O DISCURSO MODERADO DE ALGUNS DEFENSORES DO SIM (2)

Em comentário a este post no qual se evidencia o facto do homem não ser tido nem achado na decisão de abortar, uma habitual comentadora desta casa escreve o seguinte:
"Presumo que defende que os homens tenham por lei que pedir licença às mulheres/namoradas para realizar uma vaseoctomia, por exemplo"

Comentários:
E...?

O que quis dizer é que, que eu saiba, homens e mulheres manipulam a sua capacidade reprodutora, umas vezes consultando os seus parceiros, outras não. C'est la vie. Somos criaturas independentes umas das outras, e nem sempre concedemos a outrém o direito de tomar decisões sobre o que se passa no nosso corpo.
Já comentei noutro lado: sim, QUER O ABORTO SEJA LEGAL QUER NÃO, as mulheres podem abortar sem pedir a opinião dos homens. Como podem engravidar igualmente sem lhes pedir a opinião.

(lamento as maiúsculas, é feio, mas não sei sublinhar em caixa de comentários)
 
fuckitall,
Não tem de lamentar as maiúsculas.
Quanto ao mais, parece-me excessiva a comparação entre uma vaseoctomia e um aborto. Foi isso que pretendi demonstrar com a citação.
Cumprimentos
 
E eu tenho que lhe dar razão, deixada no ar como a deixei parece de facto disparatado; daí ter vindo explicar qual era o sentido da comparação.
 
fuckitall,
E por acaso não se esqueceu de um pormenor? Eu ajudo: uma coisa é manipular o seu proprio corpo, outra é decidir sobre a vida de um ser humano que embora esteja no corpo da mãe, não deixa de ser um ser humano (que foi gerado pelos dois). A mãe ao abortar não está apenas a manipular o seu corpo, está a dar uma sentença de morte a um ser humano que não se pode manifestar só porque o corpo é seu!
Realmente a comparação entre aborto e vasectomia não faz sentido nenhum.
 
Caro fuckitall:
Embora eu tenha percebido que a pergunta como um excesso, não posso deixar de responder à pergunta do post com um "Sim". Se um homem quiser ter filhos e tiver assumido com essa mulher o compromisso de não ter quaisquer tipos de relações sexuais com outras, penso que uma vasectomia sem uma notificação que seja, o coloca numa posição muito desagradável (eufemisticamente). Se a mulher argumentar que é porque o "corpo é dela" está a mentir, pois, a partir do momento que celebrou um compromisso com esse homem, admitiu que todas as grandes decisões da sua vida seriam partilhadas com ele (incluindo as dos filhos, que não são só dela).
Sabe, durante anos os homens foram pintados como monstros que só pensam em sexo e depois não acartam as consequências... mas eu devo dizer, como homem, que afirmar que esta conduta é errada e depois afastar o homem de todo e qualquer tipo de poder na decisão é uma injustiça e uma discriminação (além de, na minha opinião, ser apenas um incentivo ao machismo).
Isto tudo porque os adeptos do Sim partem de um equívoco que é do mais elementar em educação cívica: "Somos criaturas independentes umas das outras, e nem sempre concedemos a outrém o direito de tomar decisões sobre o que se passa no nosso corpo." - Falso... somos animais sociais e essa Sociedade consiste na aceitação de uma série de regras que abrangem o nosso corpo... ou, seja, não se pode argumentar liberdade absoluta. Os próprios adeptos do Sim compartilham dessa opinião quando afirmam que a decisão deve ser tomada "no seio do casal".
Mais... não é só o homem que tem direitos: a sociedade também tem uma palavra a dizer, pois ela impõe o que é certo e errado mediante a Lei. Por exemplo: nos casos de violência doméstica a denúncia é obrigatória e fomentada, embora este flagelo pertença à "intimidade do casal".
Negar estes pressupostos é negar o princío da liberdade e negar os mecanismos segundo os quais funcionamos, mesmo que não nos apercebamos.
Cumprimentos
 





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