Mr. X goes to town

Vasco Barreto considera que a primeira questão em que se desdobra a pergunta do referendo (despenalização) não tem qualquer sentido útil sem a segunda (liberalização). Daí retira a consequência lógica e necessária de que responder Sim à primeira é responder Sim à segunda. Eu, pelo meu lado, também tenho uma resposta homogénea: o Não à liberalização implica forçosamente um Não à despenalização.

Sucede porém que - queiramos ou não - o país vai para lá dos Vascos e Eduardos, não é só Sins Sins e Nãos Nãos, não é só oitenta ou oito. A tentar emergir por entre "abortistas" e "intolerantes", há gente boa e sensata que opta pela moderação. Diz-nos esta gente - que por mera facilidade de exposição simbolizei no Senhor X (mas se preferirem, numa versão politicamente correcta, passo a chamar Pessoa X) - que a penalização das mulheres, pelo menos com pena de prisão, é excessiva; mas o aborto a pedido, sem qualquer critério de ponderação, ainda é pior. Basta olhar as sondagens para constatar que o Senhor X representa uma importante parcela do eleitorado. O seu slogan é: Pena de prisão não, Aborto a pedido muito menos. E o seu número aumenta de dia para dia.

Posto isto, de nada serve considerarmos o Sr. X contraditório ou ilógico. Ele existe, está por todo o lado e vive bem na sua aparente incongruência. O Sr. X, por mais aulas de lógica que eu ou o Vasco lhe tentemos dar, não vai desarmar até dia 11: Pena de prisão não, Aborto a pedido muito menos. Por seu lado, a dupla questão posta a votos irá manter-se inalterada. Estes são, pois, os dados com que podemos contar.

Por isso é que eu digo: a única forma que o Sr. X tem de participar neste referendo é votando Não. Desde logo, porque evita o mal maior, que é a institucionalização do aborto a pedido. Depois, porque se esquiva à pergunta armadilhada que lhe querem impingir. Finalmente, porque, após consultar os números, percebe que, afinal, apesar da lei que temos, ainda nenhuma mulher ficou presa por abortar.

Comentários:
Presa quiças nao: investigada, detida, interrogada, obrigada a ir a tribunal e sentenciada... nao será nenhuma, por mim, porque voto SIM.
 
Pena de prisão não, Aborto a pedido muito menos.
A pena de prisão foi aplicada a quantas mulheres até agora? Pelo que sei, a nenhuma.
E, de acordo com a Lei, a quantas mulheres que abortem por dificuldades pessoais/económicas/familiares ou por ignorância/desespero pode a pena de prisão vir a ser aplicada? Considerando tudo o que a Lei diz e não apenas o número 3 do artigo 140º do Código Penal, a nenhuma.

É conveniente deixar bem claro que a Lei actual só admite a pena de prisão efectiva em casos absolutamente extraordinários, de mulheres que abortem (e sejam apanhadas e levadas a tribunal) sucessivamente. Recusar o aborto a pedido não implica aceitar penas de prisão para quem aborte por desespero.
 
Pena de prisão não, Aborto a pedido muito menos.
A pena de prisão foi aplicada a quantas mulheres até agora? Pelo que sei, a nenhuma.
E, de acordo com a Lei, a quantas mulheres que abortem por dificuldades pessoais/económicas/familiares ou por ignorância/desespero pode a pena de prisão vir a ser aplicada? Considerando tudo o que a Lei diz e não apenas o número 3 do artigo 140º do Código Penal, a nenhuma.

É conveniente deixar bem claro que a Lei actual só admite a pena de prisão efectiva em casos absolutamente extraordinários, de mulheres que abortem (e sejam apanhadas e levadas a tribunal) sucessivamente. Recusar o aborto a pedido não implica aceitar penas de prisão para quem aborte por desespero.
 
Pena de prisão não, Aborto a pedido muito menos.

Belo slogan! É isso mesmo que muitos pensam!

Acrescente-se que votando NÃO concerteza se colocará, mais tarde ou mais cedo, a questão da despenalização da mulher poderá ser colocada, mais cedo ou mais tarde, numa pergunta bem feita.
Se ganhasse o SIM nunca mais nos deixavam rever a questão. Alguns partidos que apoiam o SIM nem agora nos queriam consultar, mesmo depois de terem perdido o último referendo!
 
Não consigo perceber porque se quer despenalizar o aborto. Sei de vários casos, ou melhor, muitos, e em nenhum deles havia qualquer justificação para ser tomada essa decisão. Foram todos - todos excepto um por problemas de placenta - por mera conveniência puramente materialista.
 





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