E o resto é paisagem?


Concordo muitas vezes com Helena Matos, mas não hoje. Diz ela ao DN que o facto de haver quinze movimentos pelo "não" e apenas cinco pelo "sim" é uma repetição da velha táctica do PCP de "clonar" organizações-satélites, de modo a dar maior visibilidade ao frentismo.
Não lhe ocorrem duas coisas. Primeiro, que os comunistas estão do seu lado. Se há suspeitos de "clonagem" de movimentos, deve procurá-los mais perto. E, depois, que os quinze movimentos pelo "não" correspondem a uma real cobertura de todo o país que o "sim" não tem. Basta lembrar o mapa eleitoral do último referendo: o "sim" ganhou nos maiores distritos do litoral (Porto, Coimbra e Lisboa) e no Sul (Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Faro). Ou seja, nas grandes cidades e onde o PCP, justamente, ainda conserva alguma força. O "não" ganhou no resto do país. O mesmo resto do país em que agora nasceram muitos dos quinze movimentos pelo "não"
Em suma, antes de fazer alusões deslocadas, Helena Matos devia lembrar-se que não são só as pessoas que conhece que vão votar no referendo. E que, da última vez, a "estratégia" até deu resultados. Só não foram aqueles que ela queria...

Comentários:
Pedro,

Eu também acho o comentário da HM disparatado, precisamente porque a dinâmica do "não" parte da sociedade civil (e a multiplicidade de argumentos prova-o), e a propaganda comunista é fabricada por uma centralidade absoluta e repete sempre a mesma cassete. E mais não era preciso dizer.

... mas este argumento está abaixo do teu nível. Insinuar que HM associou os múltiplos movimentos do "não" à demografia política comunista é um straw man.
 
Ora é precisamente no resto do pais que a natalidade está a ajudar demograficamente a populacao...pois que nas grandes cidades o custo de vida tem meças, e os novos principios do facilitismo ditam muita moral, etica e bom-senso!!!

Por isso nos movimentamos ....
 
não ha nada mais parecido com a estratégia do pc, do que a estratégia da icar. os rebanhos estao sempre disponiveis, militantes e cegos.
 
António, não é uma insinuação, eu é que estou a comparar os dois mapas. Parece-me elucidativo, não porque o país que vota "não" seja uma espécie de espelho invertido do Alentejo ou do Barreiro, mas porque nem sempre os defensores do "sim" se dão conta de que há mais país para além do litoral. E depois espantam-se com os resultados...
 





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