Não é para nos gabarmos, mas...
... quando o Daniel Oliveira sente necessidade de deixar as graçolas do costume para escrever um post de 30 mil caracteres sobre o seu voto no "sim", é porque deste lado estamos a trabalhar bem.
Comentários:
blogue do não
O post do Daniel Oliveira é muito, muito bom. Se as minhas ideias fossem menos firmes seria capaz de passar para o outro lado.
Não digo que não. Mas já é uma vitória nossa que ele se tenha sentido obrigado a defender a sua posição com seriedade.
O post do senhor Daniel Oliveira é simplesmente extraordinário e genial! Felicito-o por tamanho esclarecimento e capacidade intelectual.Para além da exemplar desconstrução temática que apresenta, ainda põe a descoberto a sua sublime capacidade argumentativa.
Gostaria, no entanto, de referir que tenho as minhas salvaguardas quanto à natureza da redacção do mesmo. Não sei se a necessidade de expor mais seriamente a sua posição nasceu da falta de compreensão do lado do "não" que, muitas vezes, deturpa e simplifica a visão do "sim" - veja-se o termo Graçolas; ou se, efectivamente este senhor, que segundo o senhor Pedro só dizia graçolas, sentiu necessidade de combater o poderoso, elaborado e sustentado discurso do "não"; não sei porquê mas tendo mais para a primeira hipótese, no entanto, só o próprio o poderá dizer.
Parabéns senhor Daniel Oliveira, o seu texto devia ser lido por todos nós, sem excepção.
Cumprimentos R.
Gostaria, no entanto, de referir que tenho as minhas salvaguardas quanto à natureza da redacção do mesmo. Não sei se a necessidade de expor mais seriamente a sua posição nasceu da falta de compreensão do lado do "não" que, muitas vezes, deturpa e simplifica a visão do "sim" - veja-se o termo Graçolas; ou se, efectivamente este senhor, que segundo o senhor Pedro só dizia graçolas, sentiu necessidade de combater o poderoso, elaborado e sustentado discurso do "não"; não sei porquê mas tendo mais para a primeira hipótese, no entanto, só o próprio o poderá dizer.
Parabéns senhor Daniel Oliveira, o seu texto devia ser lido por todos nós, sem excepção.
Cumprimentos R.
O primeiro anónimo está ser injusto: eu nunca tratei os argumentos do Daniel Oliveira por Graçolas. Pelo menos com maiúscula.
Pedro Picoito,
Campos Elísios 202) O post do Daniel Oliveira é muito, muito bom. Se as minhas ideias fossem menos firmes seria capaz de passar para o outro lado.
(Pedro Picoito) Não digo que não. Mas já é uma vitória nossa que ele se tenha sentido obrigado a defender a sua posição com seriedade.
Ainda não o li todo (é realmente longo e fastidioso) mas, do que li, eu digo que não. O post do Daniel Oliveira não é bom, nem muito nem pouco, e não pode ser usado como um exemplo de seriedade na defesa so "sim". Comete uma série de erros de lógica e (no que li) foge completamente ao essencial.
Por ser muito longo e possuir inúmeras falhas na argumentação, ainda não tive tempo de acabar de o ler nem de lhe responder. Mas espero vir a fazê-lo.
Campos Elísios 202) O post do Daniel Oliveira é muito, muito bom. Se as minhas ideias fossem menos firmes seria capaz de passar para o outro lado.
(Pedro Picoito) Não digo que não. Mas já é uma vitória nossa que ele se tenha sentido obrigado a defender a sua posição com seriedade.
Ainda não o li todo (é realmente longo e fastidioso) mas, do que li, eu digo que não. O post do Daniel Oliveira não é bom, nem muito nem pouco, e não pode ser usado como um exemplo de seriedade na defesa so "sim". Comete uma série de erros de lógica e (no que li) foge completamente ao essencial.
Por ser muito longo e possuir inúmeras falhas na argumentação, ainda não tive tempo de acabar de o ler nem de lhe responder. Mas espero vir a fazê-lo.
Meus caros amigos:
Dado que o post de Daniel de Oliveira é comprido, não podia ter uma resposta curta! Penso que, no geral, o que o post faz é desenvolver os argumentos que aqui já foram expostos pelos partidários do Sim, expondo-os de uma forma racional e moderada (o que é, para mim, uma grande evolução... basta de nos atirarmos uns aos outros, discutamos ideias). Sendo assim, espero que a minha resposta siga os mesmos moldes (se assim não fôr, peço desculpa desde já). Como não sei se ele lerá o meu comment, referir-me-ei a ele na 3ª pessoa (não pretendo desrespeitar ninguém como já disse)
Quanto às perguntas que Daniel de Oliveira diz estarem em causa no referendo:
1. Este ponto é uma forma elaborada do velho argumento “Eu não te obrigo a abortar, mas tu obrigas-me a não abortar”. Tal já foi refutado muitas vezes neste blog. Se eu considero o embrião um ser vivo, que outra posição posso tomar que tentar protegê-lo, ainda que essa seja uma crença não compartilhada pelos restantes da minha sociedade?
2. Neste ponto há a apresentação do argumento “se a vida é um valor absoluto, por que há excepções” ao que eu respondo: não há leis absolutas e em todas é necessário o mínimo de bom senso (p.ex. homicídio por legítima defesa... quem foi morto também tinha direito alienável à vida, mas tal homicídio não é condenável por ninguém). Eu também não sou muito a favor da actual lei no que diz respeito às deficiências do feto... mas compreendo que uma mulher violada não consiga criar um filho gerado nessas condições (o ideal seria que o fizesse, mas a mulher provavelmente não tem condições psicológicas para o fazer e, além disso, não é imputável no acto cometido). Quanto ao colocar em risco a vida ou a saúde da mãe, acho que também é do bom senso.
Quanto à afirmação: “Até por uma intuição: acredito que a esmagadora maioria das mulheres grávidas estão numa posição privilegiada para lidar com todos os problemas morais que a decisão de abortar implica”... é derivada de uma posição um pouco romântica e optimista... quem nos garante que uma mulher não aborta simplesmente porque não lhe dá jeito ter um bebé(porque tais mulheres existem, e não sabemos se, em números absolutos, são tão poucas quanto nos querem fazer parecer)? Quem nos garante que num futuro longínquo (ou talvez não), o aborto não se tornará um método “contraceptivo”? Não pretendo ser alarmista, mas a verdade é que há 50 anos este debate que estamos a ter sobre se é ou não legítimo abortar os nosso filhos seria impensável... quem me garante que uma evolução neste sentido não vai criar uma espiral de desresponsabilização cada vez maior até chegarmos a uma mentalidade que, para nós (mesmo para os do Sim), pareça completamente errado?
3. Ao contrário das outras excepções da lei, a das dez semanas não tem em vista contemplar situações limítrofes e sim despenalizar em toda e qualquer situação contida num dado limite de tempo, que, para mais, não tem qualquer representatividade biológica (como o próprio Daniel de Oliveira afirma, o prazo gira apenas em torno dos interesses da mulher)
4. A questão de pagar ou não os abortos já foi igualmente discutida aqui e baseia-se simplesmente no facto que nós, que nos colocamos de um lado num tema FRACTURANTE, tenhamos que pagar um acto que vai contra a nossa consciência... sobretudo se for um aborto evitável com a aplicação de medidas preventivas que ainda não foram sequer implementadas (“educação sexual nas escolas, a divulgação da contracepção e o planeamento familiar” como o próprio Daniel de Oliveira o diz).
Além disso, é curioso que Daniel de Oliveira refira o SNS em detrimento das clínicas “que ganham dinheiro com o aborto” porque tais clínicas (que eu creio terem poucos escrúpulos, pelo que li numa entrevista a um ex-director de um desses estabelecimentos) vão ser as principais vencedoras com o “Sim”! Tais clínicas não irão (com a sua publicidade e protagonismo), tentar denegrir a qualidade do SNS para ganhar mais dinheiro, levando mais e mais mulheres a abortar nelas e a dispensar esse “acompanhamento” de que fala? E já agora, será que o SNS consegue comportar tal acompanhamento, já que não o faz em tantos domínios, incluindo o acompanhamento dos casos de risco para gravidezes indesejadas que poderiam prevenir o aborto? Se sim, para quê a liberalização e não o desvio de recursos para aí?
Finalmente, se efectivamente os números dizem que uma percentagem tão grande de mulheres abortam com médicos competentes e em clínicas, lá se vai o argumento dos “vãos de escada”! Os médicos que actualmente fazem abortos na clínica xpto não serão os mesmos que o farão após a despenalização?
Quanto aos argumentos que Daniel de Oliveira diz não estarem em causa neste referendo:
5. A questão da vida é o argumento central do Não PORQUE É A NOSSA PREOCUPAÇÃO! Se não fosse por isto, acho que poucos teriam a obstar à prática do aborto (embora ponha de lado medidas que me parecem bem mais preventivas e uma mentalidade de responsabilidade sexual mas isso é outra história). Aqui, Daniel de Oliveira põe a questão no sentido: Se eu não sei quando começa a vida, então não posso impor o meu conceito de vida aos outros! Mas eu acho que a questão deve ser posta ao contrário: Se eu não sei quando começa a vida, então não devo arriscar-me a privar um ser humano dos seus direitos fundamentais! Se eu não a sei definir, não posso estender direitos sobre onde ela é possível! É perigoso, não sabendo eu quando começa a vida, pôr-me a especular e a legitimar o aborto num determinado prazo! É o próprio autor que diz: “um referendo ou um Parlamento não estão habilitados para definir o conceito de “vida””! Então por que há de um referendo ou o Parlamento estar a decidir precisamente sobre isso? Não seria preferível a implementação de medidas menos fracturantes e que ainda podem fazer muito quanto a este assunto?
Além disso, parece-me que com os avanços científicos dos últimos anos, parece cada vez mais e mais lógico que a vida humana começa na fecundação! Aquela “célula” possui um código genético distinto e humano e que é o mesmo do indivíduo que nascerá daí a 9 meses. Todos os tecidos do recém-nascido derivam directamente daquela célula, num processo biológico contínuo e que não pode ser medido por tempos cronológicos convencionados pelo Homem. Isto é tanto mais verdade que eu tomei a minha posição sobre o aborto ANTES de saber a posição da Igreja... ou seja, apesar de eu ser católico, acho que tomei esta decisão tomando apenas como factores o meu conhecimento científico, pelo que é injusto atribuírem a esta posição um carácter religioso para a denegrirem. Também não é cientifico tentar fazer equivalências entre tempos biológicos e tempos cronológicos.
6. Será que o facto de Daniel de Oliveira ser contra o aborto e votar Sim (como parece que todos os adeptos do Sim o dizem, poucos dizem o oposto) não o coloca um bocado no nível das pessoas que votam Não e acham que há excepções? Não somos mais ou menos simplistas ou incoerentes que os do Sim... em temas fracturantes a moderação fica bem a toda a gente!
7. Ainda bem que Daniel de Oliveira não apoia as senhoras dos cartazes “Eu sou dona da minha barriga”… mas elas existem e de certeza que vão votar Sim no referendo. A verdade é que, efectivamente a mulher possui um papel fundamental no “milagre da vida”, mas tal deve-se a imperativos biológicos (não se podem engravidar metades que depois são coladas após o parto). De resto não podemos continuar a falar como se a sementinha fosse parar à barriga da mulher por magia. O acto sexual é um acto consciente da mulher e, como tal, se daí resultar outro ser humano, ela possui responsabilidades! Porque a mulher é o agente activo, não o embrião! Como de resto o é o pai! Não podemos continuar a exigir que o homem deixe de tratar a mulher como um objecto e se empenhe em ser responsável e igualitário nas relações sexuais, para depois o privar de ter uma palavra que seja quanto ao destino do seu filho! É discriminatório e é dos argumentos puramente baseados na natureza (como Daniel de Oliveira refere) que nascem os maiores dogmas e injustiças. Como tal deve-se actuar no domínio da mulher (e de todos os responsáveis imputáveis) e tentar proteger o embrião (que, caso o Sim ganhe, ficará completamente desprotegido e desprovido de direitos). A tónica deve ser colocada no indivíduo com Razão e Consciência e cujo comportamento é modificável.
8. Ser a favor ou contra este referendo não é a questão, penso eu. Este referendo tem implicações e, gostemos ou não existe... pelo que temos que votar e com consciência do que fizermos. De resto, Daniel de Oliveira fala de partidos e eu discordei dele quanto a isto ser uma questão política e não ética. Eu voto Não porque acho que não é uma solução ética para o problema e não porque estou veiculado a um partido político... e além disso, acho que o Estado também não tem o direito de não ser ético (como sucede em muitas ditaduras, por exemplo).
Espero ter deixado clara a minha posição (que penso, é a de todos os adeptos do Não moderados).
Cumprimentos e obrigado pela paciência
Dado que o post de Daniel de Oliveira é comprido, não podia ter uma resposta curta! Penso que, no geral, o que o post faz é desenvolver os argumentos que aqui já foram expostos pelos partidários do Sim, expondo-os de uma forma racional e moderada (o que é, para mim, uma grande evolução... basta de nos atirarmos uns aos outros, discutamos ideias). Sendo assim, espero que a minha resposta siga os mesmos moldes (se assim não fôr, peço desculpa desde já). Como não sei se ele lerá o meu comment, referir-me-ei a ele na 3ª pessoa (não pretendo desrespeitar ninguém como já disse)
Quanto às perguntas que Daniel de Oliveira diz estarem em causa no referendo:
1. Este ponto é uma forma elaborada do velho argumento “Eu não te obrigo a abortar, mas tu obrigas-me a não abortar”. Tal já foi refutado muitas vezes neste blog. Se eu considero o embrião um ser vivo, que outra posição posso tomar que tentar protegê-lo, ainda que essa seja uma crença não compartilhada pelos restantes da minha sociedade?
2. Neste ponto há a apresentação do argumento “se a vida é um valor absoluto, por que há excepções” ao que eu respondo: não há leis absolutas e em todas é necessário o mínimo de bom senso (p.ex. homicídio por legítima defesa... quem foi morto também tinha direito alienável à vida, mas tal homicídio não é condenável por ninguém). Eu também não sou muito a favor da actual lei no que diz respeito às deficiências do feto... mas compreendo que uma mulher violada não consiga criar um filho gerado nessas condições (o ideal seria que o fizesse, mas a mulher provavelmente não tem condições psicológicas para o fazer e, além disso, não é imputável no acto cometido). Quanto ao colocar em risco a vida ou a saúde da mãe, acho que também é do bom senso.
Quanto à afirmação: “Até por uma intuição: acredito que a esmagadora maioria das mulheres grávidas estão numa posição privilegiada para lidar com todos os problemas morais que a decisão de abortar implica”... é derivada de uma posição um pouco romântica e optimista... quem nos garante que uma mulher não aborta simplesmente porque não lhe dá jeito ter um bebé(porque tais mulheres existem, e não sabemos se, em números absolutos, são tão poucas quanto nos querem fazer parecer)? Quem nos garante que num futuro longínquo (ou talvez não), o aborto não se tornará um método “contraceptivo”? Não pretendo ser alarmista, mas a verdade é que há 50 anos este debate que estamos a ter sobre se é ou não legítimo abortar os nosso filhos seria impensável... quem me garante que uma evolução neste sentido não vai criar uma espiral de desresponsabilização cada vez maior até chegarmos a uma mentalidade que, para nós (mesmo para os do Sim), pareça completamente errado?
3. Ao contrário das outras excepções da lei, a das dez semanas não tem em vista contemplar situações limítrofes e sim despenalizar em toda e qualquer situação contida num dado limite de tempo, que, para mais, não tem qualquer representatividade biológica (como o próprio Daniel de Oliveira afirma, o prazo gira apenas em torno dos interesses da mulher)
4. A questão de pagar ou não os abortos já foi igualmente discutida aqui e baseia-se simplesmente no facto que nós, que nos colocamos de um lado num tema FRACTURANTE, tenhamos que pagar um acto que vai contra a nossa consciência... sobretudo se for um aborto evitável com a aplicação de medidas preventivas que ainda não foram sequer implementadas (“educação sexual nas escolas, a divulgação da contracepção e o planeamento familiar” como o próprio Daniel de Oliveira o diz).
Além disso, é curioso que Daniel de Oliveira refira o SNS em detrimento das clínicas “que ganham dinheiro com o aborto” porque tais clínicas (que eu creio terem poucos escrúpulos, pelo que li numa entrevista a um ex-director de um desses estabelecimentos) vão ser as principais vencedoras com o “Sim”! Tais clínicas não irão (com a sua publicidade e protagonismo), tentar denegrir a qualidade do SNS para ganhar mais dinheiro, levando mais e mais mulheres a abortar nelas e a dispensar esse “acompanhamento” de que fala? E já agora, será que o SNS consegue comportar tal acompanhamento, já que não o faz em tantos domínios, incluindo o acompanhamento dos casos de risco para gravidezes indesejadas que poderiam prevenir o aborto? Se sim, para quê a liberalização e não o desvio de recursos para aí?
Finalmente, se efectivamente os números dizem que uma percentagem tão grande de mulheres abortam com médicos competentes e em clínicas, lá se vai o argumento dos “vãos de escada”! Os médicos que actualmente fazem abortos na clínica xpto não serão os mesmos que o farão após a despenalização?
Quanto aos argumentos que Daniel de Oliveira diz não estarem em causa neste referendo:
5. A questão da vida é o argumento central do Não PORQUE É A NOSSA PREOCUPAÇÃO! Se não fosse por isto, acho que poucos teriam a obstar à prática do aborto (embora ponha de lado medidas que me parecem bem mais preventivas e uma mentalidade de responsabilidade sexual mas isso é outra história). Aqui, Daniel de Oliveira põe a questão no sentido: Se eu não sei quando começa a vida, então não posso impor o meu conceito de vida aos outros! Mas eu acho que a questão deve ser posta ao contrário: Se eu não sei quando começa a vida, então não devo arriscar-me a privar um ser humano dos seus direitos fundamentais! Se eu não a sei definir, não posso estender direitos sobre onde ela é possível! É perigoso, não sabendo eu quando começa a vida, pôr-me a especular e a legitimar o aborto num determinado prazo! É o próprio autor que diz: “um referendo ou um Parlamento não estão habilitados para definir o conceito de “vida””! Então por que há de um referendo ou o Parlamento estar a decidir precisamente sobre isso? Não seria preferível a implementação de medidas menos fracturantes e que ainda podem fazer muito quanto a este assunto?
Além disso, parece-me que com os avanços científicos dos últimos anos, parece cada vez mais e mais lógico que a vida humana começa na fecundação! Aquela “célula” possui um código genético distinto e humano e que é o mesmo do indivíduo que nascerá daí a 9 meses. Todos os tecidos do recém-nascido derivam directamente daquela célula, num processo biológico contínuo e que não pode ser medido por tempos cronológicos convencionados pelo Homem. Isto é tanto mais verdade que eu tomei a minha posição sobre o aborto ANTES de saber a posição da Igreja... ou seja, apesar de eu ser católico, acho que tomei esta decisão tomando apenas como factores o meu conhecimento científico, pelo que é injusto atribuírem a esta posição um carácter religioso para a denegrirem. Também não é cientifico tentar fazer equivalências entre tempos biológicos e tempos cronológicos.
6. Será que o facto de Daniel de Oliveira ser contra o aborto e votar Sim (como parece que todos os adeptos do Sim o dizem, poucos dizem o oposto) não o coloca um bocado no nível das pessoas que votam Não e acham que há excepções? Não somos mais ou menos simplistas ou incoerentes que os do Sim... em temas fracturantes a moderação fica bem a toda a gente!
7. Ainda bem que Daniel de Oliveira não apoia as senhoras dos cartazes “Eu sou dona da minha barriga”… mas elas existem e de certeza que vão votar Sim no referendo. A verdade é que, efectivamente a mulher possui um papel fundamental no “milagre da vida”, mas tal deve-se a imperativos biológicos (não se podem engravidar metades que depois são coladas após o parto). De resto não podemos continuar a falar como se a sementinha fosse parar à barriga da mulher por magia. O acto sexual é um acto consciente da mulher e, como tal, se daí resultar outro ser humano, ela possui responsabilidades! Porque a mulher é o agente activo, não o embrião! Como de resto o é o pai! Não podemos continuar a exigir que o homem deixe de tratar a mulher como um objecto e se empenhe em ser responsável e igualitário nas relações sexuais, para depois o privar de ter uma palavra que seja quanto ao destino do seu filho! É discriminatório e é dos argumentos puramente baseados na natureza (como Daniel de Oliveira refere) que nascem os maiores dogmas e injustiças. Como tal deve-se actuar no domínio da mulher (e de todos os responsáveis imputáveis) e tentar proteger o embrião (que, caso o Sim ganhe, ficará completamente desprotegido e desprovido de direitos). A tónica deve ser colocada no indivíduo com Razão e Consciência e cujo comportamento é modificável.
8. Ser a favor ou contra este referendo não é a questão, penso eu. Este referendo tem implicações e, gostemos ou não existe... pelo que temos que votar e com consciência do que fizermos. De resto, Daniel de Oliveira fala de partidos e eu discordei dele quanto a isto ser uma questão política e não ética. Eu voto Não porque acho que não é uma solução ética para o problema e não porque estou veiculado a um partido político... e além disso, acho que o Estado também não tem o direito de não ser ético (como sucede em muitas ditaduras, por exemplo).
Espero ter deixado clara a minha posição (que penso, é a de todos os adeptos do Não moderados).
Cumprimentos e obrigado pela paciência
Gostaria ainda de complementar o meu comment anterior nos pontos correspondentes:
Ponto 1. Será que esta lógica relativista não se pode aplicar a todo e qualquer comportamento previsto na lei? Basta afirmar que a reprovabilidade de um acto ilegal é uma "convenção" para invocar esta lógica do "não me obrigue a seguir a sua opinião"! Um dos primeiros pontos do contrato social celebrado entre os humanos e que culminou na invenção da Lei é a de que não nos podemos apenas sujeitar à consciência individual... caso contrário é a anarquia
Ponto 2. O aborto não é equiparado ao infanticídio, não porque consideremos o embrião diferente da criança (como Daniel de Oliveira pretende fazer-nos crer), mas sim devido a razões de ordem prática que se prendem ao estatuto do embrião como indissociável da mãe! Se o embrião tivesse viabilidade fora do corpo materno, com certeza que tais excepções seriam para mim para abolir, independentemente da vontade da mulher!
Ponto 3. O próprio Daniel de Oliveira afirma que preferia as 12 semanas. Isto do estabelecer de prazos dissociados da realidade biológica não é tão inócuo como o quer fazer parecer! Quem afirma que uma mulher não necessita de mais de 10 (12) semanas para decidir! E se uma mulher que decidiu não abortar, depois tem algum contratempo, ou simples mudança de humor? Nos EUA, onde são permitidos abortos tardios! Até já ouvi falar numa entrevista (isolada é certo) de um político do Partido Democrata (não lhe sei dar referências porque perdi-as) que afirmou que não se devia penalizar o infanticídio de um recém-nascido porque entre este e o não nascido a única diferença era que tinha atravessado um tubo! Efectivamente tem razão! Tal como tem razão quem afirma que um embrião de 10 semanas é igual ao de 9,5 e o de 12 ao de 11,5! Então, se continuamos a estabelecer prazos desta forma, onde terminamos? Continuaremos a protelar o "início da vida"? Não será melhor afastarmo-nos deste terreno pantanoso?
Finalmente, não pude deixar de notar que postulou como "as questões que estão em causa neste referendo" aquelas que estão ligadas às preocupações do Sim e nas restantes os argumentos principais do Não. Tal parece-me ou pouco honesto ou completamente desvalorizador da nossa posição!
P.S. Antes que comecem a protestar, não chamei ditador a ninguém no ponto 8 do meu comment anterior, apenas procurei dar um exemplo de conduta pouco ética de Estado que não deve ser tolerada
Cumprimentos
Ponto 1. Será que esta lógica relativista não se pode aplicar a todo e qualquer comportamento previsto na lei? Basta afirmar que a reprovabilidade de um acto ilegal é uma "convenção" para invocar esta lógica do "não me obrigue a seguir a sua opinião"! Um dos primeiros pontos do contrato social celebrado entre os humanos e que culminou na invenção da Lei é a de que não nos podemos apenas sujeitar à consciência individual... caso contrário é a anarquia
Ponto 2. O aborto não é equiparado ao infanticídio, não porque consideremos o embrião diferente da criança (como Daniel de Oliveira pretende fazer-nos crer), mas sim devido a razões de ordem prática que se prendem ao estatuto do embrião como indissociável da mãe! Se o embrião tivesse viabilidade fora do corpo materno, com certeza que tais excepções seriam para mim para abolir, independentemente da vontade da mulher!
Ponto 3. O próprio Daniel de Oliveira afirma que preferia as 12 semanas. Isto do estabelecer de prazos dissociados da realidade biológica não é tão inócuo como o quer fazer parecer! Quem afirma que uma mulher não necessita de mais de 10 (12) semanas para decidir! E se uma mulher que decidiu não abortar, depois tem algum contratempo, ou simples mudança de humor? Nos EUA, onde são permitidos abortos tardios! Até já ouvi falar numa entrevista (isolada é certo) de um político do Partido Democrata (não lhe sei dar referências porque perdi-as) que afirmou que não se devia penalizar o infanticídio de um recém-nascido porque entre este e o não nascido a única diferença era que tinha atravessado um tubo! Efectivamente tem razão! Tal como tem razão quem afirma que um embrião de 10 semanas é igual ao de 9,5 e o de 12 ao de 11,5! Então, se continuamos a estabelecer prazos desta forma, onde terminamos? Continuaremos a protelar o "início da vida"? Não será melhor afastarmo-nos deste terreno pantanoso?
Finalmente, não pude deixar de notar que postulou como "as questões que estão em causa neste referendo" aquelas que estão ligadas às preocupações do Sim e nas restantes os argumentos principais do Não. Tal parece-me ou pouco honesto ou completamente desvalorizador da nossa posição!
P.S. Antes que comecem a protestar, não chamei ditador a ninguém no ponto 8 do meu comment anterior, apenas procurei dar um exemplo de conduta pouco ética de Estado que não deve ser tolerada
Cumprimentos
Acho que o Daniel também gostará de saber que o seu post provocou comentários com esta qualidade. Mas confesso que não li o post por absoluta falta de tempo.
Acho que o Daniel também gostará de saber que o seu post provocou comentários com esta qualidade. Mas confesso que não li o post por absoluta falta de tempo.
Gostaria ainda de acrescentar mais uma coisa ao ponto 3:
Daniel de Oliveira compara os prazos de idade para votar e para conduzir com os prazos para a prática do aborto, dizendo que, afinal, há limites cronológicos legais. Mas estes são diferentes! Conduzir não é um Direito Fundamental e a Vida sim! Além disso, o direito a conduzir e a votar referem-se a direitos do próprio interessado na Lei e são prazos que, se tudo correr bem, em breve serão ultrapassados pelo indivíduo e ele poderá exercê-los. Nos prazos do aborto está em causa o direito de alguém que pode decidir pelo interessado e, da escolha, pode resultar uma acção que é a privação da existência e, como tal, é irreversível
Cumprimentos
Daniel de Oliveira compara os prazos de idade para votar e para conduzir com os prazos para a prática do aborto, dizendo que, afinal, há limites cronológicos legais. Mas estes são diferentes! Conduzir não é um Direito Fundamental e a Vida sim! Além disso, o direito a conduzir e a votar referem-se a direitos do próprio interessado na Lei e são prazos que, se tudo correr bem, em breve serão ultrapassados pelo indivíduo e ele poderá exercê-los. Nos prazos do aborto está em causa o direito de alguém que pode decidir pelo interessado e, da escolha, pode resultar uma acção que é a privação da existência e, como tal, é irreversível
Cumprimentos
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