Paradoxos

Paradoxos de um estado socialista. Por João Miranda.

Após a vitória do SIM o aborto passará a ser, muito provavelmente, uma actividade menos regulamentada que:

* o consumo de tabaco (taxas elevadas, proibição da publicidade, consumo proibido a menores, campanhas públicas contra)
* a venda de medicamentos (limites à publicidade, limites à propriedade de farmácias)
* a advocacia (limites à publicidade)
* a condução automóvel (proibida a menores, campanhas públicas pela segurança)
* o consumo de alcool (proibido a menores e condutores; publicidade limitada; impostos elevados, campanhas públicas contra)
* espécies em vias de extinção (proibido caçar e traficar, proibido destruir habitat)
* caça (proibida fora de época)

Comentários:
espero que a malta que esteja a favor do nao, tambem esteja a assinar para se responsibilizarem por tomar conta das criancas que vao vir ao mundo para uma vida onde os pais ja sabem nao vao ter a minima hipotese de os suportar.

e' muito lindo ser romântico e pensar nas criancas. Certo, concordo.

Mas quem melhor que uma mae para saber qual o melhor para o seu filho.

Eu nao quereria ter um filho que nao pudesse alimentar e dar uma vida minimamente digna.

Sejam pragmaticos. Ja agora... leiam um livro com o titulo Tipping Point. Tem umas consideracoes interessantes sobre o aborto e o impacto na criminalidade.
 
Caro Anónimo
Se não quiser ter um filho por achar que não tem condições para isso, tem outras maneiras de evitar a gravidez que não passam pela morte do neoconcebido. Que é feito da responsabilidade de cada um pelos seus actos?
Quanto ao tema do aborto ligado à criminalidade, não me diga que defende que matemos todos os seres humanos que JULGAMOS que vão ser criminosos logo na barriga das mães! Ao que chegámos! Hitler não faria melhor...
 
Vocês devem estar um bocadinho aflitos. Então não é que o clero anda a dar entrevistas a dizer que até poderia votar sim se a pergunta fosse outra!
 
"espero que a malta que esteja a favor do nao, tambem esteja a assinar para se responsibilizarem por tomar conta das criancas que vao vir ao mundo para uma vida onde os pais ja sabem nao vao ter a minima hipotese de os suportar."

Ocorre-me perguntar onde tem estado o sim durante este tempo todo???
O problema, meus caros, não é o aborto, é a gravidez indesejada! O aborto é uma pretensa solução... quando a alternativa de solução se torna um problema, parece-me que o melhor caminho não é defini-la como "novo" problema, mas abandona-la de todo!

Enfim, para um povo pouco perspicaz, um assunto estúpido para os entreter e gastar o seu dinheiro (têm andado atentos à últimas medidas do Governo... claro que não! Andam todos demasiadamente ocupados a discutir o "aborto"...)!
 
Por acaso a mim parace-me que o que vamos votar se parece muito com a caça, porque também é proibido fora da época (10 semanas). Mas dá um certo desconforto a comparação, não acham? Será compatível com a dignidade humana termos uma lei assim?
 
Caro anónomimo das 7:35 AM

Há muitos casais disposto a "assinar por baixo"- adopção

A morte de um filho é o melhor para ele?Não me parece
 
A dignidade humana, com esta lei, deixa de ser uma questão, não é?

(mais um "bom" argumento para o sim... menos uma procupação para o "povo")
 
"Ocorre-me perguntar onde tem estado o sim durante este tempo todo???"

E onde tem estado o Não desde 1998?
 
Minha cara Joana,

Olhe à sua volta... não, não estou a reduzir a questão à "Ajuda de Berço" (toda a gente SÓ fala desta instituição)! Existem mais, muitas mais instituições e tantas outras mais pessoas que se esforçam por conseguir criar situações propícias às mulheres que colocam, na sua vida, o aborto como opção. E tantas outras mais que tentam promover a vida (não apenas até às dez semanas)... ajuda aos sem-abrigo, animação de lares de terceira idade, angariação e distribuição de alimentos, casas de acolhimento, etc.

Com atenção, e nem é preciso assim tanta, facilmente percebemos que existem à nossa volta muitas pessoas empenhadas em defender e promover a vida, independentemente da fase em que se encontre...

Acho que ambos os movimentos, pelo sim e pelo não, concordam que o verdadeiro problema é o da gravidez indesejada e não o aborto (porque é que se fala tão pouco nisto?)... a não existência de uma "frente" comum que defenda a melhoria de condições nos orfanatos, um melhor esclarecimento junto da população, um sistema de adopção de crianças que funcione, ..., é para mim fundamento claro que esta luta fala de tudo menos de um forte desejo de criação de condições para vivermos melhor!

E se não é para vivermos melhor... porque raio é que ainda nos damos ao trabalho do que quer que seja?
 
Caro anónimo (7:53AM):
Pragmáticos sim, mas sobretudo humanos. Fico horrorizado com esta sociedade que penaliza as crianças não nascidas, os idosos, os deficientes, os doentes, etc... em nome desse "pragmatismo". E choca-me que, como vexa diz, haja mulheres que têm crianças a quem a única coisa que lhes podem oferecer é a morte. Assim sendo, o lógico é lutar contra este "pragmatismo", em vez de validar a morte, que mais não é que um reflexo da imperfeição da nossa sociedade. As instituições do Não têm realizado um bom trabalho nesse sentido, como aponta o contra-anonymous.

Quanto ao argumento do aumento da criminalidade, parece-me completamente absurdo. Se é verdade que muitas crianças não abortadas em meios desfavorecidos se tornam criminosas, também é verdade que muitas crianças abortadas (por vezes sem um motivo legítimo) nunca o seriam. Não é justo que todas as crianças sejam etiquetadas à priori como criminosas, não lhes dando sequer hipótese de se defenderem dessa acusação. Este conceito assemelha-se muita ao da "guerra preventiva" que tem dado os frutos que deu... Mas, enfim, o argumento da "não humanização do feto" já começava a ser refutado pela Ciência, pelo que é necessário arranjar forma de dar continuidade à negação.

Já agora, vou apresentar-lhe 4 casos:
1. Uma mulher, mãe já de 13 filhos, engravida novamente.
2. Uma mãe, tuberculosa, com 3 filhos, engravida. Todos os 3 são doentes: um é cego, outro é surdo e o terceiro também tem tuberculose
3. Uma adolescente engravidou, não sendo o seu namorado o pai da criança.
4. Uma mulher grávida que não tem motivo nenhum para abortar

Penso que, na sua coerência pragmática, é a favor que as 4 mulheres abortem, se o desejarem. Mas imaginemos que é dada a oportunidade aos "criminosos"... o que sairia daí?
1. Céline Dion
2. Beethoven
3. Jesus Cristo
4. Eu e quase toda a gente que conheço (e, quem sabe, vexa.)

Quem sabe, se fosse nos dias de hoje, tantos grandes homens e mulheres nunca teriam existido por causa de uns quantos pressupostos errados...
Cumprimentos
 





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