O mapa de Borges


Hoje, um membro do Governo entrou pela primeira vez na campanha: Pedro Silva Pereira foi a Leiria defender o "sim". E que disse o Ministro da Presidência?
Uma verdade e uma meia verdade.
A verdade: o aborto vai continuar a ser "criminalizado" (foi a palavara que usou), mesmo que o "sim" ganhe.
A meia verdade: o "sim" só quer abrir "mais uma excepção", além das três já previstas na lei, a essa criminalização genérica.
O que o dr. Silva Pereira não disse é que a "excepção" proposta consiste em tornar a vontade da mãe, sem qualquer outro fundamento, razão suficiente para abortar até às 10 semanas. Eis o que significa a expressão "a pedido da mulher", tal como está na pergunta do referendo. Se o "sim" vence, a excepção aprovada cobre todos os casos possíveis de aborto até às 10 semanas, uma vez que o arbítrio materno se torna o único soberano. O que não é abrir uma excepção, mas uma regra.
Na História Universal da Infâmia, Jorge Luís Borges descreve um mapa tão perfeito que representa certo império à escala real, cobrindo-o por completo. A "excepção" de Pedro Silva Pereira é o mapa de Borges do aborto no nosso país.

Comentários:
Ah bom! Anteriormente estávamos no mapa por ser o único país da Europa evoluída que ainda vive segundo o direito canónico apesar de apregoar que é um estado laico.

Eu se fosse a si considerava a dita opinião duas vezes. É que vinda de um ex-catequista e assistente de Direito ....


Brito
 
É impressionante como é que deixam ex-catequistas ser assistentes em Direito! Num Estado Laico! Onde é que já se viu! Valha-me Deus!
 
A prova provada de que não se trata de "só mais uma excepção" é que nas excepções actualmente prevista também é necessária a opção da mulher, mas essa opção não chega. Agora não.
 
ó picoito
haverá mapa que abarque a sua, como direi, sei lá, "¥˙ƒ„øø" „¯ˇ†ˇ¯†™, ∑∑∂ƒ®ƒ∂ßå, (insultos variados e todos muito condenáveis, pelos quais peço perdão a deus que deve estar sempre presente neste santo blog).
 





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