Há vazios e vazios...

Pela primeira vez, que me lembre, li com proveito um texto do Daniel Oliveira. Este texto. Gostei da evocação do Vazio. É também esse o nada que me toma. Verbero contra o Estado que insiste em entrar na minha intimidade. Na mais íntima esfera da minha vida. Mas repudio com igual vivacidade o relativismo e a ausência de valores que toma conta de algumas pessoas bem intencionadas. É esse o travo que tenho na boca. O sabor do Vazio. Como é possível apresentar-se como solução mágica, para problemas que se dizem gravíssimos, a eliminação de uma vida humana? Como?

Há mais pessoas como o Daniel. Pessoas que pensam que há um dia (um dia) a partir do qual tudo passa a ser diferente nas suas vidas. Um dia a partir do qual "tudo o resto se tornou irrelevante". Um dia que marca a nossa própria ultrapassagem em generosidade. Muito para lá do que imaginávamos. Um dia em que uma alegria, uma serenidade e um medo imenso de falhar toma conta de nós com a força da primeira paixão. Nós. Nós. Eu. Eu. Eu.
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Sei o que é a maravilha de ser Pai. Também sei. Gosto muito de ser Pai. Mas os filhos não justificam a sua existência para deleite dos pais. Não pode ser.

"As mães são as mais altas coisas que os filhos criam" diz o Poeta (Herberto Helder, que bem conhece). A Mãe é que é gerada pelo filho. Só sou Pai porque tenho uma filha.

Não é por querer que o Estado entre na sua casa e revire as suas gavetas que voto Não. Não quero que o Estado entre no "seu momento". Quero apenas que saiba que o Daniel não é o centro do mundo. Quero apenas que entenda que esse momento que diz que é seu, não é seu. Não é só seu. O que quero, Daniel, é que o Estado faça todos os esforços para evitar que o Daniel entre em casa de outros para revirar as gavetas e o mais que quiser. O que me choca, Daniel, não é que o Estado entre em minha casa. É que alguém, um terceiro, entre em minha casa e revire as minhas gavetas. O que quero mesmo Daniel é que perceba que a minha casa... não é sua! E que não gosto que mexam nas minhas gavetas.
(Publicado nos Incontinentes Verbais)

Comentários:
Quantos vendilhões da moral não teria o Cristo de desancar se hoje descesse à terra!
 
oh meus amigos,
este sr. padre (mario costa pinto)do "sim", é daqueles que sofrem o sindrome do maio 68...aliás ele é padre, porque nunca se deixa de ser depois da ordenação (direito canónico)...mas, não tem paróquia nem exerce o sacerdócio ministerial...já há 17 anos que a igreja lhe tirou a credibilidade e a oprópria do magistério sacerdotal...
Mas claro,dá muito jeito à comunicação social dar estes exemplos para ver se cativam mais algusn votos para o "sim"...é que basta ver os artigos de opinião no publico, no Dn etc...por cada artigo a favor do não publicam 3 a favor do "sim"...e esta gente tem lata de se autodenominarem jornalistas imparciais...é mas é gente sem ética e deontologia prfessional...
Cada vez me convenço mais que, em politica e nos partidos, os favores paga-se e bem...caso contrário, não assistiamos ao seguidismo militante a favor do "sim" estes ultimos dias na imprensa.
 
vejam este video:
http://www.youtube.com/watch?v=0alfftxDkqA&eurl=
 
não falta vida, ó nuno, na esporra que ao vento se atira, prazenteiramente, e não me vehas dizer que não estás e estamos no nosso direito

e vida tem-la tu a rodos, desde a relva do campo ao germen do trigo e da batata, como às miríades de estrelas, caro

mas falta assim gente no mundo, porventura, ou está a ser um problemas dos grandes?

temo que os nãos têm vocação pa ditadores de gente que sofra, se não por cá, a pedir esmola, em Lisboa, no Iraque, que conservadores, em geral, apoiaram que fosse invadido, até por não ser cristão baptizado

que rayo, estes hipócritas, com a estuporada de vida

como se o feto, coitadinho, fosse pessoa, aquele jogador do benfica...

mammia
 
"Não faço juízos morais sobre os propósitos de ambos os lados. Apenas constato soluções diferentes, com motivações diferentes: de um lado, há uma proposta de um SIM pela higiene como resposta ao desespero; do outro, um NÃO que proporciona dignidade e exige um apoio real que possa gerar Esperança. Até porque temos de acreditar que há sempre quem não desista e há sempre quem quer dizer NÃO!"

João Titta Maurício, in,diariodigital.pt
 
Como é possivel estarmos aqui simplesmente a escrever, agarrados confortavelmente a um computador enquanto milhares de crianças morrem neste mesmo momento de fome, de sede, despedaçadas por guerras provocadas por pessoas cheias de moral e valores. O amigo deixe-se de falsas modéstias e de vazios poético-bacocos e liberte-se, se assim o deseja, do conforto do seu lar. Vá à luta por aquilo em que acredita.
 
Daniel Oliveira,

"Não faças aos outros o que não querias que te fizessem a ti".

Duvido que o Daniel quisesse ter sido abortado. Com que direito defende o aborto dos outros?
 





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