabe sequer quais são os seus valores éticos... Voçê sabe os seus? Vive em função deles? Vai decidir em função deles?...

Vamos então não complicar, e centrar na questão O Aborto existe, como quer que ele seja praticado? Com ou sem condições?
É tão simples...

Bem hajam todos!
Carla
 
deixa lá ver, jorge lima...
referes-te ao uso do preservativo, investigação com células estaminais ou a excomunhão de galileu ou... acertei?
 
Cara Carla:

V. é uma pragmática. Mantenhamos tudo na mesma. As coisas são como são... A Humanidade não foi feita para progredir. Já pensou como a sua argumentação se aplica, por exemplo, ao assassínio de mulheres em certos países árabes, pelos familiares, por não aceitarem o noivo imposto pela família?

Cara Inês:

V. é um pedacinho demagógica, certo? O preservativo não é doutrina da Igreja; as células estaminais já se começam a poder obter sem eliminar fetos, o Galileu... ah, essa não! Ainda não conhece a posição oficial da Igreja sobre o tema? E acha que no Séc. XVI tinham todos uma cabecinha como a sua? Vá lá, sejamos sérios!... A ética e a moral devem entrar nisto, ou concorda com o Vitalino Canas?
 
concordo com o vitalino canas. a minha ética é diferente da sua, jorge lima e eu não a quero impingir a si nem a ninguém. e a moral então, é certamente diferente.
a césar o que é de césar, ao papa o que é do papa. este é um assunto dos homens, do estado e da ciência.
se queres meter a moral ao barulho, lembra-te das tuas contradições e incoerências, no caso das excepções presentes na actual lei.
esta coisa dos blogs é muito engraçada, porque nos permite ir atrás e ver o que escrevemos...
são incoer~encias como a tua, e como a da matilde sousa franco, que vão, felizmente, dar a vitória ao sim.
eu, que sou mulher, se te posso agradecer.
 
Cara Inês:

Insisto. Deixemos a moral de fora. Se me disser que não está em jogo uma vida humana. a discussão segue logo outro rumo. Mas acha que a ética não tem lugar nesta discussãO?!? Olhe que o VC ainda disse aquilo, imagino, sem medir totalmente as palavras. Mas V., Inês, tem todo o tempo para ponderar a sua réplica...
 
Cara Carla:

Pela sua argumentação, presumo que seja a favor da prostutuição, por exemplo. A mais antiga profissão do mundo sempre existiu e sempre há-de existir. Sendo ilegal, sujeitamos as mulheres que precisam de se prostutuir à humilhação e a serem presas (solicitação é crime) e ainda ao mundo da quase(?) escravatura imposta pelos seus... "protectores". Legalizemos então a prostutuição, os bordeis e afins. Já imaginou ter um bordel ao lado do café de sua casa? Do seu café? Ao pé de uma escola?
As mentalidades TÊM de se mudar. Só assim se aboliu a escravatura e a mulher se emancipou. Medite V. um pouco sobre isso.

JDC
 
Carla,

O aborto sempre existirá? Provavelmente. E, veja lá, mesmo sem mudar a Lei em Portugal, o aborto até pode continuar a existir sem que a Lei seja violada. Mas não é a esse tipo de aborto que se referia, pois não? Referia-se concretamente ao aborto clandestino. Pois, mesmo com a alteração da Lei proposta no referendo, o aborto clandestino continuará a existir. Por ignorância, vergonha ou medo, haverá sempre mulheres/jovens que preferirão recorrer à "clínica de vão-de-escada" em vez de ao SNS.

Em que condições é que queremos que seja feito? Bem, diz quem sabe que uma parte vai continuar a ser feito como até agora.
De qualquer forma, se é assim, não se deverá aplicar a mesma lógica a tudo o que é negativo mas que, independentemente do que se faça, continuará sempre a existir? P.e., pedofilia, consumo e tráfico de droga, roubo, condução com velocidade excessiva, maltratar crianças, ...?

Pegando apenas no último exemplo, que tal despenalizar (tal como se pretende fazer com o aborto a pedido) os maus-tratos a crianças desde que estas sejam depois levadas ao hospital?
Afinal, se haverá sempre crianças a serem maltratadas e violadas, por que não fazer com que não seja o medo de perseguição criminal ou de que as crianças lhes sejam tiradas a impedir que os que as maltratam e violam as levem ao hospital?

Um aborto não é inevitável. A gravidez pode ser evitada se forem tomados os devidos cuidados e, quando não são, se a mulher (casal?) não quiser a criança, o Estado deve dar-lhe alternativas. Se se reconhece que abortar apenas porque sim é errado, a resposta nunca pode ser "como haverá sempre alguém a fazê-lo, então vamos garantir que o podem fazer em condições". A resposta tem que ser "vamos fazer com que não tenham que abortar e se mesmo assim o fizerem, então o Estado tem que defender a parte mais fraca, que não se pode defender a ela própria".

A sua posição não é pragmática, é de indiferença pelo que é verdadeiramente importante. O respeito e a defesa da vida humana.
 
Engraçado num site onde entrei há uns dias os cientistas diziam que eles não tinham muito que ver com isto mas sim a Religião a Filosofia e a Ética!
http://www.newton.dep.anl.gov/askasci/bio99/bio99189.htm
 
O pobre do Galileu foi 'excomungado'?! E o aborto 'sempre existiu'?! Não admira que cabecinhas destas pensem que aborto é 'pugresso'. Não, rapariga, o aborto existe só desde o séc. XIX e por um simples motivo: antes era igual a suicídio. Os antigos não matavam na barriga, abandonavam-nos quando nasciam. Mas que estou para aqui a dizer, leiam tragédia grega, porra!
À outra serigaita apenas recomendo uma boa biografia de Galileu (há uma dúzia à venda na Amazon e com títulos interessantes; basta-lhe o título, não é?).
 





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