A Vida é uma Auto-Estrada


Recupero aqui um comentário de uma adepta do Sim a um meu post anterior.

Em resposta à minha utilização de uma das FAQs mais fundamentais desta campanha, «Se é crime às 10 semanas e 1 dia, porque não às 10 semanas?», foi-me apresentado o exemplo de uma auto-estrada. A condução a alta velocidade é perigosa, dizia a minha oponente. Mas há que estabelecer um limite, e esse limite é de 120 Km/h em Portugal. Ser penalizado aso 121 e não aos 120 seria então, segundo ela, uma convenção necessária por razões práticas.

Parece-me redundante continuar, de tão reveladora que é esta cândida argumentação. Mas deixem-me sublinhar que, em grande parte, o que vai estar em jogo dia 11 de Fevereiro é o valor que se atribui à vida humana. E se a sua eliminação constitui um crime - ou uma contravenção.

Comentários:
Ainda diria o mesmo se o exemplo dado fosse o da pedofilia? "Se é crime aos X anos porque é que não é crime aos X anos menos 1 dia?"
O problema em questão está na legitimidade ou não de se estabelecer limites em questões em que não há um limite claro. Afinal acabou por não argumentar nada.

Este problema do limite é uma falsa questão. 10 semanas é tempo suficiente para a mulher saber se está grávida e poder assim optar pela IVG.
 
Meu caro:
Não sei se percebi a sua questão, ou se me está a dar razão. Concretizando, na pedofilia, como no aborto, não há um limite temporal, em relação ao qual se possa dizer «é crime ao +1 dia, não o é ao -1dia». A diferença é que a pedofilia, que, note-se, ainda há muito pouco tempo não era crime me Portugal, há muito menos tempo (ainda hoje?) era tolerada pela sociedade, e é tolerada e praticada na maior parte do mundo, é mais visível hoje em dia no mundo civilizado, tornando-se mais fácil compreender o seu horror.
O mesmo não sucede ainda, infelizmente, com o aborto, por se passar a coberto da barriga dda mãe, justificando a opção mais fácil a quem não se entrega a grandes dilemas éticos. Mas a evidência visível e massificada, como por exemplo apresentada no insuspeito documentário da National Geographic, se encarregará de despertar as mentalidades. Então, o que agora é para muitos um acto banal surgirá de facto aos olhos de todos como uma eliminação de uma vida humana.
Dia 11, acredito que vamos dar um grande passo nesse sentido.
 
O exemplo da pedofilia (tal como o da autoestrada) é uma analogia lógica, não tem nada a ver com considerações sobre o contexto da pedofilia (tal como o exemplo da autoestrada não tem nada a ver com o facto da IVG ser crime e o excesso de velocidade uma contravenção).

A pergunta que eu queria que respondesse é esta:

"Se a pedofilia é crime aos X anos, porque é que não é crime aos X anos menos 1 dia?"

A impossibilidade de responder a esta pergunta de outra forma que não seja reconhecer que tem que se escolher um limite algures por razões práticas, é idêntica à impossibilidade de responder à sua pergunta «Se é crime às 10 semanas e 1 dia, porque não às 10 semanas?».

Quando os limites são difusos temos mesmo que escolher um período sensato e definir aí uma fronteira. Esse problema das 10 semanas + 1 dia não passa de uma falsa questão.
 
Correcção:

"Se a pedofilia é crime aos X anos, porque é que não é crime aos X anos MAIS 1 dia?"
 





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