VOTO NÃO

Voto NÃO, porque a criminalização do aborto é o único meio para tutelar o embrião, cuja natureza humana é inegável e cuja dignidade não pode ser posta em causa.

Voto NÃO, porque defendo a liberdade das mulheres e esta só pode ser compreendida na sua correlação com a responsabilidade – a responsabilidade de assumirem o resultado de uma conduta livre, pela qual se autodeterminaram sexualmente.

Voto NÃO, porque é mentira que todas as mulheres abortem em estados de desespero atendíveis e recuso olhar para o aborto como um método contraceptivo.

Voto NÃO, porque acredito numa sociedade entretecida por laços de solidariedade que não pode oferecer, como solução para o problema da pobreza, numa óptica de eugenia social, o aborto.

Voto NÃO, porque recuso uma sociedade que se oriente para uma cultura de morte, em detrimento de uma cultura de vida; porque recuso um Estado que se anime por uma racionalidade tecnocrática desnudada de qualquer sentido axiológico.

Comentários:
EU VOTO NÃO, PORQUE TENHO MEDO QUE DEUS ME CASTIGUE POR COLABORAR COM A CHACINA DE CRIANÇINHAS !

É PECADO!

ELAS QUE SOFRAM NO MUNDO COMO TODOS NÓS ! POR DEUS NOSSO SENHOR !

ALELUIA MEUS IRMÃOS !

VOTEM NÃO!
 
Explique o que são "estados de desespero atendíveis". Atendíveis para quem? Não acha que é relativo? Acha que podia estar na pergunta do referendo? tipo "concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez por estados de desespero atendíveis da mulher até às 10 semanas em local devidamente autorizado?"
 
"Voto NÃO, porque a criminalização do aborto é o único meio para tutelar o embrião ..."

Aqui está o seu grande equívoco e é por causa dele onde tudo o resto cai pela base. Só não vê quem não quer, que a criminalização não tem sido antídoto nenhum para proteger o "embrião", como muito bem lhe chama.

Está demonstrado à saciedade que não é através da criminalização que se consegue proteger a vida intra-uterina e evitar o flagelo do aborto clandestino.
E não vale a pena desenvolver este argumento, de tão estafado que ele está, basta remeter para as recomendações, com largos anos, quer do parlamento europeu, quer da comissão europeia.
 
pois pois
A Convenção sobre os Direitos do Homem e da Biomedicina no Conselho da Europa

Assinada em Oviedo, capital do principado de Astúrias, em 04 de abril de 1997, esta Convenção Européia concerne à concepção humana e assenta, em seu art. 1o., "que as partes na presente convenção protegerão a dignidade e a identidade de todos os seres humanos (grifamos) e garantirão a todas as pessoas, sem discriminação, o respeito pela sua integridade e pelos seus direitos e liberdades fundamentais face às aplicações da biologia e da medicina".

Antes da aprovação desta Convenção, o Conselho da Europa já sancionara, em 24 de setembro de 1986, através de sua Assembléia Parlamentar, a Recomendação 1.046 que, em seu considerando V, reconhece que "desde o momento da fertilização do óvulo, a vida humana se desenvolve como um projeto contínuo, e que não é possível fazer uma distinção nítida durante as primeiras fases embrionais do seu desenvolvimento, e que a definição do status do embrião é, portanto, necessária". As únicas intervenções aceitas por essa Recomendação relativas ao embrião, tanto in vitro como no útero, são para favorecer-lhe o nascimento [23], nenhuma para impedir-lhe o nascimento é admissível.

A Recomendação 1.100 do Conselho da Europa estabelece em seu considerando VII, que "é correto determinar a tutela jurídica a ser assegurada ao embrião humano, embora se desenvolva em fases sucessivas indicadas com nomes diversos (zigoto, mórula, blástula, embrião pré-fixado, embrião, feto), manifesta também uma diferenciação progressiva do seu organismo, mantendo continuamente a própria identidade genética (grifos nossos) " [23].

Diante dessas Recomendações do Conselho da Europa, pode-se afirmar que o nascituro tem personalidade jurídica formal no que concerne aos direitos da personalidade, visto ter a pessoa carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in vivo ou in vitro, passando a ter personalidade jurídica material, quando ela alcança os direitos patrimoniais, que antes estavam em estado potencial, dependentes do nascimento com vida
 
anonimo das 4:11 é mesmo cretino (a)e mentiroso (a)..por isso vota "sim"...
veja os dados seu mentiroso (a):
Selection
Votes
Sim 38% 304
Não 60% 486
Não sei 2% 15

805 votes total
 
Carminho e Sandra
Carminho senta se nos bancos almofadados do BMW da mae. Chove la fora .Encosta o nariz ao vidro para disfarcar duas enormes lagrimas que lhe rolam pela face. A mae conduz o carro e aperta lhe ternamente a mao. Ha muito transito na Lapa ao fim da tarde. A mae tem um olhar triste e vago mas aperta com forca a mao da filha de 18 anos. Estao juntas. A caminho de Espanha.

(Mais a baixo na cidade)

Sandra senta se no banco cor de laranja do autocarro 22 que sai de Alcantara. Chove la fora. Encosta o nariz ao vidro para disfarcar duas enormes lagrimas que lhe rolam pela face. A mae esta sentada ao lado dela. Encosta o guarda chuva aos pes gelados e aperta lhe ternamente a mao. Ha muito transito em Alcantara ao fim da tarde. A mae tem um olhar triste e vago mas aperta com forca a mao da filha de 18 anos. Estao juntas. A caminho de casa de Uma Senhora.

O BMW e o autocarro 22 cruzam se a subir a Avenida Infante Santo.

Carminho despe se a tremer sem nunca conseguir estancar o choro. Veste uma bata verde. Deita se numa marquesa. E atendida por uma medica que lhe entoa palavras doces ao ouvido, enquanto lhe afaga o cabelo. Carminho sente se a adormecer depois de respirar mais fundo o cheiro que a mascara exala. Chora enquanto dorme.


Sandra nao se despe e treme muito sem conseguir estancar o choro. Nervosa, brinca com as trancas que a mae lhe fez de manha na tentativa de lhe recuperar a infancia. A Senhora chega. A mae entrega um envelope a Senhora. A Senhora abre e resmunga qualquer coisa. E altura de beber um liquido verde de sabor muito acido. O copo esta sujo, pensa Sandra. Sente se doente e sabe que vai adormecer. Chora enquanto dorme.

Carminho acorda do seu sono induzido. Tem a mae e a medica ao seu lado. Nao sente dores no corpo mas as lagrimas nao param de lhe correr cara abaixo. Sai da clinica de rosto destapado. Sabe lhe bem o ar fresco da manha. E tempo de regressar a casa. Quando a placa da Uniao Europeia surge na estrada a dizer PORTUGAL, Carminho chora convulsivamente.

Sandra nao acorda. E nao acorda . E nao acorda. A mae geme baixinho desesperada ao seu lado. Pede a Senhora para chamar uma ambulancia. A Senhora nao deixa, ponha se daqui para fora com a miuda, ha uma cabine la em baixo, livre se de dizer a alguem que eu existo.
A mae arrasta a Sandra inanimada escada a baixo. Um vizinho cansado, chama o 112 e a policia.
Sandra acorda no quarto, 122 dias depois. As lagrimas cara abaixo. Nao poderas ter mais filhos Sandra, disse lhe uma medica, emocionada.
Sai do hospital de cara tapada, coberta por um lenco. Nao sente o ar fresco da manha. No bolso junto ao utero magoado, a intimacao para se apresentar a um tribunal do seu pais: Portugal.


Eu voto sim. Pela Sandra e pela Carminho. Pelas suas maes e avos. Por mim.

Rita Ferro Rodrigues
 
EU NÃO VOU VOTAR !!!

QUEREM TER FILHOS, QUE TENHAM!

NÃO QUEREM, ABORTEM !



EU QUANDO QUISER TER UM FILHO, VOU TER ! SE NÃO QUERO, USO PRESERVATIVO COMO FAÇO AGORA! É SIMPLES !!! É O QUE FAÇO E O QUE SEMPRE FIZ!

GENTE BURRA QUE COMPLICA UMA COISA TÃO SIMPLES !!!

INCRÍVEL !!! IRRESPONSÁVEIS !!!
 
Anónimo,

Ninguém põe em causa que se deva proteger a vida intra-uterino. Isso é uma evidência para todos, apesar dos apoiantes do 'não' quererem fazer passar a ideia de que eles e só eles têm essa preocupação.
A questão é COMO protegemos essa vida?
Ora, entra pelos olhos dentro, e até os do 'não' acabam por reconhecê-lo que a penalização criminal das mulheres não leva, não levou e não é eficaz nessa protecção.
 
Cara Mafalda,

Grande texto! Subscrevo totalmente o que escreve.

Isto de se querer tudo sem se assumirem responsabilidades só leva mesmo a uma cultura de facilitismo, mas ainda pior neste caso é uma cultura de morte e por isso voto Não!

PS - As vozes de quem comenta andam elevadas por aqui e tinha decidido não mais comentar. No entanto não resisti pois identifíco-me totalmente com o que aqui está escrito!
 
O meu último comentário era para o anónimo das 4:33.

PS: excelente texto da Rita Ferro Rodrigues, anónimo das 4:48.
 
Eu também voto SIM. Pela Sandra e pela Carminho, e pelas filhas da Maria Ester, que não teriam ficados órfãs de mãe naquela idade difícil da adolescência se o SIM já tivesse ganho em 1998. Para que nunca tenham de passar pelo que a mãe passou.
 
KA,

Em vez de meramente subscrever a Mafalda, debata os argumentos que aqui lhe foram opostos. Se conseguir ...
 
Ricardo,

Sendo este o meu último comentário apenas lhe digo que foi o que fiz durante o último mês, mas claro o Ricardo não andou por cá e por isso agOra fez esse comentário.

O meu papel já está desempenhado. E se no fim consegui ajudar alguém, uma só pessoa que seja, a ficar esclarecida do embuste que é a pergunta do referendo, e que foi a campanha do SIM, fico feliz e sinto que a missão foi cumprida.

Mais importante que estar aqui a dizer que sou eu que tenho razão é ir no dia 11 votar em consciência.

No dia 11 eu VOTO NÃO!
 
Selection
Votes
Sim 0% 12
Não 100% 9.340.780
Não sei 0% 15

9.340.807 votes total


VIVA O NÃO ! VAMOS GANHAR !
 
Calma!!!

vamos pôr os pontos nos iii's:

Quem obriga a fazer alguma coisa é o NÃO - obriga-nos a abortar clandestinamente!!!
O SIM permite optar, permite optar por uma vida feliz com crianças desejadas; acaba coma devassa à vida as mulheres; acaba com os tribunais!

Envergonhem-se defensores do não, tenham respeito pelas mulheres!
 
Ka,

Vote o que quiser que é seu direito, mas, não faça acusações sem fundamento. Então a campanha do 'sim' foi um embuste? Não estará a confundiir com a do 'não' que à última hora resolveu atirar com uma proposta de despenalização, que visa obter o efeito contrário ao voto do 'não' e no sentido do 'sim'. Só que o povo não é parvo e percebeu onde está o verdadeiro "embuste".
 
... tem graça. Eu voto não, para que o dinheiro empregue a fazer abortos à Sandra e à Carminho possa ser, ao invés, empregue a ensinar a Sandra e a Carminho como hão-de fazer para não engravidarem (para quantas pílulas e preservativos dão os 400 euros - contados por baixo - que custa um aborto?); para que possa ser empregue para dizer à Sandra e à Carminho que um filho não é um "azar", mas uma alegria; para que possa ser empregue a dar à Sandra condições para ela sustentar o seu Filho.
Dizer sim? Para quê? Para oferecer à Sandra e à Carminho um aborto? Triste sociedade...
 
A questão é COMO protegemos essa vida?
fácil, fazendo abortos
 
Um aborto custa 400 euros? Como assim? Uma caixa de misoprostol de 20 pastilhas custa 10 euros.

Exacto um filho não é um azar nem um castigo. Por isso não posso obrigar uma mulher a ser mãe qd ela propria não quer.
 
"EU QUANDO QUISER TER UM FILHO, VOU TER ! SE NÃO QUERO, USO PRESERVATIVO COMO FAÇO AGORA! É SIMPLES !!! É O QUE FAÇO E O QUE SEMPRE FIZ!

GENTE BURRA QUE COMPLICA UMA COISA TÃO SIMPLES !!!

INCRÍVEL !!! IRRESPONSÁVEIS !!!"

Concordo plenamente com o que foi dito.
 
E quando o preservativo se romper?
 
Mafalda,
Obrigado por todas as explicações, por toda a elevação, por toda a dignidade que trouxeste ao debate.
Tenho a certeza que fizemos tudo o que podíamos ter feito para demonstrar o nosso ponto de vista. E a tua intervenção foi sempre das melhores.
O Povo agora decide. E o que quer que decida espelhará a convicção generalizada sobre a dignidade da vida intra-uterina.
 





blogue do não