DA CAPOEIRA

O dr. José António Pinto Ribeiro, eminente jurista que provoca honestos delíquios e vastos suspiros junto de algumas "intelectuais" da nossa pequenina praça (deve ser da melena blasé) , homem da "esquerda caviar" degustada com champanhe, saiu-se com esta pérola de refinado bom gosto: "um ovo não é igual a um pinto, um ovo não tem os mesmos direitos do que um frango." A eminência preside ao Fórum Justiça e Liberdade e proferiu a sentença numa sessão organizada pelo Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim. A Marta Rebelo, que estava ao lado dele, terá achado esta sublime imagem dignificante para os seres humanos - mulheres, homens e crianças - que o Movimento que integra alegadamente defende? Não haverá ninguém no Movimento que lhe esmague um ovo na melena para ele perceber a diferença?

Comentários:
Alguém tem de contar ao senhor aquele exercício que se fazia em algumas escolas americanas, em que se entregava um ovo a cada jovem e se dizia que, durante uma semana, por exemplo, aquele ovo seria o equivalente a um filho, e que o aluno teria de o proteger ininterruptamente de todos os riscos que o quotidiano encerra. Um ovo não é um pinto, pois não. Mas um pinto também não é uma criança, não sorri como ela, não parte os pratos à mãe enquanto corre pela casa a jogar à bola...
 
Não é o primeiro. Temos um simpático leitor que também gosta de avicultura e de comparações infelizes.
JV
 
Caro João Gonçalves, não lhe parece que esmagar um ovo, na melena de quem quer que seja, é impedir que uma família galinácea procrie... Não são eles tb seres vivos! Pensava que este era o blog do não!
 
Curiosamente, em Portugal é proibido destruir ovos de cegonhas. O que significa que um ovo afinal é mais importante do que um feto humano até às 10 semanas. Que estranhas prioridades têm certas pessoas...
 
Mas...as galinhas abortam???
 
Pois, vão lá perguntar aos verdadeiros vegetarianos se um ovo tem ou não os mesmos direitos de um frango...
 
Cara Papoila,

o critério vegetariano não é, ainda, critério de sindicância jurídica.
E, de facto, os frangos, galinhas, galos, perús (bem como os restantes animais) não têm direitos.
É certo que hoje em dia se questiona muito a pertinência das teorias que tentam elevar os animais a sujeitos de direitos. Mas, não só eles continuam a ser vistos à luz do nosso direito civil como coisas, como mesmo essas posições inovadoras não estabelecem, por motivos óbvios, uma total equiparação entre pessoas e animais.
Muitos autores preferem mesmo falar de deveres em relação aos animais, pela dificuldade teórica e prática de encontrar um centro de imputação de direitos e deveres em algo que não é humano.
Mas, para que não diga que isto são considerações cansativas, peço-lhe que se lembre de alguns aspectos: as pessoas não costumam ser colocadas em capoeiras, não costumam ser panadas e fritas ao almoço, não costumam ser enfeitadas com laranjas na boquinha e trinchadas ao jantar, não costumam ser passeadas pela trela...
 
http://tapornumporco.blogspot.com/
 
este gonçalves está a contribuir para a causa do não?
estão lixados!
 
Sou irmão do NIM e da SÃO. Como são pequeninos e não sabem escrever, fiz esta redacção por eles. Acho que eles a subscreveriam.

O “NIM” e a “SÃO”

O Nim e a São, duas crianças lindas nascidas em Portugal em 2008, num pequeno País onde a Europa desagua no Atlântico.
O NIM é um rapaz corado, bonito demais para rapaz e a SÂO uma menina bochechuda que precocemente começou a dizer Papá e Mamã.
Só mais tarde souberam que deviam a vida a uma inclusão de última hora num referendo que decidiria das suas vidas, dos seus nomes tão bizarros. Alem do SIM e do NÃO incluíram nessa decisão para a qual não foram ouvidas nem achadas mais duas hipóteses: O NIM e a SÃO.
Como as dúvidas das pessoas, aqueles adultos, que alem dos nossos Pais, não tinham nada a ver com o assunto e não se queriam comprometer com nada – nem com o pecado nem com a virtude – votaram em nós. Ainda bem, porque logo de seguida uns Senhores que tinham Poder e que nunca tinham tomado chá em crianças apressaram-se e habituaram-se a tomá-lo e chegaram à conclusão que os nossos Pais tinham uma missão importante a cumprir neste Canteiro de Flores. Por isso decretaram que quem deixasse nascer e quisesse ter um “NIM” ou uma “SÃO” seriam obrigatoriamente ajudados a criá-los…
Ficou tudo contente com as suas consciências e só esperamos que não ergam nenhuma estátua aos nossos Pais porque detestamos publicidade.
 





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