Notas do (terceiro e esperemos que último porque já não há paciência para outro) Prós e Contras


1) Confesso que não vi tudo. Por falta de tempo e, sobretudo, por cansaço. Mas parece-me que também não houve argumentos novos, se exceptuarmos a discussão jurídica sobre a proposta que motivou este programa em concreto.
2) Modéstia à parte, estivemos muito bem representados pela camarada Assunção Cristas. Tem presença telegénica e deu luta sem perder a cabeça (o que não se pode dizer de toda agente que esteve no palco). Pertenceu-lhe um dos momentos da noite: a apresentação dos gráficos com o crescimento do número de abortos legais em vários países europeus. Colocou a debate onde queria e mostrou que o aborto livre não é o paraíso que nos prometem. Tanto Rui Pereira como a médica ao seu lado ficaram irritados, o que é sempre bom sinal. A realidade costuma incomodar muito(s).
3) Aliás, o prémio Lídia Jorge do debate vai direitinho para a senhora, que teve a lata de comentar os gráficos respondendo, com notável elegância, que "de médico e louco, todos temos um pouco". Como a médica era ela...
4) O Daniel Oliveira, depois de engolir a cassete com-a-vitória-do-"não"-tudo-ficará-na-mesma, mostrou que afinal até é capaz de botar faladura sem recorrer a gargantas de aluguer.
5) Do lado do "sim", o Adolfo Mesquita Nunes, meu estimado adversário de outras lutas, mostrou estar à altura do embate com um Castro Caldas muito técnico (ó xôtor, mas "as pessoas lá em casa" terão mesmo interesse em saber o que diria Kant?) , embora se tenha enredado no eterno vício dos liberais da blogosfera: malhar no Estado sem ninguém perceber porquê. Rui Pereira, que tinha a difícil tarefa de fazer melhor do que Vital Moreira há uma semana, foi bastante contundente até começar a irritar-se.
6) Do lado do "não", António Pinto Leite foi igual a si próprio, simples e eficaz, assim como a médica do Imperial College que apresentou a investigação sobre a dor do feto. Marcaram pontos.
7) Por último, não me pronuncio sobre a proposta que esteve em discussão boa parte do programa. Não fiquei esclarecido. É um disparate proclamar, como fez o Daniel Oliveira, que a proposta será inconstitucional se o "não" ganhar, numa óbvia fuga em frente semelhante à chantagem do Primeiro-Ministro (se o "não" ganhar, o PS impedirá que se mexa na lei actual). Reconheço o peso dos argumentos de Rui Pereira para a contrariar, mas, se a proposta é tecnicamente possível do ponto de vista jurídico, não vejo nenhuma razão para não ser mais trabalhada em caso de vitória do "não". Ou, por outra, só vejo uma razão: a derrota do mesmo "não". Como diriam os irredutíveis gauleses, espero que Sábado não seja a véspera desse dia.

Comentários:
O menino tem mesmo por hábito comer a papinha toda assim como lha servem sem sobre ela reflectir? O menino não tem dois dedos de testa para saber que não se comparam CIENTIFICAMENTE nº como os apresentou A.Cristas? Não lhe passa pela cabeça tabelas de comparação com crescimento demográfico e imigração, assim como o do aborto que "vem de fora"? Se Espanha e Inglaterra possuem elevados números de aborto, consegue mesmo ignorar que grande parte vem dos países vizinhos onde é penalizado? O menino gosta mesmo de se enganar? Olhe, não responsabilize a A.Cristas por isso, cada um de nós é culpado de não saber por onde reflectir e de receber numeros dogmaticamente sem conhecer o resto das variáveis envolvidas. A.Cristas não teve nem uma pontinha do tal médico de que temos todos um pouco. Foi uma menina mimada a dizer (sempre sorrindo, claro o que interessa é a publicidade do verniz) o que entende que deve proibir ou não às outras mulheres.
è uma vergonha que alguém pegue em numeros daquele modo, uma vergonha para quem se diz estar por bem.
 
Fui só eu que reparei que foram sempre pessoas do SIM a finalizar cada uam das três partes do programa?
 
RESCALDO DO DEBATE
Estou muito contente com o debate de ontem à noite.
Em primeiro lugar, foi possível apresentar as propostas do "Não", embora com algum ruído de fundo (vindo do "sim"). Admito que o modelo seja mais espectacular para alguns que apostam na confusão, em deterimento do esclarecimento dos portugueses.
Em segundo lugar, não deixa de ser curioso que a maior parte do debate e das perguntas se tenham centrado nas propostas do "Não", até por parte dos nossos adversários, que gastaram mais tempo a falar delas do que das ideias com que se apresentam ao referendo.
Em terceiro lugar, ficou claro que o "Não" representa o respeito pelo direito à vida neste referendo e algumas das linhas fundamentais por onde passa a alternativa ao aborto livre.
Em quarte lugar, porque também julgo que a estratégia do fait divers, da calúnia e da insinuação saiu ontem, muito claramente, derrotada.
Quatro razões que acho mais do que suficientes para o "Não" poder sair satisfeito. Sem qualquer excesso de triunfalismo ou de auto-satisfação: podemos estar mesmo muito contentes.
 
A parte final do debate foi a melhor do meu ponto de vista, que é Não. Houve uma intervenção espectacular de uma médica, que finalmente conseguiu definir o que é a vida no ventre, não como embrião ou feto ou "coisa humana" mas simplesmente como Filho. Posso garantir-lhe que toda a intervenção dela foi uma ode à Vida e gostaria imenso que a recuperassem e colocassem no blogue. A Assunção e o Sr. médico ao lado também puseram os pontos nos iiis.
João Paulo Geada
 
Presença telegénica! estar sp de taxa arreganhada é presença telegénica????
 
Ó Lopes, por falar em verniz...
Anónimo, tenho impressão que você deve ser mais do género de apreciar abortos. E juizinho com as bocas, ou ainda tenho que recorrer à moderação dos comentários.
 
Vejam lá vocês como as coisas são! A mim que sou jurista pareceu-me que o Rui desmontou a argumentação jurídica da Assunção não deixando pedra sobre pedra. Mas vejo que há quem tenha opinião contrária.

Por outro lado pareceu-me que a forma como foram comentados os números pelos representantes do "NÃO" foi da ordem da iletracia mais sórdida.

Quanto à "definição de Vida" dada pela médica presente acheia-a simplesmente inoperante. Houve até momentos do debate em que a criatura mentiu descaradamente. Porque não intervém a ordem, se está tão preocupada com a deontologia, em casos destes quando é veiculada falsa informação pelos seus membros?

E como podem as Faculdades de Direito permitir que os seus docentes andem a fazer as figuras que todos vimos durante esta campanha sem ter medo de preder a credibilidade como instituições de ensino?
Para a minha filha mais nova, que pretende seguir para Direito, isto tem sido uma lição. A seguir ao debate perguntou-me se a interpretação das leis é uma coisa tão livre com aqueles senhores querem fazer crer!

As duas gerações que estiveram activas desde o 25 de Abril têm realmente muito de que senvergonhar.
É também muito claro que há aqui pessoas que estão a usar a campanha com fins de promoção pessoal. E isso tanto do lado do SIM como do NÃO.
 
Não, tenha o Sr. juízinho na forma como comenta números de estudos sérios, pode apagar o que quiser, não espero mais de quem lê números consoante a sua vontade moral e não científica.
 
(2º comentário das 3:15 PM era para o menino que nos ameaça de censura)
 
Caro lopes,

Não deixa de ter graça o modo como o argumento "Espanha" é flexível, do lado do sim. Vejamos:
Quando se trata de dizer que só uma minoria da população ("as ricas", dizem) tem o privilégio de abortar em Espanha, ao passo que as outras ("as pobres") têm de recorrer, aqui, ao aborto clandestino, dá-vos jeito dizer que aquelas, as que podem ir a Espanha, são um grupinho pequeno de privilegiadas...
Em contrapartida, quando se trata de negar a evidência de que a liberalização aumentou o número de abortos em Espanha, não se coibem de afirmar que quem engrossa as estatísticas espanholas são as milhares (milhares!) de portuguesas que lá vão abortar.
Então em que ficamos? As ricas que vão a Espanha... são muitas? Ou são poucas? Ou são em número "assim-assim", conforme der mais jeito à conversa? E onde está o estudo em que se baseiam?
Cumprimentos,
IF
 
Concordo em absoluto. Finalmente um debate em que o NÃO esteve muito bem representado, com argumentos inteligentes e de conhecimento. Muitos parabéns à Sra. Doutora Assunção Cristas.
 
Inês, pesquise que não me apetece procurar os links para si, far-lhe-á bem o exercício de pesquisa, saber quais são as palavras chave apropriadas, faça um esforço de ser honesta com os estudos de pessoas sérias, por exemplo, procure os resultados da reunião da semana passada na O.Médicos.
E não me ponha números na boca, falei-lhe de variáveis, porventura, não lhe passa por segundos que é descabido apresentar um gráfico de 1969 em compração com 2002 sem outros dados? O que é afinal a honestidade?
 
Dado que o ‘sim’ ficou incomodado com os gráfico da Eurostat, talvez fosse conveniente realizar um referendo, sobre a possibilidade de aborta os dados desta entidade, dado que é uma forma fácil de resolver o problema do sim.
 
Caro Lopes,
Não vejo porquê! Comparar um gráfico de 1969 com um de 2002 deveria até vos ser bastante favorável! Com o aumento dos anticonceptivos e da informação devia ter diminuído o aborto! Ou não concorda?
Ou preferia escolher outro intervalo que lhe desse mais jeito? Isso é honestidade intelectual?
Ou será antes honestidade intelectual meramente acenar a existência de estudos sem os demonstrar? Será que os conhece? Ou deu-lhe jeito ontem a deixa da médica do sim que falou nos "estudos da O. dos Médicos"? Olhe que eu já procurei e não os encontrei...
É mais fácil falar em desonestidade intelectual quando não se tem factos para demonstrar?
IF
 
A IGNORÂNCIA É MUITO ATREVIDA.
 
O sim não lá muito conhecido por resolver os problemas... se estivesse a falar em arranjar uma solução para torná-la um problema... isso sim, é suficientemente desafiante para os intelectos "sins".

Em relação ao programa, confesso que a parte que gostei mais foi a da Sr.ª Ana Lourenço (não vi o programa todo, por isso não percebi de onde caiu mais aquela ave rara) dizer que a liberalização educa, e que depois de fazer um aborto, a mulher sai de lá já suficientemente educada...

Ah... porque é que não nos propuseram logo isto? Assim limitava-se a um aborto por vida feminina... ele há de facto gente muito inteligente (na Suiça...)!
 
Agora fez-me sorrir, Inês,
olhe que lhe ganho um certo carinho à inocência.
Acho mesmo que acabei de desenvolver esse carinho paternal, farei como aos meus filhos: vai lá procurar como se desenvolve um estudo científico, conhece o processo, acima de tudo não procures nada sobre o assunto em causa, depois relembra o que viste ontem ser apresentado e verás que te surgirão questões LIMPAS quanto à legitimidade científica de apresentar números assim.
Lamento, ser paternal consigo não é ser paternalista, se quiser mesmo muito seja honesta, pense, Inês. Tento ser honesto consigo ao não lhe dizer como pensar mas como pode desenvolver o mesmo, não ser uma tolinha que acredita em dois gráficos "soltos".
Dei o peixe aos meus filhos enquanto ainda não tinham capacidade para a pesca, depois dei-lhes a cana de pesca ajudei-os na aprendizagem da pesca.
 
Caros,

Apesar de ter achado que o novo programa era uma "encomenda" do sim, no fim fiquei muito contente pela forma como se desenrolou.

A plateia do sim mostrou uma vez mais o respeito que tem pelos outros, principalmente se tiverem uma opinião disonante com a deles. Felizmente este comportamento foi chamado á atenção pelo Dr. Anacoreta Correia.

Aliás, acho que no resumo feito falta referir as intervenções do Dr. Anacoreta Correiaque , quanto a mim, forma muito oportunas principalmente a que explicou que o sim ou quer tudo ou não quer nada.

Nós, apoiantes do não, que tantas vezes temos sido "premiados" de adjectivos tais como arrogantes, de cima do pedestal, etc ; conseguimos transmitir aquilo que somos: plurais, com respeito pelos outros mas acima de tudo com respeito pela vida.

Acho que este debate foi muito esclarecedor o que para mim era o principal pois se eu não tenho dúvidas acerca desta questão, sei de muita gente que as tinha e que ainda não tinha percebido o alcance das consequências caso o sim ganhasse.

Já agora gostei imenso da participação da Assunção Cristas e do médico que estava ao seu lado (desculpem não me lembro do nome). Estiveram os dois muito bem e adorei o pormenor do médico em dar o restante tempo final á Assunção Cristas para que ela, além de responder áquela criaturazinha toda irritada de dedo em riste que lá estava, também fazer a sua declaração final.

As colaborações dos restantes elementos do não foram todas positivas ( Dr. Lobo Antunes, Drª Rosário Carneiro e a médica que para mim disse tudo quando falou que estava em causa um filho)
 
Caro Lopes,

Agradeço-lhe muito a sua demonstração de bondade e paternalismo. Mas está equivocado. Aqui não se discutem métodos de investigação. Se tiver interesse nesse tema, podemos, a partir do dia 12, combinar trocar experiências. Uma vez que é Pai, e eu sou professora, podemos chegar a importantes conclusões úteis para a humanidade.
Mas, até lá, eu estou preocupada é que a informação chegue às pessoas. E quem invoca um facto deve provar a sua existência.
Por isso, eu opto por lhe dar já o peixe, enviando-lhe o link do Eurostat onde pode consultar estatísticas do aborto legal durante o intervalo de anos que lhe apetecer (http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page?_pageid=2173,45972494&_dad=portal&_schema=PORTAL&mo=containsall&ms=legal+abortion&saa=&p_action=SUBMIT&l=us&co=equal&ci=,&po=equal&pi=,&an=product_type&ao=containsall&av=ITY_&as=0&ad=text&na=1 Se não conseguir abrir experimente apenas epp.eurostat.ec.europa.eu e coloque em pesquisa "legal abortion").
Quanto ao ensino da pesca..., podemos tratar disso a partir de 2ª feira.
Cumprimentos,
IF
 
Caro anónimo das 14:44,

Tem toda a razão, foram efectivamente os do sim que terminaram cada uma das partes do programa, ainda por cima sem direito a responder a questões que lhes tinham sido efectuadas.

No entanto nem isso fez com que perdessem o norte e no final a mensgem que passou foi clara e sem necessidade a minutos extra.
 
O anonymous das 3:15 PM, que até é jurista e tudo, manifestou-se contra a "iletracia" (sic).
Não era melhor fazer uma auto-avaliação antes de falar da literacia dos outros?
 
Eu, pelo meu lado, como adepto do SIM, estou ansioso que a tal vossa camarada Assunção Cristas volte a passar por aqui a deixar o seu testemunho. Das duas, uma: ou esteve juridicamente miserável ou não é séria. Eu gostava de pensar que ela era séria, mas por outro lado ficaria com pena da FDL....
 
Isto é uma porra! A gajada que quer o aborto, estúpida como é, é teimosa até ao fim. A chatice é que são tão ignorantes que nem conhecem a anedota...
(A anedota é que morrem a insistir que é piolho...)
Uma miséria!

Nuno
 





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