SALDOS

"O ministro da Saúde revelou à SIC o que poderá mudar após o referendo ao aborto. Cada intervenção poderá custar ao Estado entre 350 e 700 euros" (Sic, 4-01-2007).
Ora, no dia 12 de Junho de 2006, foi publicado no Diário da República a Portaria n.º 567/2006, que aprova as tabelas de preços a praticar pelo Serviço Nacional de Saúde. A referida Portaria, que pode ser consultada no site do Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde, estabelece na página 4195 os preços dos abortos no SNS, a saber:
- 829,91 euros, para o aborto sem dilatação e curetagem e
- 1074,45 euros, para o aborto com dilatação e curetagem, curetagem de aspiração ou histeroctomia.
Verifica-se, pois, que a média do preço por aborto que o Senhor Ministro disse que o mesmo iria custar corresponde a metade da média do preço por aborto estabelecido na lei que o Senhor Ministro aprovou em meados do ano passado.
Importa, pois, exigir ao Senhor Ministro da Saúde que nos diga se se tratou de um lapso, de uma mentira ou se vai mesmo instituir épocas de saldos na saúde.

Comentários:
Acho extraordinário os argumentos que se postam por aqui. então o problema está nos custos? o problema está no que diz o Victor Dias? ó pá... sejam sérios na discussão, ou na ausência de argumentos válidos mantenham-se calados, pois evitam assim confirmar o que nós já percebemos, ou seja, adornam a discussão com um sem número de coisas que não têm nada a ver com o tema que se referenda e em concreto e... nada sobre a verdadeira questão. Enquanto democrata convicto que sou, tenho por hábito respeitar o adversário de luta pois é legitimo e saudável a divergência de opiniões, nesse sentido, passo de vez em quando pelo vosso blog, confesso-me completamente desiludido, só conseguem fazer-me perceber a razão que tenho ao defender o SIM.
 
Boa tarde!

O que se vai escolher no referendo é se as mulheres podem ter o direito de abortar ou não... ficando à consciência de cada mulher... o que vocês defendem é que as mulheres não poderão ter direito a escolher, optando sempre por não abortar. o que é que isso origina? graves problemas, porque a mulher quando quer abortar, mesmo nao sendo permitido por lei, vai acabar por abortar, ou em más condições de higiene, podendo correr perigo de vida, ou em clínicas que se fartam de ganhar dinheiro com isso... vocês, defensores da penalização, sabem muito bem que os abortos irão continuar apesar de não ser permitido por lei... sabem muito bem que há clínicas a ganhar bom dinheiro com isso... vamos acabar com esta hipocrisia!! o que se vai votar neste referendo é o direito de opção pelo aborto, não é o recurso ao aborto sempre que apetece a uma mulher.. é o direito de opção... porque é assim, eu voto pelo SIM mas não faria aborto... mas tinha o direito de optar!! e caso ganhe o sim à despenalização, muitos lobbies vão acabar nas clínicas que ganham "bom dinheiro"!!

Cidadão atento.
 
red,

O problema não está em os custos serem maiores ou menores. Os problemas (são dois) residem em:
- ser o Estado a suportar os custos de intervenções médicas realizadas apenas por opção da mulher (sem razões médicas ou outras que as justifiquem), ainda mais quando se considera que os abortos são um mal em si mesmo (daí continuarem a ser criminalizados após as 10 semanas) e
- as mentiras a que certos partidários do "sim" (ainda mais com responsabilidades governativas) recorrem.

Se ao red não incomoda o primeiro, deverá pelo menos incomodar o segundo. E terá que concordar que tais mentiras devem ser denunciadas e criticadas. Ou, porque esta se refere concretamente ao aborto e é "a favor" do "sim", acha que não?
 
Os senhores do Não preocupam-se com os custos do aborto pago, mas não com os custos do aborto clandestino ou de uma viagem para Espanha.
 
Caro confratis,

Sabe que, caso o sim vença, vai continuar a haver clínicas "que se fartam de fazer dinheiro com isso", não sabe? Aliás, foi o próprio Ministro da Saúde que o afirmou, ao reconhecer que o Estado não terá capacidade para fazer todos os abortos.
Portanto, não só continuará a haver clínicas a ganhar dinheiro com aborto, como... pasme-se!, isso será legal e esses abortos serão pagos pelo Estado.

Cumprimentos,
IF
 
Os senhores do Não preocupam-se com os custos do aborto legal, mas não com os custos do aborto clandestino ou de uma viagem para Espanha.
 
Caro Joaquim Amado,
Confesso que a mentira me incomoda e incomoda duplamente vinda de sectores com responsabilidade como é o caso de ministros, aliás, também o tenho denunciado noutras situações, o problema é que aquilo que me é dado a ver não passa apenas por este post, por exemplo os ataques constantes ao Victor Dias, ao Francisco Louçã, ao Jerónimo de Sousa, entre outros ou seja, tanta insistência nestes pontos só só tem explicação com a pretensão de desviar o debate para o acessório esquecendo o essencial ou aproveitar a discussão para explorar os sentimentos anti-esquerdistas.
Se tiver o cuidado de ler os artigos que coloquei no meu blog acerca do IVG, constatará que me limito a expor as minhas razões ou a rebater pela minha óptica as razões apontadas pelo NÃO, é óbvio que estas opiniões são passíveis de opinião contrária por parte de outros, mas é assim a discussão séria. Teria um sem número de ataques a postar no meu blog se a minha forma de encarar a discussão fosse essa. O blog do NÃO, enquanto blog colectivo devia ter mais cuidado com a honestidade intelectual colocada nos seus artigos. Quanto aos custos, deixe-me dizer-lhe meu caro, que as consequências de muitos dos abortos clandestinos obrigam a tratamentos posteriores no sistema nacional de saúde? Não somos nós que pagamos já? E se a lei for escrupulosamente cumprida? Quantos milhares de pessoas estariam e seriam presas? Quantos processos correriam em tribunal movidos pelo ministério público? Não seriamos nós a pagar estes custos também? Teria que ser feito um estudo objectivo para saber em que situação se gastaria mais.
cumprimentos
 
Caro Guz,

Tem toda a razão. Os senhores do não preocupam-se em saber por que razão o Estado não utiliza o dinheiro que vai gastar em abortos no financiamento das dezenas de associações que trabalham para que as mulheres não tenham de pagar o aborto clandestino ou a viagem para Espanha.
Tudo visto e contado... elas ficariam a ganhar mais com a preocupação dos senhores do não do que a dos senhores do sim.
Cumprimentos.
 
Caros Confratis e Guz,
NÃO é verdade que o grande negócio seja o aborto clandestino. É precisamente o contrário: o VERDADEIRO e chorudo negócio está na sua legalização!

Se pretendem, como afirmam, ser sérios nesta questão, então não podem acreditar que o dinheiro à séria se ganha nos abortos clandestinos, pois o numero de abortos cresceu na esmagadora maioria de países após a legalização. Logo,...

E não me falem do período de transito do aborto clandestino para o legal, porque ao fim de 5 anos (periodo razoavel) continua a aumentar.

Mas não vão por mim. Consultem o Eurostat ou o UN Demographic Yearbook, entre outros e verão.

Ou alguns dos srs(as) acham que há clínicas espanholas a "torcer" pelo não?

Sim, concedo que na eventualidade (que estou convicto não se verificará) da aprovação da pergunta, o Estado passa a ganhar dinheiro com o negócio (através dos impostos). Mas só isso.

Este assunto do aumento do negócio após a liberalização total do aborto é tão claro, que fico sempre perplexo como ainda tem defensores.

Melhores cumprimentos
 
A questão do aborto não se poderá colocar hoje, no século XXI, do mesmo modo que se colocava há alguns anos ou décadas atrás. Existem hoje dos mais acessíveis e variados métodos anticonceptivos; existe até a pílula do dia seguinte. São métodos baratos, eficazes e amplamente divulgados.

Por razões humanistas, no seu sentido mais lato, não considero muito ético o facilitismo com que os defensores do aborto tratam o tema. Aceito como razoável que as sociedades comunistas do princípio do século XX, como as antigas repúblicas soviéticas, de uma racionalidade mecanicista e sem grandes meios, “resolvessem” questões como o aborto, assim, com esta facilidade. Nos tempos actuais, este facilitismo de resolver dificuldades parece-me anacrónico e eticamente reprovável.

Dizem-nos, somos um dos últimos países europeus a não ter uma lei do aborto mais permissiva. Mas que Europa? A Europa dos monopólios que segundo os dados da própria Comissão europeia nos revelam que“a parcela de riqueza que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta.”
Será com os “exemplos” desta Europa que nos querem convencer da bondade da proposta da nova lei do aborto?

Por outro lado, não se entende que os argumentos dos defensores do sim, se restrinjam às 10 ou 12 semanas. Os argumentos são do mesmo modo válidos para as vinte, trinta ou quarenta semanas. O ser gerado no ventre da mãe não oferece nenhuma alteração qualitativa, nenhuma salto qualitativo no seu desenvolvimento contínuo que permita estabelecer diferenças, datas ou prazos para o aborto.
É uma assunção mecanicista, quanto a mim, muito pouco evoluída.

Este equívoco e esta contradição, retira quanto a nós, toda a força de argumentos aos partidários do sim. Os exemplos dos países comunistas são válidos porque à luz da evolução tecnológica de então seria "aceitável" uma tal solução. Manter soluções iguais, hoje, parece-me uma atitude retrógrada perante o problema. Parecendo progressista, o sim ao aborto, traduz hoje, uma posição conservadora perante a vida e a sociedade, fruto de um racionalismo mecanicista e economicista.

Não tenho nenhuma "irritação" quanto aos partidários do sim. Move-lhes a vontade de solucionar este problema social. Só que a “solução” preconizada não será aceitável no actual estágio da evolução humana, no estágio dos direitos humanos alcançados já pela humanidade.
 
O problema na comparticipação estatal está no facto de vários procedimentos médicos não serem comparticipados quando de facto resultam de uma doença.

Ao contrário, escolhe-se o aborto, procedimento médico não resultante de doença, efectuado a pedido da mulher sem necessitar de justificação, para comparticipar e até colocar como prioritário sobre outros.

E agora pergunto, eu sou gorda, isso causa-me graves problemas psicológicos (falta de auto-estima, depressões), por minha opção eu gostaria de efectuar um tratamento de emagrecimento, será que não posso pedir uma comparticipação do estado? Isto até repercussões sociais e económicas (baixa proditividade, probabilidade de contracção de várias doenças causadas pela obesidade, etc.)! Vou criar uma associação das obesas e lutar pelos nossos direitos! Talvez crie uma nova questão fracturante para a nossa sociedade!
 
Só não percebo porque é que os abortos vão sair tão baratos...
Se passam adiante de uma data de gente com problemas de saúde complicadíssimos, todos à espera há uma data de tempo por uma abertura do "sistema" para resolver os seus males, então os "desmanchos" (ou será "desmanches") deveriam custar uns poucos de miles, sei lá, 10.000, mas a pagar pela candidata.
Pouco tempo depois, as pequenas depressa recuperavam essa massa na rua...
 
red,

(nota à parte: Joaquim Amado era o meu avô e, já agora, Joaquim Lopes há, só na minha família, pelo menos mais 3. Assino com Joaquim Amado Lopes precisamente para não haver confusões. Se acha o nome demasiado comprido e quer poupar tinta, use JAL que tem os méritos de ser curto e identificar claramente o visado)

Pelo que tenho lido aqui, os ataques ao Vítor Dias, ao Francisco Louçã e ao Jerónimo não são constantes nem nenhuma perseguição. Eles pronunciam-se sobre esta matéria e é aqui exercido o direito de resposta.

O argumento de os recursos do Estado virem a ser utilizados para o aborto a pedido pode não lhe dizer nada a si mas há quem até votaria "sim" se esses abortos fossem pagos pelas mulheres que optam por os fazer mas vai votar "não". Para perceber isso, recomendo-lhe a leitura do artigo Por favor, discutam comigo, do João Miguel Tavares no DN.
Uma vez que todos os votos contam, se esse argumento fizer alguns votos "sim" passarem a "não", é perfeitamente legítimo, justificável e até mesmo recomendável que não se deixe de o utilizar.
Não tem nada a ver com gastar mais ou menos com o aborto a pedido do que com o aborto clandestino. Tem simplesmente a ver com gastar seja o que fôr (mas tanto pior quanto mais se gastar) com o aborto a pedido.

Quanto aos custos do aborto clandestino vs os custos do aborto legal, quem tem feito alguma coisa para resolver esse problema é quem tem combatido o aborto clandestino, apostando na educação, no planeamento familiar e no apoio a mulheres, famílias e crianças necessitadas. E quem mais o tem feito, de forma destacadíssima, é precisamente quem combate a despenalização do aborto a pedido. Combatem-se os custos do aborto clandestino, combatendo o que leva ao aborto clandestino, não é legalizando-o e transferindo os custos para outra categoria.
Não se pode resolver um mal (o custo para o SNS dos abortos clandestinos mal feitos) com outro mal, porventura ainda pior (o aborto a pedido à conta do SNS).

Sobre o cumprimento escrupuloso da Lei, leia primeiro a Lei e/ou o muito que já aqui foi publicado sobre essa matéria.

Quanto a ir ler o que publica no seu blog, devo dizer-lhe que blogs há muitos e não tenho tempo para os ler todos. Se o red vier a escrever aqui algo que demonstre qualidade de escrita e/ou profundidade de análise suficiente para despertar o meu interesse, poderei vir a visitar o seu blog. Até lá (e permita-me a arrogância), limitar-me-ei a demonstrar a superficialidade dos seus copmentários.
E, por favor, morda a língua antes de acusar o blogue do não de desonestidade intelectual. Pelo que tem escrito, não tem autoridade para tal.
 
Joaquim Amado Lopes,
antes de mais, devo dizer-lhe que nunca foi minha intenção menorizar ou menosprezar o seu nome, apenas não fixei o nome completo pois não fazia ideia do incómodo que poderia causar-lhe trantando-o pelo próprio nome mas omitindo o Lopes, visto o orgulho no nome completo, a importância de tal facto e não havendo da minha parte qualquer intenção na omissão resta-me pedir-lhe desculpa pelo esquecimento.
Quero só referir-lhe 2 aspectos:
1:º - o que me diz é que pode nem ser tão importante assim a defesa da vida nem a saúde da mulher que é obrigada pela lei a fazer um aborto clandestino e fica com mazelas que a obrigam depois a recorrer ao serviço nacional de saúde, e que alguns dos que vão votar NÃO até se estão borrifando para os vossos argumentos principais como a vida do feto ou a moralidade, apenas não querem pagar o direito destas mulheres à saúde pública. Assume que para ganhar votos, vale tudo, ou seja suponho que se necessário for até falsos argumentos valem.
Constato realmente a vossa convicção e coerência nos argumentos e assumo a minha superficialidade nos comentários.
2.º - Não pretendi que consultasse o meu blog para ver como eu tenho razão, apenas o utilizei como comparação de argumentos utilizados, compreendo agora que a extrema qualidade da sua escrita lhe conferem argumentos de arrogância que não lhe permitem aceitar o que outros possam escrever, também compreendo que a sua excelente profundidade de análise, não lhe permite aceitar que outros tenham outra opinião, muito menos de alguém que possivelmente até vem de origens simples e fala simples. Resta-me a mim reconhecer a autoridade moral do Sr. Joaquim Amado Lopes para tecer o tipo de comentários que utilizou. E fico assim mais esclarecido quanto aos defensores do NÃO. Poderia facilmente mostrar-lhe quem, ao longo de muitos anos tem lutado pelas medidas que preconiza nesta sua resposta e provar-lhe de que lado estão mas a minha superficialidade e desconhecimento impedem-me de o fazer, pois perante alguém tão instruído e capacitado seriam apenas banalidades superficiais.
Ah!... aconselho-o efectivamente a não conhecer o meu blog, pois é feito por alguém do povo e essencialmente acessível aos meus semelhantes, ou seja ao povo, como tal, para alguém com a estatura do senhor, são apenas banalidades superficiais que por lá moram.
já agora... Presunção e água benta, cada um toma a que quer.
 
red,

Esta é uma questão completamente lateral mas, já que o assunto foi iniciado...
Não é uma questão de orgulho, apesar de ter muito orgulho em incluir no nome os apelidos que me deram os meus pais e não apenas o que me deu o meu pai. O nome que uso na Internet (blogs, Usenet, espaços de comentários em jornais e outros sites, ...) é o mesmo que uso profissionalmente e com que me apresento socialmente. Para o bem e para o mal, assumo na plenitude tudo o que escrevo, mesmo que mais tarde me venha a arrepender de o ter escrito. É (entre outras coisas) uma forma de garantir que sou honesto no que escrevo e não me refugio no anonimato para ser cobarde e/ou hipócrita (não é indirecta a ninguém, estou a falar de mim).
E não tenho o mínimo problema em que me tratem pelo nome próprio. Só que o meu nome próprio é Joaquim. Amado Lopes são os apelidos. Como há quem aqui assine apenas com "Joaquim", convém fazer a distinção.
O pedido de desculpas é desnecessário.

Quanto ao que verdadeiramente interessa:
o que me diz é que pode nem ser tão importante assim a defesa da vida nem a saúde da mulher que é obrigada pela lei a fazer um aborto clandestino e fica com mazelas que a obrigam depois a recorrer ao serviço nacional de saúde
Não é isso que digo, nem explícita nem implicitamente. Quanto mais não seja porque nenhuma mulher é obrigada a abortar clandestinamente. As situações em que o aborto é a única opção razoável já estão previstas na Lei e a mulher pode abortar no SNS. Nos outros casos, a mulher não é obrigada a abortar, decide abortar. Da mesma forma que não foi obrigada a engravidar, decidiu ou deixou-se engravidar.

e que alguns dos que vão votar NÃO até se estão borrifando para os vossos argumentos principais como a vida do feto ou a moralidade,
Nos votos "não" e nos votos "sim" há de tudo. Votos informados e votos ignorantes, de sem quaisquer dúvidas a com muitas dúvidas, responsáveis a irresponsáveis, sinceros e hipócritas. Só para dar dois exemplos, há quem vote "não" porque o padre diz para votar "não" e há quem vote "sim" exactamente pela mesma razão; e há quem vote "sim" para acabar com uma situação que não existe, mulheres presas pelo crime de aborto.

Mas há um tipo de votos que não existe nem no "sim" nem no "não", a menos que alguém se engane. Não há votos errados. Cada um vota como quer e pelas razões que quer e cada um de nós pode apresentar argumentos que tentem levar os outros a votarem de certa forma mas a decisão do sentido de voto é pessoal e intransmissível.

apenas não querem pagar o direito destas mulheres à saúde pública
Não leu o artigo que lhe indiquei ou decidiu não o entender. Ninguém quer negar o direito de ninguém à saúde pública. Mas há muitos que acham errado que recursos que não chegam para tratar doentes sejam usados para fazer/pagar abortos a pedido. Pelo que me diz respeito, acho isso simplesmente obsceno.

Assume que para ganhar votos, vale tudo, ou seja suponho que se necessário for até falsos argumentos valem.
Não, não assumo tal coisa. Em primeiro lugar, o argumento de que se vai gastar com o aborto a pedido dinheiro e recursos que faltam para tratar doentes reais pode não lhe dizer nada mas não é falso e pode ser determinante para muitos.

Em segundo lugar, o referendo só faz uma pergunta. Sejam quais forem os motivos que levam alguém a votar de uma determinada forma, só pode votar uma vez e duma forma : "sim" ou "não". Apelar aos argumentos que façam a diferença para pessoas com opiniões diferentes não é "vale tudo". É reconhecer que as pessoas não são todas iguais e nem todas têem que concordar que o feto é um ser humano vivo e não deve poder ser morto apenas porque sim. É assumir que as consequências da vitória do "sim" vão muitíssimo além do que é perguntado e que é importante ter em consideração todas essas consequências para a decisão de como votar.

Se quer falar de argumentos falsos, que tal falar de "para acabar com a prisão das mulheres" ou "a única coisa que está em jogo é se queremos que as mulheres que abortam vão para a prisão"?

2º Sou arrogante, sim senhor. Assumo essa tremenda falha no meu carácter e confesso não me esforçar o suficiente para a corrigir. Quanto a origens simples, o meu pai era electricista numa fábrica e a minha mãe vendia leite de porta em porta. Isso não tem nada a ver com a forma como escrevo, como fundamento as minhas opiniões ou respeito as dos outros.

Poderia facilmente mostrar-lhe quem, ao longo de muitos anos tem lutado pelas medidas que preconiza nesta sua resposta e provar-lhe de que lado estão mas a minha superficialidade e desconhecimento impedem-me de o fazer, pois perante alguém tão instruído e capacitado seriam apenas banalidades superficiais.
Prove-o. Não apenas não sou assim tão "instruído" ou "capacitado" que não entenda o que me dizem como o que insinua (que os que defendem a despenalização do aborto a pedido é quem mais tem lutado por acabar com as causas que levam ao aborto) vai contra tudo o que tenho visto, pelo que agradeço que demonstre o que afirma e contribua para eu saber mais deste país em que vivemos.

já agora... Presunção e água benta, cada um toma a que quer.
Nem mais. E os comentários sobre as suas "origens simples", ser "do povo" e escrever para os seus "semelhantes" demonstram bem que, em termos de presunção, não tenho que lhe ensinar nada. Basta mostrar-lhe um espelho.
 





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