VALUPI

Não há muitos a escrever como ele. Deixo-vos citações de 2 posts do Valupi a propósito do referendo:
(i)
"Ora, posto que eu não sou a mulher grávida, não posso falar por ela, pelas suas razões. Não me posso substituir à liberdade dessa pessoa que está em condições de a exercer na plenitude. Talvez para ela seja a melhor opção, por motivos até inefáveis ou pura e simplesmente fúteis, mas irrevogavelmente dela. Tenho, então, se quero achar o sentido do meu voto, de falar pelo outro termo da equação, aquilo que vive e que cresce dentro da mulher. Essa coisa, não falando, convida-me a ser sua representante, sua procuradora. É algo que será diferente daí a uns meses, daí a umas semanas, caso não se interrompa o processo que o dinamiza; isso também é inegável, decisivo. Logo, e seguindo com a maior fidelidade as tradições que na História sempre combateram em nome dos mais fracos, dos sem voz, dos incapazes de se defenderem, eu tenho de considerar criminoso que não se dê a oportunidade a esse ser de poder decidir o seu destino com direitos iguais aos da mulher onde aconteceu o acaso de aparecer."
(ii)
"E, para dar uns ares de Rui Tavares, vou também tentar explicar o óbvio: ser honesto, cá comigo, é não mentir. Não mentir, que fique claro, é ser honesto. Diria ainda mais: há uma impossibilidade ética na simultaneidade do estado honesto com o acto mentiroso. Espero estar a ser fiel ao estilo ruitavariano, um estilo que me lembra muito o maior legado do Poder Local ao País, logo a seguir à corrupção: as rotundas.
Ora, posto que eu não quero mentir, por que razão haveria de concordar com a interrupção voluntária da gravidez, fosse lá por opção de quem fosse, fosse lá quando fosse e fosse lá onde fosse? É de resposta directa: não devo concordar com aquilo que não me está a ser apresentado, explicitado, justificado."

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