Revista de Imprensa
O antigo bastonário da Ordem dos Médicos Gentil Martins apelou esta terça-feira aos clínicos para que sejam objectores de consciência e se recusem a fazer abortos caso o «sim» vença no referendo, porque a «lei não ultrapassa a ética», refere a Lusa.
«Espero que a esmagadora maioria dos médicos seja objector de consciência», disse hoje o médico, durante a apresentação do movimento contra a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) «Diz não à discriminação».
Defendendo que primeiro que a lei têm que estar os direitos humanos e a ética, Gentil Martins considerou que os médicos apenas deverão praticar os chamados «abortos terapêuticos», ou seja, quando está «em jogo» a vida da mãe.
«A lei só por si não ultrapassa a ética (...), não é a ética que se tem de conformar à lei», sublinhou, fazendo votos para que se o «sim» vencer no referendo sobre a despenalização do aborto «a maioria dos médicos recuse essa situação».
O médico especialista em cirurgia pediátrica, que irá participar «activamente» na campanha pelo «não» no referendo, recuperou ainda a ideia de que «do ponto de vista científico a vida começa na concepção», salientando que, de um modo geral, «a classe médica não aceita o aborto».
Ainda durante a sessão de apresentação do movimento «Diz não à discriminação», o jurista Paulo Oneto considerou que o que está em causa no dia 11 de Fe vereiro é permitir ou não que aconteçam várias «discriminações», nomeadamente a «discriminação em relação ao pai».
«Uma mulher casada no regime de comunhão de adquiridos precisa do consentimento do marido para vender a casa ou o carro, mas para se desfazer de um filho não precisa de qualquer consentimento do marido», afirmou, lamentando que, se o «sim» vencer, «o direito passe a tratar melhor as coisas do que os seres humanos».