Em defesa do filho da mãe

Com o desgaste à porta, tenho-me perguntado várias vezes por que razão andarei eu a perder tempo - que me é tão caro e raro - e energia - que me vai faltando - com isto do aborto. Egoisticamente falando, a questão não me atinge minimamente. Eu não abortei os meus filhos já nascidos nem irei nunca abortar os filhos que ainda me vierem. Que me interessa a mim que os outros considerem a coisa mais natural do mundo abortar os seus próprios filhos? Que vejam isso como uma coisa perfeitamente legítima? Um direito?

Os socialistas consideram o aborto livre até às dez semanas um sinal de modernidade e civilização? Força!, para a frente é que é caminho. Os bloquistas consideram que é um direito da mulher decidir pôr termo à vida intra-uterina que a natureza lhe confia? Siga a marinha! Os comunistas ainda andam agarrados à ideia do aborto como uma conquista de classe? Andor com essa porcaria! Os pais não querem saber das suas responsabilidades perante as vidas por si geradas, atiram para cima das mulheres toda a responsabilidade de decisão sobre a vida dos seus filhos, assobiando para o lado? Problema deles. As mães pretendem ser juízes em causa própria dirimindo elas próprias a sua relação com o filho não nascido? Que se lixe! A sociedade acha tudo isto normal e natural? Paciência para ela! - Que me interessa a mim se isso não me afecta? Mais valia gastar o tempo com os meus filhos a estar aqui a escrever, ou em debates, ou em campanhas.

Acontece que quando chego perto deles e os vejo felizes, sossegados e protegidos, lembro-me de que nem os socialistas, nem os bloquistas, nem os comunistas, nem certos pais e mães, nem sequer a sociedade pretendem proteger a vida dos outros filhos não nascidos. Essas vidas correm assim o sério risco de virem a ficar completamente desprotegidas durante as suas primeiras dez semanas (dois meses e meio!...), totalmente entregues às suas mães que, por desgraça ou irresponsabilidade, não interessa, ficariam livres de decidir pôr fim a elas, reflectidamente ou por impulso. E nessa altura volto para aqui, para o teclado, ou para os debates e campanhas socorrer quem ainda se não pode defender. Ironicamente, abandono os meus para vir defender os filhos dos outros das suas próprias mães.

Comentários:
Excelente texto Vasco! Revejo-me nele.
 
O VLX sabe bem que nesta questão os partidos contam pouco. A tentativa de colar o "sim" à esquerda fica-lhe mal. O Adolfo Mesquita Nunes que ainda anteontem defendeu o sim no prós e contras é TUDO MENOS SOCIALISTA.
 
que grande lata!!! nada dessa conversa te faz melhor pai ou dos tenebrosos esquerdistas piores.
hipócrita!
e que partidarização inaceitável!
lembras-te do menino do cds que estava no debate do prós e contras? ou não viste?

a humanidade vai avançar mais uma vez apesar destes estigmatizados beatos, velhos do restelo. como já o fez em relação á inquisição, ao absolutismo, á concordata, ao divórcio, às excepções á lei do aborto e futuramente á eutanásia.

que triste sina a nossa...
 
É isso mesmo!
Sem tirar nem pôr...
 
Brilhante, Vasco.
 
"a humanidade vai avançar mais uma vez apesar destes estigmatizados beatos, velhos do restelo. como já o fez em relação á inquisição, ao absolutismo, á concordata, ao divórcio, às excepções á lei do aborto e futuramente á eutanásia."

VEJAM TODOS! ENTREM E VEJAM A VERDADEIRA FACE DO "SIM"!

Segundo eles, introduzir a morte a pedido (seja pelo aborto, seja pela eutanásia) é um avanço para a humanidade!

São os nossos salvadores!

Depois de conseguirem legislar o aborto a pedido, já estão a prometer legalizar a eutanásia!

Obrigado, ó salvadores!
 
"a humanidade vai avançar mais uma vez apesar destes estigmatizados beatos, velhos do restelo. como já o fez em relação á inquisição, ao absolutismo, á concordata, ao divórcio, às excepções á lei do aborto e futuramente á eutanásia.".

Portanto a seguir é a eutanásia. E depois suponho que esse suposto "progresso" não vai parar e vamos continuar legalizando a pedofilia (na Austria já começam a propô-lo), o tráfico de droga, porque não mesmo o homicidio e tantas outras coisas que esta sociedade retrógada e moralista ainda proibe.
 
Tenho uma ideia!

Porque é que não somos mesmo avançados e modernos e liberalizamos tudo?!
Isso é que era uma evolução para a humanidade, pá!

Vamos legalizar o aborto, a eutanásia, a prostituição, o consumo de drogas, o abuso sexual e os homicidios!

É uma boa maneira de acabar com o crime! Assim já não vamos ter de sentar os pobres homens e mulheres no banco dos réus e humilhá-los!

Isso é que era!
 
Pedro Geada fica-lhe mal estando a discutir o aborto, mencionar a temática da pedofilia. É confusão. Eu sei que dá jeito, mas concordará que aborto e pedofilia são coisas bem distintas. Distintas.
 
filipe castro:

Ah.. mas então não fica mal, estando a discutir o aborto, mencionar a temática da eutanásia?

estou confuso!
 
Fica, fica. Mas o erro alheio não justifica o próprio. Ou justifica?
 
filipe castro:

não.. mas como só se dirigiu ao Pedro Geada, suponho que concorda com o que o "alheio" disse ;)
 
pedro geada e joão,

em relação à pedofilia, que só os seres mononeurónicos, como v. exas. podem comparar á eutanásia, a igreja é a ÚLTIMA instituição a poder dizer alguma coisa.
a confirmar estão os casos conhecidos e o famoso documento do actual papa a instruir os senhores bispos no sentido da ocultação dos casos de pedofilia nas suas paróquias.

que nunca a dor insuportável da doença terminal vos atinja.
 
carlos abranches:

Vamos lá ver uma coisa... quem é que introduziu a igreja nesta discussão?
Acusa os apoiantes do "NÃO" de partidarizarem os do "SIM", no entanto está a associar-nos à igreja.

Acontece que eu, por acaso, até sou agnóstico. A religião não me diz nada. No entanto, sou pelo "NÃO".
 
Supõe mal. Mas lançar confusão é uma estratégia de campanha. Este post do VLX é também um bom exemplo. "Colam-se" os sins aos socialistas pra ver se se apanha alguém na rede. Como classificar esta frase: " Os comunistas ainda andam agarrados à ideia do aborto como uma conquista de classe? Andor com essa porcaria! "???
 
"...entregues às suas mães que..".
E depois de nascer ficam entregues a quem?
 
filipe castro:

"sarcasmo"
 
Eu acho isto engraçado.

Os do "SIM" acusam-nos de acharmos que as mulheres são "mentecaptas" por não poderem ter o "direito" de "decidir sobre o seu corpo", no entanto acham que todas a mulheres que levam a termo uma gravidez indesejada vão maltratar os seus filhos e abandoná-los no lixo...

Sim senhor... Bela defesa das mulheres
 
Anónimo 6:02:

Olhe que é mais ao contrário. Os apoiantes do não, se não confiam na capacidade de decisão da mulher grávida, como é que confiam depois do nascimento.
 
olhe joão,
não é só igreja que eu falo. em todos os aspectos referidos no meu primeiro comentário, a igreja nunca fez nada sozinha, nem podia.

se é agnóstico, crente ou naturalista a mim pouco me importa. a igreja ao longo dos tempos foi vendo a sua agenda moralista e ortodoxa sendo combatida pelas visões humanistas e pragmáticas. se ha pontos concordantes, ha outros temas que são fracturantes e cada um escolhe o lado onde quer estar.

seja feliz.
 
Pelos vistos os Nascituros Não Concebidos também passam procurações a defensores oficiosos!
 
Que engraçado ver como o Não se esquiva constantemente à questão com figuras de estilo, com propaganda enganosa, com desabafos taciturnos e tão doentiamente pouco interessantes. Vocês irão continuar a afastar-se da questão, sabem porquê? Porque não conseguem encontrar argumentos capazes de rebater algo que é óbvio. Existe um grande problema no nosso país: o aborto clandestino (já ouvisteis falar, caros apoiantes do Não). Agora uma perguntinha simples que todos sabem responder: Porque é que há aborto clandestino? ...exactamente...porque a lei manda para a PRISÃO as mulheres que sentem que nunca conseguirão dar aos seus filhos uma vida plena em oportunidades, em amor, em segurança e tantos outros direitos que uma criança deve ter durante a sua vida toda!
é só isso que se vai votar, mas o Não tende a contornar a questão desviando-se para a defesa dos oprimidos, dos indefesos fetos de 10 semanas. O que se vai votar é a dignidade de pessoas como nós, para que não se esvaim em sangue em vãos de escada, para que não tenham que quase morrer porque cometeram um erro. Votar Sim é votar a dignidade e a segurança de centenas de mulheres, não é por isso que se abortará por qualquer razão "ou porque os bilhetes de cinema estão esgotados". eu sou mulher e respeito a vida por isso voto Sim, porque não quero que outras mulheres vivam dramas que lhes trarão danos físicos e psicológicos inimagináveis!
 
Janelinhas... esse discurso é muito lamentável.
Pode enganar-se o quando conseguir, mas isso não é respeito à vida. É, se quiser, um respeito selectivo à vida específica e particular das mulheres. A vida é um bocadinho mais!

Que preocupados que os adeptos do sim estão com as criancinhas. Aliás, eles adoram as criancinhas e têm imensa peninha das coitadinhas das criancinhas que pobrezinhas nascem em condições que os mesmos, ainda mais preocupados, consideram sem possibilidade de gerar oportunidades.

A vida é para cada um de nós o bem mais precioso, quanto mais não seja porque sem vida não teríamos nada! E é sobre a vida que se constroem oportunidades!

NÃO!

PS - Porque é que os adeptos so sim só relacionam os danos físicos e morais à clandestinidade do aborto? O facto da palavra aborto lá estar é uma redundância... mas nós é que somos hipócritas!
 
Sabem o que eu acho?

Não, mas se quiserem saber, continuem a ler daqui para baixo. Se não quiserem, azar.

Pondo de parte o facto de ser defensora do "não", de me ter fartado de ler a vossa luta de comentários idiota, e de ter apenas 16 anos e "não contar nada para a sociedade, só daqui a 2 anos" (como muita gente diz...).. pondo de parte isso tudo, o maior erro disto tudo, quer seja da parte dos defensores do "sim" quer seja da parte dos defensores do "não", é estarem a tornar uma questão de VIDA ou MORTE (aqui podemos mesmo aplicar a expressão "de vida ou de morte") numa questão.. MERAMENTE POLITICA!!!

Meus amigos, isto ultrapassa a Politica!...

Acordem! Votem de acordo com a vossa consciencia (agora não estou a defender nenhuma das posições), mas não reduzam isto a meras politiquices!
 
ora vamos lá dar mais um motivo de indignação aos partidários do NÃO:

1)os seres humanos copulam, e raras vezes o fazem com o intuito de procriar.

2)o acto sexual finda, regra geral, com o orgasmo masculino, em que o esperma é ejaculado para a vagina da mulher.

3)alheios à vontade do homem ou da mulher, os espermatozóides iniciam uma viagem em direcção às trompas.

4)se porventura tiver ocorrido ovulação e os espermatozóides se cruzarem com o óvulo libertado poderá dar-se a fecundação, com formação de uma célula-ovo, o zigoto.

5)se esse zigoto, entretanto já um embrião com 64 células (blástula), for bem sucedido na nidação (instalação no útero), irá prosseguir o seu desenvolvimento, até se tornar biologicamente independente da progenitora.

ora, posto isto, que certamente ninguém refutará como falso, podemos afirmar que todo este processo consiste essencialmente na formação de um ovo a partir do qual se forma um ser que se serve do organismo do hospedeiro para se alimentar e desenvolver. se não se tratasse de um ser humano, chamar-lhe-íamos - o horror! - parasitismo..

pois bem, a vida funciona assim, não o podemos alterar - basta haver a mais ténue possibilidade de despontar e fá-lo. será então legítimo forçar uma mulher que não queira ser 'hospedeira' daquele ser a sê-lo de qualquer forma? não fará sentido aceitar que se uma 'mãe' não deseja gerar aquele 'filho' deve poder não o fazer? como arbitrar um conflito de interesses entre ambos quando o feto necessita do consentimento da mãe para permanecer vivo?

enfim, massacrem-me..mas com argumentos válidos, já agora.
 
Ó gui, vamos lá ver se percebi. Concordamos ambos que está ali um ser humano. Se a mulher não quer ser hospedeira, tem à sua disposição mil e uma maneiras de isso não acontecer. Ora, se a mulher não se protege, que culpa tem o outro ser humano que está hospedado? Por que terá de ser ele sacrificado? Convidam-me para o hotel, alojam-me lá, e por qualquer motivo, a meio da noite, entram no meu quarto e matam-me?

Quer dizer, a mulher erra (e o homem, são precisos dois) e quem paga as favas é o outro ser humano?!? E nós aqui todos contentes pois nem precisamos de olhar para o outro lado, nós nem o vemos!

O que está a defender é o aborto como método "anti-pós-concepção". A destruição de seres humanos não pode ser objecto desta liberdade. Ó, enganei-me, já não quero, mudei de ideias. Isto não está bem em parte alguma do globo.
 
caro vlx,

logicamente, não é desejável que o aborto seja usado como método anti-concepcional (por assim dizer), mas isso combater-se-á com educação e sensibilização. a moral vigente é a moral vigente, e aos olhos dela o aborto é, inegavelmente, um mal. porém, o aborto é, também, uma realidade, e uma realidade muito complexa. não me canso de frisar que não há outra situação semelhante na esfera da vida humana, pelo que as analogias que ocasionalmente se tenta (e que envolvem o atropelamento de peões e coisas que tais) pecam por inadequação. o que procurei com a provocação (chamemos-lhe assim) acima foi lembrar que a concepção é fruto desta predisposição (quase programação biológica) da vida para gerar vida, independentemente das circunstâncias e vontades alheias. à semelhança da erva que rebenta entre as pedras da calçada, também os milhões de espermatozóides que cada ejaculação deposita na vagina da mulher têm como objectivo único fecundar um óvulo e gerar mais vida - dê por onde der! esta problemática não existiria se a fecundação fosse um acto consciente e voluntário - como no caso da fertilização in vitro, por exemplo -, mas não é. é, isso sim, uma interacção celular que tem lugar nas entranhas da mulher, apenas porque sim, porque os organismos vivos são implacáveis quando se trata de se reproduzirem. em suma, é eticamente reprovável optar por terminar uma gravidez? sim, penso que sim. mas temos o direito de o impedir, obstaculizar ou punir, quando a fecundação não é um acto, mas antes um fenómeno biológico? não me parece..agora, que deve haver um esforço concertado no sentido de contrariar as causas quer da gravidez indesejada, quer do aborto, isso sem dúvida!
 
ó janelinhas,o aborto clandestino é um problema. mas mais que por impicar problemas de saúde para a mae,é um problema por implicar a morte da criança.o aborto clandestino está a ser mal resolvido da maneira errada mas nao por ser penalizado.o aborto está a ser mal resolvido por haver uma falta de educaçao e informaçao para as mulheres com vista à oferta de alternativas.É tão simples quanto isso.ninguem está a fugir à questão.
 
Caro "miguel":

Realmente preocupo-me e gosto bastante de "criançinhas", quanto a si, não sei e muito sinceramente nao me interessa. Não tenho pena de ninguém porque esse é o sentimento que mais deve humilhar o objecto dessa "pena".
o que eu compreendo, e que talvez o senhor nao compreenda, é que alguém que à partida não é amado nunca será feliz. mas nem sequer é isto que neste referendo está a ser debatido. O que está aqui a ser debatido são danos à mulher feitos pelo aborto clandestino, se as mulheres não lhe interessam e para o senhor estas são as devassas que abortarão por tudo e até por nada, também não "aquece nem arrefece". eu sei que não sou eu que estou enganada. toda a gente sabe que é sobre a vida e com a vida que se constroem oportunidades, mas uma criança abandonada nunca nessa mesma vida saberá o que é uma oportunidade.
 
Caro "anónimo":

é verdade que as pessoas estão mal informadas e muitas são influenciadas por tradições, de instituições que as informam mal ou proibem os metodos anticontraceptivos. mas a solução não é a prisão para quem é mal informado! que sociedade é esta em que quem nasce com menos acesso à informação seja descriminada e penalizada desta forma?
 
Estou curiosa em saber a posição dos "defensores do não" sobre o dispositivo intra-uterino, que actua, na descrição do gui, bem lá para o ponto 5 (impede a nidação). Isto de conformar dogmas à vida dos simples não é tarefa fácil, compreendo...

PS. Por favor não rebatam dizendo que estou a defender a IVG como método contraceptivo. Não estou. Este é outro assunto, relacionado e pertinente.
 
janelinhas:então acha que se um racista, criado e educado por uma familia racista e que acredita que as pessoas de raça negra nao merecem viver, matar um africano nao deve ser preso porque teve menos acesso à informação?
 
rita:não posso falar pelos outros "defesores do nao" mas pessoalmente sou contra qualquer dispositivo ou procedimento cuja finalidade seja interromper o "processo"(peço desulpa pelo termo mas nao me ocorre de momento mais nenhum)depois da fecundacão.
 
Caro VLX,

Escreveu um dos posts com os quais mais me revejo no preciso momento.

Arrisco-me a, no mínimo, ser conotado como "intolerante", mas, francamente, tenho lido e ouvido coisas tão estúpidas («a "coisa" humana», «a "coisa" de 3cm que domina a vida da mãe», agora esta que tem o desplante de comparar um filho a um parasita). Não é fácil...

Falam do surgimento de bébés nas suas barrigas como se de cogumelos numa mata se tratasse...

Nós repetimos: Nós somos a favor da despenalização, mas esta forma vai permitir o aborto livre até às 10 semanas; passamos a traduzir: a mulher pode abortar porque não gosta do sexo do bébé. E vem algum abstrôncio dizer: "acha que uma mulher aborta de forma assim tão negligente?"; e aí responde-se: "mas vai ou não vai poder, e acontecer, com a lei que querem aprovar?". Mas não. Não percebem...

Nós repetimos: Também nós somos contra o aborto clandestino e, como prova, há dezenas de instituições de apoio à mulher grávida e que acolhem recém-nascidos. A malta do "sim" tem 0 (nulo; nada). Mas alguns, quando é para matar animais, estão todos reunidos discutindo violentamente contra.
A primeira vez que o Estado se propõe intervir, é para matar os pobres "impecilhos" destas mães. Mas eles não vêm. Não percebem...

Nós repetimos: Não é sinónimo de modernidade quando um país permite que os seus filhos sejam mortos sem justificação éticamente válida. Simplesmente, não tem futuro seguindo esse caminho. Os outros países da Europa estão a arrepiar caminho. Mas eles não vêm. Não percebem...

Nós repetimos: É um ser-humano que habita naquele ventre. Uma vida humana. Tirar vida humana é matar, e matar é crime. Mas eles não aceitam. É uma "coisa". Pronto... Eu fui uma "coisa", tu foste uma "coisa", nós fomos uma "coisa". Mas eles não vêm. Não percebem...

Enfim. Para eles, é idílico que uma mãe possa matar os seus próprios filhos, num hospital público, dentro do prazo de validade (10 semanas).

Sugeria que lhes fossem apontados os nomes para que, ao descontar no ordenado, tirassem só do deles para meter nos impostos que sustentam os abortos em hospitais públicos; para que quando as reformas forem a ser distribuídas, tire-se só da deles; quando padecermos de uma doença que precisemos de ser operados com urgência, passemos à frente deles, e os médicos desocupem-se das centenas de miúdas que querem abortar, para tratar de nós.

Por defendermos aguerridamente os bons princípios morais e éticos, a vida saudável, a vida que gera vida, ainda somos acusados de "hipócritas", "demagogos", "desorientados", "retrógadas", etc.

Acho que vamos todos percebendo aqueles homens que andaram neste mundo a propor modos de vida extraordinários, e acabaram vexados e mortos. Lendo as suas vidas, sabemos que também eles um dia andaram deprimidos com tanta energumidade e cegueira à sua volta.

Mas deixá-los...

A equipa do "não", de todas as plataformas, credos (e falta deles!), e visões políticas, tem sido absolutamente fantástica e o espírito de grupo extraordinário. Falando por mim, tenho conhecido pessoas impecáveis. Não tem sido nada em vão!

Bom, mas já só falta mais um pouco. As notícias até são boas: cada vez mais pessoas votam no "não"! Falta saber se por mérito da campanha do "não", se por demérito da campanha do "sim". Confio mais num mix entre as duas hipóteses.


Eu sei, porque leio, porque discuto, e porque debato: esta proposta de lei arruina o nosso país e, por isso, voto "NÃO".


Melhores Cumprimentos,
David Sanguinetti
 
Democratas avançados do SIM,

Continuo à procura e nada. O tal blog do SIM, para onde possamos levar esta discussão, como todas as N outras que aconteceram aqui, afinal existe ou não?! Só encontro monólogos, censura e montras de propaganda facciosa do lado do SIM. Deve ser para libertar o tempo e atenção dos agitadores para se infiltrarem no campo dos "estigmatizados beatos, velhos do restelo" com insultos e todo o ódio cego e surdo que trazem, pela vida, às vezes pela própria insultando a própria mãe que escolheu não os abortar, por tudo e todos que não tenham a mesma cartilha.

Quem aqui já mudou do NÃO para o SIM impressionado por estes ataques gratuítos que se identifique--não vale espertalhões do SIM fazendo-se passar por quem não eram.

Essa tática do SIM tem resultao bastante bem... para o NÃO, que tem ganho intensões de voto. Vocês nunca entendem nada, pois não?! Quem (acha que) sabe tudo, nunca aprende nada.
 
caro david,

referiu o 'desplante' (o meu, portanto) de comparar um 'filho' a um parasita. eu expus a minha argumentação, as razões de tal comparação, e penso que deveria, antes de tecer quaisquer considerações a meu respeito, procurar rebatê-las. mas há que esclarecer algo: um filho desejado, ou, pelo menos, aceite, não é, naturalmente, um parasita, é um projecto e um objecto de investimento afectivo. um filho indesejado, por outro lado, assemelha-se a um parasita, sim - é um ser que tem uma origem fortuita e que se desenvolve à custa do corpo e, até certo ponto, da saúde da mulher. não nego que esta comparação é chocante, revoltante, mesmo! mas serve de provocação, para obrigar as pessoas a reflectir nisto: o feto é indissociável da mãe, depende dela para sobreviver. não pode ser removido do seu ventre, e sobre este também não há jurisdição possível. que sentido faz tentar proteger um feto da sua 'hospedeira'? e de que modo isso pode ser feito, já agora?
 
e para que não restem dúvidas, também eu já 'parasitei' uma mulher. todos nós, de resto. e muitos outros que foram abortados. e mais ainda que abortaram espontaneamente. a vida é assim mesmo..há que aceitar o papel do zigoto, do embrião e do feto, e, acima de tudo, a sua dependência em relação à mãe, e à vontade desta. a partir do momento em que sejam viáveis fora do útero materno, tudo muda! não na sua essência, entenda-se, mas na sua condição - ganham pleno direito à vida! até aí, dependem do beneplácito da mãe para permanecer no seu ventre.
 
..."Colam-se" os sins aos socialistas pra ver se se apanha alguém na rede."
Será impressão minha mas vi, na TV, o "pinóquio" a fazer campanha, com mais alguns dos mais de 40 do Ali Babá e a enviar ameaças estúpidas e disparatadas. Bem ao seu estilo. Estou em crer que esses cromos de desenhos animados são do ps.
 
Sim, isso está tudo certo.

Mas como é que se resolve o problema do aborto? Isso ninguém diz.

O problema do aborto não se resolve não abortando. É que o problema do Aborto não tem solução.
 
Caro Adalberto,
Todos os dias nas auto-estradas se verificam acidentes e excesso de velocidade. Para resolver esses problemas tem-se tentado melhorar o piso, pintar as faixas; alargam-se as saídas para se evitarem as bichas, colocam-se avisos electrónicos e sinalética melhorada e actualizada. Nas bermas erguem-se cartazes, muitas vezes socorrendo-se de imagens de crianças, alertando para os perigos do excesso de velocidade. Aumenta-se o número de áreas de serviço para possibilitar o descanso. De tempos a tempos alerta-se para os limites de velocidade. Automóveis devidamente identificados das autoridades a circular com regularidade fazem mais pelo combate ao excesso de velocidade do que penalizadores carros de caça à multa disfarçados ou radares camuflados nas bermas. E existem dos dois tipos nas nossas auto-estradas. E mesmo assim os acidentes e os excessos de velocidade continuam. É um flagelo, uma tristeza, um horror. Tem-se gasto imenso dinheiro nisto mas dado que o problema não se resolve, a sua solução é liberalizar o modo de condução na auto-estrada? A minha NÃO.
 
O DIU é um método contraceptivo considerado muito seguro (1 gravidez em 100) que se classifica em 3º lugar na lista dos mais utilizados pelas mulheres portuguesas. Em que ficamos então? Apertam-se as alternativas no planeamento familiar? Parece-me que ao "não", o que sobra em moralidade, falta em soluções...
 
Caro gui, desculpe discordar mas não se trata da moral vigente (aliás, vem de há muito e espero que continue). O aborto é um mal, ponto final, e nisso estamos ambos de acordo. Mas mesmo que o mal seja a realidade, ainda que complexa, o facto de essa realidade existir não torna o mal uma coisa legítima, seja em que ordenamento for. E é isso que a resposta positiva ao referendo possibilita.
A fecundação será um acto biológico, os espermatozóides lá terão o seu objectivo e a sua função natural, muito bonita, não está isso em causa. O que está em causa é a irresponsabilidade do acto sexual de dois seres humanos: se não têm por objectivo a concepção, hoje, 40 anos passados sobre o aparecimento da pílula e do preservativo generalizados, têm muitas maneiras de não conceberem. E se não houver concepção não há aborto nem destruição de vida humana. Quanto a isto, não contraponha argumentos religiosos: eu estou completamente convencido de que a Igreja Católica (refiro-a apenas por ser a mais referenciada nesta questão e neste país), sem abdicar dos seus princípios fundamentais, preferiria a utilização de um milhão de preservativos à possibilidade de se verificar um único aborto! Em termos de gravidade, imagino que não tenha comparação possível o uso de um preservativo à destruição de um ser humano, ainda que intra-uterino!
Concordo inteiramente consigo em outra coisa: é eticamente reprovável terminar uma gravidez. E se assim é, não pode ser livre nem sequer concebido como um direito o facto e a decisão livre de abortar. Por isso, à pergunta que capciosamente foi colocada aos portugueses neste referendo não se pode responder de outra forma que não seja um enorme NÃO.

post scriptum: há uma outra questão que já tentei fazer ver em vários posts e debates: eu acho inconcebível, da parte das mulheres, que aceitem livremente que os homens, conhecidos egoístas, lhes atirem por completo a decisão de abortar ou não, que lhes carreguem mais esse fardo inacreditável. Por outra via, considero igualmente inconcebível que os homens, ainda que reconhecidamente egoístas, aceitem declinar deste modo a responsabilidade que deveriam ter no acto sexual e na reprodução dos seus próprios filhos, abdicando completamente da decisão quanto à sobrevivência destes seus filhos! Dir-se-á que a mãe pode, hoje, abortar de diversas formas sem que o pai saiba. Está bem, mas o que se pretende com a resposta positiva a este referendo é que seja legítimo ela abortar o nosso filho sem que tenhamos uma palavra a dizer! A estas possibilidades, os homens e as mulheres só podem dizer NÃO.
 
caros autores das pancadinhas nas costas, obrigado. Numa fase inacreditável deste debate em que até se pretende denunciar empresas que apoiem as crianças, os bebés, os centros de acolhimento, e anunciar o "direito ao aborto" como um "direito da criança a ser desejada" e a "protecção dos seus interesses", com a comunicação social no estado em que está e o governo em peso na defesa desta coisa, qualquer felicitação é uma alegria.
 
Caro VLX, desculpe, isso vai aí uma grande confusão. Não percebo (de facto: "eles não percebem"): mas, desde quando é que dar a opção à mulher implica que o homem "não tenha uma palavra a dizer". Ou, posto de outro modo, precisará um companheiro/marido/namorado do Código Penal, e da ameaça de prisão, para tratar destes assuntos com a respectiva?
 
vlx,
de que forma um homem (tu, por exemplo)pode obrigar uma mulher a ter um filho de ambos, que ela não deseja?

a) fecha-a em casa e amarra-lhe as mãos

b) obriga-a a andar na rua com um placard dando conta da sua situação

c) obriga-a a gravar um clip no youtube, onde mostra o teste de gravidez

d) ameaça-a que a entrega ás autoridades, onde julgada pode (e pode realmente) apanhar três anos de cadeia

que farias? se ela te achasse o homem mais desprezível, chato, sebento, mentiroso e manipulador (não, não eras violador, eras apenas um escroque infiel)?

estou curiosa.
 
Rita, não vai confusão nenhuma, a Rita é que certamente não me leu bem. Primeiro, dar unicamente a opção à mulher implica necessariamente que o homem não tenha nada a dizer. Isso é evidente e se não percebe eu não posso fazer nada quanto a isso. Mas julgo que percebe.
Em segundo lugar, o homem não precisa da ameaça da prisão para tratar desses assuntos; o que eu disse é que a mulher passaria a poder tratar desses assuntos sem sequer ter de consultar o companheiro/marido/namorado. Legitimamente. Passaria a ser seu direito (sendo certo que secreta e ilegitimamente já o poderia fazer hoje, conforme referi). Ora eu acho que isto é ofensivo para os homens, por um lado, porque os põe de fora de um processo onde foram intervenientes e deviam ser interessados (mas admito que grande maioria de nós não se interesse muito por isso), e acho que é ofensivo para as mulheres, por outro lado, porque as carrega uma vez mais com todas as questões, problemas e decisões. Não percebi (não percebemos :-)) se considera a minha opinião demasiado machista ou demasiado feminista mas estou sinceramente convencido disto que escrevi.
 
Madalena, atentos os dados da equação que me propõe: eu não sou um violador (obrigado), ainda que desprezível, chato, sebento e manipulador. Como a obrigaria a ter um filho de ambos que ela não desejaria? Sei lá? Eu não obrigo ninguém. Apenas não me parece legítimo que ela destruísse o meu filho. E o dela. Devolvo a pergunta, com pequenas variações: imagine que sem violar o seu amigo, namorado, marido, ainda que fosse chata, sebenta e manipuladora, ficasse grávida e ele tivesse o direito potestativo e inquestionável de a obrigar a abortar, parecia-lhe bem?
 
Exacto, vlx, tocou o ponto! Ninguém, com o "sim" no referendo, pode obrigar uma mulher a abortar. É isso que o "opção da mulher" lá está a fazer. E não para ser usado em equações de macabros conflictos conjugais, onde o homem obriga a mulher a levar uma gravidez indesejada até ao fim, para gáudio da sua moralidade pessoal (não tenho, com franqueza, imaginação para tanto)
 
Rita,

Será que tocou? De entre as principais causas de aborto a pedido nos EUA consta:

-Pressionada a abortar pelo companheiro, parente ou outros.

Parece-me que esse argumento anda a acertar no ponto H e não no ponto G.
 
Estive uma noite destas num barzeco e aproveitei para perguntar a umas raparigas, sérias "profissionais", o que pensam àcerca desta discussão.
Algumas lêem os blogues...
A resposta generalizada é que «tudo isto é uma "conversa de putas" entre gajos de muito palavreado que não fazem aborto mas que querem que as suas mulheres - as da família e amigas - o possam fazer».
Quanto a elas, estão longe de defender a prática e por três razões:
Primeiro porque gostam do corpinho e não o querem estragar porque é com ele que ganham o dinheirinho - pelo que tomam todas as precauções;
Depois, porque pensam que algum dia ainda poderão querer ter um filho e pensam na saúde, dela e do filho;
Por fim, porque pensam que o que for gerado no seu ventre é gente de carne e osso que não se pode matar.
Curioso não é?
Estas mulheres, ao contrário do que muitos julgam, são instruídas (têm formaturas...) e fazem aquela vida, umas por necessidade outras por gosto - e porque ganham bem. Por isso, não discutem a vida que existe num feto. Quando forem mães - se o forem - põe os filhos acima da carreira profissional para a qual têm mais qualificações que muita gente que perora por aqui.
Pode parecer que a amostra é muito limitada. Porém, não é assim tanto. Como sabemos, a prostituição está muito generalizada e não a podemos restringir ao universo das profissionais"...
O problema, que é evidente, é que a prostituição ultrapassa muito largamente as mulheres que referi. Ou seja, induzindo - do particular para o geral -, é fácil encontrar prostituição por toda a parte.
 
Se calhar, as pessoas não são muito estúpidas. Não sabem é escrever...
Provavelmente, também não sabem ler.
E depois? Depois é uma chatice porque não entendem nada. Por isso, talvez não sejam muito estúpidas mas só estupidas. O quanto baste.
A consequência é uma tremenda ignorância - que é muito atrevida! - e ajuizam o que julgam que sabem, mas, de facto, não sabem. Não entendem o que é o ser humano e como ele é gerado desde o início. Até é possível que não entendam o que pode acontecer quando têm relações sexuais.
Ah, e há o sexo livre... Seja o que Deus quiser! As mulheres (e os homens também...) tornam-se desleixadas e não tomam as (mínimas) precauções - e hoje há milhentas.
Esta é capaz de ser uma explicação plausível para a posição que tomam os que vão votar "sim" no referendo. Temos que os perdoar porque não sabem o que fazem.
 
O que me assusta é pensar que Sophia tinha razão... sim, temos de os perdoar, mas porque eles sabem o que fazem!
 
pois vlx, não sabe...

e quanto ao direito potestativo de OBRIGAR a abortar, ele NÃO tem.

estou esclarecida. nada como puxr as coisas para o mais simples e cru dos mundos.
passe lá mais tempo com os seus filhos...
 
"Será impressão minha mas vi, na TV, o "pinóquio" a fazer campanha, com mais alguns dos mais de 40 do Ali Babá e a enviar ameaças estúpidas e disparatadas. Bem ao seu estilo. Estou em crer que esses cromos de desenhos animados são do ps."

É, a impressão é tua. No mesmo palco estava por exemplo Helena Matos. Muito conhecida por ser socialista, não é?

Volto a dizer: eu sei que dá jeito colar o sim aos socialistas, mas não é verdade.

Votarei sim, e não sou socialista, comunista, bloquista ou outros quejandos. Como eu milhares. O VLX pretende(eu) lançar confusão. É campanha sem argumentos, o que num blogue onde se assitem a discussões com posts interessantes deixa muito a desejar. Muito.
 
Exmo Sr. VLX

Assegura-nos Vexa que é pai estremoso e consciente dos deveres que decorrem de tal situação.
Tenho visto muitos assim.
Esclareça-me pois se lhe aprouver: quantas vezes por ano se desloca à escola dos seus filhos para se inteirar junto do director de turma sobre a sua situação escolar? Em alternativa: quantas horas passa por dia junto dos seus filhos estando eles acordados? Não tantas como queria? Não tantas como as que seriam necessárias? Mas tem concerteza mil desculpas. Por exemplo: anda a angariar o sustento deles fora de casa. Mas então o que o torna melhor pai de facto?
 
Madalena, não me percebeu. Eu não disse que ele tinha esse direito potestativo, eu pedi-lhe para imaginar que ele teria esse direito, tal como ele se pretende atribuir às mulheres, ou seja, ficar só uma das partes com direito a decidir sozinha a vida que ambos criaram.
 
Caro VLX,

Adiro-lhe muito a sua capacidade argumentativa, nomeadamente o que ontem lhe ouvi no QC, mesmo sendo eu de opinião contrária, mas gostava só de lhe por uma questão prática:

De que forma é que um tribunal pode perscrutar a decisão da mulher que aborta e concluir pela sua cupabilização?
Só vejo uma forma, através da sua confissão e mesmo esta, por si só, de extrema fragilidade.
 
Ó anónimo dos bares,
Sabe que um outro anónimo, aqui há dias, colocou num outro texto um comentário exactamente igual ao que agora aqui deixa? Se calhar são amigos...

post scriptum: olhe, se numa dessas deambulações der com um tipo com ar de grunho, mal-encarado, no fim da noite à procura do refugo mais cambaleante, diga-lhe que eu ainda não perdi as esperanças de o escavacar exactamente na medida em que ele merece.
 
Caro Filipe,

Não me espanta a conotação das forças políticas de esquerda ao "sim", e as força políticas de direita ao "não".
Não me espanta que as autoridades religiosas defendam o "não", e a associações mais libertinas de ateus defendam o "sim".
Não me espanta que as associações de homosexuais defenda o "sim", e as famílias saudáveis (pai, mãe, filhos) defendam o "não".

Mas para tudo há excepção.

Passo a explicar: existem ideais. Modos de vida, que são propostos a multidões. O belo da condição humana está na liberdade para a aceitação individual de cada modo de viver.

Naturalmente, existe uma reacção pré-concebida e esperada de um grupo populacional que optou por seguir um determinado modo de vida; uns determinados ideais; pré-concepções da vida humana e regras morais de nos relacionarmos socialmente.

É também natural que, ao existir uma proposta de alteração das leis que regem uma sociedade, os primeiros a sofrer são aqueles que defendem o oposto, que está intrinsecamente ligado ao seu ideal.

Por exemplo: os primeiros a serem atacados com toda esta celeuma relativa ao aborto foram a doutrina e os membros da Igreja Católica. Porém, repito: Não é só a Igreja Católica que é contra o aborto. A Ortodoxa também o é. Os Protestantes também o são. Os Judeus igualmente. Assim como os Budistas.

Mas existe uma grande massa de pessoas que optaram por, na sua liberdade pessoal e religiosa, viver de acordo com as sugestões da Igreja Católica. Consequentemente, atacando directamente a raíz do "problema", fragilizam-se as posições dos defensores da verdade cristã.

É normal.

O mesmo acontece com as forças de esquerda. Já tive a oportunidade de conviver que alguns homens-partido, e achei-os extremamente truncados pelas ideias defendidas pelas forças políticas que representam. Daí a expressão: "Felizmente não sou homem partido; sou homem inteiro".

Mas, como tudo meu amigo, há excepções. Como há gente socialista e comunista que dá mais valor à vida humana que os altos dirigentes socialistas e comunistas que cruzaram os destino deste mundo, também há outras patentes religiosas que vêm defender formas de actuação contrárias à sua doutrina.

Não me escandaliza. Espero que a si também não.

Melhores Cumprimentos,
David Sanguinetti
 
Caro Ricardo Baptista,
não me confunda com o mano. Se os tribunais só pudessem decidir com base em confissões, estariam numa situação muito pior da que se encontram. O depoimento de testemunhas é sempre muito importante. Imagine que alguém diz que a mulher andava muito abatida quando tomou a decisão, tinha sofrido inúmeros problemas e estava sob grande pressão, por um lado, ou que outra diz que a mulher em causa já fez dezenas de abortos, por outro. Mas este tema levar-nos-ia para muito longe.
Abraços
 
Vá lá sempres poupas os teus filhos do teu magnifico pensamento.
Se o altruismo pagasse imposto tu eras o offshore desta nação!
 
Ó anónimo do questionário, reveja lá as suas capacidades de leitura: eu não lhe assegurei coisa alguma quanto às minhas qualidades e defeitos. E não respondo a questionários nem lhe dou o código do meu multibanco, não adianta tentar.
 
VLX,

Desculpe-me insistir, mas eu vejo a questão duma perspectiva jurídica e penso que é assim que ela deve ser vista.
O exemplo que dá : "a mulher andava muito abatida quando tomou a decisão, tinha sofrido inúmeros problemas e estava sob grande pressão" é inimaginável, porque é evidente que a decisão de abortar envolve os sentimentos mais íntimos e profundos da mulher que o faz, os quais não são susceptíveis de prova testemunhal. O tribunal por muito que queira não consegue entrar na consciência das mulheres para ver se elas foram culpadas ou não.
O outro exemplo também é inimaginável pois como se sabe, além de ninguém fazer abortos assim em catadupa, o mais natural, a prova testemunhal nesses casos seria muito frágil. Qual a razão de ciência de testemunhos desses?
E é por isto que ninguém consegue condenar o aborto, mesmo os que defende o 'não' e é um absurdo combatê-lo através do CP.

Outra questão: como eminente jurista que é (isto não é nehnuma pancadinha nas costas)acha que o CP pode ter uma norma onde não há um consenso na sociedade sobre o bem jurídico que ela visa proteger, onde esta se divide completamente ao meio, ao contrário do que acontece em relação a todos os outros crimes onde há um largo consenso?!
 
Caro Ricardo Baptista, não há consenso em todos os crimes. Existem inúmeros crimes que as pessoas nem conhecem. Então em matéria fiscal, duvido muito que haja consenso quanto aos aspectos criminais, mas muitos mais exemplos poderiam ser dados.
Por outra via, existem pessoas que fazem abortos em catadupa. E se o aborto se tornar livre, o nº dessas pessoas aumentará seguramente.
Por fim, mesmo os sentimentos mais íntimos são passíveis de prova testemunhal. É possível, através de descrição de comportamentos, por exemplo, testemunhar que determinada pessoa estava perdidamente apaixonada por outra. Por conversas tidas, confidências, o que quiser. Todos os dias os tribunais entram na consciência das pessoas, homens e mulheres, com o objectivo de apurar a verdade. É assim que funcionam as coisas. A sua observação está, por isso, errada.
 
caro VLX,

a moral vigente é a moral vigente é a moral vigente..não foi sempre a mesma, e nada nos garante que permanecerá inalterada. mas presentemente é a que é, e é isso que conta.

é verdade que há, actualmente, muitas formas de prevenir uma gravidez indesejada, desde os métodos ditos naturais (mais falíveis) aos artificiais (mais seguros). é também verdade que uma pessoa informada e responsável deve tomar todas as precauções necessárias para não engravidar. todavia, a ignorância existe, e a irresponsabilidade também (penso que concordará que na adolescência, mesmo com informação, é difícil não se incorrer ocasionalmente em comportamentos de risco). por outro lado, parece-me razoável admitir que a esmagadora maioria das pessoas que pontual ou sistematicamente descuram a contracepção não o faz com a plena noção de que pode, efectivamente, engravidar - precisamente porque seria muito mais fácil tomar precauções do que confrontar-se com o dilema de uma gravidez indesejada e a perspectiva de um eventual aborto. por que é que nós o fazemos, de resto? será porque temos mais apreço pela vida humana? não me parece..

há, porém, outro motivo que me leva a ser favorável à descriminalização do aborto medicamente assistido. entendo que o direito do feto a viver, que é um direito legítimo, não pode, contudo, sobrepor-se à vontade da mulher que é sua hospedeira. não faz sentido, na minha óptica, privilegiar a vida do feto em detrimento da vontade de uma mãe que não quer gerar aquele filho, seja por que razão for. simplesmente porque se trata de um processo em que não podemos prescindir da mulher, não podemos separá-la do feto sem comprometer irremediavelmente a sobrevivência deste último. se assim é, creio que o código penal não deve punir a mãe nem impedi-la de terminar a sua gravidez de forma digna e segura. que se aposte antes na educação para a prevenção da gravidez indesejada, que é o modo mais lógico e eficaz de combater o aborto.
 
Sobre as consequências (absurdas) de meter o Código Penal ao barulho neste assunto:

"No dia 11 de Fevereiro vou votar SIM. Determinadamente. Porque levo na cabeça uma cena que não julgava já possível em Portugal, no século XXI: a daquela mãe que chorava, num corredor do Tribunal de Aveiro em 2004, depois de me contar o terror que vivia há anos, desde que a filha adolescente, à saída de um consultório médico, fora arrastada por dois polícias para dentro de um carro, levada ao hospital e forçada a submeter-se a exames ginecológicos. Na sala ao lado estava a filha sentada no banco dos réus, acusada de aborto - seis anos depois, já casada e gravidíssima. A mãe ficara a saber, no tribunal, que toda a família fora alvo de escutas telefónicas anos a fio." ( continua em http://aba-da-causa.blogspot.com/2007/02/ivg-sim-pela-vida.html )

Eu, claro, votarei SIM também.

PS. Que se desenganem os do NIM; não têm o direito de defraudar quem, sem alibis confusos, vota não.
 
Caros amigos do "sim",

Farei esta pergunta de forma muito clara e directa:

Há algum argumento suficientemente bom que vos faça mudar de opinião?

Aproveito para dizer que é de retórica.

Parece-me que argumentos defendidos por vós foram há imenso tempo desmistificados por equipas do "não".

Já agora, aproveito para deixar um endereço, que, no fundo, é só mais uma achega:

http://blogdefrente.blogspot.com

Melhores Cumprimentos,
David Sanguinetti
 
Caro VLX,

Uma coisa é desconhecimento, por mera ignorância, de certos tipos de crime, outra, bem distinta, é em relação a um crime que todos estamos fartos de conhecer e de lidar com ele, entre amigos e conhecidos, não haver esse tal consenso.
E que crimes fiscais são esses em que não há consenso na sociedade? Fraude ou abuso de confiança fiscal. Não me parece que seja comparável a divisão e o conflito de valores, morais e científicos, que existem na questão do aborto com um qualquer insuficiente consenso à cerca dos crimes fiscais. Essa comparação é forçada.

Quanto à outra questão, se a minha observação é errada, como me diz, porque é que existindo milhares de abortos clandestinos por ano e inúmeros locais onde se pode fazê-los, por esse país fora, ninguém parece importar-se com isso, incluindo polícias e tribunais.

No tal exemplo, que é uma raridade, mas enfim, da mulher que faz abortos em catadupa, eu pergunto: se ela não puder ter acesso ao SNS e outras instituições legais, que teriam condições para a amparar, aconselhar e apoiar, não será muito mais difícil evitar a continuação desse comportamento?

Além disso, faz algum sentido que haja um crime que não o é em praticamente em todos os países civilizados da Europa e do mundo e que as mulheres, apenas as que têm possibilidades económicas, claro está, o possam ir aí fazer livremente?!

É por isso que volto a insistir, é completamente absurdo termos uma norma no CP onde, primeiro, não existe o tal consenso subjacente e, segundo, a mesma não é minimamente eficaz a combater o bem a que se destina a proteger.
 
ÉS O MAIOR! QUAL GATO FEDORENTO QUAL CARAPUÇA.
 
Meus caros,

Ao participar activamente na campanha o autor do texto não "abanona os seus filhos".
Está sim a defender o futuro dos seus próprios filhos.
Para não falar já em questões de princípios - que infelizmente certos ininputáveis não têm - posso dizer, num argumento menos nobre mas mais inteligível para espíritos mais materialistas, que quem vai pagar as reformas destes assassinos inconscientes são os nossos filhos e nós próprios.
Ora, não serão certamente as felizmente poucas vidas que se perdem neste flagelo do aborto que resolvem a questão da natalidade. Porém, a liberalização irrestrita do aborto implica um sinal muito triste e negativo nesta matéria. É a tal cultura de morte e de egoismo que se vai impondo passo a passo.
Desculpem a violência das minhas palavras.
Porém,já perdi a paciência e cerca de três horas de facturação com dois inconscientes que pretendem votar sim.
 





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