Os Sins do Sim

Concordo com a ideia báisca do André Belo que a mão amiga do Daniel Oliveira fez o favor de partilhar connosco aqui. Os Nãos têm implícitos Sins e os Sins implicam Nãos. Mas alerto o André e o Daniel para um problema que, se calhar, a sua (deles) ponderada reflexão não conseguiu detectar. É que o Não a uma pergunta pode também ser Não a outras ... e o mesmo se passa com o Sim...

Às perguntinhas marotas que ali se lêem, era suposto que o meu Não se convolasse automaticamente em Sim? Lamento... mas a essas perguntar que fazem respondo, e pela ordem por que são feitas: Talvez, Não, Não. Lamento desanimar o vosso automatismo intelectual.

Mas devolvo o desafio. Posso?

Quem votar Sim no próximo dia 11 de Fevereiro estará na realidade a votar Sim às seguintes perguntas?

1ª Concorda que uma mulher possa, sem necessidade de alegar qualquer motivo que o justifique, interromper voluntariamente a gravidez até às 10 semanas?

2ª Concorda que o Estado olhe da mesma maneira para o aborto feito a pedido de uma mulher que o marido espanca por estar grávida, que o patrão ameaça de despedimento por estar grávida e para o aborto que foi feito a pedido de uma mulher que não quer perder o recortado da sua silhueta?

3ª Concorda que o Estado (apesar do esforço de alguns grupos de cidadãos) desista de procurar criar condições efectivas para que as mães possam ter os filhos que geram?

4ª Concorda com a prisão da mulher, até três anos, se praticar o aborto fora de estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

O mundo não é só branco ou preto, André. E custa-me ver desperdiçar a energia de tantos e o dinheiro de todos numa resposta estupidamente imediata e desresponsabilizante. Se há casos que merecem ser tratados como excepções. Venham eles... até admito que haja. Mas então o debate que deve ser travado não é o da liberalização (desculpe, Daniel, mas é isto mesmo) do aborto até às 10 semanas... é o alargamento das excepções actualmente em vigor. Esse debate seria mais sério. Mas menos fracturante... E há quem queira a fractura por ela própria, não é?

Comentários:
Parece-me indiscutível que a campanha do sim procura desesperadamente fugir à discussão dos factos, refugiando-se no debate filosófico da questão. Compreendo que o faça porquanto a falta de razão empurra-os para esse caminho. Mas mesmo no plano teórico e ideológico a verdade é que todos os argumentos vertidos pelo sim têm sido desmistificados e desmontados, um a um, ponto por ponto. Se fosse pelo debate, o referendo estava decidido: o não ganhava ( e por larga vantagem).
 
Pergunta para o André Belo e para o Daniel Oliveira:
Concorda com a prisão do pai, até três anos, depois de ter passado pelo sofrimento, indignidade e humilhação de ver os filhos com fome e ter tentado furtar comida para os alimentar?
 
"..pedido de uma mulher que não quer perder o recortado da sua silhueta?"

Esta achei o máximo. É uma
possibilidade...equilibrada. E nada radical.
 
Anónimo das 9:54 PM

É disparatada a história da silhueta, não é? Também acho. Mas o Sim, permite-o. Outro disparate, não é?
 
"O Sim permite-o", e deve ter vasta utilização. A possibilidade de abortar por causa da silhueta. Toda a "gente" sabe que a maior procupação das mulheres quando engravidam é a perda da forma. Física. Mas com o não, não vamos permitir isso. Nem pensar.
 
O raciocínio do Nuno é...um pouco radical. S eme permite a comparação: abortar por causa silhueta é o mesmo que um homem se engravidar pudesse, abortasse porque assim não podia jogar futebol durante 9 meses. Get it?
 
Anonymous (11:15 AM),
"O Sim permite-o", e deve ter vasta utilização. A possibilidade de abortar por causa da silhueta. Toda a "gente" sabe que a maior procupação das mulheres quando engravidam é a perda da forma. Física. Mas com o não, não vamos permitir isso. Nem pensar.
Não tem que ser a maior preocupação das mulheres que engravidam. Mas o anonymous aceita que seja a motivação para abortar de pelo menos uma delas? Ou, não acreditando que isso alguma vez venha a acontecer (a chamada "lógica da avestruz": se me recusar a ver a realidade, ela não existe), não se importa que a Lei o permita?

Acho curioso o processo mental de quem acredita que determinados comportamentos são tão absurdos e repugnantes que a Lei nem sequer os devia proíbir.
 
caro joaquim amado lopes, agradeço a simplicidade e a clareza da sua resposta.
Optei por ilustrar com aquilo que me parece um absurdo a irresponsabilidade que querem impor-nos.
Eu bem sei que não há mulheres que abortam por motivos que a sociedade deveria ter por inatendíveis. Todos os motivos, mesmo os não-motivos, serão válidos. Também sei que não há pais que espancam os filhos, que não há pais que os largam em lixeiras. Não há nada disto. E por não haver, a Lei não devia contrariar esses inexistentes comportamentos.
 
Isto nao passa de um vergonha !
pela 3 vez que se referenda a vida!
sera que que este povo ,que em nada na europa se destingue,tera moral para dizer o que quer que seja?
Afinal em que e que somos bons? meu deus tristeza de pais de 3 mundo que nada maas memso nada tem!
sol e o unico que temos!nem isso sabemos usar em energia,
e de lamentar tudo isto mas ok!eu como acredito que o mundo se munda por nos mesmo!,ja a longos anos que mudei
1 deixar de ouvir e ver TV
2 deixar de pertencer a alguma relagiao
3 viajar pelo mundo a ver ,cheirar e ouvir online.
deixa de alcool,carnes,drogas,cigarros etc..
4 ser tolerante e amar o proxima ter compaixao bem como ter muita disciplina e amor no que se faz !
5 alguns detalhes para ver o mundo melhor e estar de bem com ele
Aos que se julgam out siders...junkis etc.quero lhes dizer que em 86 ja vivi em amesterdam e em 95 recebi kalachacrade sua Santidade Dalai Lama.
Para terminar tentem viver em paz com universso e nao regenar o karma que e a vida
Nuno Lobito
 





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