Mitos abortistas

Nas caixas de comentários aqui do blogue, em jornais e noutros locais têm sido repetidos números, invariavelmente diferentes, acerca dos abortos clandestinos e das mulheres que recorrem aos hospitais com complicações resultantes de abortos.
Porque esse números têm sido utilizados pelos defensores do SIM como arma de arremesso, importa desmistificar alguns desses dados.
Começo pelo número de mulheres assisitidas em hospitais em resultado de abortos clandestinos. O Ministro da Saúde, fervoroso adepto da liberalização do aborto até às 10 semanas, socorrendo-se dos números fornecidos pelo SNS, disse em Outubro deste ano que em 2004 recorreram aos hospitais cerca de 1.500 mulheres com complicações decorrentes da prática do aborto clandestino. Não referiu a existência de qualquer morte. Peço-vos que fixem estes números e os contraponham a quem insiste em referir as 4 ou 5 mil mulheres com complicações pós-aborto clandestino ou as diversas mortes que o mesmo provoca (a este propósito referi aqui um panfleto do BE que repete as mentiras do costume).
Actualização: nas televisões e em alguma imprensa escrita foi referido que em 2005 terão sido tratadas 72 mulheres com complicações derivadas de abortos ilegais.

Comentários:
72???


Por falar em Mitos....
 
Não fui eu que inventei:
1. "ABORTO EM PORTUGAL
Em 2005, os hospitais portugueses realizaram 906 interrupções voluntárias da gravidez e trataram 72 complicações decorrentes de abortos ilegais, segundo dados provisórios da Direcção-Geral de Saúde, avançados esta semana pelo ‘JN’." - http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=219188&idselect=19&idCanal=19&p=22
2. "No ano passado, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) realizaram 906 IVG e trataram 73 complicações decorrentes de abortos ilegais." - http://jn.sapo.pt/2006/10/24/nacional/numero_abortos_hospitais_publicos_du.html
3. "Em contrapartida, chegam às urgências cada vez menos casos de complicações decorrentes de abortos ilegais, refere o jornal.
No ano passado, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) realizaram 906 IVG e trataram 73 complicações decorrentes de abortos ilegais." - http://www.farmacia.com.pt/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=1337
Chega?
 
Quem dera que só fossem esses.
 
Se estes dados fossem verdadeiro só pode haver uma conclusão - o aborto clandestino é extremamente seguro e existem inúmeras clínicas clandestinas ( e lucrequipas ativas) , bem equipadas e com médicas a fazerem abortos regularmente, , sem qualquer problema de controle judicial.
Ou seja, os abortos existem, existe uma rede paralela e segura para os fazer e ninguém tem sido preso por isso.
Ou, como afirmou Paula Teixeira Pinto numa entrevista, o aborto já está despenalizado.
Então proqu~e manter uma lei que ninguém cumpre e ninguém quer ver cumprida?
Qanta hipocrisia.
 
Penso que concorda que o tráfico de droga continua a existir em força em todo o mundo. Porque havemos de manter uma lei a penalizá-lo, se ninguém a cumpre? Segundo o seu raciocinio é uma hipocrisia. Ah, mas aqui ainda vão algumas pessoas (poucas) presas.

Então e que tal a fuga ao IMT (ou à antiga SISA). Nunca ninguém vai preso por isso. Vamos acabar com a hipocrisia de ter que pagar os impostos certos.

Ou então a corrupção na governação em geral. São constantes os atropelos à lei e todos sabemos isso mas ninguém vai preso (e nem sequer é perigoso para a saúde, bem pelo contrário). Vamos acabar com a hipocrisia e legalizar a corrupção.
 
E podemos ir ainda mais longe. Como as desigualdades sociais e a pobreza existirão sempre o melhor mesmo é acabar com todo e qualquer crime que possa ter como motivação essas desigualdades. Aliás, esse é um dos argumentos dos defensores do SIM.
 
Segundo me informou um médico meu amigo, há realmente mulheres que são assistidas nos hospitais por complicações derivadas de abortos. Só que pouquíssimos desses casos resultam de abortos clandestinos (que nem sequer ficam registados como tal, portanto não podem haver estatísticas). Tratam-se na esmagadora maioria dos casos de abortos expontâneos.

Na realidade, é do conhecimento geral que já não se fazem abortos em "vãos de escada" nem com "agulhas de tricotar".
Os abortos são feitos (de forma ilegal) em clínicas, por pessoal médico com experiência e com as devidas condições técnicas. Poucos são os casos de complicações em resultado desses abortos.

Mas é completamente diferente com os abortos expontâneos, já que resultam naturalmente de complicações da gravidez, ocorrem hemorragias e choque e demora algum tempo até as mulheres serem assistidas.
O aborto ser livre até às 10 semanas é irrelevante para estes casos.

E quem ainda recorre a métodos perigosos e sem assistência fá-lo porque não quer que se saiba da sua situação. Continuarão a fazê-lo com ou sem despenalização.

Assim, se a despenalização do aborto a pedido tiver algum impacto nas complicações do aborto não será de certeza no sentido da redução.
 





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