PORTUGUESAS MERECEM VOTO MAIORITÁRIO NO "NÃO"

A pré-campanha está cada dia mais intensa. Os argumentos de ambas as partes têm sido minuciosamente explicados e as dúvidas existentes têm sido exaustivamente esclarecidas. Com excepção de alguns grupos mais extremistas, os discursos têm-se aproximado: todos contra o aborto, todos contra a clandestinidade, todos contra a penalização. As soluções é que divergem.
Deixo-vos um excelente texto da nossa colaboradora especial Dra. Matilde Sousa Franco, que se juntou a nós prefaciando o livro que ontem foi apresentado e que inicia agora a sua contribuição online, com uma abordagem simultaneamente histórica e actual do papel que a mulher portuguesa tem desempenhado na nossa sociedade e a sua relação com o aborto.
As mulheres portuguesas são seculares heroínas, únicas na Europa, mas precisam de apoio urgente, porque têm vida duríssima: enquanto os homens embarcavam para os Descobrimentos e a Guerra Colonial, elas ficavam a tomar conta da casa e dos filhos. Recentemente, são das que mais trabalham em casa e fora de casa. A investigadora Lina Coelho, da Faculdade de Economia de Universidade de Coimbra, divulgou agora um estudo que confirma que, ao contrário do resto da Europa, onde as mulheres com filhos pequenos não trabalham, ou o fazem em part-time, as portuguesas continuam a participar no sustento da casa. Principalmente por isto, o jornalista Mário Crespo considerou-as o acontecimento do ano de 2006 em Portugal: “Face ao que (as mulheres portuguesas continuam a fazer) todos os dias, tudo o mais no País é realmente banal” (in Revista Notícias Sábado, do Jornal de Notícias, 30 de Dezembro de 2006). Contudo, tal implica óbvio imenso sacrifício pessoal, outra forma de escravatura feminina, porque faltam medidas sociais que facilitem a vida, sobretudo às financeiramente mais carenciadas.Por outro lado, as mulheres portuguesas vêem-se humilhadas com leis mal feitas no último quartel do séc. XX, sendo Portugal o único país da Europa onde ainda existem julgamentos por prática de aborto. Tal legislação tem também de ser rapidamente mudada.

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O planeamento familiar tem melhorado imenso nos últimos anos, estão consideradas na lei as causas desculpabilizantes de aborto, (violação, mal formação do feto, etc.). Quanto a aborto, o problema é evidentemente o clandestino, cuja dimensão, aquando do referendo de 1998 os defensores do “sim” diziam ser de 200 mil/ano, e agora de 18 mil/ano, mas cujos números reais serão muito inferiores, porque a contabilização é sempre difícil, sendo os internamentos hospitalares por esse motivo de menos de 1 500/ano, e felizmente sem mortes nos últimos tempos.
As principais vítimas do aborto clandestino são as mulheres com maiores dificuldades económicas. Não é aceitável que no séc. XXI elas só tenham como única alternativa ao aborto clandestino o aborto liberalizado, fragilizando a sua saúde física e psíquica, enriquecendo na mesma quem faz abortos, e matando filhos saudáveis até às 10 semanas, que é o que se vota no próximo referendo.
Numerosos defensores do “sim” dizem ser contra o aborto, não vendo a profunda contradição disto. Os votantes do “sim” concordam com o aborto a pedido sem qualquer justificação, o que é a passagem de uma fronteira civilizacional decisiva, de atentados à vida humana, de aceitação das desigualdades sociais que mantêm a subjugação das mulheres com menos recursos, pois estas continuarão a ir para tribunal se fizerem aborto às 10 semanas e 1 dia, prosseguirão o calvário do excesso de trabalho, escasso dinheiro, não tendo os filhos que desejam, nem a escolha de os tratarem dedicando-lhes mais ou menos tempo.
O aborto nunca é uma vantagem para a mulher. Estudos demonstram que 64% das que abortam sofrem pressões para tal, e que 83% teriam os seus filhos se fossem apoiadas. Assim, a liberdade das mulheres não é respeitada e afinal não lhes é dado, com o aborto liberalizado, o invocado “direito à escolha”. As mulheres são empurradas para essa decisão, estando ainda por cima em momentos em que se encontram mais vulneráveis. As mulheres portuguesas, tão sacrificadas, merecem mais e melhor.
Eu voto “Não” porque quero as mulheres em verdadeira paridade com os homens, sem sofrerem vexames de tribunais (seja em que semana de gravidez estiverem), tendo os filhos que quiserem e sem continuarem afinal escravizadas.
A liberalização do aborto iniciou-se em vários países há cerca de meio século, quando a contracepção era incipiente, a Ciência atrasada e os economistas receavam o aumento da população. Actualmente, a Ciência afirma que há vida humana desde o início, esta é uma continuidade, por volta do 20º dia bate o coração, este está formado e realiza as suas funções definitivas entre a 8ª e 9ª semanas, quando todos os órgãos estão também formados, e desde a 6ª semana o bebé tem os primeiros reflexos nervosos. Recentemente, os economistas dizem ser essencial o apoio às mulheres e à maternidade, para haver mais mão-de-obra e quem pague as reformas dos mais velhos. Assim, a natalidade tem sido implementada, por exemplo na Suécia, França, Austrália, China, Rússia.
A natalidade em Portugal está abaixo da média europeia, e desde o início dos anos de 1980 há falta de cerca de um milhão de crianças, apesar da ajuda de milhares de imigrantes.
Em Outubro passado, perante a alarmante falta de novas gerações europeias, a Comissão Europeia estabeleceu normas a favor da natalidade, que estipulam: “ajudar os cidadãos a equilibrar a vida profissional e privada para que possam ter os filhos que desejarem”, “agilizar a viabilidade das finanças públicas para contribuir para garantir uma produção social de longo termo”, etc.
A Alemanha foi o primeiro país a concretizar medidas pró-natalidade, desde o dia 1 de Janeiro deste ano. O Governo alemão oferece 25,1 mil euros por nascimento, o que dá uma média de mil euros/mês se a mãe tirar a licença completa de 2 anos; os contribuintes, por filho, até aos 18 anos, podem deduzir 30% das despesas da sua educação, recebem ainda 152€/mês, e também uma verba anual destinada a vestuário e móveis.
Moderno é votar “NÃO”, para que as mulheres em Portugal não vão para tribunal, trabalhem menos, tenham os filhos que quiserem, enfim sejam mais felizes. Procuro incentivar uma cultura de afectos, aliás na tradição multissecular portuguesa do Humanismo, que nos fez, por exemplo, no séc. XIX ser precursores das abolições da escravatura e da pena de morte. Será também agora um imenso orgulho Portugal ser pioneiro mundial do Humanismo do séc. XXI, defendendo e valorizando as mulheres, votando expressivamente “NÃO” à liberalização do aborto. Não queremos a I.V.G./aborto, que eu traduzo por Instituição Vulgarizada e Generalizada do Aborto. As mulheres portuguesas merecem ser tratadas melhor, com as recentes normas comunitárias. Moderno é votar “NÃO”!
Matilde Sousa Franco

Comentários:
Desculpe mas discordo. A intenção de proibir a IVG não é a solução para resolver a baixa natalidade do país. Isso depende de outras medidas. Isso é uma falsa questão!! Não percebe que a maioria das mulheres que abortam acabam por fazê-lo? E Acredita mesmo que podendo fazer IVG em segurança vai fazer com que se banalize a sua realização? Continua a ser um drama pessoal na mesma, far-se-à de ânimo leve não? os seus argumentos são tão irreais que a acho completamente fora da realidade.
 
Caros amigos:

Gostaria de expor aqui uma história verídica que aconteceu nos E.U.A. (onde o aborto já está legalizado), pretendendo ilustrar como esta prática vai “ajudar” as mulheres que se vejam em situações de vida difíceis:

Júlia, no seu 2º semestre do 1º ano da universidade, viu-se grávida. Desesperada, recorreu a uma terapeuta no Centro de Aconselhamento de Alunos da sua faculdade. Esta escutou-a atentamente e, no fim, foi peremptória quanto à melhor atitude a tomar: aborto. A terapeuta expôs inúmeras desvantagens em prosseguir com a gravidez, sobretudo os seus efeitos na família e na carreira académica. Os seus argumentos eram muito sedutores e pareciam muito lógicos. Todavia, Júlia saiu do Centro com a sensação que as suas opções eram extremamente limitadas (uma vez que a terapeuta não as havia explorado a fundo).

Ainda assim, Júlia resolveu levar a gravidez a termo. Teve que desistir da escola e regressar a casa dos seus pais, tendo perdido inutilmente 10.000$ em propinas. Tudo isto porque não existia nenhum suporte económico-social para ajudar as mulheres que DECIDISSEM escolher A VIDA. A terapeuta não a referenciou para nenhuma organização que actuasse nesse nível, nem forneceu qualquer informação sobre os problemas médicos, legais e económicos de cada escolha… porque a escolha era óbvia: aborto!

Após o nascimento da bebé, Júlia enfrentou uma nova decisão: entregá-la para adopção ou não? A fim de prosseguir os estudos, Júlia decidiu-se pela primeira opção. E sofreu muito com ela, mas nunca se arrependeu.

A criança tem hoje 13 anos. É muito feliz com a sua família adoptiva e com a vida em geral. Apesar de tudo, Júlia e a sua filha contactam-se regularmente. Há 13 anos atrás, as pessoas perguntavam-lhe: “Por que vais arruinar a tua vida? Por que vais abdicar dos teus privilégios por um pequeno erro?” Mas Júlia responde-lhes agora: “O meu maior privilégio foi ter dado vida a esta linda, generosa e curiosa rapariguinha, que nunca teria visto a luz do Mundo se eu tivesse seguido certos conselhos!”

E quanto à Júlia propriamente dita? É agora uma das porta-vozes da organização norte-americana “Feminists for life” e luta para que mais nenhuma mulher sofra as dificuldades que ela sofreu por decidir correctamente. Esta organização (cujo lema é “Women deserve better than abortion”) fundou o “America’s College Outreach Program”, de quem Júlia Thornton é uma das responsáveis. Em que consiste?
1. Ajudar financeiramente as estudantes que engravidem
2. Providenciar informação acerca de infantários/creches próximos do campus.
3. Fomentar estatutos especiais académicos para mães estudantes, nomeadamente a nível de horários
4. Criação de protocolos que agilizem a adopção das crianças, se tal for desejo da mãe.
Etc…

Este é um resumo/tradução grosseiros de um artigo publicado no site “Feminists for Life” em 19 de Novembro de 2006 com o nome de “Choosing Life – a Birth Mother’s Story” da autoria de Júlia Thornton.
 
Acho que estamos a usar demasiado palavriado... temos de sintetizar ideias... e todos juntos apostarmos em divulga-las
 
Creio que seria bastante mais honesto lutar pela natalidade ou contra que se façam abortos com lutas bem mais importantes, como para que a mulher tenha a liberdade no seu trabalho de engravidar e nao ser despedida. Exijo só um mínimo de realismo e respeito pelos direitos da mulher. A de verdade.

A autointitulada S.A.R, Dona Isabel de Herédia provavelmente dará uma boa mae de inúmeros filhos, mas também é pretendente ao trono,assim que para ela as coisas realmente sao assim tao simples de idealizar. Para ela, repito.

Para a mulher que trabalha, para além de poder perder um emprego se ficar grávida, porque é serva de um sistema realmente cruel que a trata como um hamster de laboratório, nem mais nem menos, se recorre à possibilidade de abortar também pode:

a)morrer
b)ficar mutilada
c)ingressar na cadeia, após ter sido tratada como lixo em público pela sociedade: investigada, detida, interrogada, obrigada a comparecer em tribunal e sentenciada.

Na realidade de hoje em dia, a mulher trabalhadora enfrenta estes dilemas.

Na de amanha, poderá buscar e exigir ajuda para nao ter que abortar, se a houver, e até processar a empresa em que trabalha, mas saber-se-à já livre da segunda volta da correia de aço. Seguramente ser-lhe-à menos difícil nao se desmoralizar.
 
Kephas só mesmo você para desencantar tais histórias no tipo Selecções do Readers Digest.
Bom, bom era se atirassem agora com uma história da Revista "Maria"
 
Ai que história tão linda... Snif... Snif...
 
Sinceramente, não vejo o que possa ter D. Isabel de Bragança a ver com isto...
No que respeita os USA, apesar da muita imoralidade, há vários Estados e movimentos a lutar contra a permissão do aborto.
Lá como cá, o aborto é considerado crime.
 





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