"POR UMA VIDA DE ESCOLHAS"?

Não é por causa das companhias que eu deixo de gostar da Paula Teixeira da Cruz, do Carlos Abreu Amorim ou da Helena Matos."Por uma vida de escolhas"? Com certeza. Não fazemos outra coisa, desde que nascemos até que morremos. Todavia, para escolher é preciso viver, viver com um módico de responsabilidade e deixar viver. Usar o aborto a título de "uma vida de escolhas" - tipo dispositivo anti-concepção "adaptável e flexível", porventura "com sabores" - é pura demagogia sexista, pseudo-caritativa e paternalista em prol das burguesinhas pós-Eça e das "coitadinhas-que-não-sabem-o-que-fazem" que alguns gostam de referenciar para se poderem exibir como "donos" do que é supostamente correcto. Nunca os vi meter, de facto, a mão na merda e a combater a podridão, a periferia, a miséria moral e material que circundam tantas vidas desgraçadas que ignoram olimpicamente e de que eles, agora, se acham sublimes protectores a propósito de uma questão concreta. Antes de escolher, é preciso saber como, o quê e porquê escolher. De certeza que não são estes beneméritos, a partir do quentinho do seu empirismo pequeno-burguês, que o vão ensinar. Eu também não, mas ao menos não disfarço.


Comentários:
Pergunto: se a liberdade de escolha se centra no aborto, fará algum sentido haver contraceptivos? O princípio de ambos é o mesmo.
 
A questão fundamental no debate sobre a despenalização do aborto não é a da escolha em abstracto, mas tão somente saber responder a uma simples questão: o que está no útero de uma mulher grávida?
A definição de «pessoa» não reúne consenso, mas todos sabemos do que estamos a falar quando dizemos que existe algo na barriga da mulher grávida que é única e irrepetivelmente humano e que não sofre mudanças essenciais, substanciais, ao longo da gravidez. Chame-se-lhe o que se quiser, isso existe, tal como muitas outras coisas neste mundo que não podemos ver nem palpar.
Toda a discussão em torno do aborto centra-se por isso numa única questão fundamental, em torno da qual giram todas as outras: ou se assume que na barriga da mullher grávida está aquilo a que acabo de me referir e a que se pode chamar um ser humano/uma pessoa/um ser com essência humana ou outra designação qualquer (pouco importa o que se lhe chame, porque não são os nomes que dão substância ou essência às coisas), ou não se assume.
Se se assume, não se pode deixar de reconhecer que ali está desde o início uma vida humana que é preciso defender, colocando-a, pela sua importância, acima das condições de vida da mulher, que nos cabe a nós todos e ao Estado melhorar de outras formas, ou do seu «direito à escolha».
Se não se assume, será legítimo deixar que a mulher se decida livremente a interromper a sua gravidez, porque não estarão em causa valores que devamos todos defender.
Eu parto do primeiro pressuposto, e por isso voto «não».

Maria João Carmona
 
Engana-se quando diz que o princípio é o mesmo. No aborto termina-se uma gravidez que já existe, os contraceptivos não permitem sequer que a gravidez ocorra, sem que haja destruição de vida humana. É um tratamento preventivo.
 
Mas acaba por ser um contraceptivo de último recurso, i.e., quando os de prevenção falham (por esquecimento, por falta de informação, etc).
 
sejamos precisos, caro/a anónimo/a alguns contraceptivos não impedem a fecundação e são legais. caso do diu, lá se vai o seu argumento
 
E têm os movimentos do sim tanto trabalho para explicar que o aborto não vai ser usado como método contraceptivo para isto...
 
Alguém não sabe o que um d.i.u faz... Além disso, certamente não concordamos com tudo aquilo que, neste momento, é legal ou não. Basta ver este referendo...
 





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