Lost in translation

Caro João,
Não foi em Lisboa. Foi em Paris. Os nacionais que apareceram foram os poucos emigrantes que aceitaram ser arregimentados para fazer a parte gaga. Um verdadeiro fiasco.
Ainda mais esclarecedores foram as declarações da senhora Laguiller.
Feliz por alguém lhe ligar alguma, resolveu usar o referendo português para marcar pontos em casa. E, para isso, declarou que tinha votado Não ao Tratado Constitucional porque nele não tinha ficado consagrado o "direito à interrupção voluntária de gravidez, à contracepção" (sic).
A sôfrega Arlette confessou em prime-time aquilo que muitos defensores do Sim juram a pés juntos não ser verdade: que o aborto é entendido como um meio contraceptivo. Como um direito.
Para emendar a mão, a tradução da RTP legendou estas declarações omitindo diligentemente a associação de ideias e fingindo que Laguiller apenas se referira ao aborto.
Verdadeiro serviço público.

João Vacas





blogue do não