CIRCUNSTÂNCIAS

Desconheço o que pode levar uma mulher a abortar. Ouvi falar de alguns casos e garanto-vos que afirmar "à boca cheia", como fazem alguns defensores do Sim, que ninguém aborta por que quer não ilustrará a realidade de todas as situações.
Presumo, no entanto, que, na maioria dos casos, não se trate de uma decisão fácil. E por não ser fácil requer um especial cuidado de todos aqueles que lidam com estes casos (profissionais de saúde, assistentes sociais, família, etc.).
É frequente associar-se a necessidade da liberalização do aborto às dificuldades económicas. Penso, porém, que estas não justificam o sacrifício dos direitos que assistem ao feto. A não ser assim, seremos obrigados a pôr em causa todos os crimes, como sejam o furto ou o roubo, resultantes em grande medida das desigualdades sociais que existem na nossa sociedade, de forma a não punir quem os pratica por absoluta necessidade. Estaremos dispostos a abdicar da protecção penal que a lei dá aos nossos bens e ao nosso património, pelo facto da maioria dos crimes que contra eles são praticados resultam de desigualdades sociais?
Parece-me óbvio que as dificuldades económicas não se resolvem através da liberalização de uma prática com a qual (quase) todos dizem não concordar. Acresce que, essas dificuldades económicas e outros motivos "atendíveis" são muitas vezes circunstanciais. E por serem circunstanciais parece-me óbvio que será exagerado sacrificar uma vida.
O aborto não é opção. E se o é ainda para alguns há que combatê-lo, apostando no planeamento familiar, no acesso a meios anticonceptivos, na agilização do processo de adopção, no apoio económico às famílias carenciadas.

Comentários:





blogue do não