NUNCA SABEREMOS

Nunca saberemos - os próprios nunca nos contarão - a dimensão dos sacrifícios que os nossos pais fizeram por nós, quais as dificuldades que tiveram de superar por nós, que martírios sofreram por nós, a quantidade de coisas que tiveram de abdicar por nós, o número de noites que passaram em branco por nós e, particularmente, se fomos desejados ou indesejados. Nem os nossos filhos saberão tais coisas.

Pensar-se que a maternidade (e a paternidade) é sempre um projecto, delineado cuidadosamente e ao detalhe, e que só assim ela é viável (devendo permitir-se abortar o filho não nascido no âmbito desse plano de pormenor) é o mais puro dos disparates e demonstra que muitos dos defensores do SIM vêem o aborto como um método anticoncepcional.

Um filho nascido do esquema minuciosamente delineado pode vir a ser o maior dos infelizes, e um outro nascido fora do plano traçado pode vir a ser o mais feliz de todos e trazer as maiores alegrias aos seus pais, ainda que de início não fosse "desejado".

Retirar-lhe a possibilidade dessa alegria, só por que sim, não é defender os seus interesses nem reconhecer o direito à criança a ser desejada (como já ouvi dizer): é o maior dos egoísmos.

Comentários:
Vocês fumam muitos charros lá nas traseiras da sacristia, não fumam?
 
É inacreditável os argumentos do "sim" em relação ao referendo.
oiça-se por exemplo o que diz a srª. presidente da associação "abraço": "há muitas mães que se não fizerem o aborto ficam com mais uma boca para dar de comer"(...)há mães que pensam se os devem pôr cá fora oou não" (..) o pais devia gostar mais das crianças das pessoas e haver mais interajuda (...) por isso voto Sim".
aos pouco os partidários dlo Sim vão-se revelando...infelizmente, tudo isto com o aval do Primeiro Ministro e seus ajudantes...

se achar por bem isto devia ser publicitado...pode ouvir-se em : http://expresso.clix.pt/Multimedia/Interior.aspx?content_id=376849
 
iosej, sj,

Um dos argumentos pelo "sim" apresentados nessa peça é o de as mulheres terem "a última palavra". Não compreendo como é que, para as mulheres terem a última palavra (que têem sempre já que é e será proíbido obrigar uma mulher a abortar), se pretende que as mulheres tenham a primeira e ÚNICA palavra.
 
OK, tou a ver que gostam de puxar pelos argumentos estúpidos em favor do "sim" no referendo, para puxar a brasa à sardinha.
É isto que está em questão:
-será que queremos que uma mulher, depois de ter arriscado a vida para abortar, seja presa?
-ou queremos, pelo menos, tentar que ela não o faça, apoiá-la se não o quiser fazer, e dar-lhe segurança no caso de manter essa vontade, e criar condições para que tal não volte a ocorrer?

Lembremo-nos que a esmagadora maioria NÃO quer abortar; mas haverá sempre uma ou outra situação em que, de facto, não exista outro caminho. E aí, que se faz? Prende-se? Para quê? Desde quando essas prisões impediram que tal voltasse a ocorrer?

A mulher não pode ser vista como uma mera incubadora. A despenalização da IVG permite que a mulher contacte com o sistema de saúde, podendo ser acompanhada e constatar que existem alternativas.

Mas, tal como a situação está - e que se manterá caso o "Não" vencesse - a única alternativa que ela conhecerá será sempre o aborto sem segurança.

Despenalizar NÃO obriga ninguém a abortar; e poderá até impedir que tal ocorra. Se a actual lei fosse suficiente, como dizem, porque continuam a ocorrer abortos sem segurança?
 
voces falam em liberdade, aborto livre e nao falam do q realmente he importante. e o que he importante???? he a RESPONSABILIDADE!!!!!!! DUH!!!
Entao a casalzinho de pombinhos que se acha com maturidade suficiente para ter relacoes sexuais. que conhecem TODAS as formas de nao ter filhos, e a menina engravida he porque a forca do desejo foi mais forte q a da responsabilidade. Quem he q aqui nunca foi ao ponto de dizer "q se lixe!!!" durante uma relacao sexual sem camisinha? pois he mas he aqui que entra a responsabilidade.
Esta mania de desresponsabilizar os meninos e meninas porque "coitados eles nao sabiam o que estavam a fazer", "sao tao pequeninos e agora a vida deles esta toda estragadinha". Isto faz-me lembrar daquele pai pobre que tinha dois filhos pequeninos cheios de fome. Um dia o pai cansado de ver os seus filhos famintos a chorar o dia todo foi ao supermercado e roubou uns paesinhos um 1 litro de leite e uma garafinha de vinho e uns cigarritos. Qd o homen se preparava sair do supermercado o seguranca disse-lhe: "olha la, o que he que levas aih??". "anda ca que eu vou chamar a policia!". Resumindo o pai foi preco e os filhos passaram a noite sozinhos famintos. Acho que deveriamos fazer um referendo para estes casos. proponho que so vai preso quem roubar mais de um litro de leite.
O grave problema he que o estado e a sociedade com esta nova lei vao tb se desresponsabilizar das suas funcoes. Porque?? Nos todos nao estamos a resolver o problema do aborto, so estamos a dar ferramentas a mulher para continuar a abortar mas agora com todas as condicoes. O uqe he que o estado vai fazer daqui para a frente: "ho minha menina voce estagravida nao me venha pedir apoio, agora voce ja pode abortar, faca la o que quizer e nao nos lixe!!!!"
He responsabilidade do estado e de cada um de nos criar todas as condicoes para que uma mulher possa passar de uma gravidez nao desejada para uma desejada. Isto he: " minha menina voce esta gravida, e nao tem condicoes para ter a crianca. NAO ABORTE o estado e a sociedade dao-lhe condicoes para ajudar aqui e ali para si e para a sua crianca" (isto he que he um pais civilizado, mas claro isto da trabalho). O que o sim quer he: " olha menina estas gravida, e nao tens condicoes aborta ate as 10 semanas e deixa-nos ir para a praia".
O que eu quero he que a mulher NAO aborte. o que eu quero he que os socrates, os cavacos, os soares, os portas, as edites estrelas, o ze manel das cebolas, o to silva, a vanessa maria , os figos deem condicoes, ajudem e Paguem!!! a mulher gravida para TER a crianca!!!!!!!
Para terminar: Sabem como se resolve o problema do do estacionamento? he simples!!! Tiramos o sinal de proibido e pomos o sinal de Parque. E assim resovemos o problema os carros continuam no passeio mas ja nao estam mal estacionados
 
Caro VV (?),

O meu amigo sabe que se passar um sinal vermelho pode perfeitamente embater um carro contra si, causando danos irreparáveis no pior dos casos. Mas se se acha um herói, e acredite que essas coisas só acontecem aos outros, o Estado aplica leis que dão direito a: 1) uma multa pesada; 2) ficar sem carta; 3) cadeia, se tal for preciso.
Sabendo isto, temos excelentes dissuasores para o próximo cruzamento que tivermos de passar.

Uma mulher não tem de abortar numa clínica clandestina, sabendo que a sua vida pode estar em risco (e aqui, tiro o meu chapéu aos trabalhos da gente do "sim"; pode ser que evite que muitas mulheres recorram a este método). Uma mulher não tem também de ir a Espanha para abortar. Uma mulher não tem de abortar, e não deve abortar porque lhe "apetece"! Existem imensas instituições, que o Estado ignora, que apoiam a mulher nestas condições.

É um ser-humano que ela traz no ventre, e matar um ser-humano é crime (especialmente se for "porque sim", como a Lei permitirá). Agora, ela lá saberá como o fez... Com tanta informação hoje em dia, o importante mesmo é apelar à responsabilização do uso da sexualidade. Ou também não se importa de pagar com os seus impostos a matança de vida humana, porque «a Manuela conheceu o António no Kremlin, foi para o carro com ele e não usaram preservativo. "Não tem problema", diz o António. "Se engravidares, abortas"».

Não. Os meus impostos para isto? Não.

A Lei como está, sempre o vai evitando... Mas também -- se o "sim" passa -- vão-se prender aquelas que fazem o aborto depois das 10 semanas? Devo-o lembrar que ainda são algumas as condenadas presentemente nessa situação. Vão obrigá-las a ir para a cadeira, porque "vivemos num Estado de Direito, e é inadmissivel a não aplicação de uma pena"?

Para terminar, o meu amigo já reparou que se a Manuela fizer uma cópia pirata do último DVD do Sting, sujeita-se a ir presa e a pagar uma pesada multa, mas se matar o seu filho (que se pode chamar João, Luis, ou António como o pai) não lhe acontece rigorosamente nada? Será admissível? Se votarmos "sim" é.

Eu gostava de estar a brincar, mas isto é um assunto sério.

Melhores Cumprimentos,
David Sanguinetti
 
Parece que não perceberam...
Então eu falo mais devagarinho...
Ninguém que defenda o "SIM" no dia 11 está a dizer que quer que o aborto seja a norma...
Ninguém que defenda o "SIM" quer que este seja um método anticonceptivo...
E quanto à "historinha" de que isso só acontece acontece aos namoradinhos, não é assim...
Um exemplo: uma melhor toma a pílula (Cruzes, credo, dizem as beatas); não quer ter (mais) filhos neste momento, embora o pretenda (ou não) fazer no futuro. Sem que saiba disso, dois medicamentos que está a tomar potenciam-se mutuamente e inibem a acção da pílula. Engravida. Nâo o pretende.

Os defensores do "NÃO" limitam-se a defender que ela DEVE ter a criança, mesmo não o desejando; e se abortar, em más condições, e ficar viva, deve ser presa, julgada, e mandada para o calabouço. Muito educativo.

Os defensores do "SIM" entendem que ela deve ser atendida por uma equipa devidamente preparada, que a tranquilize (se for o caso) e lhe apresente com calma e clareza as diversas alternativas de que dispõe (ter o filho e ficar com ele; ter o filho e dá-lo para adopção; não ter o filho) e que aguarde a sua decisão, a aceite sem reserva e actue de acordo com ela.

Perceberam?

Talvez quando uma familiar vossa estiver numa tal situação, vocês entendam que NÃO têm o direito de lhe impôr a VOSSA opinião, e SIM que aceitar a dela. Porque é a vida DELA, não a vossa. OK?

Vamos lá a votar SIM no Domingo.
 
Caro VV,

Se o sim ganhar, a mulher não se limita a não ir presa se abortar. Passa a ter o direito de exigir do Estado que este colabore activamente no seu aborto.
Uma coisa é não ser punida por abortar, outra, é ter o direito de o fazer.

Eu também acho que ninguém tem o direito de impor a sua opinião a ninguém. Daí achar que a mãe não pode impor a sua opinião ao feto, que já existe e já está vivo, tendo a mãe colaborado activamente para a existência daquele ser. Ao contrário do que alguns professores de direito defendem, a concepção não se dá por obra e graça do Código Penal.
 
Uma coisa é fazer um aborto - ou vários -, outra é não se justificar pelo crime que cometeu.
Também, uma coisa é saber que não há penalização, outra é ficar na dependência do julgamento que lhe for feito - que pode, eventualmente, absolver a mulher e quem praticou a operação.
A verdade é que, hoje em dia, há todos os meios contraceptivos à disposição, e de borla, para todas as mulheres, mesmo das pobres desmioladas.
(As prostitutas, se se desleixam, recorrem ao aborto para não ficar sem "trabalho" durante um ano.)
Qualquer mulher só engravida se for descuidada ou promiscua (o povo chama-lhes, e bem, porcas...), se puser o sexo acima das suas "obrigações" sociais. Sim, obrigações, como todos nós temos, que neste caso é evitar a gravidez de um filho que depois não quer ter. Tal irresponsabilidade é incúria e não tem perdão.
Parece, portanto, que toda essa escumalha o que quer é recorrer à tábua de salvação do aborto praticado gratuitamente pelo SNS ou hospitais civis pagos pelo desgraçado do contribuinte que não é visto nem achado na questão.
Estão a querer explorar quem? Estão a querer gozar com quem?
Na sua ignorância e teimosia, rejeitam que o Ser Humano tem origem na concepção e que tem vida própria desde o início, a concepção, passando pelo parto e sempre continuamente até ao fim.
Por isso, o aborto - que não a interrupção da vida ou IVG - é um acto criminoso e não se pode admitir a priori a sua despenalização.
Tal como a partir das dez semanas - ou mais, como nos outros casos previstos na lei -, cada atentado contra o feto deverá ser julgado, isto é, avaliado por um tribunal que aprecie a situação e, consideradas atenuantes e agravantes, despenalize ou condene com a pena adequada tanto à mãe como a todos os intervenientes quiçá mais responsáveis.
Não se procedendo com critério em defesa dos Direitos Humanos, caír-se-á numa situação em que tudo é permitido, desde a maior promiscuidade até à degradação completa de se utilizar o aborto como método anti-concepcional.
 
É um texto inteligente e belo.
 
Cara Marta

Disse, e cito, "Se o sim ganhar, a mulher não se limita a não ir presa se abortar. Passa a ter o direito de exigir do Estado que este colabore activamente no seu aborto".
E eu pergunto: qual é o mal disso?
Releia o que escrevi. Pense. Será que manter a actual lei e as penas de prisão vai fazer com que deixe de haver aborto? Ainda por cima em más condições?
Vamos lá a ser lógicos.

Primeiro os números: ver por exemplo http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/001488.htm, onde se constata que a taxa de aborto espontâneo em mulheres que JÁ SABEM que estão grávidas, e entre a 7ª e a 12ª semana de gestação, ronda os 10%. Antes disso, estima-se que 50% das gravidezes nem sequer se tornam conhecidas: o aborto dá-se sem que a mulher saiba sequer que está grávida. E, muitas vezes, isso deve-se a atitudes da mulher.
Vamos então prender essas mulheres também?

Depois outras considerações:
-estatísticas: veja p. ex. http://www.guttmacher.org/pubs/fb_0599.html, onde constatará que a média dos abortos legais é de cerca de 10 a 24 por 1000 nascimentos, tendo em conta a Europa e Eua. Considerando então o caso português: o número de nascimentos ronda os 120.000 - ver p.ex em http://jpn.icicom.up.pt/2004/06/01/taxa_de_natalidade_esta_a_baixar.html - o que, aplicando a taxa mais elevada (a americana) de 24/1000, resulta em cerca de 2.500 abortos/ano;
-economicistas (ninguém gosta, mas elas existem): no quadro actual, todos perdemos: quem recebe dinheiro por fazer abortos não paga impostos, e se a mulher ficar afectada física ou psicologicamente teremos todos de pagar a sua recuperação; se morrer, não produzirá riqueza, e todos perderemos; se for presa, teremos de pagar o trabalho da polícia, o dos tribunais, e o das prisões;

E por último...
Tenho mesmo de lhe perguntar, Marta: imagine que você (ou uma filha, uma irmã, uma prima, uma amiga) não está disposta a ser mãe, digamos, nos próximos 10 anos; e que por isso toma todas as precauções; e que mesmo assim tudo falha.
Acha correcto que a sociedade diga: "ou tens esse filho, ou vais para a cadeia"?
Fale com as suas amigas. Verá que todas elas conhecem pelo menos uma mulher que abortou (se não elas mesmas); porque não as acusaram à polícia? Afinal, quem defende o "Não" tem a obrigação moral de denunciar o "crime"...

O SIM não obriga ninguém a abortar.
Cria condições para que as mulheres que, depois de tudo bem pesado, ainda assim pretendam abortar, o façam em segurança, sem estigmas.

Há dias, folheei numa livraria "Álvaro Cunhal-Ao canto do espelho", uma entrevista que aquele deu a uma rádio de Bragança em 1997. Nela referiu a sua tese de licenciatura, em 1940, estando preso, em que do júri fizeram parte, entre outros, Marcello Caetano. Nela defendeu a despenalização do aborto, e explicou bem porquê. Nisso concordo com ele.

Não acha que é tempo de acabar com esta situação podre? Então, votemos SIM.
 
Só mais uma coisinha...

Porque razão ninguém faz funerais de fetos resultantes de aborto espontâneo (ou, se o faz, é só quando já têm 3 ou 4 meses de gestação)?

Afinal, se "o Ser Humano tem origem na concepção", como disse, espumando de ódio, o distinto comentador anónimo acima, então quem aborta espontâneamente na 2ª semana já devia fazer um funeral...

Vamos lá a ter juizinho.
 
VV

Ninguém impede ninguém de realizar um funeral nesses casos... Que raio de argumento que você arranjou!
 
O VLX nao falou muito com os seus pais, pois nao? Os meus contaram-me tudo. O bom e o mau. Eu fui um acidente e os meus pais na ternura dos seus 40 estiveram a pensar no assunto. A ver daqui nao me parece egoista que eles tenham ponderado ter uma criança naquela idade com dois filhos já criados. Vá lá, deixem-se de generalizar as vossas vidas e experiencias. O mundo e as relaçoes entre as pessoas é muito mais do que o vcs experimentaram.
 
Caro José

Não é argumento, talvez seja apenas uma provocaçãozita... para por as pessoas a pensar.

Sim, eu sei que podem. Mas fazem-no?

Já agora, também podiam denunciar a irmã, a tia, a prima, a amiga que fizeram um aborto. Mas fazem-no?

Se está à procura de argumentos mais lúcidos, veja o meu comentário anterior. Não digo que tenho a verdade. Não digo a nenhuma mulher que deve abortar. Mas não aceito que lhe imponham o papel de incubadora.

E a questão é que o referendo não é "ao aborto". É a perguntar se se deve despenalizar até às 10 semanas. Sim, eu sei que é ridículo - mas o Bloco Central (mais o outro) assim o decidiram, não fui eu.

Até acho interessantes muitos dos argumentos (lúcidos - os outros nem por isso) do "Não", quanto a um objectivo de dissuadir uma mulher de abortar. Mas não é isso que estará na mesa no dia 11, e sim a questão da despenalização.

E os defensores do "Não" mascaram o facto de que, se o "Não" vencesse, ficava tudo na mesma:
-hipocrisia
-aborto clandestino como única via que se apresenta à mulher
-investigação, julgamento, prisão

Vá lá: votem SIM, ninguém será obrigado a abortar. E depois, ajudem a montar um sistema que possa ajudar um mulher nessa situação a ver outras alternativas, assim efectivamente evitando o aborto.
 
Exemplos de gravideses planeadas (não têm outra hipótese)= crianças infelizes é a China: na China as ctrianças são o enlevo dos pais de tal maneira que eles têm tudo planeado para eles (não foi só a gravidez) e aquele filho tem de cumprir na perfeição os planos para eles estabelecidos. Resultado: crianças infelizes, com depressões por falta de boas notas na escola e outros desaires infantis e uma elevada taxa de suícidio infantil. Será que o Sim quer falar disto?
 
Eu só gostava que alguém me explicasse uma coisa. Existem perservativos, não existem? Sabem do que eu estou a falar, não sabem? camisinhas, aquelas que são - e muito bem - distribuidas gratuitamente nos Centros de Saúde e centros de planeamento familiar. Depois também há a pilula não há? a malta lê com atenção - ou pede a alguém para nos ler e explicar - o folheto antes de a tomar ( práctica muito sensata, e que não custa nada, e em que ficamos logo a saber que tomando outro medicamento, nos sete dias que se seguem temos de recorrer à camisinha). Ou então a malta prefere o DIU, ou até uma laqueação de trompas ( e ao contrário do que por aí se diz, há também o modelo reversível). A malta exerce então - e bem - a sua liberdade sexual, de uma forma responsável, que é como se devem exercer todos os direitos e liberdades. E a malta previne-se. Evita a gravidez, e se for com a camisinha - método simples e ao alcance de TODOS - ainda se previne contra as DST (que existem muito em Portugal). No caso muito improvável - quase do além, lembrando intervenção divina - de que estes métodos combinados falhem a malta vai a uma farmácia, junta os trocos ( e o homem aqui pode ajudar) e compra a pílula do dia seguinte.

Pergunto eu: uma mulher - ou um casal - que conscientemente exerce a sua liberdade sexual, e sabe - porque conhecerá a sua vida melhor que ninguém - que NÃO QUER ter um filho - não terá a responsabilidade, a OBRIGAÇÃO de pensar nisto?
O momento da escolha, em que a mulher exerce com dignidade a sua liberdade sexual é totalmente ignorado pelo SIM. O SIM só se lembra do direito à escolha depois de essa escolha implicar a interrupção de uma vida.

Pois é...RESPONSBILIDADE é uma palavra que cai mal nos dias que correm.
 
Caro Abrunho,
agradeça aos seus Pais todos os dias, pela manhã, o facto de eles lhe terem permitido experiências e de poder dizer hoje o que lhe parece e entende.
Agradeça ainda o facto da legislação vigente na altura não permitir livremente o aborto nem considerar o aborto uma coisa legítima e perfeitamente natural pois isso pode ter pesado na decisão dos seus Pais, seguramente excelentes pessoas, na altura em que se viram a braços com uma gravidez que não contavam.
Estou certo de que lhes deu imensas alegrias ao longo da vida, e que os seus Pais, quaisquer que tenham sido as dificuldades por que passaram, diariamente dão graças por ter decidido mantê-lo vivo.
Eu estou aqui e luto para que haja muitas mais pessoas como você, não quero que o aborto seja visto como uma coisa lícita, normal, a solução mais fácil, pois isso pode impedir a vida de muita gente que não teve a sorte de ter os seus Pais. Espero que ainda estejam vivos e, se for esse o caso, felicite-os por mim, pois tomaram a decisão certa. E, nessa altura, agradeça-lhes outra vez (duas vezes por dia não será demais) terem-lhe permitido viver. Um abraços, embora pensemos de modo diferente.
Vasco Lobo Xavier
 
Caro Abrunho,
agradeça aos seus Pais todos os dias, pela manhã, o facto de eles lhe terem permitido experiências e de poder dizer hoje o que lhe parece e entende.
Agradeça ainda o facto da legislação vigente na altura não permitir livremente o aborto nem considerar o aborto uma coisa legítima e perfeitamente natural pois isso pode ter pesado na decisão dos seus Pais, seguramente excelentes pessoas, na altura em que se viram a braços com uma gravidez que não contavam.
Estou certo de que lhes deu imensas alegrias ao longo da vida, e que os seus Pais, quaisquer que tenham sido as dificuldades por que passaram, diariamente dão graças por ter decidido mantê-lo vivo.
Eu estou aqui e luto para que haja muitas mais pessoas como você, não quero que o aborto seja visto como uma coisa lícita, normal, a solução mais fácil, pois isso pode impedir a vida de muita gente que não teve a sorte de ter os seus Pais. Espero que ainda estejam vivos e, se for esse o caso, felicite-os por mim, pois tomaram a decisão certa. E, nessa altura, agradeça-lhes outra vez (duas vezes por dia não será demais) terem-lhe permitido viver. Um abraço, embora pensemos de modo diferente.
Vasco Lobo Xavier
 
TNP disse:
"Existem perservativos (...) camisinhas (...) distribuidas gratuitamente nos Centros de Saúde e centros de planeamento familiar. Depois também há a pilula (...)compra a pílula do dia seguinte."

1. não sei a que centros de saúde vai você, mas há muito que isso acabou; além disso, aconselho-o a ir ver a taxa de segurança dos preservativos.
2. não são só os medicamentos que interferem na acção da pílula.
3. a pílula do dia seguinte até seria uma boa ideia; só que, se já tiver havido fecundação, não acontece nada

E tenho mesmo de lhe perguntar: imagine que você (se for mulher, ou uma filha, uma irmã, uma prima, uma amiga) não está disposta a ser mãe, digamos, nos próximos 10 anos; e que por isso toma todas as precauções; e que mesmo assim tudo falha.
Acha correcto que a sociedade diga: "ou tens esse filho, ou vais para a cadeia"?
Fale com as suas amigas. Verá que todas elas conhecem pelo menos uma mulher que abortou (se não elas mesmas); porque não as acusaram à polícia? Afinal, quem defende o "Não" tem a obrigação moral de denunciar o "crime"...

O SIM não obriga ninguém a abortar.

Cria condições para que as mulheres que, depois de tudo bem pesado, ainda assim pretendam abortar, o façam em segurança, sem estigmas.


Por isso, dia 11 vote SIM
 
Caro/ a VV:


No último número da Revista Visão ( nº 726) é apresentado um estudo da Associação para o Planeamento da Familia - organização favorável ao Sim e por isso parece-me, neste caso, acima de qualquer suspeita.

Neste estudo - que incide sobre um universo de 2 mil mulheres entre os 18 e os 49 anos que realizaram abortos - poderá ver que 46.1% das mulheres que engravidaram NÃO ESTAVAM A USAR QUALQUER MÉTODO CONTRACEPTIVO e 15% diz ter sido POR DESCUIDO ou porque se ENGANOU NAS CONTAS.

Se eu não quisesse ser mãe nos próximos anos garanto-lhe que usaria métodos anticonceptivos e não me habilitaria a "enganar-me nas contas." Laqueação de trompas reversível, DIU, pílula depois de leitura ATENTA ou devida explicação do folheto informativo. E repito o uso do perservativo sempre que se justificar a prevenção das DST.
 
Não há nada a fazer porque no SIM não querem saber nem de factos nem de responsabilidades. Se lhes disser que (de longe) o maior motivo de "falha" dos preservativos é o uso incorrecto, eles ou não reconhecem como facto ou não querem ser responsabilizados. Por isso arranjam uma mão cheia de excepções que vao repetindo para justificar a regra a instituir: um sem fim de abusos.
 





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