Nada mais anti-liberal do que a apoteose da vontade
Esta frase do meu amigo CAA resume muito bem quanto a mim o erro fundamental de muitos apoiantes do "Sim", e especialmente dos liberais que tencionam votar a favor da liberalização total do aborto:
O problema é que o princípio enunciado está incompleto e a parte que falta é absolutamente crucial. O Estado não deve perseguir criminalmente quem toma uma decisão baseada nas suas convicções, sentimentos éticos, religiosos ou morais se essa decisão não violar os direitos de terceiros. Ora o que está em discussão no aborto é precisamente saber que ponderação merece o direito à vida do feto.
Quem defende o "Sim", está objectivamente a defender que, até às 10 semanas, o direito à vida do feto não merece sequer ser considerado. Ou seja, que as excepções já previstas na lei actual não chegam e é necessária uma nova lei em que um hipotético direito a abortar se sobreponha sempre ao direito à vida do feto.
Por isso, dizer, de forma incompleta, que o Estado não deve perseguir "criminalmente quem toma uma decisão baseada nas suas convicções, sentimentos éticos, religiosos ou morais" não chega para legitimar a liberalização total do aborto; é preciso demonstrar que essa decisão com base em "convicções" e "sentimentos" próprios não está em conflito com o direito à vida do feto.
Numa sociedade liberal, invocar "convicções" e "sentimentos" não legitima a violação de direitos alheios (um anti-clerical radical não pode, por exemplo, assassinar padres, por muito que as suas "convicções" e "sentimentos" profundos o impulsionassem a tal). O princípio de que liberdade e responsabilidade são inseparáveis deve estar na base de qualquer visão liberal. Infelizmente muitos invocam o liberalismo para justificar a apoteose da vontade sem restrições. Nada mais anti-liberal.
Quem tiver do Estado uma visão liberal (Estado - Mínimo), deve, antes de mais, fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que esse mesmo Estado não persiga criminalmente quem toma uma decisão baseada nas suas convicções, sentimentos éticos, religiosos ou morais -o resto vem depois
O problema é que o princípio enunciado está incompleto e a parte que falta é absolutamente crucial. O Estado não deve perseguir criminalmente quem toma uma decisão baseada nas suas convicções, sentimentos éticos, religiosos ou morais se essa decisão não violar os direitos de terceiros. Ora o que está em discussão no aborto é precisamente saber que ponderação merece o direito à vida do feto.
Quem defende o "Sim", está objectivamente a defender que, até às 10 semanas, o direito à vida do feto não merece sequer ser considerado. Ou seja, que as excepções já previstas na lei actual não chegam e é necessária uma nova lei em que um hipotético direito a abortar se sobreponha sempre ao direito à vida do feto.
Por isso, dizer, de forma incompleta, que o Estado não deve perseguir "criminalmente quem toma uma decisão baseada nas suas convicções, sentimentos éticos, religiosos ou morais" não chega para legitimar a liberalização total do aborto; é preciso demonstrar que essa decisão com base em "convicções" e "sentimentos" próprios não está em conflito com o direito à vida do feto.
Numa sociedade liberal, invocar "convicções" e "sentimentos" não legitima a violação de direitos alheios (um anti-clerical radical não pode, por exemplo, assassinar padres, por muito que as suas "convicções" e "sentimentos" profundos o impulsionassem a tal). O princípio de que liberdade e responsabilidade são inseparáveis deve estar na base de qualquer visão liberal. Infelizmente muitos invocam o liberalismo para justificar a apoteose da vontade sem restrições. Nada mais anti-liberal.
Comentários:
blogue do não
O Carlos Abreu Amorim não permite comentários aos seus disparates, talvez para não lhe perguntarem que "resto" é esse. É que abortar não é a única coisa que se pode fazer baseada em "convicções, sentimentos éticos, religiosos ou morais". Há quem use essas razões para, por exemplo, se fazer explodir em zonas públicas, matando dezenas ou centenas de pessoas, ou fazer explodir clínicas onde se realizam abortos. O CAA acha que o Estado também não deve perseguir criminalmente essas pessoas?
Será que estes defensores do "sim" acreditam mesmo que vale tudo, incluíndo os "argumentos" mais ridículos, para vender a irresponsabilidade da despenalização do aborto a pedido?
Será que estes defensores do "sim" acreditam mesmo que vale tudo, incluíndo os "argumentos" mais ridículos, para vender a irresponsabilidade da despenalização do aborto a pedido?
A PERGUNTA QUE VAI AGORA A REFERENDO, JÁ FOI REFERENDADA, OS PORTUGUESES DISSERAM NÃO E, DESDE ENTÃO NENHUMA CONDIÇÃO ESSENCIAL EM TERMOS DE MÉTODOS REPRODUTIVOS E DE CONCEPÇÃO, SE ALTEROU POR FORMA A JUSTIFICAR MAIS ESTE DESPERDÍCIO DE DINHEIROS PÚBLICOS.
ESTE REFERENDO NÃO PASSA DE UM INSTRUMENTO POLÍTICO, SOB A CAPA DO DEVER DE CONSCIÊNCIA EM CONSONÂNCIA COM A PRÁTICA QUOTIDIANA, (DIZ-SE), PARA FAZER DESVIAR A ATENÇÃO DOS PORTUGUESES DE QUESTÕES VERDADEIRAMENTE PREMENTES, QUERENDO ILUDIR-NOS QUE ESTÁ A CUMPRIR PROMESSAS ELEITORAIS.
QUERENDO, A A.R. TERIA LEGISLADO, SEM ESTE CIRCO, EM QUE CHAMAM DE CONSCIÊNCIA A................................................ POLÍTICA!
E POR FAVOR, NÃO NOS COMPAREM COM ESPANHA.
ESTUDOS DEMONSTRAM QUE OS ABORTOS FEITOS EM ESPANHA NÃO O SÃO, NA ESMAGADORA MAIORIA REALIZADOS PELAS MULHERES ESPANHOLAS, QUE CADA VEZ FAZEM MELHOR CONTRACEPÇÃO, MAS POR POR OUTRAS.
E, SOBERBAMENTE IMPORTANTE: EM ESPANHA O ABORTO NÃO É LIVRE, NÃO FOI LIBERALIZADO, COMO AQUI SE PRETENDE QUE ACONTEÇA, NÃO SE REALIZA POR ÚNICA OPÇÃO DA MULHER!
ESTE REFERENDO NÃO PASSA DE UM INSTRUMENTO POLÍTICO, SOB A CAPA DO DEVER DE CONSCIÊNCIA EM CONSONÂNCIA COM A PRÁTICA QUOTIDIANA, (DIZ-SE), PARA FAZER DESVIAR A ATENÇÃO DOS PORTUGUESES DE QUESTÕES VERDADEIRAMENTE PREMENTES, QUERENDO ILUDIR-NOS QUE ESTÁ A CUMPRIR PROMESSAS ELEITORAIS.
QUERENDO, A A.R. TERIA LEGISLADO, SEM ESTE CIRCO, EM QUE CHAMAM DE CONSCIÊNCIA A................................................ POLÍTICA!
E POR FAVOR, NÃO NOS COMPAREM COM ESPANHA.
ESTUDOS DEMONSTRAM QUE OS ABORTOS FEITOS EM ESPANHA NÃO O SÃO, NA ESMAGADORA MAIORIA REALIZADOS PELAS MULHERES ESPANHOLAS, QUE CADA VEZ FAZEM MELHOR CONTRACEPÇÃO, MAS POR POR OUTRAS.
E, SOBERBAMENTE IMPORTANTE: EM ESPANHA O ABORTO NÃO É LIVRE, NÃO FOI LIBERALIZADO, COMO AQUI SE PRETENDE QUE ACONTEÇA, NÃO SE REALIZA POR ÚNICA OPÇÃO DA MULHER!
caro joaquim amado lopes,
Não é o CAA que «não permite comentários» ao seus textos, é a regra estabelecida para aquele blog, para todos os autores. O que é substancialmente diferente. Como pode facilmente no outro blog onde participa.
Não é o CAA que «não permite comentários» ao seus textos, é a regra estabelecida para aquele blog, para todos os autores. O que é substancialmente diferente. Como pode facilmente no outro blog onde participa.
Gabriel,
Essa regra foi estabelecida pelos respectivos autores, correcto? Então foi também o CAA que assim decidiu e, se noutros blogs em que o CAA participa são permitidos comentários, o artigo em questão foi publicado num que não os permite.
O Blogue do Não, p.e., permite comentários aos artigos mas pelo menos um dos autores não os permite aos artigos que publica. Estando o Blasfémias e o Blogue do Não alojados no mesmo serviço (blogspot.com), ambos devem ter as mesmas funcionalidades. Ou não?
Se sim e a não ser que a decisão de não permitir comentários seja imposta aos colaboradores do Blasfémias (o que soa estranho), o CAA objectivamente não permite comentários aos seus posts naquele blog.
Essa regra foi estabelecida pelos respectivos autores, correcto? Então foi também o CAA que assim decidiu e, se noutros blogs em que o CAA participa são permitidos comentários, o artigo em questão foi publicado num que não os permite.
O Blogue do Não, p.e., permite comentários aos artigos mas pelo menos um dos autores não os permite aos artigos que publica. Estando o Blasfémias e o Blogue do Não alojados no mesmo serviço (blogspot.com), ambos devem ter as mesmas funcionalidades. Ou não?
Se sim e a não ser que a decisão de não permitir comentários seja imposta aos colaboradores do Blasfémias (o que soa estranho), o CAA objectivamente não permite comentários aos seus posts naquele blog.
Uma correcção ao meu comentário anterior: não era ao Blasfémias que me referia mas sim ao Sim no Referendo. Tinha ambos abertos noutras janelas e só via os nomes. Como não costumo participar em blogs (à excepção do Blogue do Não e apenas devido a este referendo) não os distingo.
O meu pedido de desculpas.
O meu pedido de desculpas.
blogue do não