Com procuradores-gerais adjuntos destes, quem precisa de criminosos?

A Dr.ª Maria José Morgado não teve, infelizmente, pejo em defender o Sim no referendo ao aborto, justificando-se, por um lado, no facto de existirem "clínicas de aborto que são 'slot machines' de ganhar dinheiro", e por outro, na injustiça e desproporcionalidade de uma lei " que não corresponde à censurabilidade social".

I. Começando pelo primeiro argumento - já estafado, aliás, tamanha a repetição por parte da emitente... -, esclareça-se, desde já, que não é o lucro indevido dos agentes auxiliares que está em causa, mas que, sendo esse o caso, ninguém mais do que os partidários do Não o querem ver banido.

Com efeito, é precisamente com a liberalização do aborto até às 10 semanas em estabelecimento de saúde legalmente autorizado que se assegura, definitivamente, a legalização das clínicas de aborto privadas. Assim, e contrariamente ao que se sugere, as ‘slots machines’ que todos nós repugnamos, continuarão a existir, ora na forma actual, ora como "estabelecimentos legalmente autorizados", e certamente com lucros bem superiores aos esperados. Que ninguém duvide: o referendo servirá de impulso à legalização das clínicas ilegais, potenciando o respectivo negócio, e gerando maiores receitas. Chama-se a isto o efeito multiplicador do aborto.
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Vemos, por outro lado, que continua a dar-se por adquirida uma realidade que todos - incluindo o Ministério da Justiça (!) - parecem desconhecer, facto esse que passaria por caricato não fosse a demagógica e irresponsável intervenção da referida procuradora-geral adjunta. Nós, os partidários do Não, vamos conformando-nos: afinal, fala-se do fim das perseguições mas parece que ninguém foi preso; fala-se do fim da humilhação das mulheres que abortam mas parece que as acusadas excederam o limite das 10 semanas; fala-se de clínicas e 'slot machines', mas não se vislumbra nenhum partidário do Sim a denunciar clínicas ou os valores pelas mesmas praticados na esquadra mais próxima! Nem mesmo a senhora procuradora-geral adjunta...

Acresce, por fim, e seguindo o (incongruente) raciocínio da senhora procuradora-geral adjunta, que só faltava o desplante de acusar os partidários do Não de serem os responsáveis pela propagação das clínicas de aborto. Convenhamos, portanto: se há responsáveis, não serão esses precisamente os procuradores-gerais adjuntos que passam o seu tempo a dissertar sobre este e aquele fenómeno criminoso, em vez de se dedicarem, sob um silêncio probo, e de forma competente e profissional, a honrar o cargo que ocupam e o ordenado que lhes pagamos no combate no combate a essas mesmas realidades? Eu exijo mais; quem diz Sim que se contente com menos.

II. Resta-nos a análise da actual lei efectuada pela procuradora-geral adjunta perante a comunicação social, cujos contornos, para já, asseguram à mesma análise dois adjectivos: inédita e irresponsável.

Independentemente das convicções pessoais de cada um, não vejo como se pode admitir, num Estado de Direito, que um procurador-geral adjunto apregoe, publicamente, que determinada lei, legitimamente aprovada, em vigor e prestes a ser referendada, é “injusta” e “excessiva”! Afinal, quando o Não e o bom senso vencerem (andam a lado neste caso...), em que posição fica a Dr.ª Maria José Morgado e a procuradoria geral da República? E que podem esperar os cidadãos, sabendo que a procuradora-geral adjunta muito provavelmente se recusará a cumprir a lei e as respectivas funções no que ao crime do aborto diz respeito?

Esclareça-se, por outro lado, que se a lei não corresponde à «censurabilidade social», não é certamente por desuso, fenómeno geralmente associado à não aplicação social de algumas normas legais, e que os partidários do Sim têm vindo a rejeitar veementemente. Assim sendo, a ausência dessa censurabilidade apenas pode ter origem numa qualquer outra convicção ou prática, socialmente aceite, semelhante, por exemplo, à naturalidade com que os portugueses fogem aos impostos ou desculpam o tráfico de influências. Ninguém vê, porém, a distinta funcionária a propor a descriminalização destes crimes, pois não?

Certezas temos apenas uma: não há censurabilidade social que resista a tamanha leviandade de um agente da lei...

III. É precisamente em momentos como estes que procuramos orientação no puritanismo liberal de alguns oportunos moderados e sérios defensores do Sim, que não hesitam em invocar a Lei Orgânica do Referendo a propósito do conteúdo da homilia dominical. Seria interessante conhecer a posição desses teóricos (que, aliás, vemos «sempre [...] de volta da mesma tarefa»), relativamente à postura da Dr.ª Maria José Morgado, a qual, face ao mencionado diploma, sugere mesmo uma agravante - enquanto o ministro do culto está funcionalmente obrigado por Ele (o Patrão) a defender o Não, já a distinta procuradora estava, funcional e juridicamente, obrigada a estar calada...

Comentários:
ó bettencourt
você até tem um nome giro, bem escolhido e tal... mas por que raio faltou à reunião em que distribuiam os cérebros?
 
ó amigodaonça,

Sabe que é melhor ser assim do que ter mau fundo e vir para aqui, sob um nome fictício apenas para agredir!

Não tem mais nada que fazer? Pergunto pois aqui, além de comentários infelizes e ataques pessoais, não foi capaz de entrar numa dicussão séria sobre o que relmente interessa.

Mas pode continuar assim , pois o Não agradece...
 
Claro, caro amigo. Veja que contentes devem estar aqueles senhores do Apito Dourado!... Quqndo todos os portugueses esperavam que fosse esta senhora resolver o probelema da corrupção no futebol e noutros sítios encobertos, eis que ela sabe de corrupção no aborto e não actua. Assim, conetentes ficarão os suspeitos do Apito Dourado pois vão argumentar e com razão, que nunca fizeram mal a ninguém, apenas quiseram "abortar os resultados que não lhe interessava ou seja, os resultados que os associados não suportavam" e aí, como o aborto deve ser discriminalizado!... Assunto arrumado e medalhas para os desgraçados, pois os culpados foram os que denunciaram e levaram nas ventas.
Triste País.
 
"não foi capaz de entrar numa dicussão séria sobre o que relmente interessa."
KA dixit

caro KA
acertou em cheio.
só costumo ter discussões sérias, sobre o que realmente me interessa.
também só costumo ter discussões sérias, com pessoas sérias (não digo que neste blog não haja duas ou três).
finalmente, só tenho discussões sérias, quando estou para aí virado.
resumindo, vá dar sangue!
 
ups...
Parece-me que ficou irritado com o que escrevi...

tão irritado que nem se apercebeu que sou "uma" e não um...


o que fazem os nervos... hehehe


PS - Quanto a dar sangue, dou com muito gosto e você?
 
caríssima KA
oops para si também!
peço desculpa pela confusão.
aqui, entre nomes virtuais e opiniões "exaltadas" ninguém se irrita com ninguém... é a maravilha da blogosfera!
ah, e claro que também dou sangue, embora de forma acidental e sem regras... mas com gosto, claro!
 
O quanto pode chocar a verdade nua.
 





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