BOM SENSO

"O Estado não pode deixar de desmotivar o recurso ao aborto através de centros de aconselhamento e de outros mecanismos de informação e defesa da vida”, escreveu o Pedro Lomba neste jornal, confiante em que o Estado promovesse de repente aquilo que não promoveu durante anos a fio. Vê-se mesmo que o Pedro não frequenta o SNS e que desconhece como é que o “Estado-providência” funciona. Legalizar o problema não resolve o problema. Limita-se a acrescentar outro aos que o Estado já tem, lavando democraticamente as mãos deste. Também ouvi a Zita Seabra defender que o melhor que uma mulher violada tem a fazer é tomar rapidamente a “pílula do dia seguinte”, como se alguém alvo de um crime desta natureza tivesse a frieza suficiente para pensar logo nisso. Neste caso, como bem sabe a Zita, o recurso ao aborto, durante as primeiras dezasseis semanas de gestação, é um método previsto na lei em vigor, mesmo quando a vítima é menor. É que não me parece que alguém ande com a dita pílula no bolso à espera de ser violada. Servem estes dois exemplos - um do “sim” e outro do “não” - para recomendar que a semana de campanha eleitoral em falta decorra com bom senso. Para tristezas, já basta o tema do referendo.

Nota: texto publicado no Diário de Notícias (sem link) onde, até à próxima quinta-feira, em princípio dia sim dia não, "emparelho" com Vasco Rato.

Comentários:
O argumento de se estar a "dar um tiro no escuro" com o sim é difícil de contrariar com factos, mas consegue-se com bom senso.

O planeamento familiar e o aconselhamento têm falhado, tal como os defensores do não têm falhado em sugerir boas alternativas ao sim no referendo para mudar uma situação que está errada, mas no seu tempo devido, não agora que a pergunta está feita e será respondida dentro de poucos dias. Muitas das alternativas que são agora dadas, já fora de tempo, são relativas também a acompanhamento e planeamento, mas então isso não é a alternativa falível?

Acusam os defensores do sim de serem muitas vezes levianos na forma como falam da (potencial) vida humana. Não acham agora que é leviano também achar que não será dada uma especial atenção a estas questões se a lei for aprovada e os abortos se tornarem uma realidade legal? Uma pessoa que faz um aborto ilegal prefere ocultar o mais possível a sua gravidez e o agravamento sócio-económico que a gravidez lhe pode trazer, pois isso poderá dar origem a um processo crime.

Já não chega a falta de integridade que querem atribuir à mulher Portuguesa, também acham que se irá deixar por fazer todo o trabalho que tem de ser feito se a lei for aprovada? Parece-me mais uma busca desesperada por arranjar argumentos para uma causa sem grandes valores no campo da racionalidade.
 
João Gonçalves:
Também ouvi a Zita Seabra defender que o melhor que uma mulher violada tem a fazer é tomar rapidamente a “pílula do dia seguinte”, como se alguém alvo de um crime desta natureza tivesse a frieza suficiente para pensar logo nisso.
A mulher não tem que ter essa frieza. Mas, naturalmente, apresentará queixa às autoridades e será assistida num hospital (quanto mais não seja para recolha de meios de prova). E, no hospital, a prescrição da pílula do dia seguinte a uma vítima de violação, se não é, devia ser procedimento habitual.
De qualquer forma, concordo com essa excepção da Lei embora considere o prazo excessivo.

Daniel:
O planeamento familiar e o aconselhamento têm falhado, tal como os defensores do não têm falhado em sugerir boas alternativas ao sim no referendo para mudar uma situação que está errada, mas no seu tempo devido, não agora que a pergunta está feita e será respondida dentro de poucos dias. Muitas das alternativas que são agora dadas, já fora de tempo, são relativas também a acompanhamento e planeamento, mas então isso não é a alternativa falível?
Curiosamente, todas as pessoas que vão votar "sim" com quem falei afirmam que o planeamento familiar e o aconselhamento são elementos essenciais e indispensáveis da despenalização do aborto a pedido. Assim, é difícil para mim perceber que se diga que se despenaliza o aborto a pedido porque o planeamento familiar e o aconselhamento falharam ao mesmo tempo que se diz que esses mesmos planeamento familiar e aconselhamento são parte essencial da despenalização.

Quanto a as alternativas serem dadas "fora de tempo", permita-me discordar. Essas alterantivas (em que se incluem o apoio a grávidas e crianças) têem sido dadas desde há muito tempo. É verdade que as organizações que defendem o "sim" não têem feito nada nesse sentido (o Governo até reduziu as verbas para essas áreas), mas as alternativas não são nada de novo, nem em proposta nem em concretização. Há muito a fazer e muito melhor mas a despenalização do aborto a pedido só vai desvalorizar essas alternativas e promover o aborto como método de planeamento familiar, ao nível da pílula e do preservativo.
Os tais 10 milhões de euros que vão ser gastos anualmente a financiar clínicas abortivas privadas podiam ajudar muitas pessoas e pagar muito planeamento familiar e educação sexual. Assim fosse essa a vontade do Governo.
 
O planeamento é alternativa que actualmente não funciona eficazmente, provavelmente porque não tem chegado às pessoas que acabam por fazer abortos, algo que vai mudar com a aprovação da nova lei. O planemaneto por si só não é solução, mas ajuda as pessoas a tomarem uma decisão mais consciente na altura de abortar. Actualmente "fecha-se os olhos e aborta-se", se calhar muitas vezes sem querer pensar no assunto.

Essa ideia de o aborto ser usado como método contraceptivo é o único argumento racional que tenho ouvido do lado do não. Mas parece-me uma situação um pouco extrema e uma uma grande falta de credibilidade nas pessoas deste país. Julgo que mais rapidamente uma mulher é aconselhada a fazer um laqueamento das trompas do que fazer um 3º aborto. Esta é para mim a grande diferença, serão sempre situações mais acompanhadas e planeadas por profissionais sem medo de serem envolvidos em processos judiciais do que com o aborto ilegal.
 
O SNS de saúde não é tão mau como às vezes se quer fazer crer, para o comprovar aí estão, por exemplo, os números da mortalidade infantil. Antes do SNS tínhamos por cá indicadores ao nível do terceiro mundo e agora, 30 anos depois, somos o 4º país do mundo com melhores resultados. Isto é também um factor muito relevante para levar as pessoas a votar SIM.

Real
 
Daniel:
O planeamento é alternativa que actualmente não funciona eficazmente, provavelmente porque não tem chegado às pessoas que acabam por fazer abortos, algo que vai mudar com a aprovação da nova lei.
Em inglês, o que escreveu seria descrito como "wishful thinking". Em bom português, não passa de uma fantasia.

Há muito a fazer em termos de educação sexual, informação, planeamento familiar, apoio social e adopção. O aborto a pedido só faz com que esse trabalho passe a ser ainda mais difícil. E os milhões de euros com que o Estado vai financiar a actividade das clínicas abortistas tem que sair de algum lado. Para já, começou a sair dos apoios à maternidade.

serão sempre situações mais acompanhadas e planeadas por profissionais sem medo de serem envolvidos em processos judiciais do que com o aborto ilegal.
"Acompanhadas e planeadas por profissionais" pagos pelas clínicas para que realizem abortos, não para os evitarem. Foi um lapso ou quis mesmo esquecer-se deste pormenor?
 
""Acompanhadas e planeadas por profissionais" pagos pelas clínicas para que realizem abortos, não para os evitarem. Foi um lapso ou quis mesmo esquecer-se deste pormenor?"

Não foi um lapso, não o referi porque não estou suficientemente informado sobre essa questão que julgo estar definida de como e onde se vão realizar os abortos. Já me deveria ter informado visto que estou a opinar sobre coisas influenciadas por esses factores. Quando o disse estava a pensar apenas nos hospitais públicos.
 
Violada ou por violar, se eu conhecer alguém que queira desesperadamente abortar - ou nas calmas... -, farei tudo ao meu alcance para a ajudar a encontrar uma parteira decente.
É que essas coisas dos SNS e hospitais civis deixam muito a desejar...
 
voces falam em liberdade, aborto livre e nao falam do q realmente he importante. e o que he importante???? he a RESPONSABILIDADE!!!!!!! DUH!!!
Entao a casalzinho de pombinhos que se acha com maturidade suficiente para ter relacoes sexuais. que conhecem TODAS as formas de nao ter filhos, e a menina engravida he porque a forca do desejo foi mais forte q a da responsabilidade. Quem he q aqui nunca foi ao ponto de dizer "q se lixe!!!" durante uma relacao sexual sem camisinha? pois he mas he aqui que entra a responsabilidade.
Esta mania de desresponsabilizar os meninos e meninas porque "coitados eles nao sabiam o que estavam a fazer", "sao tao pequeninos e agora a vida deles esta toda estragadinha". Isto faz-me lembrar daquele pai pobre que tinha dois filhos pequeninos cheios de fome. Um dia o pai cansado de ver os seus filhos famintos a chorar o dia todo foi ao supermercado e roubou uns paesinhos um 1 litro de leite e uma garafinha de vinho e uns cigarritos. Qd o homen se preparava sair do supermercado o seguranca disse-lhe: "olha la, o que he que levas aih??". "anda ca que eu vou chamar a policia!". Resumindo o pai foi preco e os filhos passaram a noite sozinhos famintos. Acho que deveriamos fazer um referendo para estes casos. proponho que so vai preso quem roubar mais de um litro de leite.
O grave problema he que o estado e a sociedade com esta nova lei vao tb se desresponsabilizar das suas funcoes. Porque?? Nos todos nao estamos a resolver o problema do aborto, so estamos a dar ferramentas a mulher para continuar a abortar mas agora com todas as condicoes. O uqe he que o estado vai fazer daqui para a frente: "ho minha menina voce estagravida nao me venha pedir apoio, agora voce ja pode abortar, faca la o que quizer e nao nos lixe!!!!"
He responsabilidade do estado e de cada um de nos criar todas as condicoes para que uma mulher possa passar de uma gravidez nao desejada para uma desejada. Isto he: " minha menina voce esta gravida, e nao tem condicoes para ter a crianca. NAO ABORTE o estado e a sociedade dao-lhe condicoes para ajudar aqui e ali para si e para a sua crianca" (isto he que he um pais civilizado, mas claro isto da trabalho). O que o sim quer he: " olha menina estas gravida, e nao tens condicoes aborta ate as 10 semanas e deixa-nos ir para a praia".
O que eu quero he que a mulher NAO aborte. o que eu quero he que os socrates, os cavacos, os soares, os portas, as edites estrelas, o ze manel das cebolas, o to silva, a vanessa maria , os figos deem condicoes, ajudem e Paguem!!! a mulher gravida para TER a crianca!!!!!!!
Para terminar: Sabem como se resolve o problema do do estacionamento? he simples!!! Tiramos o sinal de proibido e pomos o sinal de Parque. E assim resovemos o problema os carros continuam no passeio mas ja nao estam mal estacionados
 





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