Testemunho de um médico

"Como médico e como professor de Medicina, pasmo, atónito, ao ver que há médicos pelo Sim! Onde aprenderam, ou verdadeiramente não aprenderam, a Embriologia Humana? Que Escolas Médicas frequentarem que não lhes ensinaram os factos científicos sobre o momento do começo duma vida humana? Como não aprenderam que a vida humana entra a desenvolver-se num continuum, sem interrupções nem saltos? Mas isto é verdade? Digam-me os seus nomes, senhores meus colegas!
(...)
Os médicos que se metem a fazer campanha pelo Sim ao aborto têm uma responsabilidade acrescida pelo facto de serem médicos. Mas não digam que é uma base científico-biológica que fundamenta o que dizem. A prova científica está feita.
(...)
Que vida existiu antes da data que arbitrariamente se escolhe para seu começo? Amiba...? Peixe...? Réptil...? Ainda se crê que a ontogenia repete a filogenia, como o fez Haeckel no século XIX?"
Levi Guerra, Professor da Faculdade de Medicina do Porto
in Voz Portucalense

Comentários:
Este é um médico!
Os outros (os que duvidam da vida com 10 semanas)espero nunca precisar deles (podem nao considerar vida depois dos 60)!
 
Mas as pessoas necessitam da coação das palavras para votar?
 
E onde leu o Prof. Levi essa do continuum? Em que jornal cientifico? Numero, data, e páginas?
E já agora o CV do Senhor Professor para podermos aferir do seu conhecimento de Embriologia Humana. É que ser médico não é propriamente garantia de nada.
 
viva o nosso médico!
a propósito, estava o bêbado todo escavacado no chão depois de ser atropelado e os amigos bêbados do bêbado:
- ena pá, o estado em que tu "ficastes"!
e ele:
- não fiquem aí parados feitos parvos a olhar para mim, gaita! chamem-me um médico!!!
e eles:
- "prontos" pá! ÉS UM MÈDICO!!!
 
Há comentários espantosos...
Ali pró nosso amigo "anonymous" q provavelmente não percebe nada de embriologia, vou-lhe explicar uma coisa:
A Embriologia não é uma ciência recente! Não é preciso ir a um jornal científico para se ficar a perceber umas noções de embriologia. Há livros que explicam estas coisas por essas livrarias fora! E não é preciso ser-se médico pra se perceber isto!

Fico completamente pasmado como é que já tão próximo do referendo ainda há gente que acha que um embrião não é bem um ser humano... É mais uma espécie de amiba, ou ratinho que lá prás 10 semanas se torna um ser humano por artes mágicas! É que sem isto, não vale pena discutir mais nada...
 
Em primeiro lugar, desde que haja um novo código genético existe um novo ser. Portanto, a vida (se assim lhe quiserem chamar) inicia-se no momento da concepção. Aliás, se quiserem ser mais rigorosos, iniciar-se-ia ainda mais cedo, desde que se formam os gâmetas... e, com um pouco de boa vontade, entravamos na máquina do tempo rumo ao criacionismo! Quanto à questão das 10 semanas, parece-me que não se trata de definir o momento em que a "vida" se transforma em "vida humana". Trata-se, e muito bem, de compreensão da biologia do desenvolvimento e perceber os estados de desenvolvimento de um embrião. As pessoas falam de vida e direito à vida, é certo, mas não falam do desenvolvimento. Até as 10 semanas o desenvolvimento embrionário não é suficiente para que, numa situação de aborto, haja dor - e é claro que me refiro ao sistema nervoso. As pessoas usam a ciência como arma de arremeço mas parece que a moldam do jeito que mais lhe convém. Ser médico não é sinónimo de se saber tudo sobre tudo. Abel Salazar (prestigiado médico) dizia que o médico que só sabe medicina, nem medicina sabe. Quem usa os argumentos da embriologia, sem se dignar a explicar - ou pior ainda, usando palavras inacessíveis ao cidadão comum - é que está verdadeiramente errado. Ou será que nos querem reduzir à biologia eliminando a nossa componente social e, sobretudo, cultural que nos distingue do restante reino animal? É por isso que digo Não á medicina da treta e "desinformativa" e Sim no refendo!
 
Caro adbarbosa:
Estou completamente familiarizado com Abel Salazar, mas sinceramente, não creio que se possa definir a vida humana com base na "componente social e cultural", que é perfeitamente subjectiva e pode permitir a morte desse ser humano até à infância. É verdade que somos "social" e "cultural", mas antes de tudo somos "animal" e é assim que vimos ao Mundo e é assim que seremos para sempre se ninguém se dignar a educar-nos. Deste modo, parece-me um pouco cobarde assumirmos o direito de optar pela morte de alguém na sua fase "animal" porque ele ainda não possui o "social" e o "cultural" (conceitos que ele deveria apreender precisamente de quem o deseja matar por não ser "social" ou "cultural").

Na verdade, o que vexa diz, revela efectivamente uma "medicina desinformativa". As gâmetas não são vida humana. Um ser humano tem 46 cromossomas (+ ou - 1 cromossoma como acontece em certas patologias genéticas que são compatíveis com a vida). As gâmetas só possuem 23 cromossomas, o que não é de longe suficiente para produzir um indivíduo. Além do mais, cada mulher possui centenas de ovócitos (óvulos para os leigos) e o homem produz milhões de espermatozóides numa única ejaculação. As combinações de gâmetas são inúmeras e é pouco honesto pensar que, sempre que uma dessas combinações não sucede, "morre" um ser humano. A partir da concepção, tal já não sucede.

Quanto à questão do sistema nervoso, não creio que a dor seja o mais importante, uma vez que antes das dez semanas, já se iniciou (INICIOU, não se completou) a formação do córtex cerebral (responsável pelas ditas funções superiores como o raciocínio e a linguagem) e do sistema reticular do tronco cerebral (responsável pela consciência e vigília). Mas mesmo tendo em vista a questão da dor, seria bom ter alguma humildade quanto às nossas limitações tecnológicas. Em Junho de 2006, K.J. Arnand (um dos médicos responsável pela utilização na prática médica de anestesia fetal para cirurgias intra-uterinas) publicou o estudo "Pain Clinical Up-dates" na revista oficial do "International Association for Study of Pain" (uma organização idónea nesta questão do aborto). Embora tal estudo não avance com uma data para o início da dor fetal, refuta as ideias que a imaturidade dos neurónios do córtex cerebral é impeditiva para a experiência da dor. Até porque, mesmo em adultos que perderam a função no córtex cerebral responsável pela experiência da dor, há experiência desta sensação. E, na dúvida, opta-se pela prudência (até porque qualquer médico sabe a violência que qualquer método abortivo imprime ao feto).

Espero ter-me conseguido explicar claramente... e reconheço que por vezes é difícil fazê-lo.
Cumprimentos
 
Tiago Sotto Maior - Médico: apesar de muita demagogia política neste debate, a maioria dos argumentos pelo sim são válidos. Mas, estão num plano de valores completamente diferente e inferior ao valor da vida humana. Como sociedade, devemos lutar pelo apoio a todas as questões pessoais e sociais suscitadas pela gravidez indesejada, mas devemos condenar a morte de um ser humano como solução proposta. Como profissional que luta pela vida todos os dias, custa-me que os meus concidadãos portugueses encontrem argumentos que considerem válidos contra uma vida.
 





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