Não acredite, se ler no SOL.

Estou certo de que, mais dia menos dia, alguém com mais dados e conhecimentos do que eu irá fazer e apresentar um estudo detalhado analisando a forma como a comunicação social tem tratado a questão e as campanhas do aborto. Comparar os alinhamentos das notícias nas televisões, os comentários, a pequena ironia, a imagem. E nos jornais? O jornal Público, que leio desde o primeiro número e considero o melhor e mais completo jornal do país, veio bater no peito, pugnando pela imparcialidade no tratamento da informação, clamando que essa imparcialidade não se pode medir em "centímetros quadrados". Talvez não, mas tudo ali é parcial, desde os títulos às reportagens, desde os tais "centímetros quadrados" às legendas das fotografias. E não é o único. O DN passa os limites, o JN também não anda longe, mas o pior vi no SOL.

O SOL, por intermédio das jornalistas Catarina Guerreiro e Helena Pereira, a pretexto de retirar dúvidas aos leitores sobre a questão, vem dizer que irão existir "consultas de aconselhamento e períodos de reflexão", que serão obrigatórias e que existirá um "período de reflexão, entre três a cinco dias". Ora um jornal que se pretende sério, dirigido por uma pessoa que se considera, a si própria, séria, e jornalistas que se supõem sérias, não podem, numa secção que dizem ser para retirar dúvidas aos leitores (que contam também encontrar no jornal alguma seriedade), mentir com esta facilidade e desta maneira.

Não há nada na pergunta colocada a referendo que permita retirar esta conclusão de que pode vir a haver este aconselhamento, ou que o tratamento legal vá incluir uma disposição tão forte para desaconselhar a prática do aborto como, por exemplo, existe no Código Penal Alemão. Ela não foi sequer prometida pelo Partido Socialista (embora tenha isso tenha sido recentemente sugerido por Vital Moreira, que se consciencializou a tempo de que havia o perigo real dos portugueses não quererem efectivamente o aborto a pedido, sem mais, e não obstante parecer que este estranhíssimo novo programa do Prós e Contras da televisão pública vá servir para pessoas do Partido Socialista - e amigos - defenderem pela primeira vez esse aconselhamento).

De todo o modo, conhecemos bem o que são as promessas do Partido Socialista e a resposta positiva no referendo não deixará de constituir um cheque em branco à maioria socialista no tratamento desta questão.

Seja como for, se efectivamente amanhã vierem com essa coisa, constato que não só as minhas informações estavam correctas como que o Partido Socialista se consciencializou de que o SIM pode perder, exactamente porque as pessoas não querem o aborto a pedido, tal como ele é proposto neste referendo, e isso será um golpe fatal nesta luta do governo socialista, do bloco de esquerda e dos comunistas a favor do aborto livre até às dez semanas.

Constatarei ainda que se pode mexer na comunicação social em geral e na RTP em particular (desde que não se esteja do outro lado do mundo a falar com subalternos). Perceberei melhor as declarações recentes de Sócrates, o seu desespero e a ameaça de que tudo ficará na mesma se o SIM perder (o que só acontecerá por desistência e desinteresse do Partido Socialista: o governo não pode querer tudo ou nada, tem obrigação de tentar resolver as questões que se lhe colocam, está proibido de amuar).

Ficarei apenas por saber uma coisa: o texto do SOL foi um frete feito a Sócrates ou foi uma mentira deliberada para enganar o leitor?

Espero que o Arq. José António Saraiva, que considero, e as jornalistas em causa me elucidem e esclareçam (bem como a todos os leitores) quanto a este ponto na sexta-feira, dado que vão antecipar a saída do jornal e podem ainda tratar do assunto.

Vasco Lobo Xavier

Comentários:
Aborto e civilização
Quando se diz que o feto é “parte” do corpo da mãe, é falso, porque não é
parte: está “alojado” nela, melhor, implantado nela.

José Manuel Moreira

O aborto voluntário vai tornar-se uma das grandes questões nas sociedades
ocidentais. O regresso do tema à tolerante Holanda é só mais um sintoma. O
interesse com que entre nós se vive o sim ou não no referendo é disso bom
sinal. Há diversas formas de entrar no debate: desde a inconveniência ou
ilicitude do aborto à fé religiosa, para cristãos com força de convicção de
uma moral universal. Há outra posição que pretende ter validade universal:
a científica, embora também aqui as provas não sejam acessíveis à imensa
maioria dos homens e mulheres, que as admite por fé (na ciência).

A minha preferida – na linha de artigo (1983) do filósofo Julián Marias – é
outra, acessível a todos e independente de conhecimentos científicos ou
teológicos que poucos possuem. É a visão antropológica, fundada na mera
realidade do homem tal como se vê, vive e se compreende a si mesmo.

Trata-se da distinção decisiva entre “coisa” e “pessoa”, que se revela no
uso da língua. Em todas as línguas há uma distinção essencial: entre “que”
e “quem”, “algo” e “alguém”, “nada” e “ninguém”. Se entro numa casa onde
não há nenhuma pessoa, direi: “não há ninguém”, mas não me ocorrerá dizer:
“não há nada”, porque pode estar cheia de móveis, livros, lustres, quadros.

O que tem isto a ver com o aborto? Muito. Quando se diz que o feto é
“parte” do corpo da mãe, é falso, porque não é parte: está “alojado” nela,
melhor, implantado nela (nela e não meramente no seu corpo). Uma mulher
dirá: “estou grávida”, nunca “o meu corpo está grávido”. Uma mulher diz:
“vou ter um filho”; não diz: “tenho um tumor”.

A pergunta a referendar, ao usar, em vez de aborto provocado, “interrupção
voluntária da gravidez”, não só abusa da hipocrisia como se esconde sob a
capa de despenalização. Os advogados do sim não gostam da comparação, mas
com isto os partidários da pena de morte vêem as dificuldades resolvidas.
Podem passar a chamar à tal pena – por forca ou garrote – “interrupção da
respiração” (e também são só uns minutos).

Há ainda as 10 semanas, como se para a criança fizesse diferença em que
lugar do caminho se encontra ou a que distância, em semanas ou meses, da
sua etapa da vida que se chama nascimento será surpreendida pela morte.

O mais estranho é que para os progressistas o aborto é visto como sinal de
progresso, enquanto a pena de morte é de atraso. Dantes denunciavam a
“mulher objecto”, agora querem legitimar a criança-objecto, a
criança-tumor, que se pode extirpar, em nome do “direito de dispor do
próprio corpo”.

O direito (com bons propósitos) serve para nos impedir de entender “o que é
aborto”. Por isso se mascara a sua realidade com fins convenientes ou pelo
menos aceitáveis: o controle populacional, o bem-estar dos pais, a situação
da mãe solteira, as dificuldades económicas, a conveniência de dispor de
tempo livre, a melhoria da raça.

A tudo isto acrescem as tentativas de abolir as relações de maternidade e
paternidade, reduzindo-as a mera função biológica sem duração para além do
acto de geração, sem nenhuma significação pessoal entre o “eu”, o “tu” e o
“ele(a)” implicados.

Felizmente, ao pôr-se a nu a grave dimensão da aceitação social do aborto,
facilita-se o regresso de temas que os “progressistas” julgavam de direita
e, por isso, ultrapassados: a família e a natalidade.

Não devemos estranhar que os mesmos que sempre se equivocaram sobre tudo,
desde a natureza do regime soviético a Cuba, passando pelo fim do trabalho
e as nacionalizações, se encontrem agora, de novo, unidos no “sim” ao
aborto (e no “não” ao sofrimento dos animais). E, ontem como hoje,
acompanhados de idiotas úteis. Alguns, pelos vistos, “liberais”, que
desconhecem que a noção de liberdade para o liberalismo clássico é oposta à
de “direito a ou de”. Para T. Jefferson os seres humanos são independentes,
mas não da moral; se a desafiamos, não somos livres mas escravos, primeiro
das nossas paixões e depois possivelmente da tirania política. Que tipo de
governo democrático poderá controlar homens que não podem controlar as suas
próprias paixões? Situação que piorará com a ilusão do Estado contraceptivo
e a liberalização das oportunidades para a irresponsabilidade.
____

José Manuel Moreira, Professor universitário e membro da Mont Pélérin
Society
 
Creio que este comentário deveria estar na "capa" do blog.

Subscrevo.

David Sanguinetti
 
Sim senhor. Tanta palavra, tanto lixo.
Vou votar sim no próximo referendo e recuso a ser estereotipada como uma pessoa sem valores morais e que não reconhece o valor da vida intra-uterina.
Voto sim porque sou a favor de uma maternidade responsável, porque sei que a vida às vezes mais parece um castigo do que um dom, e porque me repugna visceralmente o negócio do aborto de vão de escada, ou os médicos, que na tv defendem tão bem o vosso chamado direito à vida,mas nas horas vagas fazem o tal desmancho para amealhar mais uns trocos.
Esses sim são os verdadeiros criminosos. Não a mulher que aborta, mas aqueles que se aproveitam do desespero delas e de uma lei feita de falsos moralismos.

De resto, ainda não vi o NÃO a falar do combate ao aborto clandestino.
Sim eu sei que voces queriam que ninguém abortasse, mas isso é impossivel. O aborto sempre existiu e vai continuar a a existir. Sabem disso, não sabem? Como pensam combatê-lo? Como pensam acabar com esse negócio?
Ou acham que aquelas que abortam, desafiando a VOSSA moral, devem ser tratadas sem dignidade nenhuma?

Marta
 
marta,
de facto a insensatez e fragildade argumentativa é coisa que não lhe falta. até parece que só leu a cartilha do SEU Sócrates ou do Louçã...
seja feliz ..já agora pode viver o amor livre porque fica "barato" abortar, caso o SEU "sim" vença...
prepare-se para as surpresas...
 
caro anónimo:

pela sua resposta, dá para ver de quem é a "insensatez e fragilidade argumentativa". Acho que a questão a debater é séria e espero respostas, pelo menos, menos ofensivas e mais argumentativas.

Sou feliz, tenho consciência tranquila e a forma como vivo a minha sexualidade não é da sua conta.

Por acaso até acho que merecia uma resposta menos educada e muito mais ordinária para responder à letra ao seu comentário. Pelos vistos, RESPEITO, NÃO é uma coisa que faça muito sentido para esses lados.

Quanto "ao meu sócrates e ao meu louça", não sei se já reparou mas esta não é uma campanha partidária. Não deve ser o seu caso mas respondo consoante a minha consciência e não pelo partido que os meus papás sempre me disseram para votar.

Marta
 
Marta, eu não sou anónimo e respeito-a. Calma, portanto. De 1998 para cá inúmeras pessoas criaram desinteressadamente organizações, quase sem sem ajuda do Estado, para apoiarem as mães (também materialmente) a terem os seus filhos ao invés de os abortarem. Ao apoiarem as mães, salvaram os filhos e impediram os abortos, sendo que muitos deles seriam clandestinos. Essas pessoas e organizações sabem que muitas das futuras mães certamente terão acabado por abortar, pois desapareceram, mas existem para salvar e não para condenar ou perseguir. O simples facto de existirem tenta acabar com grande parte do aborto clandestino, o que é muito mais do que este governo tem feito.
Eu até percebo tudo quanto afirma, só não consigo perceber como é que, votando SIM, respeita a vida intra-uterina. Será capaz de me explicar?
Cumprimentos,

e
 
A anónima qu escreveu isto «porque me repugna visceralmente o negócio do aborto de vão de escada, ou os médicos, que na tv defendem tão bem o vosso chamado direito à vida,mas nas horas vagas fazem o tal desmancho para amealhar mais uns trocos», terá que o provar em tribunal. Coitada, lá terá que ser, lá terá que ser 'humilhada e julgada', quiçá 'punida'.

hajapachorra
 
Vlx:

É muito mais interessante dicutir com alguém assim. Seriamente e sem faltas de respeito.
Ainda bem que compreende aquilo que eu digo e que também compreendo aquilo que diz. Respeito imenso as organizações criadas desinterassadamente para ofereceram alternativas ao aborto.
Pessoalmente, eu sou contra o aborto e aho que poucas ou nenhumas seriam as razões que me levariam a um aborto. Eu. Porque acho que há sempre outras soluções, mas principalmete porque sou uma mulher extremamente maternal. Respeito profundamente e leio imenso sobre a vida intra-uterina e, apesar de ser apologista que a vida humana começa com a concepção, sei que na com unidade científica não há consenso sobre o assunto.

A minha intenção com o meu voto sim tem haver com acabar com o aborto clandestino, fazendo que as mulheres,se mesmo depois de aconselhadas queiram abortar, o faam em condições dignas e higiénicas. Acham que querer isto é desumano?

É que sinceramente com argumentos como o do Rebelo de Sousa, parece que alguns partidários do NÃO não querem saber se as mulheres continuam a abortar ou não, desde que sejam em vãos de escadas e que "não se veja", ou melhor, que seja uma realidade escondida. Porque os abortos fazem-se.

Toda a gente diz que não quer mulheres presas. Ok. Ainda bem. Mesmo feito num vão de escada, ninguém quer a mulher presa. Então porque não permitir que seja feito num sítio digno, com profissionais e com condições higiénicas?

A segunda intenção tem a ver com a condição da mulher. Nem tanto com o direito de escolha, apesar de achar que o tem, mas com a condição feminina na sociedade portuguesa.

Porque se diz que a mulher não te direito a optar. Porque se exige que a mulher assuma responsabilidades dum acto feito a dois, de onde o homem facilmente e frequentemente se desenvecilha. Porque a gravidez continua a ser uma barreira na progressão da carreira de uma mulher, uma vez que as mulheres continuam a ser discriminadas e etc etc... Esta já é outra conversa.

Espero ter esclarecido.

Quanto ao outro comentário, haja pachorra digo eu...

Marta

P.S.: Só quero deixar uma coisa bem claro. Não quero empurrar ninguém para o aborto. O Não é que as empurra para um aborto sem um mínimo de condições.
 
Marta, para que não haja equívocos: quando me chega a mostarda ao nariz dá-se uma reacção química e nervosa que se transmite às falanges, falanginhas e falangetas e atinge o teclado de forma nada amigável, por vezes pintalgada com humor corrosivo. Mas agora é a sério.

Eu também sou contra o aborto, como já deve ter imaginado. Mas estou-me um pouco nas tintas para o que chama a falta de consenso científico sobre o início da vida. Ela só pode começar com a concepção pois se ninguém fizer mal àquela “coisa” (Lídia Jorge), sai dali uma vida humana e isto é do mais unânime que conseguimos ter. Eu percebo o seu voto SIM mas ele não acaba com o aborto clandestino. O aborto clandestino vai continuar a acontecer, seja porque é feito depois das dez semanas, seja porque nas localidades mais pequenas, em que todos se conhecem, as mulheres não irão ao SNS. Por outro lado, o voto SIM, tal como está preconizado neste referendo, vai antes liberalizar o aborto até às dez semanas, vai torná-lo uma coisa normal, um direito das pessoas, vai aumentar o número de abortos que são feitos, e isso não é bom.
Eu não acho desumano que pretenda o aborto realizado em condições higiénicas e dignas; o que me parece desumano é que a nossa sociedade aponte como solução o aborto livre, até às dez semanas, sem necessidade de invocar qualquer motivo, ao invés de ajudar as mães a terem e a criarem os filhos. O que considero desumano é que as mulheres sejam discriminadas nas carreiras ou onde for por serem mães, por serem alvo da coisa mais bonita que existe e que nos está negada, a nós, homens.
O que é verdadeiramente desumano é que algum dia e em algum lugar uma mulher oiça de alguém, do marido, do namorado, do patrão, “eu não tenho nada a ver com isso, tu podias ter abortado nas dez semanas”! Isso é que é desumano!
A condição da mulher é muito mais do que isto. Eu sou mulher, eu gero, eu é que tenho os filhos, eu é que os carrego comigo, a sociedade não tem mais do que respeitar isso e ajudar-me a ter os filhos e pagar o que for preciso para isso sem me prejudicar minimamente! Esta era a exigência das mulheres! Ao lutar pelo aborto livre, as mulheres estão a fazer o jogo daqueles homens egoístas (somos todos), imbecis (quase todos), que querem fugir às responsabilidades (larguíssima maioria) e entregar unicamente o problema de uma gravidez indesejada às mulheres (a maior parte).
Cumprimentos e espero que repense a sua decisão,
Vasco Lobo Xavier
 
Marta, e certamente esqueceu-se de responder à minha questão sobre o respeito relativamente à vida intra-uterina. Liberalizando o aborto, ainda que minimizando o aborto clandestino, em que é que nessa atitude se manifesta o respeito pela vida intra-uterina? Não será pôr sempre o desejo da mulher sobre a nova e diferente vida que cresce em si?
 
Sim será. Mas acredito que, para além dos já legislados, existem outras razões para se recorrer ao aborto. E acredito nisto, porque sou mulher conheço as mulheres e as reconheço como seres pensantes e não ovelhas que só porque o aborto passa a ser livre vão a correr em manadas abortar.
Acho que isso é uma opção que cabe a cada mulher e, uma mulher,melhor do que ninguém, saberá se está em condições ou não para ser mãe.Não concorda comigo?

Marta
 
Por partes (não tinha lido o seu comentário anterior):

"O aborto clandestino vai continuar a acontecer, seja porque é feito depois das dez semanas, seja porque nas localidades mais pequenas, em que todos se conhecem, as mulheres não irão ao SNS." Olhe não acredito nisso. Sabe porquê? Porque nas localidades mais pequenas, as mulheres são levadas a abortar pela vergonha porque toda a gente se conhece. Se em vez de recorrer a uma entendida, recorrer ao SNS e explicar o seu caso, obviamente que será acompanhada, aconselhada. E o melhor: depois será acompanhada e informada sobre anticoncepcionais. E se provavelmente nem chega ao aborto, porque isso sim (infelizmente), leva as mulheres para um aborto: ser apontada na rua como uma mulher sem moral porque seguiu a sua vontade e houve alguma coisa a correr mal.
"Por outro lado, o voto SIM, tal como está preconizado neste referendo, vai antes liberalizar o aborto até às dez semanas, vai torná-lo uma coisa normal, um direito das pessoas, vai aumentar o número de abortos que são feitos, e isso não é bom." Também não concordo com isto. Primeiro não há números fidedignos sobre abortos vistos serem clandestinos, logo nunca saberemos se aumentaram ou diminuiram. Isso é um argumento falacioso.
"o que me parece desumano é que a nossa sociedade aponte como solução o aborto livre, até às dez semanas, sem necessidade de invocar qualquer motivo, ao invés de ajudar as mães a terem e a criarem os filhos." A nossa sociedade nunca iria apontar isso como uma solução. Eu não quero nem encaro o aborto como uma solução. Mas já que eles acontecem, gostava que acontecessem com o menor risco para a mulher. Nenhuma mulher que queira abortar pensa duas vezes só porque é proíbido. Acredita mesmo nisso? Os motivos que levam uma mulher a abortar são demasiado fortes para que uma mulher infrinja a lei sem penar em consequências e se submeta a um aborto sabe-se lá em que condições.
"O que é verdadeiramente desumano é que algum dia e em algum lugar uma mulher oiça de alguém, do marido, do namorado, do patrão, “eu não tenho nada a ver com isso, tu podias ter abortado nas dez semanas”!" Concordo a 100% por cento com isso, mas sabe, entre isso, a um homem pressionar uma mulher a abortar e esta ter de se sujeitar a falta de condições ou a uma mulher não puder progredir na carreira por ter engravidado, se calhar prefiro que ela tenha opção de escolher uma maternidade consciente. Sabe o que é que isso me diz? Que os homens nunca irão saber o que é a grandiosidade de engravidar e a responsabilidade que isso traz e serão sempre uns sacanas connosco.

É que a realização profissional e pessoal da mulher é tão importante como a de um homem. E por muito chocante que isto pode parecer, para algumas mulheres é mais importante a sua carreira do que a maternidade. E a estas não acho de todo humano que a maternidade lhe seja imposta.
De resto concordo absolutamente com tudo aquilo que diz. Deixe-me felicitá-lo pela posição face à condição das mulheres. Há poucos homens a pensar como o Vasco.

Marta
 
Para Martas e quejandos:

Estive esta noite num barzeco e aproveitei para perguntar a umas raparigas, sérias "profissionais", o que pensam àcerca desta discussão.
Algumas lêem os blogues...
A resposta generalizada é que «tudo isto é uma "conversa de putas" entre gajos de muito palavreado que não fazem aborto mas que querem que as suas mulheres - as da família e amigas - o possam fazer».
Quanto a elas, estão longe de defender a prática e por três razões:
Primeiro porque gostam do corpinho e não o querem estragar - pelo que tomam todas as precauções;
Depois, porque pensam que algum dia ainda poderão querer ter um filho e pensam na saúde, dela e do filho;
Por fim, porque pensam que o que for gerado no seu ventre é gente de carne e osso que não se pode matar.
Curioso não é?
Estas mulheres, ao contrário do que muitos julgam, são instruídas (têm formaturas...) e fazem aquela vida, umas por necessidade outras por gosto - e porque ganham bem. Por isso, não discutem a vida que existe num feto. Quando forem mães - se o forem - põe os filhos acima da carreira profissional para a qual têm mais qualificações que muita gente que perora por aqui.
 
Anónimo:

Primeiro, a amostra de pessoas com quem falou, por ser tão limitada, não representa as mulheres portuguesas na totalidade.
E depois, a carreira delas, não desfazendo, cada um faz aquilo que quer,não é propriamente a carreira com que se sonha e porque se luta desde a infância, pois não?
 
Eu gosto muito do Jn, mas sinceramente ultimamente tenho perdido a vontade de o ler tal é a queda deles para o sim.
 
Marta, desculpe-me estar hoje sem tempo para lhe responder. Mas muitas das suas questões encontram-se hoje tratadas aqui no bloguedonão por Vaz Patto (artigo do Público)e Luciano Amaral. Se puder, veja ainda um artigo no Público de ontem muito interessante da Dra. Cristina Líbano Monteiro.
 
"Marta said...
Anónimo:

Primeiro, a amostra de pessoas com quem falou, por ser tão limitada, não representa as mulheres portuguesas na totalidade.
E depois, a carreira delas, não desfazendo, cada um faz aquilo que quer,não é propriamente a carreira com que se sonha e porque se luta desde a infância, pois não?"

Marta (?)
De facto, cada pessoa procura a carreira que mais lhe apetece.
Porém, acontece que a amostra não é assim tão limitada. Como deve saber, a prostituição está muito generalizada - a não ser que queira restringir o universo às profissionais" e então estarei de acordo consigo...
O problema, parece evidente, é que a prostituição ultrapassa muito largamente as mulheres que referi. Ou seja, induzindo - do particular para o geral -, é fácil encontrar prostituição por toda a parte.
Fui claro?
 
"Marta said...
Anónimo:

Primeiro, a amostra de pessoas com quem falou, por ser tão limitada, não representa as mulheres portuguesas na totalidade.
E depois, a carreira delas, não desfazendo, cada um faz aquilo que quer,não é propriamente a carreira com que se sonha e porque se luta desde a infância, pois não?"

Marta (?)
De facto, cada pessoa procura a carreira que mais lhe apetece.
Porém, acontece que a amostra não é assim tão limitada. Como deve saber, a prostituição está muito generalizada - a não ser que queira restringir o universo às profissionais" e então estarei de acordo consigo...
O problema, parece evidente, é que a prostituição ultrapassa muito largamente as mulheres que referi. Ou seja, induzindo - do particular para o geral -, é fácil encontrar prostituição por toda a parte.
Fui claro?

Nuno
 
Por prostituição entendo troca de sexo por dinheiro e as únicas prostitutas que conheço fazem disso ou carreira de vida ou part time para fazer mais uns trocos.
Quanto a "O problema, parece evidente, é que a prostituição ultrapassa muito largamente as mulheres que referi." não foi claro.
Aliás, foi um machista de merda que rotulou as mulheres devido à sua conduta sexual. Meta-se na sua vida!

Marta
 





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